Ao ‘Estado de S. Paulo’, rabino afirmou que deixará o Brasil em breve. Desde 2007 ele afirmava que caso ocorreu devido a efeito de remédios. O rabino emérito da Congregação Israelita Paulista (CIP) Henry Sobel afirmou, em entrevista ao jornal “O Estado de S. Paulo”, que o episódio do furto de gravatas em uma loja de Palm Beach, nos Estados Unidos, em 2007 foi uma “falha moral”. O incidente acabou provocando o afastamento dele da CIP.
Desde então, a versão sustentada por ele era de que o furto ocorreu devido a uma doença psicológica e ao efeito de remédios para depressão. Ao jornal, ele afirmou que não pode atribuir o ocorrido a “fatores externos” e que cometeu um “erro”.
“Por favor, coloque no papel o que trago no meu coração, porque vou falar de algo pela primeira vez. Antes não havia tido coragem nem vontade. Aquele foi um episódio desgastante, cheguei a pedir desculpas diante de câmeras das principais emissoras de TV do Brasil. Também tratei do assunto em livro autobiográfico. Falei em problema de saúde e no uso de um medicamento para dormir, o Rohypnol. O remédio teria me levado a cometer atos impensados. Ontem à noite [o jornal diz que a entrevista publicada nesta quinta foi realizada “dias atrás”], às vésperas desta entrevista e com o distanciamento que o tempo proporciona, decidi que não posso mais atribuir o que houve a fatores externos. Para ser e me sentir honesto, admito que cometi um erro”, afirmou ele ao “Estado”.
Sobel relembrou, em entrevista ao jornal, que amigos o ajudaram a sustentar, na época, a versão de o furto havia ocorrido por doença.
“Desde jovem, fui um intolerante comigo. E o autojulgamento sempre foi severo demais. Mas o rabino é humano, portanto, falível”, disse.
Sobel, de 69 anos, afirmou que deixará o Brasil em breve, após 43 anos residindo no país. Ele irá morar em Miami, onde tem um apartamento, com a mulher e a única filha, para se “preparar para a aposentadoria” em um “período sabático”. “Hoje sou um rabino machucado. Por motivos políticos”, disse.
Ele não quis comentar se houve outros casos semelhantes ao do furto das gravatas, mas disse ao jornal que precisava falar para perdoar a si mesmo.
“Uma falha moral minha. E peço perdão. Veja o que escrevi ontem à noite: ‘É bom ser perdoado. Quando eu era menino, sempre que cometia um erro, podia contar com a compreensão, a ternura e o perdão dos meus pais. Lembro da sensação de ter um peso tirado do coração, uma gostosa certeza de ser aceito. (…) Quando cresci, foi a minha vez de conceder perdão aos meus pais pelos seus erros e fraquezas, fossem reais ou fruto da minha imaginação. Compreender nossos pais, e perdoá-los por serem menos perfeitos do que gostaríamos, é natural no processo de amadurecimento. Lembro das críticas se abrandando, os ressentimentos se dissolvendo, a consciência do afeto libertando a alma. É bom perdoar’. E é muito bom perdoar a si próprio”, afirmou ele ao “Estado”.
Extraído do G1 em 08/08/2013