A suposta diferença de apenas 1% a nível genético entre humanos e chimpanzés continua a ser propagada nos meios de comunicação, principalmente nos livros didáticos. A famosa estatística de 99% foi baseada na comparação de apenas 97 genes entre os respectivos genomas. O genoma humano contém cerca de 19.000 genes [1, 2]. Portanto, 97 genes representam apenas cerca de 0,5% de todo o nosso genoma.
Hoje, cada vez mais, as pesquisas genéticas tem revelado que a porcentagem de similaridade de DNA tem sido extremamente exagerada. Em 2007, um artigo publicado na revista Science afirmou que a noção popular de que os seres humanos e os chimpanzés são em nível de DNA geneticamente semelhantes em 99% é um mito, e deve ser descartada devido à imprecisão estatística que já era conhecida desde o início de estudos acerca deste tema [3]. Em 2013, por exemplo, um estudo experimental realizado por Tomkins, um geneticista norte-americano, demonstrou que apenas 69% do cromossomo X e 43% do cromossomo Y do chimpanzé eram semelhantes aos do humano [4].
Quando o fator “expressão gênica” é avaliado, muitas diferenças genéticas entre humanos e chimpanzés são encontradas. Por exemplo, Oldham e colaboradores publicaram um artigo descrevendo redes genéticas em cérebros humanos e chimpanzés [5]. De acordo com estes autores, 17,4% das ligações de rede no cérebro foram encontradas no ser humano, mas não no chimpanzé. Eles reafirmaram o postulado de King e Wilson ao dizer que: “O maior grau de homologia de sequência entre as proteínas humanas e de chimpanzés suporta a hipótese de longa data que muitas diferenças fenotípicas entre as espécies refletem diferenças na regulação da expressão genética, em adição às diferenças em sequências de aminoácidos” [5].
Sem a pretensão de esgotar o assunto, os estudos apresentados representam apenas alguns exemplos dentre diversas outras evidências disponíveis na literatura. Com a publicação contínua de dados do projeto ENCODE [6], vai se tornar cada vez mais distante a suposta similaridade genética entre as espécies e, portanto, mais difícil manter a mitologia da diferença de 1%.
FONTE: https://www.facebook.com/TeoriadoDesignInteligente
NOTAS DE REFRÊNCIAS:
[1] MGC Project Team. The completion of the Mammalian Gene Collection (MGC). Genome Res.2009; 19(12):2324–2333.
[2] Ezkurdia I, Juan D, Rodriguez JM, Frankish A, Diekhans M, Harrow J, Vazquez J, Valencia A, Tress ML. Multiple evidence strands suggest that there may be as few as 19000 human protein-coding genes. Hum Mol Genet. 2014; 23(22):5866-78.
[3] Cohen J. Relative differences: the myth of 1%. Science. 2007; 316(5833):1836.
[4] Tomkins JP. Comprehensive Analysis of Chimpanzee and Human Chromosomes Reveals Average DNA Similarity of 70%. Answers Research Journal 2013; 6(1):63–69.
[5] Oldham MC, Horvath S, Geschwind DH. Conservation and evolution of gene coexpression networks in human and chimpanzee brains. Proc Natl Acad Sci U S A. 2006; 103(47):17973-8.
[6] The ENCODE Project. Disponível em: http://www.genome.gov/encode/