Feira evangélica da Globo

‘É business’, diz Malafaia sobre feira evangélica da Globo

“Para nos adaptar pro padrão Globo vai ser difícil… Igual a Dilma com padrão Fifa!”

Mais de cem pastores riem com o comentário do colega Jabes Alencar, líder da Assembleia de Deus Bom Retiro e presidente do CPESP (Conselho de Pastores do Estado de São Paulo).

“Plim-plim!”, alguém da plateia imita o bordão da rede nacional. Estamos no auditório do Expo Center Norte, no café da manhã para pastores que abriu a primeira feira evangélica organizada pelas Organizações Globo, a FIC (Feira Internacional Cristã).

“Aqui não tem negócio de amiguinho, é business, é um mercado de 50 milhões de pessoas. Eles são uma empresa, estão de olho nisso”, diz à sãopaulo o pastor Silas Malafaia, que pregou por mais de meia hora para colegas evangélicos.

Mafalaia e Alencar, amigos de longa data, são alguns dos líderes a quem a Globo recorreu para bater na porta do segmento gospel –o bispo Robson Rodovalho (Sara Nossa Terra) e o apóstolo Estevam Hernandes (Renascer) também estavam presentes.

A FIC espera reunir cem mil visitantes de hoje a sábado (20), com ingressos a R$ 15.

No meio, é encarada como substituta da ExpoCristã (feira tradicional cancelada em maio, após 11 edições). Quem organiza o evento é a empresa de entretenimento da Globo, a Geo Eventos.

‘NÃO COÇA NUNCA!’

Em sua pregação, Malafaia se apresentou como “o cara que evangelizou Jece Valadão”; disse ter recebido em suas igrejas no Rio o ator Mauricio Mattar e o jogador Fred, do Fluminense; e provocou outros líderes evangélicos ao pedir o dízimo em nome do conselho paulista de pastores. “O bolso do cara não coça nunca!”

A aproximação com a Globo foi comemorada por Malafaia. Ele lembrou que, em recente gravação para o programa “Na Moral”, “o próprio [Pedro] Bial” teria ressaltado que evangélicos podem ser a maioria da população em 2020.

De acordo com o IBGE, entre 2000 e 2010, a proporção de católicos no Brasil caiu de 74% para 64,6%, enquanto a percentagem de evangélicos saltou de 15% para 21%.

Antes de descer para a feira, os pastores cantaram o hino nacional, aplaudiram um vídeo institucional em que eram oferecidos “frutos inimagináveis aos cristãos” e receberam promessas de sorteios para uma TV de 42 polegadas, dois smartphones, uma Bíblia da editora de Silas Malafaia (“fale de tudo, de pornografia a filho rebelde”) e uma viagem para a Disney.

A FIC traz um cardápio bem servido de produtos para o segmento. Lá você encontra “climatizadores evaporativos” para igrejas; “saias cristãs” (com modelagens diversas e abaixo do joelho) desenhadas pela ex-surfista Mara Jager, da grife Quinta da Glória; e oportunidade de comprar e vender ações pela internet oferecidas pela corretora de investimentos Rico.com.vc (que não é evangélica).

Há, ainda, camisetas com estampas que fazem brincadeira com Facebook (“Lifebook: Deus quer incluir você em seu livro… você curtiu?”), Coca-Cola (“Pecado Zero: viva o lado santificado da vida”) e o chocolate Prestígio (“Jesus Cristo: quem anda com ele tem prestígio”).

O prato principal são discos como o do senador Magno Malta (PR-ES), que faz “samba para adorar”, e o nicho editorial. Na Mundo Cristão, estavam à venda por R$ 29,90 o livro “A Vida por uma Causa”, dedicado à ex-senadora Marina Silva, e “As 25 Leis Bíblicas do Sucesso” –com prefácio de Eike Batista, atualmente às voltas com a quebra de suas empresas, ensinando como conseguir “sucesso profissional”.

Extraído do site da Folha em 18/07/2013

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