O artigo em lide possui uma finalidade quase despretensiosa de responder a uma provocação teológica que emergiu no meio de um debate informal entre amigos via rede social. A pergunta era simples: a experiência da glossolalia tanto a neotestamentaria, quanto a experiência carismática atual, manifesta-se por meio de que tipo de língua? Somente em língua sobrenatural (que alguns chamam de línguas dos anjos) ou em idioma humano? Apesar de o debate ter se concentrado na polarização acima, foi inserida uma terceira alternativa que leva em consideração as duas opções, a qual é defendida por mim, mas não tratada aqui. Meus esforços explicativos se concentraram apenas em propor pequenas evidências que apontam para o fato de que as línguas estranhas faladas sobrenaturalmente no meio pentecostal também incluem idioma humano. A linha pentecostal levada em consideração para essa análise é a clássica, representada pelas Assembleias de Deus.
Abaixo proponho três boas razões para acreditar que a experiência pentecostal das línguas estranhas contempla idioma humano como parte do dom carismático.
1ª Razão – Histórica: O teólogo assembleiano Stanley M. Horton, em sua Teologia Sistemática[1], já havia asseverado que o movimento pentecostal deu início a um despertamento missionário por acreditar que as pessoas ao receberem o “dom de línguas” poderiam evangelizar os nativos em seu próprio idioma. Esse fato é lembrado pelo historiador presbiteriano Aldery Souza de Matos[2] ao afirmar que o pioneiro do moderno movimento pentecostal Charles Fox Parham, por algum tempo, chegou a acreditar que os crentes receberiam o conhecimento sobrenatural de línguas terrenas para que pudessem rapidamente evangelizar o mundo antes da volta de Cristo. Portanto, o despertamento do movimento pentecostal tem origem na crença de que idiomas humanos sobrenaturalmente dados por Deus poderia ser uma ferramenta útil para cumprir a Grande Comissão e, assim, “apressar” a volta de Cristo, mostrando a importância e a utilidade que a glossolalia em idioma humano tinha no início do movimento.
2ª Razão – a experiência pessoal: A teologia pentecostal clássica é antes de tudo vivencial, produzida em parte pela ênfase na experiência pessoal do fiel com o Espírito Santo.[3] Sua leitura tanto bíblica, quanto teológica, passa pela compreensão de que os dons carismáticos são encarnacionais e estão em um contínuo processo na história da Igreja, portanto atuais. Sendo assim, a experiência das línguas estranhas, por meio de idiomas humanos, também é objeto atual de testemunhos entre os fiéis pentecostais. Não é incomum haver relatos sobre essas experiências entre a comunidade pentecostal. Mormente pessoas simples, de baixa escolaridade falando ou profetizando em línguas específicas como, por exemplo, o japonês, inglês e espanhol sem nunca terem apreendido tais idiomas. Alguns destes testemunhos expõem relatos de fiéis cuja língua materna era a estrangeira, mas que em algumas situações, principalmente em cultos de orações, foram faladas por outros fiéis alheios à sua compreensão, mas que foram perfeitamente entendidas pelos primeiros que as tinham como língua materna. Há também casos de evangélicos não-pentecostais que relatam casos de testemunhos de alguns de seus missionários que pregaram na língua do nativo sem nunca ter aprendido aquele idioma. É certo que são experiências esporádicas, fora do ambiente pentecostal, mas que corrobora de modo impressionante com o testemunho acima citado.
3ª Razão – Científica: A terceira e última razão leva em conta algumas pesquisas filológicas levadas a cabo por alguns pesquisadores intrigados com o fenômeno da glossolalia. Um artigo muito interessante foi publicado em um site pentecostal que menciona as pesquisas do linguista e comunicólogo Michael T. Motley, professor da Pennsylvania State University que lançou um artigo escrito em 1982 com o título A linguistic analysis of glossolalia: Evidence of unique psycholinguistic processing. Ao analisar dezenas de carismáticos “falando em línguas” e sabendo que era um público provinciano, ou seja, sem nenhum contato amplo com estrangeiros em viagens ou por meios culturais observou uma variedade alta de fonemas de línguas orientais (eslavo-russo) e até do espanhol (língua latina) entre falantes nativos do inglês (anglo-germânico). [4]
Conclusão
Confesso que as três razões citadas acima não tem a pretensão de serem profundas e não esgotam o assunto de modo algum. Considero-as apenas como uma provocação introdutória ao tema, mas que, no entanto, ajudam no mínimo a fomentar o debate em torno do problema ao fornecer algumas poucas evidências para o mesmo, evidências estas que acredito serem razoáveis.
[1] HORTON, Stanley (ed.). Teologia sistemática: uma perspectiva pentecostal. 3. ed. Rio de Janeiro: CPAD, 1997.
[2]Disponível em: < http://www.mackenzie.br/6982.html>. Acesso em 25 de novembro de 2015.
[3] Disponível em: <http://www.cpadnews.com.br/blog/esdrasbentho/cultura-crista/89/entre-a-razao-e-a-emocao:-a-experiencia-pentecostal-do-espirito.html.> Acesso em 25 de novembro de 2015.
[4] Disponível em:
< http://www.teologiapentecostal.com/2015/02/a-glossolalia-teologia-e-ciencia-uma.html >. Acesso em 25 de novembro de 2015.
Prefiro o conselho de Paulo o que me serve melhor é a caridade em forma de obras e as línguas só serão de valia mediante a fé e não como ato de falsa comunhão com Deus. Prefiro falar no meu idioma e ser entendido, pois, só assim saberão o que estou falando. E não um mero borbulhar da carne
Vejo falta de amor em seu comentário e falta de conhecimento bíblico e também desprezo pelas coisas do ESPÍRITO SANTO. Se não fosse importante por que DEUS nos daria isso? Acha pouco alguém falar a língua de outro país sem a ter estudado? Ganhar almas é o cerne da vida cristã.
Atos 2, onde os apóstolos falaram na língua materna de cada visitante de Jerusalém. É normal o batizado no ESPÍRITO SANTO e que já recebeu o Dom de Línguas falar em outro idioma quando está orando ou quando está pregando em comunidade estrangeira ou pais estrangeiro.