Pergunta – Se não existe o serviço diário e anual, no santuário celestial, por que o autor de hebreus cita um santuário e um sacerdote? Se não existe serviço neste santuário?
Fundamentação adventista: “Ora, a suma do que temos dito é que temos um sumo sacerdote tal, que está assentado nos céus à destra do trono da majestade, Ministro do santuário, e do verdadeiro tabernáculo, o qual o Senhor fundou, e não o homem.” (Hebreus 8.1:2)
RESPOSTA:
Logo de cara percebe-se o quanto a pergunta é simplória e superficial. Como o autor da mesma se gabou de a tê-la formulado em apenas “dez minutos”, é claro que não teve a pachorra de refletir que o teor de sua pergunta não leva necessariamente às suas pressuposições doutrinárias, pelo contrário, passa longe delas!
O fato da Bíblia fazer menção de linguagem metafórica ao mencionar santuário e sacerdote nos impede de levar essas expressões ao extremo literalismo ao ponto de transformar o céu, numa tenda tripartida aos moldes do AT. Levando-se em consideração a “lógica” da pergunta, é justo valermo-nos do mesmo raciocínio e aplica-lo aos “cavalos” no céu (Apo 19:11-15). Pelo simples fato de a Bíblia mencionar “cavalos” no céu, só um neófito (ou doido varrido mesmo) procuraria por “serviços” de estábulos no céu ou até uma metalúrgica seria necessária para explicar as espadas, trombetas, cálices e serviços de gráficas para produzir livros. Se você acha tudo isso ridículo, o mesmíssimo raciocínio pode ser aplicado ao ridículo questionamento formulado acima. Ademais disso, a simples menção de um santuário e sacerdote não pressupõe que o céu contenha dois compartimentos e muito menos que Jesus ficou sentadinho esperando por 1800 anos no primeiro para só depois poder entrar em 1844 (sic) no segundo. Também não pressupõe de modo algum que este “serviço” seja de um tal juízo investigativo, tipo Sherlock Holmes, ou que parte dessa limpeza seja transferir pecados nas costas do tinhoso. Então, há um abismo enorme no que a Bíblia apresenta e o que nosso jornalista investigativo pressupõe.
E mais: em que sentido o autor toma esse texto: metafórico, espiritual ou literal? Se literal, em quais aspectos são literais? Em tudo? Ele não diz. O tabernáculo celestial seria uma miniatura em todos os aspectos do terreno? Então o sangue seria literal? Jesus teria apresentado grandes quantidades de plasma como fazia o antigo sumo sacerdote? Há uma mesa com pães da proposição para serem comidos no céu por Jesus? Há um véu em cada compartimento deste tabernáculo celestial?
Será que todos os detalhes que compunham o ritual terrestre devam ser aplicados no celestial? O templo de Salomão foi uma réplica também do celestial, mas em escalas muito maiores do que a tenda. Agora, qual destes representava o verdadeiro antítipo: a tenda ou o templo? O que foi mostrado a Moisés foi literalmente o que havia no céu? Claro que não. O sentido que se encaixa em nossos textos é o de um padrão, uma espécie de projeto ou modelo de acordo com o qual algum trabalho é realizado, mas não necessariamente um protótipo ou arquétipo completo. Seria interessante lembrar-lhe que a lei era apenas “sombra dos bens futuros, e NÃO a IMAGEM EXATA DAS COISAS” (Hb 10.1)