Entendemos por Estado Intermediário o intervalo de tempo existente entre a morte e a ressurreição, onde, após a morte, a alma ou o espirito dos homens, por ser imortal, continua existindo de forma consciente, porém, cada um no seu respectivo lugar, seja de bem-aventurança, no Paraíso, para os salvos, ou de tormento, no inferno (Hades), para os ímpios.
Não obstante, queremos ressaltar que mesmo entre aqueles que acreditam na existência de um estado intermediário, há debates bastante acalorados por conta das diferentes visões a respeito desse assunto. No Cristianismo, existem pelo menos duas posições diferentes acerca do estado intermediário:
1 – OS IMORTALISTAS: são assim chamados pelo fato de acreditarem que o homem é composto de uma parte material (o corpo), e outra parte imaterial (a alma). E, a alma do homem, por ser imortal, entre a morte e a ressurreição do corpo, continua existindo de forma consciente, seja no paraíso, num estado de bem-aventurança para os salvos, ou no inferno, em tormentos, para os ímpios. Em outras palavras, os imortalistas são os defensores da imortalidade da alma. Pois esta, de acordo com vários textos bíblicos, como já dissemos, continua existindo de forma consciente, apesar da morte do corpo (Mt 10.28; 22.32; Lc 20.37: 23.43,46; Ar 7.59; 2Co 5.1-3; Fp 1.23; ITs 4.14; Hb 12.23; Tg 2.26; Ap 6.9-11). Sobre isso, Norman Geisler apresenta: “A perspectiva tradicional de uma alma consciente, temporariamente separada de seu corpo, esperando reunir-se a ele na ressurreição, quando Cristo voltar” (Geisler, Norman, Teologia Sistemática, vol 2, p. 683, 2ª Impressão, Rio de janeiro, CPAD).
Quanto a reunião da alma na ressurreição, por ocasião da volta de Jesus, Paulo diz: “Porque, se cremos que Jesus morreu e ressuscitou, assim também aos que em Jesus dormem Deus os tornará a trazer com ele” (ITs 4.14). Existem pelo menos dois grupos defensores da doutrina da imortalidade da alma dentro do Cristianismo:
A – O CATOLICISMO ROMANO: Os adeptos do Catolicismo Romano defendem a doutrina da imortalidade da alma, mas, ao mesmo tempo, acreditam que esta, entre a morte e a ressurreição, vai para o purgatório a fim de ser purificada dos pecados veniais, os pecados mais leves. De acordo com Franklin Ferreira:
“Na Idade Média, a igreja católica desenvolveu a doutrina do limbo (do latim limbus – orla, borda) que significa as bordas do inferno. O limbus patrum era o lugar onde, supostamente, os santos do Antigo Testamento esperavam até a ressurreição de Cristo para serem levados para o céu. (…) O limbus infantum é o lugar para onde irá a alma das crianças mortas que não foram batizadas” (Ferreira, Franklin e Myatt, Alan, Teologia Sistemática – Uma análise histórica, bíblica e apologética para o contexto atual, p. 1058, 1ª edição, 2CO7, São Paulo, Edições Vida Nova).
A fraqueza dessa crença, dentro do Catolicismo Romano, no purgatório, está em que ela não encontra respaldo nas Escrituras para fazer a sua defesa e ainda oferece uma segunda chance para os pecadores se purificarem nesse local antibíblico chamado de purgatório com as suas respectivas divisões (Litnbus Patrum e limhus infantum). Por outro lado, eles adicionam um algo a mais ao sacrifício de Cristo, tais como as indulgências, a missa pelos mortos, as penitencias etc., como se este não fosse todo suficiente para salvar e aperfeiçoar o pecador.
B – OS PROTESTANTES: creem que a alma é imortal e que, apôs a morte do corpo, ela continua existindo de fôrma consciente no paraíso, no terceiro céu para os justos (Lc 16.19-31; 2Co 12.1-4), e no Hades ou Sheol (inferno), para os ímpios (Lc 16.19-31). Esses lugares não são para a purificação, mas lugar de bem-aventurança, no caso dos justos (paraíso) e de tormento, para os ímpios (inferno).
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LIVRO: PERGUNTAS DIFÍCEIS DE RESPONDER, ELIAS SOARES DE MORAES