Depois de séculos de dominação turca, o povo grego soube recuperar sua identidade histórica e sua soberania política em 1821. Encruzilhada de caminhos entre Europa, Ásia e África durante a Idade Média, a Grécia manteve o legado clássico e cristão diante das invasões asiáticas, mas assumiu fortes traços orientais que lhe conferem uma personalidade singular.
A República Helênica, nome oficial da Grécia (Ellinikí Dimokratía ou Ellás, em grego), é um país europeu situado no sul da península dos Balcãs. Sua superfície de 131.957 km2 inclui várias ilhas nos mares Jônico e Egeu, que ocupam cerca de um quinto da extensão total. Faz fronteira com a Turquia, a leste; com a Bulgária e a Macedônia, ao norte; e com a Albânia, a noroeste. O nome latino Grécia deriva de graeci, com o qual os romanos denominaram a tribo dos beócios, estabelecida na Itália até o século VIII a.C.
Geografia física
Geologia e relevo.
A montanha e o mar são os dois elementos dominantes na paisagem grega. Três quartos do país são cobertos de montanhas e de tal maneira o mar invade a terra, com inúmeros golfos, que o ponto mais afastado da costa dista dela apenas oitenta quilômetros. O relevo tem como principal nó orográfico a cadeia do Pindo, prolongamento das montanhas balcânicas, na direção noroeste-sudeste. Do Pindo partem algumas ramificações, como o maciço do monte Aeta, que se estende, também na direção sudeste, pelos montes Parnaso, Kizeron e Helicon. Na direção leste partem do Pindo duas cadeias que delimitam a bacia da Tessália. Na porção mais setentrional ergue-se o famoso monte Olimpo, com 2.918m, ponto culminante da Grécia. Na península do Peloponeso, separada do continente europeu pelos golfos de Patras e de Corinto, erguem-se os montes de Acaia e Arcádia.
As regiões naturais da Grécia são: a Macedônia e Trácia, ao norte, montanhosas e com planícies litorâneas de origem aluvial; a Grécia central, onde se encontram a Tessália e a Ática, com férteis vales; o Peloponeso, zona muito montanhosa mas com vales litorâneos; e Creta, a maior ilha do país, com montanhas que atingem quase 2.500m de altitude.
Clima e hidrografia.
O clima é mediterrâneo em grande parte do território, com sensíveis diferenças entre as regiões localizadas a oeste do Pindo, mais quentes e úmidas, e as orientais, mais secas e de temperaturas mais baixas. Nas regiões montanhosas ocorrem climas semicontinentais.
A hidrografia grega é pobre, devido à abundância de solos calcários, que determinam represamentos subterrâneos. Os rios são curtos, com volume irregular durante o ano, não são navegáveis e têm limitadas possibilidades para a irrigação. Os principais cursos fluviais gregos são o Vardar, o Struma e o Nestos, que cruzam a Macedônia e a Trácia para desembocar no mar Egeu.
Flora e fauna.
A vegetação é tipicamente mediterrânea (pinheiros, oliveiras, vegetação rasteira e matas esparsas) nas regiões meridionais e centrais. No norte prevalece o tipo de vegetação característico da Europa central, com florestas mistas. Nas planícies predomina vegetação arbustiva e herbácea. Nos planaltos do centro e do sul aparecem árvores de folhas caducas, sobretudo o carvalho e o castanheiro. Acima de 200m estendem-se florestas e cerrados.
Nas regiões centrais, sobretudo nas zonas de floresta, a fauna é do tipo centro-europeu, com ursos, lobos, javalis, linces, martas, corças, camurças e vários répteis. No litoral predominam as espécies mediterrâneas, como o chacal, o bezoar (espécie de cabra selvagem) e o porco-espinho. Entre as aves, salientam-se pelicanos, garças, cucos e cegonhas. Muitas espécies do norte da Europa migram para a Grécia durante o inverno.
População
A população grega é de raça branca, embora se encontrem pessoas de pele escura devido à mestiçagem ocorrida durante a dominação turca. Outros grupos étnicos, além da maioria grega, são os macedônios, albaneses, búlgaros, armênios, turcos e ciganos. A língua oficial e mais falada é o grego moderno, que conserva os mesmos caracteres gráficos do grego clássico, mas é sintaticamente mais simples. O tipo de povoamento rural compreende desde pequenas comunidades montanhesas, semelhantes às da Europa central, até as maiores do sul e de Creta, semelhantes às do norte da África. O desenvolvimento econômico e a influência do turismo favorecem o êxodo do campo para a cidade, o que determina uma concentração de mais de dois terços da população nas zonas urbanas. A principal cidade é Atenas, a capital, que com seu porto, o Pireu, constitui a maior concentração demográfica da Grécia e um importante centro industrial e portuário. Seguem-se, em importância, Tessalonica, na Macedônia, e Heracléia (Cândia), em Creta.
