Segundo o Breve Catecismo de Westminster, “Pecado é qualquer falta de conformidade com a lei de Deus, ou qualquer transgressão desta lei”. Outro Catecismo importante, o de Heidelberg, traz como 3a. pergunta: “Como você conhece sua miséria?”. E responde: “Pela lei de Deus”. Em 1 João 3.4 temos: “(…) pecado é transgressão da lei”.
No grego, os termos bíblicos usados para pecado são: hamartia, que significa “ato pecaminoso, pecaminosidade” (At 3.19); paraptoma, “transgressão, pecado, passo em falso (Ef 2.1); anomia, “ilegalidade, transgressão, pecado como estado mental, ato ilegal” (Mt 13.41); e adikia, “injustiça, erro, impiedade, iniqüidade” (Rm 6.13).
No hebraico encontramos as seguintes palavras para pecado: chata, que quer dizer “errar o alvo” (Êx 20.20); aven, “agir com perversidade” (Is 53.6); pesha, “revoltado” (Is 1.2); maal, “agir traiçoeiramente” (Js 7.1); marah, “rebelar, amargurar a Deus” (1Sm 12.13); e marad, “ser desobediente” (Ne 9.26).
Conhecendo o homem
Mas o que é propriamente o pecado adâmico? Para responder a essa indagação, faz-se necessário pesquisar a história do próprio homem ou, mais acertadamente, da humanidade.
O registro literário da origem do céu e da terra no primeiro capítulo de Gênesis nos remete à criação do homem. Segundo o texto, há um tipo de conselho especial de Deus que precede a criação do homem segundo à sua imagem e semelhança.
O que fazer para conhecer a história do homem? É certo que esse conhecimento ocorre pela maneira com a criatura responde às atividades de Deus. Observa-se no relato bíblico que a criação do homem é acompanhada de uma narrativa sobre a atitude desse homem no Paraíso. A ação de Deus sempre foi um desafio para a decisão e o cometimento, e a resposta do homem o retrato de sua íntima condição.
Outra pergunta que deve ser levantada é: Que espécie de ser é esse que Deus criou, entrando em diálogo e convivendo diretamente com ele? Vê-se que a resposta surge a partir da memória, do registro, do arquivo e do documento do que o homem tem feito. A dignidade que ele possui nasce do fato de haver Deus tomado a decisão de ter comunhão com ele, de ter dignificado as obras de suas mãos, de o haver chamado para a obediência e de o ter zelado graciosamente para dirigir a sua própria história.
É importante ressaltar que Deus não criou apenas um homem, mas os homens, à sua imagem e semelhança. Na conclusão de Gênesis 1.27, eles são designados como macho e fêmea. Não foi apenas o homem, nem apenas a mulher, mas os dois, em sua interdependência, que foram criados à imagem de Deus, em comunhão com Deus e com eles mesmos. E, de acordo com a bênção outorgada (Gn 1.28), eles são portadores dessa imagem não somente em e para si mesmos, mas também em sua posteridade. A raça humana, em cada uma de suas partes e em seu conjunto, é organicamente criada à imagem e semelhança de Deus. A Bíblia nunca fez pausa para uma reflexão sistemática sobre o significado desta semelhança ou imagem divinas no homem. Apenas o apresenta como uma inferência da atividade criadora de Deus e em seguida, cala-se.
O primeiro homem
Originariamente, o primeiro homem foi chamado simplesmente de “o homem” (ha-adam). É somente em Gênesis 4.25, ou seja, depois da queda, que o nome Adão aparece sem o artigo definido. O nome geral tinha se tornado um nome pessoal. Da mesma forma, o nome Eva só é registrado a partir de Gênesis 3.20, no contexto imediatamente posterior à queda. Isso indica que o primeiro homem (macho e fêmea), é a origem de toda a raça humana. Segundo o texto bíblico, o homem foi formado do pó da terra, mas recebeu de Deus o fôlego de vida. Ele é um ser físico, mas também é um ser espiritual, racional e moral. Da mesma forma a mulher participa dessa natureza, pois foi criada não simplesmente ao lado de Adão, mas a partir do homem, tornando-se um ser vivo independente dele. Ela veio depois de Adão e foi feita a partir dele, mas deve sua existência exclusivamente a Deus. Ela é uma ajudadora, uma auxiliadora, não uma amante ou muito menos uma escrava, mas um ser livre, pensante, independente e individual, que recebeu sua existência não do homem, mas de Deus, possuindo, destarte, os mesmos direitos e as mesmas obrigações que o homem – leia-se, que o macho. Assim, a literatura bíblica registra a origem do homem, tanto do macho quanto da fêmea.
