Mais que uma planta, um símbolo sagrado
Lótus, planta aquática da família das ninfeáceas. É conhecida também por lótus-egípcio, lótus-sagrado ou lótus-da-índia e é nativa do sudeste da Ásia, mormente Japão, Filipinas e Índia. Possui flores brancas e em geral é cultivada com fins de ornamentação. A espécie foi empregada pelos antigos na fabricação de pão e uma espécie de bebida. Segundo estudiosos, servia como alimento ao povo da Líbia. De acordo com algumas lendas gregas seu suco teria a propriedade de gerar nos estrangeiros a vontade de permanecer na terra e não regressar. Na África setentrional existia um povo que se alimentava desta planta. É identificada em nossa cultura brasileira como vitória-régia (também da família das Ninfáceas) nativa das regiões amazonenses. Algumas espécies florescem na região do Mato Grosso e nas Guianas.
A planta cobre as planícies alagadas do oriente do Egito à China e é uma paixão asiática cultivada desde tempos remotos. É venerada em todo o mundo por milhões de pessoas que a consideram o símbolo máximo da pureza espiritual. Chegou ao ocidente no século IV antes de Cristo. Presenteados pelos egípcios, foram os gregos os primeiros a conhecê-la. A flor espalhou-se pelo restante da Europa, onde foi apreciada por sua beleza, particularmente pelos pintores. A história conta que certos povos da América Central já a conheciam. Sacerdotes do México, por exemplo, embriagavam-se com o efeito alucinógeno produzido por um extrato da planta pouco antes dos primeiros espanhóis pisarem na América. No Brasil, o lótus foi trazido pelos japoneses no século de XX.
Mas a fama da flor de lótus transcende o âmbito espiritual e seu fascínio atinge também os estudiosos da botânica. Há muito tempo que estes especialistas tentam desvendar alguns enigmas que a planta segreda. Pesquisadores da universidade de Adelaide na Austrália, por exemplo, estudam uma estranha característica da flor: assim como os seres humanos, ela é capaz de manter sua temperatura em torno de 35 graus. Esse sistema de auto-regulação de calor, compreensível em organismos complexos, como ocorre com os mamíferos, continua inexplicável para a ciência.
Ainda outros cientistas do instituto botânico da universidade de Bonn, na Alemanha, estudam outra curiosidade do lótus: suas folhas são auto-limpantes, isto é, têm a propriedade de repelir microrganismos e poeiras. Devido a isto consideram-na potencialmente útil para ser aplicada na limpeza doméstica e afins.
Entretanto, apesar de sua unânime beleza, sua utilidade polivalente – especialmente na esfera medicinal, das curiosidades que suscita, e das lendas que inspirou, indubitavelmente sua representatividade destaca-se no plano metafísico.
O mantra do lótus
É isso mesmo, o lótus possui um cântico sagrado!
Imagine a cena: a fumaça do incenso envolve como nuvem os monges budistas do templo Doi Suthep, construído no século XIV nos arredores da cidade de Ching Mai, no norte da Tailândia. Como é corriqueiro, ao amanhecer eles estão lavando as mãos nos botões rosados da flor de lótus espalhando um perfume suave no ar. Com a voz grave ritualmente os monges começam a murmurar o mani padami, um dos principais mantras do budismo – originário do antigo idioma sânscrito. A frase exaustivamente repetida significa: “Ó jóia preciosa do lótus”. Terminado o ritual eles depositam uma quantidade tão grande de lótus sobre os pés de Buda que quase soterram a imagem sagrada.
Esse cenário religioso permeia milhões de pessoas de vários países asiáticos que igualmente crêem que o mantra do lótus tem a capacidade de transformar as pessoas em seres puros e iluminados, como o próprio Buda. As palavras sagradas deste canto estão gravadas nas bandeiras, nos sinos que alertam para as cerimônias, em artigos como anéis e pulseiras, nos enormes moinhos de orações que são girados nos templos pelos toques das mãos dos fiéis etc. Destarte, o “aroma” do lótus impregna o Tibete, Tailândia, Índia, Butão, Indonèsia, China e é raro encontrar um país da Ásia onde o lótus não seja considerado sagrado.
