Frio, quente ou morno?

 

O mundo costuma dividir as pessoas segundo a sua clas­se social. Tal critério leva em con­ta apenas o lado material e não revela o verdadeiro valor de cada indivíduo. Deus valoriza o aspecto espiritual do ser humano e apresenta, em sua Pala­vra, uma outra maneira de classificar as pessoas, independente de suas situ­ações social e financeira.

De acordo com 1 Coríntios 2.14-3.3 e Apocalipse 3.15-16, os seres huma­nos estão enquadrados em três distin­tas categorias: o homem natural (ou frio), o espiritual (ou quente) e o car­nal (ou morno).

Homem natural

O natural é aque­le que vive sob a perspectiva me­ramente natural, não conhecendo o poder sobrena-Ep rural de Deus pe-§ lo fato de ainda não ter recebido Jesus como Sal­vador e Senhor de sua vida. Em de­corrência disso, ele também não compreende as coi-í sas do Espírito de Deus (ICo 2.14), pois está em um estado chamado de tempo da igno­rância (At 17.30).

Aquele que vi­ve sob a perspec­tiva natural não tem o Consolador, que é dado àqueles que lhe obedecem (At 5.32). Nesse caso, ele é chamado de frio pelo fato de não sentir o calor do Espírito de Deus em seu coração. A salvação, que é con­firmada pelo selo do Espírito em nós (Ef 1.13-14), traz o fogo, a luz (Is 62.1, 2Co4.4e lPd2.9), e quem não a possui, espiritualmente está frio e apagado.

O homem natural também é domi­nado pela natureza adâmica (Ef 2.1-3) e comete com naturalidade as obras da carne, não tendo controle sobre as suas paixões. Por esta razão, Judas, irmão do Senhor, ao escrever sobre esta pri­meira categoria, disse: “Estes, porém, dizem mal do que não sabem; e, na­quilo que naturalmente conhecem, como animais irracionais, se corrompem”. Jd 10.

Homem espiritual

Este já nasceu de novo e está expe­rimentando a regeneração pelo poder transformador da Palavra de Deus (Jo 3.3 e 2 Co 5.17). O homem espiritual é chamado de “novo homem”, pois já se despojou do “velho” para se renovar no seu próprio espírito (Ef 4.22-24).

O espiritual é aquele que tem prazer em cultivar o seu espírito.

Mas, o que é o espírito? Ao for­mar o homem, Deus o dotou de três partes, tornando-o tricótomo (lTs 5.23). O Senhor deu ao ser humano o corpo, composto dos sentidos visão, audição, olfato. paladar e tato. Deu-lhe a alma, que é a personalidade, formada pelo intelecto, sentimento e vontade. E do-tou-o do espírito, que não deve ser confundido com a alma (Hb 4.12), pois trata-se do canal exclusivo de adoração a Deus (Jo 4.23-24).

Quem é espiritual, adora a Deus no seu espírito, pois só se pode adorar ao Senhor de verdade se for pelo espíri­to. As palavras que saem dos lábios devem partir do coração, que, nesse caso, é sinónimo de espírito (Is 29.13 e SI 57.7). A adoração autêntica parte do espírito.

Ademais o homem espíritual possui duas importantes características. Ele é chamado de quente, pois é morada do Espírito Santo (I Co 3.16), o qual tem no fogo um de seus mais relevan­tes símbolos (Mt 3.11 e At 2.1-4). Ele também crê na Palavra, que é apresentada como um fogo (Jr 23.29, S139.3 e Lc24.13-32). Aoutracarac-J J terística refere-se ao domínio que o espiritual exerce so­bre a sua natureza carnal (Gl 5.19-21), sobrepujando-a, não pela sua própria força, mas pelo fruto do Espírito que nele habita (Gl 5.22).

Homem carnal

 Enquanto os homens natural e es­piritual formam um perfeito contras­te, o carnal é uma espécie de meio ter­mo. É, portanto, a pior classe, sendo chamado de morno. Foi por isso que Jesus disse: “Vomitar-te-ei da minha boca”, Ap3.16.

Qual a diferença entre o natural e o carnal? Os dois não cometem as mesmas obras da carne? Na verdade, a diferença não está no praticar as mesmas coisas, mas sim no estado da­quele que as pratica. Como vimos, o natural comete pecados, mas age com naturalidade. Já o carnal é aquela pessoa que já conhece a verdade e, por conseguinte, não age por ignorância. Seus pecados são conscientes, verda­deiras iniquidades.

O morno, espiritualmente, não é o frio que está ficando quente, mas o que, estando quente, começa a sofrer um processo de esfriamento. Por isso, Je­sus o chamou de pobre, cego e nu (Ap 3.17). O homem natural também está nessa situação, mas ainda está no tem­po da ignorância. Por isso, Jesus disse à igreja de Laodicéia que seria melhor ser frio (Ap 3.15), pois este encontra-se mais próximo da libertação.

Embora conheça a verdade, o car­nal é aquela pessoa que escolhe viver no pecado e sob domínio das obras da carne. Daí a dificuldade de obter forças para retomar o caminho da salvação.

A qual classe pertences? Se és um homem espiritual, glória a Deus! Continue cultivando o seu es pírito, alimentando-o com a Palavra. Mas se pertences à categoria dos homens natu­rais, saiba que Deus, não considerando os tempos da ignorância, “quer que todos os homens se salvem e ve­nham ao conhecimento da verdade”, l Tm 2.4.

Se és um carnal, a men­sagem para ti é a mesma que foi dirigida aos laodicenses: “Eu repreendo e castigo a to­dos quantos amo; sê, pois, zeloso e arrepende-te. Eis que estou à porta e bato; se alguém ouvir a minha voz e abrir a porta, entrarei em sua casa e com ele cearei, e ele, comigo”, Ap 3.19-20.

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Fonte: Ciro Sanches Zibordi (Revista Pentecostes – Julho/2000).

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