A idéia da origem do homem está relacionada muito de perto com a idéia da essência do homem. Muitos, em nossos dias, dizem que o homem e o mundo, independente de qual tenha sido sua origem e seu desenvolvimento no passado, são o que são e continuarão sendo sempre assim. A realidade permanece a mesma, independente de formarmos uma idéia verdadeira ou falsa sobre ela. E o mesmo pode ser dito sobre a origem de todas as coisas. O mundo surgiu da forma que surgiu, e não da forma que gostaríamos que ele tivesse surgido ou da forma que supomos que ele tenha surgido. E a idéia que temos a respeito da origem de todas as coisas está diretamente relacionada com a idéia que temos a respeito da essência de todas as coisas.
A narrativa de Gênesis mostra Deus criando todas as coisas, inclusive o homem (macho e fêmea), colocando-o em um jardim. O Senhor Deus lhe dá o direito de comer livremente de todos os frutos das árvores do jardim, exceto o de uma, o fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. Mas o homem (macho e fêmea) toma do fruto da árvore da exceção e come.
Queda dos anjos, queda do homem
Então, finalmente, chegamos ao que podemos chamar de pecado adâmico? Não é bem assim. Primeiramente, tem-se de descobrir a origem do mal (ou do pecado), pois certo está que o pecado não surgiu pela primeira vez na terra, mas no céu, na presença imediata de Deus, junto ao seu trono. A literatura bíblica não dá um registro detalhado sobre a criação e a queda dos anjos; ela nos diz somente o que precisamos saber para que tenhamos algum entendimento do homem e de sua queda. Ela não faz considerações posteriores e não faz qualquer esforço no sentido de satisfazer nossa curiosidade. Mas sabe-se que os anjos existem, que um grande número deles “caiu” e que essa queda aconteceu no começo do mundo e que precedeu a queda do homem.
O pensamento, o desejo, a vontade de resistir a Deus surgiu primeiramente no coração dos anjos. Além do mais, o homem não pecou contra Deus exclusivamente por si mesmo, mas foi também movido por algo de fora de si mesmo – pela “serpente”. Não cabe aqui um estudo mais profundo sobre quem, o que era ou o que representava essa “serpente”. Pode-se, no entanto, traçar um íntimo paralelo entre ela e o que é trazido depois pela literatura neotestamentária como sendo Satanás. Desse Satanás veio a tentação ao homem. Ela veio na forma de um ataque ao mandamento que Deus dera de não comer do fruto da árvore do conhecimento do bem e do mal. É certo que a tentação não vem de Deus, pois Ele está acima da tentação. Quanto a esse assunto, Tiago se expressa da seguinte maneira: “Deus a ninguém tenta”(Tg 1.13).
Mas assim como Deus faz o bem, Satanás faz o mal. Satanás exagerou o mandamento probatório e transformou-o em uma tentação, um ataque secreto à obediência do primeiro homem. Por meio dessa tentação sua intenção era claramente fazer que o homem pecasse. Primeiro, o mandamento que Deus tinha dado é representado como um fardo arbitrariamente colocado sobre o homem, como uma limitação infundada da liberdade humana. Assim, Satanás lança no homem a dúvida sobre a justiça desse mandamento e sua origem divina. Depois, a dúvida se desenvolve em incredulidade, por meio do pensamento de que Deus deu esse mandamento para impedir que o homem se tornasse como Ele, conhecedor do bem e do mal. Essa incredulidade é colocada a serviço da imaginação e faz que a transgressão pareça ser, não um caminho para a morte, mas um caminho para a vida, para a igualdade com Deus. A imaginação, dessa forma, faz sua obra na inclinação e no esforço do homem. Então o fruto da árvore proibida passa a ter outra aparência. O desejo, sendo concebido dessa forma, expulsa a vontade e carrega consigo o ato pecaminoso.