O lótus no budismo
Nas pinturas tibetanas linhagens de budas e homens santos aparecem flutuando sobre flores de lótus – uma representação dos tronos da suprema espiritualidade. Nas escrituras budistas, no Tibete, conta-se que milagrosamente o pequeno Buda já podia andar ao nascer e que a cada passo que a criança “iluminada” dava, brotavam-lhe flores de lótus de suas pegadas – uma das assinaturas de sua origem divina. Hoje muitos monges e fiéis dessa religião visualizam esta mesma cena enquanto caminham, imaginando que flores de lótus surgem debaixo de seus pés. Com esta prática acreditam estarem espalhando o amor e a compaixão de Buda simbolizados pela flor.
O Budismo afirma que Sidarta Gautama (nome histórico de Buda), possui olhos de lótus, pés de lótus e coxas de lótus. O Guru que introduziu o budismo no Tibete é denominado Padmasambhava, que significa aquele que nasceu do lótus.
O lótus no hinduísmo
Na Índia a planta está relacionada com a criação do mundo. De acordo com as escrituras indianas foi do umbigo de Deus Vishnu que teria nascido uma brilhante flor de lótus e desta teria surgido outra divindade, isto é, Brahma, o criador do cosmo.
Nas gravuras indianas deuses costumam aparecer em pé ou sentado sobre a flor. Isso ocorre com as representações do deus elefante, Ganexa de Lakshmi – a deusa da prosperidade e de Seiva – o destruidor. Também existe a crença de que o conhecimento espiritual supremo é comparado ao florescimento de uma flor de lótus na cabeça.
O lótus também é essencial para a prática da ioga. Assim como não se pode conceber hinduísmo sem ioga, não se pode conceber ioga sem o lótus. A ioga é prática basilar do compêndio doutrinário hindu e “representa o caminho seguido para se perceber o Deus interior”. Desenvolve-se por meio de práticas avançadas de meditação que requerem a observância de uma posição específica do corpo, mormente a posição sentada que é denominada “Padmasana” ou “Postura de Lótus” na qual os pés são colocados sobre as coxas do lado oposto. Acreditam que a posição do lótus “propicia” o aumento da consciência interna e induz a calma profunda se o praticante associar à postura a filosofia da ioga adequadamente.
Pegando uma “carona” nas crenças hindus, os esotéricos não deixam de dar a sua contribuição com uma parcela de significados “espiritualistas” à flor. Estes crêem que a flor vista de cima infere uma idéia de interiorização, introspecção e centralização, vista de perfil alude a postura de um iogue sentado com um raio de luz emanando dele.
O lótus na mitologia egípcia
No interior das pirâmides e nos antigos palácios do Egito o lótus também é representado como planta sagrada pertencente ao mundo dos deuses. A exemplo da crença indiana sua flor testemunha a criação do universo. Um dos mais interessantes relatos da mitologia egípcia sobre a origem de nosso planeta conta que num tempo muito distante, quando o universo ainda não existia, um cálice de lótus com as pétalas fechadas flutuava nas trevas, um relato que faz lembrar a declaração bíblica que diz: “E a terra era sem forma e vazia; e havia trevas sobre a face do abismo; e o Espírito de Deus se movia sobre a face das águas” (Gn 1.2, grifo do autor). Entediada com o vazio, a flor pediu ao deus-Sol Rá (uma divindade andrógina, simultaneamente masculina e feminina) que criasse o universo. Tendo criado, a flor agradecida pelo desejo realizado passou a abrigar o deus-Sol em suas pétalas durante a noite de onde ele sai ao amanhecer para iluminar a sua criação.
O lótus e o sexualismo chinês
Já os chineses tinham uma outra interpretação um tanto quanto exótica. Associavam a flor ao órgão genital feminino.
Segundo informam os pesquisadores franceses Jean Chevalier e Alain Cherbrant no livro dicionário de símbolos, na China antiga não havia elogio melhor para uma cortesã do que ser chamada de “lótus de ouro”. Explica-se assim porque entre os chineses a planta é associada ao nascimento e a criação. Mesmo assim o lótus não deixa de contribuir religiosamente para a tradição religiosa daquele país. A deusa do amor e da compaixão Kuan Yin – a mais venerada entre as divindades chinesas femininas, é representada com flores de lótus ainda fechadas nas mãos e nos pés. Como o botão da flor tem o formato de coração, os fiéis acreditam que a planta teria o dom de aflorar os sentimentos amorosos. Os chineses acrescentam ainda outras qualidades preciosas à lótus. Segundo eles, a haste dura simboliza a firmeza, a opulência de sementes estaria relacionada a fertilidade e prosperidade, as folhas – como nascem juntas – indicariam felicidade conjugal. O passado, presente e o futuro também estão simbolizados respectivamente pela flor seca, pela aberta e pela semente que irá germinar.