Com exceção de Chipre, sul da Albânia e Turquia, não há grupos gregos nos países vizinhos, mas há importantes comunidades gregas no oeste da Europa, na América e na Austrália. Os limitados recursos econômicos da Grécia sempre foram motivo de emigração. Enquanto no período clássico ela se dirigia para o resto do Mediterrâneo, nos tempos modernos se voltou para os Estados Unidos, Canadá, Austrália, Alemanha e Bélgica, embora a crise econômica mundial de 1973 tenha freado a corrente migratória. (Para dados demográficos, ver DATAPÉDIA.)
Economia
A Grécia experimentou um rápido desenvolvimento econômico depois da segunda guerra mundial, apesar da limitação de seus recursos naturais e da excessiva burocratização. O país vinculou-se economicamente à Comunidade Econômica Européia (CEE) em janeiro de 1981 e, em julho de 1992, o Parlamento ratificou a adesão grega à União Européia, regulada pelo Tratado de Maastricht. Embora a economia grega tenha se baseado tradicionalmente na iniciativa privada, a intervenção pública aumentou bastante — sobretudo com a chegada ao poder do Movimento Socialista Pan-helênico (Pasok), em 1981 — até controlar mais de dois terços da atividade econômica, especialmente produção de energia, estaleiros, comunicações, seguros e bancos. A partir de 1970 observou-se uma queda significativa no número de pessoas empregadas na agricultura e um aumento proporcional de trabalhadores nos setores industrial e de serviços.
Agricultura, pecuária e pesca.
Aproximadamente trinta por cento da superfície total da Grécia são aráveis, sessenta são usados como pastos ou estão cobertos por florestas e os outros dez são improdutivos. A produção agrícola é economicamente importante, apesar do solo rochoso, das chuvas escassas, do excesso de minifúndios e da utilização de técnicas agrícolas obsoletas. As principais lavouras são as de trigo, cevada, arroz, algodão, fumo e batata, no norte; as regiões centrais, o sul e as ilhas produzem melões, figos, tomates, uvas e azeite. A pecuária é constituída, principalmente, de rebanhos ovinos e caprinos; na Tessália, há criação de gado bovino. Os produtos florestais não são economicamente importantes.
A grande extensão do litoral e a tradição marítima impulsionaram a modernização da frota pesqueira. Entretanto, o relativo esgotamento piscícola do Mediterrâneo transformou a Grécia em importador de produtos da pesca.
Energia e mineração.
A produção de energia elétrica, baseada na linhita e nas quedas-d’água, aumentou a partir de 1950, em virtude de investimentos feitos pela Empresa Pública de Energia, que contou com ajuda financeira e técnica dos Estados Unidos. A Grécia não é rica em recursos minerais, exceto em bauxita, de que é um dos principais produtores europeus. Há também produção de linhita, manganês, ferro, zinco, chumbo, ouro e diamantes. A produção de petróleo e de gás natural no norte do mar Egeu começou em 1981.
Indústria.
Algumas empresas de grande porte, concentradas em Atenas e Tessalonica, dividem a atividade industrial com milhares de pequenas empresas que não empregam mais de dez trabalhadores por unidade. Devido às fortes diferenças regionais, a CEE considerou que todo o território da Grécia, à exceção da Ática e da Tessalonica, reúne os requisitos necessários para receber ajuda do Fundo Europeu para o Desenvolvimento Regional.
Finanças e comércio.
O Banco da Grécia, fundado em 1928, dirige a política monetária do país e supervisiona todas as operações bancárias. As ruínas da antiga civilização helênica, as aprazíveis ilhas e o clima ensolarado fizeram da Grécia uma potência turística. O turismo e as remessas dos imigrantes e marinheiros compensa parcialmente o déficit do comércio exterior e o saldo negativo da balança de pagamentos. As principais importações consistem em petróleo, maquinaria e produtos químicos e alimentícios. As exportações incluem alimentos, bebidas, madeira e diamantes.
