E Jesus andando junto ao mar da Galileia, viu dois irmãos, Simão chamado Pedro, e André, os quais lançavam as redes ao mar, porque eram pescadores. E disse-lhes: “Vinde após mim e eu vos farei pescadores de homens”, Mt 4.18-19 – Pouco antes de ascender aos Céus, o Mestre disse aos seus discípulos: “Ser-me-eis testemunhas, tanto em Jerusalém, como em toda a Judeia e Samaria, e até aos confins da terra”, At 1.8.
Jesus ordenou taxativamente a evangelização. Quando na Galileia afirmou aos seus discípulos: “É me dado todo o poder no céu e na terra. Portanto, ide, ensinai todas as nações, batizando-as em nome do Pai, e do Filho, e do Espírito Santo. Ensinando-as a guardar todas as coisas que eu vos tenho mandado; e eis que eu estou convosco todos os dias até a consumação dos séculos” – Mt 28.19-20
A ordem missionária de Jesus à sua igreja tem como objetivo principal a conquista de almas. Deus afirmou, pela boca do profeta Ezequiel, que não tem prazer na morte do ímpio, mas que o ímpio se converta do seu caminho e viva (Ez 33.11). Em sua primeira epístola a Timóteo 2.4, o apóstolo Paulo menciona que “Deus quer que todos os homens se salvem e venham ao conhecimento da verdade”. O mesmo apóstolo escrevendo aos Coríntios, e no capítulo 9 da sua primeira carta, manifesta o seu grande esforço e interesse na conquista de almas ao dizer: “Fiz-me como fraco para os fracos, para ganhar os fracos. Fiz-me tudo para todos, os fracos. Fiz-me tudo para todos, para por todos os meios chegar a salvar alguns. Se anuncia o Evangelho, não tenho de que me gloriar, pois me é imposta essa obrigação; e ai de mim, se não anunciar o Evangelho”.
Ganhar almas foi o supremo trabalho de Jesus aqui na Terra (Lc 19.10). Jesus pregava para grandes multidões, e também dedicava grande parte do seu tempo ao trabalho de evangelização pessoal. Os Evangelhos relatam maravilhosas conversões, resultantes dessa importante atividade de Jesus.
Encontramos entre outras a de Nicodemos, da mulher samaritana, o paralítico do Tanque de Betesda, e até o malfeitor encontrou a graça salvadora de Jesus na hora da morte.
Ao despedir-se, Jesus ordenou que pregassem o Evangelho a todas as gentes (Mc 16.15). Ele não entregou o seu Evangelho aos anjos, mas à Igreja, a quem delegou poder para testemunhar, curar os enfermos e expulsar os demónios. A tarefa que o Mestre deixou com os seus servos tem como alvo a evangelização local, nacional e mundial, e a sua vontade é que evangelizemos simultaneamente, o local onde estamos, as terras próximas e as regiões mais distantes.
A Bíblia nos afirma que todos os crentes são chamados para servir a Deus, e todos têm uma função específica a cumprir. Em sua primeira Epístola Universal, o apóstolo Pedro afirma que todos os salvos fazem parte do sacerdócio espiritual, cuja tarefa é anunciar as virtudes de Deus. “Vós sois a geração eleita, o sacerdócio real, a nação santa, o povo adquirido, para que anuncieis as virtudes daquele que vos chamou das trevas para a sua maravilhosa luz”, lPd 2.5,9- A Igreja Primitiva encarou com seriedade a ordem de Jesus, de forma tal que os apóstolos foram acusados de terem enchido a cidade de Jerusalém com a doutrina do cristianismo.
Após a morte de Estêvão – o primeiro mártir do cristianismo -, mo-veu-se uma tremenda perseguição contra a Igreja que estava em Jerusalém, e todos foram dispersos pelas terras da Judeia e Samaria, exceto os apóstolos, e iam por toda a parte anunciando a Palavra (At 8).
Deus permitiu aquela repentina perseguição, visando a espalhar os seus servos para que levassem a mensagem a todos os lugares. Quando Paulo morava em Éfeso, toda a Ásia, através de sua atividade pessoal, ouviu a Palavra de Deus. Mesmo preso, ele ganhou almas para Cristo. Escrevendo aos Filipenses o apóstolo declarou: “Para mim o viver é Cristo e o morrer é ganho”. Sua alegria em ganhar almas era tamanha que ele mesmo, após tão importante declaração, manifestou que não sabia o que devia escolher. Se partir para o Senhor ou ficar na carne para prosseguir na colheita de almas preciosas para o Reino de Deus.
Coisa sublime é ganhar almas! É glorioso sabermos que no Céu já existem almas ganhas por nosso intermédio. É uma satisfação imensa, e enche os nossos corações, ao contemplarmos nos caminhos do Senhor, alguém que com a graça de Deus mostra-nos o caminho certo.
Em Atos dos Apóstolos, capítulo 13, encontramos a informação acerca da primeira Igreja a enviar missionários. Os dirigentes da igreja em Antioquia se achavam reunidos em oração. Por certo o assunto que os preocupava era a situação das almas perdidas na própria cidade. Mas nem por isso a Igreja deixou de cumprir a ordem divina em pregar o Evangelho a todas as nações. A posição dos crentes naquela cidade era ótima, espiritualmente. O testemunho daqueles irmãos era tão elevado que foram chamados cristãos pela primeira vez.
Havia naquela igreja um corpo ministerial de responsabilidade, verdadeiros homens de Deus. Entre eles havia profetas e doutores. Eram homens humildes e de oração. Que lição maravilhosa nos deixaram os obreiros da Igreja em Antioquia! Não estavam conversando assuntos fúteis, não discutiam sobre posições de honra ou de comando. Não! Eles sentiam o peso da responsabilidade, e por isso a Bíblia nos diz que “servindo eles ao Senhor jejuavam e oravam. Foi nessa atmosfera espiritual que Deus revelou-lhes a sua vontade, ordenando que “separassem a Barnabé e a Saulo para a obra que os tinha chamado”.
Almas preciosas foram ganhas por intermédio daqueles primeiros missionários, e através dos séculos Deus tem levantado inúmeros outros homens de fé, cuja visão é a obra missionária para a conquista de almas.
Obreiros separados após jejuns e orações, tornam-se verdadeiras bênçãos na obra de Deus. Que o exemplo da Igreja em Antioquia seja observado pelas igrejas em todo o mundo, e de um modo especial pelos seu líderes e o corpo ministerial.
A Igreja realiza um grandioso serviço, quer no sentido espiritual ou filantrópico; todavia, é preciso muito cuidado para que não seja negligenciada a sua principal missão: Ganhar almas através da evangelização.
O profeta Daniel já afirmava que “os ganhadores de almas brilharão como estrelas” (Dn 12.3) – Que Deus nos faça verdadeiros ganhadores de almas!
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Fonte: Horácio da Silva – Outubro/1967 (Artigos Históricos – Mensageiro da Paz – CPAD – Vol.2).