Homem versus Lei
As Escrituras não nos oferecem nenhum tratamento filosófico a respeito da depravação humana. É o homem totalmente ou parcialmente depravado? Deve a sua condição miserável à corrupção moral inata e à tendência para o mal ou ao mau uso da escolha livre, seguindo o exemplo de Adão? (Agostinho versus Pelágio). O homem está predestinado à salvação ou à destruição? É o homem recipiente ou não-recipiente da graça irresistível ou tem ele a capacidade dentro de si para aceitar ou rejeitar a eleição e a graça? (calvinismo versus arminianismo). A Bíblia não nos dá resposta clara, distinta e incontrovertível a esse respeito, porque essas questões não passam de cogitação intelectual sobre o homem como “substantivo” e desviam o foco de atenção da narrativa flexível, tocante, que é o espelho da vida humana, para uma dogmática elaborada em proposições e formando um sistema. Assim, o movimento dinâmico que caracteriza a narrativa bíblica é transformado em um paradoxo racional que a mente, sem dúvida, tenta resolver tomando uma ou outra dimensão.
Além disso, a teologia cristã tem-se inclinado a pensar que o homem adquire o conhecimento do pecado por meio do confronto com a lei que o leva a perceber-se sob a perspectiva daquilo que ele deveria ser. Conforme mencionado no início deste artigo, o Breve Catecismo de Westminster afirma que “pecado é toda carência de conformidade à lei de Deus e a violação dela”. O próprio Melanchton definiu o pecado como “a afeição depravada, a moção corrompida do coração contra a lei de Deus”. Todavia, o perigo de tal ênfase exclusiva é sempre uma visão forense (leia-se legal) do pecado que obscurece o que a narrativa bíblica torna claro e evidente, isto é, que todo pecado é contra Deus e não contra um postulado formal e legal. Da mesma forma que toda a adoração no sentido bíblico é definida ou como idólatra ou como dedicada totalmente a Deus, e nunca a nenhum outro ser, assim também o pecado é fundamentalmente uma violação da relação pessoal com Deus. É certo que os reformadores perceberam esse ponto e o realçaram com especial clareza em contraste com os ensinos da Igreja medieval. Mesmo assim, o perigo de simplificar em demasia a Bíblia por meio de proposições abstratas ainda permaneceu e está especialmente evidente no período pós-Reforma, chegando com um grau acentuado até os nossos dias. As raízes e as ocasiões do pecado na acepção bíblica são tão variadas quanto a vida e a história. Muito mais está envolvido do que simplesmente a lei.
Assim, é duvidoso afirmar que é possível aclarar o conhecimento humano do pecado somente pela lei, em vista da narrativa bíblica. Pois a história retrata os atos de Deus e as ações humanas como resposta, e outra vez a obra de Deus em réplica ao que o homem faz, e assim por diante. É um movimento no contexto dos eventos, e o homem, via de regra, não está consciente do seu pecado enquanto não se confrontar com a ação subseqüente de Deus como julgamento. Por isso, não é somente a lei que traz ao homem a noção do pecado, embora, por certo, a lei tenha sido interpretada como a expressão da vontade de Deus no plano da História. São especialmente os atos de graça e juízo de Deus que descobrem a verdadeira natureza do comportamento humano, bem como seus motivos ocultos. Definir o pecado como fundamentalmente uma violação da lei redunda em intelectualizar e formalizar sua natureza de tal maneira que o movimento pessoal e ativo da história bíblica se desloca para o fundo obscuro, fora de foco, mesmo se não for ignorado.
Compreendendo a História
Então, como tratar o material bíblico referente ao homem? Voltamos à velha pergunta. Pode-se fazer considerações, observando apenas o que o homem faz na imensa variedade de situações que ele enfrenta na História e os efeitos sobre suas atividades, deixando de lado qualquer indagação abstrata do que o homem é em sua essência.
No entanto, o prefácio bíblico (Gn 1-11) mostra que precisamos começar com certos pressupostos concernentes ao homem no mundo que, por vez, são inferências derivadas da reflexão sobre a história da atividade divino-humana como um todo. A natureza reta e justa de Deus como se revela, no que a Teologia Bíblica convencionou chamar de kerygma, indica que não é permissível sustentar uma concepção pessimista de que o mundo é mau. A criação de Deus é boa porque Deus é bom. No entanto, a vida humana, na medida em que a percebemos na História, não é absolutamente boa. A Bíblia se caracteriza por não procurar explicar essa condição humana. O que ela faz, no máximo, é tentar descrevê-la em forma narrativa.
Que existe o pecado e a miséria é algo que todos nós sabemos, não apenas por causa do registro das Escrituras; isso é algo que nos é ensinado diariamente e em todos os momentos por uma natureza que “geme com gemidos inexprimíveis”. Todo o mundo está marcado pela queda (animal – racional ou irracional, vegetal e mineral). E se o mundo ao nosso redor não nos proclamasse essa verdade, mesmo assim seríamos lembrados a todo o momento disso pela voz da consciência, que continuamente nos acusa, e pela miséria do coração, que dá testemunho de uma tristeza inominável.