O transporte terrestre, tanto rodoviário como ferroviário, tem menos importância que o marítimo, já que a Grécia conta com uma das maiores frotas mercantes do mundo. O transporte aéreo é servido por uma companhia nacional e várias companhias estrangeiras. O país dispõe de modernos aeroportos, especialmente em Atenas e Creta. (Para dados econômicos, ver DATAPÉDIA.)
História
Os povos que constituem a Grécia lançaram os alicerces da civilização ocidental. A herança grega foi assumida pelos antigos romanos, que a estendeu e transmitiu às épocas posteriores. No século V, a parte oriental do Império Romano, com capital em Constantinopla ou Bizâncio, foi entidade independente, de cultura, língua e tradição gregas.
O império bizantino se manteve durante toda a Idade Média e transmitiu seu legado cultural à Rússia e aos povos eslavos. Depois da tomada de Constantinopla pelos turcos otomanos em 1453, os sábios bizantinos, que se refugiaram na Itália, contribuíram com o pensamento grego clássico e a tradição jurídica romana para o Renascimento, que florescia no Ocidente.
Domínio turco. A queda de Constantinopla marcou o fim da soberania política grega. A relativa aceitação da dominação turca durante os primeiros momentos deveu-se à animosidade dos cristãos ortodoxos gregos contra os cristãos latinos, devido aos desmandos cometidos por estes na quarta cruzada, e à reunificação das duas igrejas no Concílio de Florença de 1439, considerada humilhante pelo povo bizantino. Além disso, os turcos concederam três liberdades fundamentais para a sobrevivência do espírito nacional: a tolerância da religião ortodoxa grega, a educação em língua grega e a liberdade para exercer o comércio, ocupação que os dominadores consideravam inferior à das armas. Posteriormente, porém, a arbitrariedade da administração turca e o recrutamento de moços que seriam transformados em janízaros, ou soldados que formavam a guarda pessoal do sultão, provocaram descontentamento, que se manifestou na ajuda prestada por gregos insurretos ao espanhol D. João da Áustria, na batalha de Lepanto, em 1571.
A primeira revolução organizada contra os dominadores, que marcou o início da história da Grécia moderna, ocorreu em 1770 no Peloponeso, instigada por Catarina a Grande da Rússia, mas foi sufocada sem piedade. Outra insurreição, também promovida pelos russos, foi a que eclodiu em 1786 no Epiro e teve o mesmo desastroso destino da anterior.
Processo de independência.
Em 25 de março de 1821, o bispo Germanos deflagrou o movimento de independência no Peloponeso, que, com altos e baixos, durou até 1829. Em 1822, o congresso de Epidauro redigiu a constituição da Grécia independente. Nesse mesmo ano reuniu-se em Genebra um grupo de voluntários europeus, entre os quais figurava Lord Byron, dispostos a combater ao lado dos nacionalistas gregos. A independência foi conquistada não só pela luta corajosa mantida pelos helenos, mas também pela ajuda prestada pelo Reino Unido, França e Rússia. Em 1828 eclodiu a guerra entre a Rússia e a Turquia. Finalmente, pelo Tratado de Andrianópolis, de 14 de setembro de 1829, os turcos foram obrigados a reconhecer a independência da Grécia.
Os gregos pretenderam estabelecer uma república democrática, inspirada nos princípios da revolução francesa e nas tradições democráticas que tinham mantido vivas na herança cultural do país. Na terceira Assembléia Nacional, reunida em abril de 1827, foi eleito presidente provisório da Grécia o conde Joannes Antonios Kapodistrias, respeitado patriota procedente de Corfu.
Estado grego moderno.
No momento da independência, o estado grego possuía apenas um milhão de habitantes num território de cinqüenta mil quilômetros quadrados que compreendia a parte central da moderna Grécia (inclusive a Ática), o Peloponeso, a Eubéia e as ilhas Cíclades. O assassinato de Kapodistrias, em outubro de 1831, levou as potências européias a concluírem que a Grécia não estava preparada para a democracia. Em 1832 a coroa foi oferecida ao príncipe Oto I de Baviera, que chegou a Náuplia, primeira capital do país, em 6 de fevereiro de 1833. No ano seguinte o rei transferiu a capital para Atenas. A oposição ao absolutismo de Oto I provocou uma revolução que teve como resultado a constituição de 1844, que vigorou durante vinte anos. As disputas com as nações protetoras, especialmente com o Reino Unido, pela posse das ilhas Jônicas, e o descontentamento contra o rei levaram a uma nova rebelião. Pelo Tratado de Londres, de 1863, Oto I foi substituído pelo príncipe dinamarquês Guilherme Jorge Glücksburg, que tomou o nome de Jorge I, e a Grécia anexou as ilhas Jônicas. Durante os reinados de Jorge I e seus sucessores, a Grécia aumentou bastante seu território, principalmente com a anexação da Tessália em 1881; do Epiro, da Macedônia, de Creta e várias ilhas do Egeu, em 1918; e de parte da Trácia búlgara, em 1920.
