O conflito entre Moisés, homem escolhido por Deus para libertar seu povo da escravidão, e o então faraó do Egito, conflito esse registrado no Livro do Êxodo, pode ser analisado como uma equação de interesses comuns, contudo, de intenções contrárias.
Podemos contextualizar esse conflito citando a formação, a educação e o treinamento que teve Moisés. Ele foi educado em toda a ciência do Egito; isto equivale a dizer que Moisés teve a mesma educação que tiveram os faraós, muito provavelmente os mesmos mestres que o faraó da época. Quem sabe não teriam sido companheiros de sala de aula?
Ora, Moisés, recém-nascido, foi adotado pela irmã do faraó e criado, a princípio, pela sua própria mãe, que era temente a Deus (Êxodo 2.1-10). Dessa forma, ele poderia ter sido um dos concorrentes ao trono, gerando-se daí alguma inimizade com os demais aspirantes ao trono.
Diante desse contexto, podemos distinguir em toda a história da libertação do povo de Israel, dois alvos de interesse para a montagem da equação em questão. O primeiro alvo de interesse que podemos salientar é o próprio povo de Israel e o segundo, o Mar Vermelho. Moisés e Faraó tinham interesse no povo de Israel e num período distinto desse conflito, ambos tinham interesse em atravessar o Mar Vermelho. O mesmo povo e o mesmo mar; interesses comuns, contudo, intenções contrárias. Se a intenção de Faraó era escravizar o povo de Israel, o objetivo de Moisés era libertá-lo dessa escravidão. Se Moisés queria levar o povo a atravessar o mar para livrá-lo da escravidão e mesmo da morte, Faraó planejava atravessar o mesmo mar para escravizar o povo ou matá-lo.
Dois homens vindos do mesmo lugar cultural, mas com tamanha diferença de pensamentos e atitudes. Qual seria, portanto, o “delta” desta equação de interesses? Qual seria o motivo da diferença entre os dois homens?
Moisés queria o bem-estar da sua nação, Israel; Faraó também queria o bem-estar de sua nação, o Egito. Quem governava o Egito era Faraó, que não era governado por ninguém, pois era detentor da mais alta autoridade. Quem começava a governar Israel era Moisés e este era governado por Deus.
Não foi do coração de Moisés que partiu a iniciativa de tirar o povo de Israel do Egito, mas do coração de Deus. Foi ele quem expôs o seu plano de libertação a Moisés, que, pego de surpresa, julgou-se, na ocasião, incapaz de realizar a tarefa.
Moisés fez, sim, a escolha correta, qual seja, aceitar em sua vida o governo de Deus. A partir dessa feliz escolha, Deus trabalhou em sua vida durante mais ou menos oitenta anos, para que finalmente ele assumisse o papel histórico de libertador do povo de Israel.
Foi uma longa preparação, mas a diferença entre ele e Faraó estava evidente. Deus foi o “delta” da equação.
Moisés, sendo governado por Deus, libertou seu povo, guiando-o pelo caminho aberto no Mar Vermelho. Faraó, não sendo governado por Deus, também guiou seu exército, mas para morrer afogado no mesmo caminho aberto no mesmo mar. Infelizmente, observa-se que o povo morre diariamente “afogado” por não ser governado por homens governados por Deus.
Pr. Marcos Arruda, Professor do Seminário Cristo Liberta
Diretor do Lar Gotas de Amor, para meninos de rua, ambos localizados em Osasco/SP.