Tudo na vida do homem constitui uma antítese à intenção de Deus para com o homem, de acordo com o que se revelou no Jardim do Éden. Ora, a existência humana é uma contínua batalha com a tentação – a serpente (Gn 3.15) por um lado e, por outro, a luta com a terra para a sua sobrevivência. A dor e a luta pelas quais passamos devem-se à maldição que Deus lançou, não sobre nós como criaturas viventes, mas sobre a natureza com que pelejamos e na qual fomos colocados (Gn 3.19ss). Até mesmo a árvore da vida está afastada do homem, embora não fosse declarada com precisão se era ou não intenção de Deus que o homem comesse do fruto no Jardim. Assim, não é muito evidente se o autor pretendia inferir no fato de que o homem fora criado para viver sem a morte. Seu pensamento está mais focalizado na situação atual da vida do homem do que nas possibilidades originais do homem. A Teologia posterior supôs, e naturalmente não há nenhum erro nisso, a relação direta do pecado com a morte física; por exemplo: 1 Co 15.21s.
Assim, a razão pela qual Deus sentenciou a vida humana está descrita com simplicidade no capitulo 3 de Gênesis. É a auto-asserção de que o homem fez o que Deus lhe havia proibido fazer. Nesse ato deliberado de desobediência, o homem chegou a atingir o conhecimento do bem e do mal. Na desobediência ativa, o homem torna-se cônscio do mau uso a que o bem pode ser submetido. Em seu ato desobediente, o homem fez uso de sua mente para racionalizar o que estava fazendo, para que o ato não lhe aparentasse um mal. Sua natureza verdadeira tornou-se evidente somente quando ele foi confrontado com o juízo de Deus. Nesse confronto, não conseguiu êxito e teve de culpar o tentador, fugindo, assim, à aceitação da responsabilidade.
Por que o homem foi criado para agir desse modo característico? A história não nos dá uma resposta. O que ela nos diz é que este é simplesmente o modo como o homem é. Não é a intenção de Deus que ele seja desse modo. Porém, o homem usa sua vontade e mente para agir contra Deus e, por causa do orgulho, ele não pode expor sua culpa diante de Deus e reabilitar-se em confissão e arrependimento sinceros. Conforme essa história, o pecado fundamental da humanidade, ora chamado de Pecado Adâmico, é a desobediência voluntária e propositada contra Deus, a qual, quando confrontada com a penalidade, é composta de medo e orgulho. Em conseqüência, existe uma alienação entre o homem e Deus.
Ação de Deus
Imediatamente depois da queda, Deus veio ao homem. O homem tinha pecado e estava coberto de vergonha e temor. Ele foge de seu Criador e se esconde por entre a densa folhagem do jardim. Mas Deus não se esquece dele. Ele não o abandona, mas tem misericórdia dele, vai ao seu encontro, fala com ele e chama-o de volta para ter comunhão com ele (Gn 3.7-15).
A Teologia cristã tem-se mostrado propensa a limitar-se, em grande parte, à frase do autor sacerdotal “à imagem de Deus” (Gn 1.26s) e ao quadro da queda do homem (Gn 3), na perspectiva do autor, por um lado, e por outro, à redenção realizada por Deus em Jesus Cristo, o último Adão e doador da vida. Assim, o esboço antropológico é inspirado principalmente em Gn 1-3 e nas cartas paulinas, e consta do seguinte:
1 – a natureza do homem como Deus o criou;
2 – a natureza do homem na perspectiva da queda, isto é, como criatura “decaída”,herdando de Adão a capacidade para pecar;
3 – a doutrina da expiação em Cristo.
