Em tempos de grande estresse e tensão gerados a partir da organização urbana da vida social, ressurge no cenário mais um modismo – a hipnose que alega oferecer alívio imediato aos problemas hodiernos.
Em vários países ocidentais, a hipnose tem se tornado uma ferramenta terapêutica para alguns profissionais de saúde, que com ela pretendem ajudar seus clientes a deixarem o tabagismo, problemas de obesidade, ansiedade, medos, fobias, enxaqueca e asma, e a melhorar sua vida sexual. Tratamentos de quimioterapia sem náuseas, indução à cura com maior rapidez, evitando os desconfortos do pós-operatório, e melhoria da qualidade de vida em geral são alguns argumentos atrativos para os leigos.
De acordo com a matéria Hipnose pode ser a solução para o medo da cadeira do dentista, da repórter Danielle Soares, da Agência Brasil (25-1. 2003), dentistas brasileiros estão usando técnicas de hipnose em conjunto conto óxido nitroso para relaxar clientes, minimizar dores e sangramentos. Assim, hipnose e sedação passaram a fazer parte das novas técnicas odontológicas. O tema foi discutido no 21° Congresso Internacional de Odontologia de São Paulo, promovido pela Associação Paulista de Cirurgiões Dentistas ( APCD).
Pedro Polimeni Filho, diretor do grupo de estudos de hipnose da APCD, afirma que as pessoas estão condicionadas a procurarem a hipnose porque já esgotaram todas as alternativas, por isso o processo é um sucesso.
O que é hipnose?
Hipnose é a indução deliberada à condição de profundo relaxamento mental, passividade ou transe parecido com sono, no qual a pessoa torna- se altamente sugestionável e flexível dentro de um estado de consciência passível de manipulação às vezes até com expressões dramáticas.
A hipnose na terapia busca tratar problemas pelo emprego de estados hipnóticos ou informações para mudanças de comportamento.
A regressão hipnótica na psicoterapia usualmente leva a pessoa de volta ao passado ou infância para sepultar memórias, de forma a resolver conflitos escondidos. Na Nova Era e nas aplicações ocultistas, a hipnose regressiva é usada para uma ampla variedade de fins psíquicos, incluindo o desenvolvimento por terapia do potencial humano e “ a descoberta de vidas passadas”, o que constitui-se pratica ocultista.
A base da hipnose é a fixação da atenção em objetos sob uma gradual fonte de estimulação até que a pessoa fique sob a condução do hipnotizador. Essa variação é realizável pela repetição de instruções em baixo volume de voz ou pelo hipnotismo do olhar da pessoa fito sobre um objeto fixo ou móvel sob a luz ou num quarto escuro. Uma das características é que o hipnotizado não se lembra de nada do que aconteceu durante o período de hipnotismo e certas atitudes podem ser sugestionadas para continuarem agindo depois que a pessoa retorna à consciência. Essas são as chamadas sugestões pós-hipnóticas.
Hipnose não é novidade
A hipnose tem sido usada há centenas de anos por curandeiros, médiuns, pajés, hindus, budistas e iogues. Não é preciso voltar muito no tempo para perceber a associação da hipnose com o ocultismo. De acordo com Cathy Burns, os hipnotizadores referem-se à atividade como sessão. De fato, historicamente a hipnose tem sido vista como parte do ocultismo. Um artigo assinado pelo especialista Kerry Pechter e publicado na revista secular norte-americana Prevention trouxe luz ao assunto: “Assim como a alquimia e a astrologia, a prática da hipnose pertence ao mundo do Ocultismo”. Outro especialista diz: “Curandeiros, praticantes de Sufi, espíritas, hindus, budistas e iogues têm praticado a hipnose'”. Na índia, a pratica é antiga e conhecida como Jar-phook.
Não é preciso então cruzar o oceano para perceber que a hipnose está ligada ao oculto. O seu ritual e a dança eram elementos da comunicação dos feiticeiros com os espíritos entre os índios da América do Norte.
Qualquer pesquisador sincero não pode negar essa conexão da hipnose com o ocultismo. Cristãos não devem se envolver com isso. Com que base pode-se fazer essa afirmativa? “Entre ti não achará quem faça passar pelo fogo a seu filho ou sua filha, nem adivinhador, prognosticador, agoureiro, nem quem consulte os mortos; pois todo aquele que faz tal coisa é abominação ao Senhor; e por essas abominações o Senhor teu Deus os lança fora de diante de ti”.Dt 28.10-12.
