Nota: A matéria abaixo é da Folha de São Paulo e mostra como se equivoca o Sr. Hawking. Não quero diminuir suas pesquisas ou seu valor, mas apenas mostrar que suas convicções nem sempre estão certas, principalmente as suas conjecturas sobre Deus.
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Stephen Hawking acaba de entrar para mais uma lista seleta de cientistas -aqueles cujas vidas são transformadas em filme. “A Teoria de Tudo”, indicado ao Oscar, conta sua história. Mas, convenhamos, não foi sua produção científica que o elevou a essa posição.
A imagem do “gênio preso à cadeira de rodas” começou a ser cultivada quando Hawking publicou seu primeiro livro de divulgação científica, “Uma Breve História do Tempo”, em 1988.
A fama acabou levando o cientista, que luta contra a esclerose lateral amiotrófica, a violar um dos mais básicos princípios do comportamento acadêmico: não se deve fazer afirmações extraordinárias sem evidências igualmente extraordinárias.
PALAVRA DE HAWKING
Os exemplos são vários. Já em 2004, o pop-star britânico anunciou ter solucionado um dos mais intrigantes problemas ligados à física de buracos negros, o chamado “paradoxo da informação”.
É basicamente a ideia de que a informação no interior das partículas que caem num buraco negro é destruída e desaparece do Universo para sempre. Os físicos consideram isso paradoxal porque seria um obstáculo à própria aplicação da ciência. Se você parte de um estado “desinformado”, não há como aplicar as teorias sobre ele para saber o que acontece depois ou determinar o que ocorreu antes.
Ao dizer que teria resolvido o dilema, Hawking chamou a atenção dos físicos do mundo inteiro. Mas ele nunca apresentou cálculos que demonstrassem isso.
Dez anos depois, repetiu a dose, dizendo ter concluído que buracos negros podem nem existir. Mais uma vez um choque: a imensa maioria dos cientistas já estava convencida de que esses fenômenos são reais. Mas Hawking, de novo, não apresentou o devido embasamento matemático para demonstrar sua conclusão bombástica.
Para Mario Novello, cosmólogo do CBPF (Centro Brasileiro de Pesquisas Físicas), é um sinal dos tempos. “No século 20, um cientista pesava suas afirmações não comprovadas e não as deixava sair para o grande público”, diz. “Hoje, a ciência se tornou midiática. E Hawking atua como uma celebridade, não mais como um físico.”
Também em 2014, Hawking lançou um alerta à humanidade ao escrever que a manipulação do bóson de Higgs -partícula descoberta em 2012 no maior acelerador de partículas do mundo- poderia levar à destruição do próprio Universo, algo que não conta com o respaldo da comunidade científica.
Antes, o pesquisador já tinha insistido que o bóson de Higgs jamais seria encontrado -ele inclusive perdeu US$ 100 que tinha apostado com um físico da Universidade do Michigan sobre isso.
Em um embate em 2002, o físico Peter Higgs, que tinha previso matematicamente a partícula que leva o seu nome, chegou a reclamar que era difícil discutir com Hawking porque “seu status de celebridade lhe dá uma credibilidade instantânea que os outros [físicos] não têm”.
Editoria de Arte/Folhapress | ||
Não se questiona, claro, que Hawking contribuiu muito para a ciência em suas áreas de atuação. Suas principais contribuições, porém, ocorreram durante as décadas de 60 e 70. Na época, Hawking fez a descoberta mais fantástica de sua carreira, ao constatar que buracos negros não são completamente negros -eles emitem uma suave torrente de partículas, hoje justamente conhecida como radiação Hawking.
Embora o fenômeno jamais tenha sido observado (não é fácil estudar buracos negros por telescópio, e mais difícil ainda detectar a sutil radiação Hawking), os físicos têm alta confiança nessas conclusões do cientista britânico.
“Tem vários resultados em física que portam o nome dele”, destaca o físico relativista italiano Riccardo Sturani, do Instituto de Física Teórica da Unesp. “Com certeza a física hoje seria diferente sem os resultados que ele alcançou.”