É impossível, naturalmente, tratar tanto a primeira como a segunda à parte de Cristo. Todas as doutrinas cristãs têm o centro e fundamento em Jesus Cristo. Por isso, qualquer consideração do homem feito à imagem de Deus terá de ter como centro e base a apresentação neotestamentária do Cristo como verdadeiro homem de Deus (2 Co 4.4; Cl 1.15). A vinculação entre o Filho do Homem e o Pai retrata o homem sob a perspectiva do que ele deve ser e da intenção de Deus. E, ao mesmo tempo, o modo como Cristo foi recebido, tratado e crucificado revela, mais vividamente do que qualquer expressão imaginável, a natureza “decaída” e rebelde do homem, ao passo que a expiação é a obra de Deus para perdoar, redimir e recriar a raça humana. O pecado e a morte de Adão criaram uma barreira entre o homem e Deus. Cristo a removeu, na qualidade de único mediador. Nesse ponto, o Dogma da Imaculada Conceição de Maria e, conseqüentemente, o atributo de intercessora junto a Deus pelos homens é carecedor de verdade, e deveria ser revisto à luz das Escrituras. É o ato da graça de Deus, em Cristo, que restaura toda a criação original (animal – racional e irracional; vegetal e mineral), como, por exemplo, expresso em Romanos 8.29, Colossenses 3.10 e 1 Coríntios 15.49. Portanto, a cruz é o único símbolo apropriado da fé bíblica, porque nela a retidão de Deus é apresentada com toda a verdade nas suas dimensões do juízo e da salvação por um lado e, por outro, do pecado e da redenção do homem.
Membros de um mesmo corpo
Se por um lado o pecado traz a individualização (indivíduo Adão, indivíduo Eva), o eu individual, por outro, a obra da redenção e recriação proporcionada por Cristo nos torna membros de um mesmo corpo, vivenciando uma comunhão com Deus e com o próximo, como no início das eras, não havendo distinção entre judeu e grego, escravo e liberto, homem e mulher. Em Cristo todos somos um! (Gl 3.28). A comunhão ganha outra perspectiva e é novamente vivenciada como antes da queda.
O que aconteceu imediatamente depois da queda continua acontecendo na história de geração em geração. Vemos a mesma coisa acontecendo sempre. Em toda a obra de redenção é Deus e somente Deus que se manifesta como aquele que procura e chama, como aquele que fala e age. É Ele quem coloca Sete no lugar de Abel (Gn 4.25), que concede sua graça a Noé (Gn 6.8) e que o preserva do julgamento do dilúvio (Gn 6.12ss), que chama Abraão e estabelece uma Aliança com ele (Gn 12.1; 17.1), que, por sua graça, escolhe o povo de Israel como seu herdeiro (Dt. 4.20; 7.6 ss), que na plenitude dos tempos envia seu Filho unigênito ao mundo (Gl 4.4) e que, agora, nesta dispensação de toda a raça humana reúne uma Igreja que Ele elegeu para a vida eterna e que preserva para a herança celestial (Ef 1.10; 1 Pe 1.5). Assim como na obra da criação e na obra da providência, na obra da redenção e recriação Deus também é o Alfa e o Ômega, o princípio e o fim (Is 44.6; Ap 22.13). E não pode mesmo ser outra coisa, pois Ele é Deus. Dele, por Ele e para Ele são todas as coisas. “Glória, pois, a ele eternamente. Amém” (Rm 11.36).
Referências bibliográficas:
BAVINCK, H. Teologia Sistemática. São Paulo: SOCEP, 2001
Bíblia de Estudo de Genebra. São Paulo e Barueri: Cultura Cristã e Sociedade Bíblica do Brasil, 1999.
Bíblia de Jerusalém, São Paulo: Paulus, 1973
Bíblia – Tradução Ecumênica – TEB, São Paulo: Loyola, 1994.
BRUEGGEMANN, W. & WOLFF, H. W. O Dinamismo das Tradições do Antigo Testamento. São Paulo: Edições Paulinas, 1984.
The Creative Word. Canon as a Model for Biblical Education. Philadelphia: Fortress Press, 1982.
Confissão de Fé e Catecismo Maior da Igreja Presbiteriana do Brasil. 7a. São Paulo: Casa Editora Presbiteriana, 1980.
Confissão de Fé e Catecismo de Heidelberg. São Paulo: Editora Cultura Cristã, 1999.
FERREIRA, A. B. H. Novo Dicionário do Século XXI: o dicionário da língua portuguesa. 3a. ed. Rio de Janeiro: Nova Fronteira, 1999.
HASEL, G. F. Teologia do Antigo Testamento. Questões fundamentais no debate atual. Rio de Janeiro,: JUERP, 1987.
RAD, G. von. Teologia do Antigo Testamento. Teologia das tradições históricas de Israel. São Paulo: ASTE, 1986.
WESTERMANN, C. Teologia do Antigo Testamento. São Paulo: Edições Paulinas, 1987.
WRIGHT, G. E. O Deus que age. São Paulo: ASTE, 1967.