De acordo com o pesquisador e apologista David Hunt as palavras adivinhador e prognosticador compreendem elementos “que tornaram-se aceitáveis pela Medicina e Psiquiatria e envolvem essas antigas praticas mais recentemente conhecidas como hipnose’’. A Palavra de Deus é enfática: “Não agourareis nem adivinhareis”. Lv 19.26b.
Por que a hipnose e perigosa?
De acordo com Hunt, “a introdução à hipnose consiste em um sistema de manipulação verbal e não verbal para levar a pessoa a um elevado estado de sugestionabilidade, à condição na qual qualquer um irá acreditar em qualquer coisa “. Essa afirmação implica no fato de que o hipnotizado pode ouvir uma mentira e acreditar nela.
Na opinião de Bernard Diamond, professor de psiquiatria jurídica, em artigo no Califórnia Law review, uma pessoa sob estado hipnótico poderia “enxertar em suas memórias fantasias e sugestões deliberada e inconscientemente comunicadas pelo hipnotizado e, após a hipnose, o indivíduo não poderia diferenciar a verdade entre a recordação e a fantasia ou um detalhe sugestionado”.
A hipnose é perigosa porque a mente perde a distinção entre o fato e a fantasia (verdadeiro ou falso), o que abre oportunidade para Satanás agir.
Nos anos 80, um grupo de 6 mil pessoas envolveu-se com pesquisas em hipnose. Desse grupo, mais da metade dos hipnotizados disseram que viveram vidas passadas ou em outros planetas. Isso é antibíblico (Hb 9.27).
De acordo com estudos do pesquisador Peter Francuch, “as, pessoas que foram hipnotizadas eram capazes de descrever precisamente em minutos o que aconteceu com amigos, distantes 300 quilômetros naquele momento. Ao mesmo tempo, a pessoa era capaz de descrever o que aconteceu havia um mês, um ano, ou dez anos no mesmo lugar”.
Como isso é possível? Contato demoníaco! Um autor da Nova Era alega que a hipnose pode abrir a porta para experiências espirituais de muitos tipos e, em uma pessoa emocionalmente instável, insegura ou neurótica, a possibilidade de obsessão ou invasão sobrenatural de um tipo ou de outra é sempre presente. Em Atos 16.16-18, vemos a força dos poderes, espirituais.
Hipnose pode fugir ao controle
Embora um hipnotizador encoraje somente um leve ou médio transe, ele não pode prevenir o hipnotizado de ir a uma área perigosa, a qual pode incluir o senso de separação do corpo, parecendo clarividência, alucinação, estados místicos similares àqueles descritos por místicos orientais, à semelhança do que o pesquisador norte americano Ernest Hilgard descreveu como possessão demoníaca.
Em Mococa, interior de São Paulo, um escândalo envolvendo hipnose abalou a região, conforme noticiou o Jornal da Tarde em 9 de junho de 2001. O padre Fernando Jorge chegou a ser preso porque hipnotizou uma doméstica, que fora lhe pedir conselhos. O patrão, intrigado com o relato, acompanhou a doméstica à igreja e avisou para ela tentar abrir a porta do gabinete do padre caso o fato se repetisse.
Após 30 minutos, o padre trancou a porta e o patrão da moça tentou arrombá-la. Quando conseguiu, viu a moça nua, aos gritos, saindo desesperada pelas ruas de Mococa. Nesse instante, o padre estava ajeitando a calça.
O cientista prêmio Nobel John Eccles disse que a mente humana é “ uma máquina na qual fantasmas podem operar”. Milhões de pessoas estão abrindo suas mentes a fantasmas (demônios) através de um estado alterado de consciência. Mas o quê é isso? De acordo com os especialistas John Ankerberg e John Weldon, é o cultivo deliberado de um estado anômalo de consciência, estados normalmente experimentados fora de técnicas específicas ou programa para desenvolvê-los.
