O livro “Guia Politicamente Incorreto da História do Mundo” registra o seguinte sobre a vida de Gandhi:
“A biografia Mahatma Gandhi e sua Luta com a Índia, lançada em 2011 pelo jornalista americano Joseph Lelyveld, irritou milhares de indianos por sugerir que Gandhi mantinha o celibato com mulheres – mas só com mulheres. O livro expôs detalhes do relacionamento do Mahatma com um homem chamado Hermann Kallenbach. Judeu nascido na Prússia oriental, Kallenbach, era um arquiteto solteiro que gostava de esportes. Dois anos mais velho que Gandhi, ele praticava, além de fisiculturismo, patinação no gelo, ginástica, natação e ciclismo. Os dois se conheceram em 1904 e logo passaram a travar longas conversas sobre política, religião e literatura (eram fãs do escritor russo Leon Tolstói). Tornaram-se melhores amigos e decidiram morar juntos. ‘Não era segredo na época, ou depois, que Gandhi, após abandonar a mulher, tinha ido viver com um homem’, afirma o jornalista Joseph Lelyveld na biografia.
Quando um deles viajava, os dois trocavam longas cartas entre si. Gandhi queimou quase todas as mensagens que recebeu do amigo, mas o arquiteto manteve os originais que recebeu. Foi assim que chegaram aos dias de hoje trechos saborosos desse relacionamento. A caminho de Londres, em junho de 1909, Gandhi tratou da grande consideração que tinha pelo amigo: ‘Quando o coração fala ao coração, palavras são supérfluas. Mesmo assim, eu não posso deixar de dizer que não entendo o seu extraordinário amor. Espero merecê-lo. Nosso apego mútuo é o mais forte testemunho de termos vivido juntos antes, em corpos diferentes dos atuais’. Fãs de Gandhi na Índia argumentam que essas mensagens não deixam evidente um relacionamento sexual – o estilo florido de Gandhi seria comum na época. Termos calorosos podem ter sido mais comuns há um século que atualmente, mas é preciso haver uma generosidade maternal para não reparar em outros trechos das cartas. Numa das últimas escritas em Londres, as confidências de Gandhi ficam mais quentes: ‘Seu retrato (o único do quarto) fica na lareira do meu quarto. O aparador da lareira fica diante da cama. O algodão e a vaselina são uma lembrança constante’. A carta termina assim: ‘O que eu quero é mostrar a nós dois como você tomou completamente a posse do meu corpo. Isso é escravidão com vingança. Mas e a recompensa, o que será?’”
(Guia Politicamente Incorreto da História do Mundo, Leya, São Paulo, 2003, pp. 227-228)