Além de tudo, segundo a medicina chinesa, a planta é consumida principalmente como chá por possuir qualidades terapêuticas que vão desde a cura de doenças renais e pulmonares até o combate do estresse e insônia.
Práticas antibíblicas que envolvem o lótus
Como ficou demonstrado nesta matéria, para alguns a flor de lótus é muito mais que uma simples planta, é um símbolo sagrado. É freqüentemente associada às divindades orientais e conseqüentemente é do mesmo modo reverenciada como sendo inerente ao “divino”. Entretanto, obviamente, os cristãos não devem nutrir qualquer espécie de repulsa pela flor, mesmo porque isso seria ilógico diante do relativismo de significados nela contidos. Apenas temos de enquadrá-la na sua verdadeira posição. Ao contrário da crença hindu e egípcia a única parte cabível à lótus na verdadeira criação divina deu-se quando Deus criou toda a flora no terceiro dia da criação, “Então disse Deus: cubra-se a terra de vegetação: plantas [entre elas a lótus] que dêem sementes […] E assim foi” (Gn 1.11). Nada além disso!
Atribuir qualquer espécie de poder espiritual a objetos inanimados é uma forma de animismo. O lótus não tem o poder de “transformar as pessoas em seres puros e iluminados” e suas associações com as “pegadas do pequeno Buda”, o umbigo de Vishnu e outros absurdos não passam de folclore religioso.
A ioga e o mantra também são claramente condenados pela Bíblia. Se o Senhor censurou a utilização de palavras vazias e repetitivas nas orações que supostamente eram dirigidas a ele (Mt 6.7), o que dizer quando tais cânticos são oferecidos a uma planta: “Ó jóia preciosa do lótus”?!
Quanto aos praticantes da ioga, estão se colocando cada vez mais sob a influência de Satanás. Na Índia, um iogue é tido como um mahsiddha, ou seja, um bruxo e a prática da ioga desde a antiguidade está relacionada a poderes ocultos e mágicos. É impossível conceber a recepção das “forças do universo” por meio de meditação e exercícios físicos. A Bíblia nos admoesta acerca da saudável meditação: “Quanto ao mais, irmãos, tudo o que é verdadeiro, tudo o que é honesto, tudo o que é justo, tudo o que é puro, tudo o que é amável, tudo o que é de boa fama, se há alguma virtude, e se há algum louvor, nisso pensai” (maiores informações sobre ioga, consultar Defesa da Fé nº37 – Ioga: ginástica, terapia ou religião).
Como vemos, infelizmente a maior parte da proeminência do lótus está relacionada a práticas antibíblicas. Embora para muitos o lótus seja um símbolo sagrado, na realidade, em sua essência, não é mais que uma simples planta!
Curiosidades sobre a planta
Origem: Sudeste da Ásia
Família: Ninfeáceas
Porte: Sua haste pode alcançar mais de um metro acima do nível da água.
Período de floração: primavera e início do verão
Flores: Produz flores brancas, cor-de-rosa ou brancas com as bordas rosadas.
Multiplicação: por meio de sementes ou divisão de rizomas
Luminosidade: sol pleno
Esoterismo:: Os povos orientais têm esta flor como símbolo da espiritualidade, pois acreditam que ela desabrocha aqui na Terra somente depois de ter nascido no mundo espiritual. O lótus também representaria a pureza, pois emerge limpa e imaculada do meio de águas turvas e lodosas.
Cultivo: Pode ser cultivada em vasos imersos, tanques de jardim, lagos ou lagoas. Seu cultivo em vaso necessita de 2 partes de terra argilosa, 1 parte de esterco bovino bem curtido ou composto orgânico. Por ser uma planta aquática dispensa regas.
Bibliografia:
Revista Defesa da Fé; www.icp.com.br