Técnicas de hipnose em igrejas
Uma variada gama de psicoterapias disfarçadas sob uma terminologia crista estão agora fazendo estragos em algumas igrejas, levando os crentes a afastarem-se de Deus e a deslocarem sua fé às técnicas persuasivas, e aos seus mestres, geralmente amantes de si mesmos. As mais nocivas são as terapias regressivas, criadas para sondar o inconsciente do individuo a procura de lembranças escondidas que supostamente causam males que vão desde a depressão até os acessos de ira e as más condutas sexuais. Uma mistura de aspectos das teorias freudianas e jungianas, baseadas no ocultismo há décadas, vêm causando um impacto destrutivo na sociedade.
A chamada cura interior
David Hunt, em sua obra A Sedução do Cristianismo, afirma que a forma mais popular de terapia de regressão é a chamada “cura interior”, introduzida entre os crentes pela ocultista Agnes Sanford. No início predominava entre igrejas carismáticas e liberais, mas espalhou-se amplamente nos círculos evangélicos, onde é praticada de forma mais sofisticada por psicólogos e igualmente por terapeutas leigos como os norte-americanos Fred e Florence Littauer. A insistência veemente dos Littauer de que rara é a pessoa “que pode dizer que verdadeiramente teve uma infância feliz” certamente condiciona seus aconselhados a recobrar memórias traumáticas e infelizes.
Mesmo que fosse possível, com precisão e segurança, deveríamos sondar o passado para trazer a tona memórias esquecidas? Notoriamente, a memória é enganosa e está a serviço do ego. É fácil persuadir alguém a “lembrar-se” de algo que jamais pode ter ocorrido. Pela sua própria natureza, tal como outras formas de psicoterapias, a cura interior cria falsas memórias. Além disso, por que deverá alguém revelar a lembrança de um abuso passado para que possa ter um bom relacionamento com Deus? Onde se encontra isso na Bíblia? Se parcelas do passado devem ser lembradas, por que não cada detalhe? Essa tarefa se mostraria impossível. Entretanto, uma vez aceita essa teoria, jamais se terá certeza de que algum trauma não continue escondido no inconsciente – um trauma que detém a chave do bem-estar emocional e espiritual!
Novidade de vida
Contrastando com essa ideia, Paulo esquecia-se do passado e prosseguia para o prêmio prometido (Fp 3-13-14) a todos quantos amam a Vinda de Cristo (2 Tm 4.7-8). Se os cristãos são verdadeiramente novas criaturas, as consequências do passado são insignificantes para quem ‘‘as coisas antigas já passaram; eis que tudo se fez novo’’ (2Co 5.17). Investigar o passado de alguém a fim de achar uma explicação para o seu comportamento atual choca-se com o ensino completo das Escrituras. Pode parecer uma ajuda por algum tempo, mas na realidade está tirando da pessoa a solução bíblica através de Cristo. O que importa não é o passado, mas o nosso relacionamento pessoal Cristo agora.
Mesmo assim, muitas pessoas afirmam ter sido ajudadas pela terapia regressiva. Descobrir a causa em um trauma passado (seja real ou uma “memória” implantada por sugestão no processo terapêutico) pode produzir uma mudança de atitude e de comportamento por algum tempo. No entanto, mais cedo ou mais tarde, voltará a depressão ou a ira, a frustração ou a tentação, levando a pessoa a renovar a busca no passado para descobrir o trauma “chave”, cuja lembrança ainda não foi revelada. E assim continuamente.
Jamais se encontra na Bíblia alusão a José, Davi, Daniel ou qualquer outro herói da fé precisando de terapias como as que estão por aí, consideradas hoje tão vitais e eficazes. Foi quando Jó teve um vislumbre de Deus e disse “Eu me abomino e me arrependo no pó e na cinza” (Jó t2.6) quede foi restaurado pelo Senhor. Foi também quando Isaías teve a visão de Deus e clamou: “Ai de mim!” (Is 6.1-8) que Deus pôde usá-lo. Precisamos mudar o foco de nossa atenção, volvendo os olhos para o Senhor e não para nós mesmos.
O fruto do Espírito não vem como resultado de compreendermos a nós mesmos através do uso de técnicas ou análises humanistas, mesmo revestidas de linguagem bíblica, mas pela manifestação do poder do Espírito Santo em nossa fraqueza. Seja dependente de Deus o suficiente para que Ele possa usá-Io!
JORGE ANDRADE, FONTE: REVISTA “ RESPOSTA FIEL” ANO 4 – N°12