Uma desastrosa guerra com a Turquia, iniciada em 1920 e encerrada pelo Tratado de Lausanne, de 24 de julho de 1923, alimentou o descontentamento contra a monarquia, que foi substituída, em 1924, por uma república de curta duração, derrotada em março de 1935. A monarquia foi restaurada com Jorge II, filho de Constantino I. Na segunda guerra mundial, a Grécia lutou ao lado dos aliados e foi ocupada pela Alemanha até outubro de 1944.
Durante a resistência contra os alemães formaram-se dois grupos políticos importantes, os comunistas e os democratas, que lutaram tanto entre si quanto contra o inimigo comum. Em seguida ao armistício, eclodiu uma violenta guerra civil, na qual os comunistas foram derrotados, devido à intervenção do exército britânico.
Um plebiscito realizado em março de 1946 promoveu o retorno de Jorge II, a quem sucedeu, depois de sua morte, em 1947, por seu filho Paulo I. Os comunistas retomaram a guerrilha e somente foram vencidos em 1949, quando a Iugoslávia se separou do bloco soviético e foi cortada a via de abastecimento militar aos revoltosos. Em 1947, a Itália cedeu à Grécia as ilhas do Dodecaneso, anexadas formalmente em 1948. A Grécia se integrou à Organização do Tratado do Atlântico Norte (OTAN) em 1951.
Em 1967, um grupo de coronéis liderou um golpe de estado para impedir a vitória eleitoral da esquerda. Uma junta militar de linha direitista assumiu o poder. Depois da tentativa do rei Constantino II para restaurar a ordem constitucional, em 1º de junho de 1973 foi abolida a monarquia e instaurada a república. Após novo golpe militar contra o presidente Georgios Papadopoulos, foi chamado para constituir um governo civil Konstantinos Karamanlis, que formou um governo nacional de salvação e reabilitou a constituição de 1952. Uma nova constituição foi adotada em junho de 1975. Nos anos seguintes, o partido da Nova Democracia, liderado por Karamanlis, perdeu, paulatinamente, a maioria parlamentar, o que teve como conseqüência a vitória eleitoral dos socialistas de Andreas Papandreou em 1981. Uma série de escândalos financeiros e pessoais provocou a queda de Papandreou em 1989 e, após a realização de eleições, em que nenhum partido conseguiu a maioria absoluta, formou-se um governo com a participação de todos os partidos, liderados por Xenophon Zolotas.
A ilha de Chipre, com 9.250km2, situada no extremo leste do Mediterrâneo, cuja população é majoritariamente grega mas abriga uma numerosa minoria turca, constituiu historicamente uma fonte de tensões entre Grécia, Turquia e Reino Unido, já que Chipre foi cedida aos britânicos pela Turquia em 1878. Em meados do século XX, o arcebispo Makarios III exigiu a união de Chipre à Grécia. Apesar da dura oposição britânica, pelo acordo de Zurique de 1959, foi concedida independência a Chipre, formalizada em 16 de agosto de 1960. As controvérsias posteriores entre Grécia e Turquia deram lugar à intervenção militar turca, o que conduziu, em 1974, à divisão da ilha em dois estados: o turco-cipriota, no norte, e o greco-cipriota, no resto da ilha.
Instituições políticas
Numa tentativa de acabar com a tradicional instabilidade política, a constituição de 1975 estabeleceu uma república parlamentar e dividiu as funções do executivo entre um presidente, que atua como chefe do estado e chefe supremo das forças armadas, e um primeiro-ministro, chefe do governo. O poder legislativo é exercido conjuntamente pelo presidente e o Parlamento (Vouli). O Parlamento é um corpo legislativo unicameral composto de 300 deputados, eleitos por votação secreta, direta e universal de quatro em quatro anos. O poder judiciário compreende do Tribunal Supremo, que inclui uma seção cível e outra criminal, o Conselho de Estado e o Tribunal de Contas.
A Grécia se divide administrativamente em dez regiões (dhiamerismata), subdivididas em mais de cinqüenta departamentos (nomoi), à frente dos quais há um governador (nomarch), nomeado pelo Ministério do Interior. As forças armadas são formadas por Exército, Marinha e Aeronáutica, com serviço militar obrigatório para todos os homens maiores de 21 anos, de 24 meses de duração.
Sociedade
Depois da segunda guerra mundial, o governo assumiu a luta para erradicar as doenças mais comuns: malária, tuberculose, disenteria e tifo. O Ministério da Saúde e Bem-Estar é responsável pela criação, controle e financiamento de centros médicos e farmácias, bem como pelo fornecimento de remédios e assistência às crianças, aos pacientes psiquiátricos e às gestantes. A assistência médica nas zonas rurais é gratuita quando os pacientes não possuem recursos econômicos suficientes. Os principais hospitais estão concentrados em Atenas, Tessalonica e Patras. A maior parte do sistema grego de previdência social é controlada pelo Ministério da Previdência Social.
O governo socialista realizou mudanças importantes no direito civil grego. Pela primeira vez foram permitidos os casamentos civis, garantiu-se a igualdade dos cônjuges, promoveu-se o registro civil e facilitaram-se os trâmites para obtenção do divórcio.
A educação é muito valorizada na Grécia, em parte devido ao orgulho que o povo tem da herança da Grécia clássica, e em parte porque os títulos universitários permitem acesso a bons empregos. O Ministério da Educação e Religião rege o sistema de ensino, inclusive o ministrado nos colégios particulares, muito numerosos no segundo grau. O ensino obrigatório foi adotado em 1929 para os primeiros nove anos de escolaridade. O nível superior privilegia os cursos de filosofia, direito e humanidades, motivo pelo qual muitos gregos preferem estudar em universidades e escolas técnicas estrangeiras. A constituição não permite universidades particulares. As instituições de ensino superior mais importantes localizam-se em Atenas, Tessalonica, Patras e Creta. Atenas e Tessalonica possuem escolas técnicas superiores.
A maioria da população pratica o cristianismo ortodoxo grego. Na Trácia ocidental e nas ilhas do Dodecaneso concentra-se uma minoria muçulmana. Em Atenas, uma pequena minoria pratica o catolicismo. São menos numerosos os grupos de protestante e judeus. (Para dados sobre sociedade, ver DATAPÉDIA.)
Cultura
Os remanescentes físicos da cultura da Grécia clássica conservam-se principalmente em Atenas, Delfos, Epidauro, Micenas, Argos e outros sítios, enquanto as esculturas e outros objetos de arte exibidos nos museus gregos (Nacional, de Heracléia, da Acrópole etc.), e dos principais centros culturais do mundo constituem uma lembrança permanente da copiosa herança cultural helênica, que ainda continua viva na educação dos gregos.
Na Grécia moderna destacaram-se sobretudo os poetas. Adquiriu fama internacional Konstantinos Kaváfis, grego de Alexandria que escreveu cerca de duas centenas de poemas, inéditos até sua morte. Comparado ao português Fernando Pessoa, seu contemporâneo e também marcado por uma nostalgia da antiga glória de seu país, Kaváfis é autor da frase “somos todos gregos”. Destacam-se também Georgios Seferis, agraciado com o Prêmio Nobel de literatura de 1963; Angelos Sikelianos; Odysseus Elytis, que obteve o Prêmio Nobel em 1979; e Yannis Ritsos. O romancista de maior sucesso é o cretense Nikos Kazantzakis, autor de Zorba, o grego e A última tentação de Cristo.
Dentre os músicos gregos com fama internacional destacam-se Manos Hadjidakis e Mikis Theodorakis. A busca e a sistematização do patrimônio musical popular, que é objetivo básico de famosos músicos e pesquisadores, tem incentivado a criação de grande número de corais que participam de concursos internacionais. Depois da independência política, a arte grega se inspirou inteiramente na arte ocidental. Entre os pintores figurativos destacam-se Iannis Moralis e Nicos Kontopulos; e entre os abstratos, Alexos Kontopulos e Iannis Spyrapulos. Na escultura devem ser mencionados Vassilakis Takis e Alex Mylona.
Fonte:
©Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda.