“Ele me disse: Até duas mil e trezentas tardes e manhãs; e o santuário será purificado”.
Sempre quando analisamos um texto é preciso entender o seu contexto, ainda mais nesse caso que o texto, em supra, virou alvo de uma doutrina tão escorregadia que sai da simplicidade das palavras de Cristo; “Mas a respeito daquele dia e hora (da sua vinda) ninguém sabe, nem o filho, senão somente o Pai” (Mt 24.36, parênteses nosso). O contexto em que se encontra o vrs. 14 do capítulo 8 é o seguinte: Na visão do carneiro que tinha dois chifres, descrito aqui por Daniel, um dos chifres cresce mais alto que o outro. Isto representa os reis da Média e da Pérsia. A Pérsia destacou-se mais que a Média e, desta maneira, cumpriu-se à visão de Daniel. A visão do bode simboliza o império Grego. Sabemos isso pela revelação dada a Daniel no Cap. 8.21. O chifre notável foi Alexandre Magno, que conquistou com grande velocidade (sem tocar o chão) o mundo conhecido em seus dias. Também o leopardo com quatro asas representa o império Grego e a velocidade com que conquistava os povos. Com relação ao grande chifre, Daniel diz que foi quebrado. Neste particular Daniel fala profeticamente da morte prematura de Alexandre, em Babilônia, no ano 323 a.C. Ao encontrar-se no auge de sua carreira militar (33 anos), sua vida foi cortada. Esta profecia de ascensão e queda de Alexandre cumpriu-se literalmente duzentos anos depois de ser profetizada através da visão de Daniel. De um dos quatro chifres, que apareceu em lugar do grande chifre (que é a divisão do império grego em quatro, pois com a morte de Alexandre os seus generais, que eram quatro, dividiram a administração do império), saiu um pequeno chifre. A este, se identifica à pessoa de Antíoco Epifânio. Antíoco tornou-se conhecido pela grande perseguição que realizou contra o povo de Deus. Foi notório o seu ódio contra os escolhidos. No ano de 168 a.C., Epifânio tentou invadir o Egito (Ele teve o domínio sobre o Egito por um certo tempo e até conseguiu extrair grandes riquezas). Entretanto, seu domínio não durou muito tempo, sendo que houve a intervenção dos Romanos, e cheio de ira, Epifânio quis recompensar-se conquistando o reino de Jerusalém. Milhares de Judeus foram decapitados. Epifânio profanou o templo. Realizou oferta de um porco sobre o altar. Acabou com os postos do sacerdócio e vendeu centenas de judeus à escravidão. (nota) O pequeno chifre de Dn 7.8,24 fala do próprio anticristo, Dn.8:9 fala de Antíoco Epifânio, que tipifica o anticristo. As 2300 tardes e manhãs cumpriram-se no reinado de Antíoco Epifânio. O texto original de Daniel não indica 2300 dias, mas, sim, 2300 tardes e manhãs, que seriam apenas 1150 dias (que se cumpriram do ano 168 – invasão de Jerusalém a 165 a.C. ano da purificação do templo por Judas Macabeus)” (Adaptado de Nigh). Acima você tem a visão geral dos fatos históricos ocorrido. Vejam que os versos de 11 a 13 nos dizem: “…dele tirou o sacrifício costumado e o lugar do seu santuário foi deitado abaixo. O exército lhe foi entregue, com o sacrifício costumado, por causa das transgressões; e deitou por terra a verdade; e o que fez prosperou…Até quando durará a visão do costumado sacrifício, e da transgressão assoladora, visão na qual era entregue o santuário e o exército, a fim de serem pisados?” A pergunta dos textos acima está condicionada ao vrs.14 e, na resposta dada, percebemos a preocupação de Daniel; “Até quando durará a visão do costumado sacrifício?”, ou seja, a sua mente estava voltada para o sacrifício costumado no templo em Jerusalém. A prova disso é a citação do próprio teólogo Adventista: “Daniel orou a Deus para que fizesse resplandecer o Seu rosto sobre o Seu santuário, que estava assolado. Pela palavra santuário Daniel evidentemente entendia o templo em Jerusalém” (As Profecias de Daniel, U. Smith, p.133, ed.1994). Daniel queria saber quanto tempo o sacrifício, de acordo com a visão, demoraria a tornar a ser executado no santuário (ou templo) em Jerusalém. Ele estava preocupado se o sacrifício e o templo seriam restituídos, já que ele virá a sua destruição saindo do império grego (de um dos quatro chifres). A resposta deve ser entendida dentro do seu contexto e da preocupação do profeta, pois seria incoerência de Deus responder outra coisa a uma resposta tão objetiva feita pelo profeta. Daniel não estava preocupado com o céu, pois lá o império Grego não tinha como profanar. (veremos isso mais adiante). Vejam o que nos diz certo comentarista sobre este assunto: “O vrs.9 identifica um agressor, um “chifre pequeno” ou uma “pequena ponta”. Os vrs.10-12 nos mostram que este inimigo e agressor atacará o Templo ou Santuário. O vrs.13, como já vimos, pergunta: “Até quando durará esse levante e profanação do santuário? Até quando vamos ficar sem o sacrifício costumado? E o vrs.14 responde: Até 2300 tardes e manhãs; e o santuário será purificado (ou como diz a Bíblia de Jerusalém – “Será feita justiça, justificado ou feito justo”, o que ocorreu através de Judas Macabeus). É lógico que o vrs.13 faz uma pergunta que é elucidada no vrs.14. Desvincular Dn. 8:14 deste clamor “Até quando?”(do vrs.13) significa estar exegeticamente falando um grande impropério. Não podemos ter ao mesmo tempo o contexto e a interpretação adventista. Portanto, alusivo ao “Juízo Investigativo” e a “doutrina do Santuário”, a Igreja Adventista teve de fazer uma escolha – Aceitar o contexto de Dn.8:14 de acordo com a Bíblia ou as doutrinas de E.G. White, e infelizmente eles escolheram a “pior parte” dessa teologia”.
2300 DIAS OU 2300 SACRIFÍCIOS?
O vrs.14 não fala 2300 dias, mas 2300 tardes e manhãs, que estão relacionados, pelo contexto, com sacrifício diário do templo. Leiamos então alguns textos para entendermos o que Daniel quis dizer:
“Um cordeiro oferecerás pela manhã, e o outro, ao pôr do sol” (Êx 29.39); “Dá ordem aos filhos de Israel, e dize-lhes: Da minha oferta, do meu manjar para as minhas ofertas queimadas, de aroma agradável, tereis cuidado, para mas trazer a seu tempo determinado. Dir-lhes-ás: Esta é a oferta queimada que oferecereis ao Senhor, dia após dia: dois cordeiros de um ano, sem defeito, em contínuo holocausto: um cordeiro oferecerás pela manhã, e outro ao crepúsculo da tarde…E o outro cordeiro oferecerás no crepúsculo da tarde; como oferta de manjares da manhã”(Nm 28.2-4,8); “…ofereceram sobre ele holocaustos ao Senhor, de manhã e à tarde”(Ed 3.3); “…porém eu permaneci assentado atônico até ao sacrifício da tarde. Na hora do sacrifício da tarde…”(Ed 9.4,5). O que Daniel tinha na cabeça eram 2300 sacrifícios e não 2300 dias como querem alguns. O próprio Daniel mostra isso no seguinte texto: “…e me tocou à hora do sacrifício da tarde”(Dn 9.21); “Dele sairão forças que profanarão o santuário, a fortaleza nossa, e tirarão o sacrifício costumado, estabelecendo a abominação desoladora”(Dn 11.31); ou seja, o período de tempo de que envolve o vrs. 14 é 1150 dias que corresponde a 2300 tardes e manhãs ou 2300 sacrifícios. O Dr. Nigh (Editora Vida) corrobora com minha afirmativa de que são 1150 não 2300 dias.
O Cumprimento de Daniel 8.14
Já mencionamos acima que o Santuário foi profanado no ano de 168 a.C. na pessoa de Antíoco Epifanes, que sacrificou um porco no altar do holocausto. Entretanto, a história secular e o livro histórico de Macabeus, nos mostram que o Santuário foi purificado no ano de 165 a.C. com a liderança de Judas Macabeus. Vejam o que nos fala o Pr. Abraão de Almeida, em seu livro “As Visões Proféticas de Daniel”, sobre esta profecia e seu cumprimento: “Entre esta e aquela data, a Judéia passou por muitas vicissitudes, destacando-se a opressão sob Antíoco Epifânio(ou Epífanes)…Ele governou a Síria de 175 a.C. a 164 a.C. Sua crueldade e intolerância religiosa fizeram dele um tipo do futuro Anticristo. O relato Bíblico que trata desse rei está em Daniel, capítulos 8 e 11. No capítulo 11, o mesmo Antíoco Epifânio é descrito como ‘homem vil’ que não tinha quaisquer direitos à dignidade real, por ser filho menor de Atíoco, o grande, mas obteve a coroa usando-se de lisonjas. É viva, no primeiro capítulo apócrifo dos Macabeus, a descrição que se faz dos males ocasionados na Judéia pelos judeus infiéis, do saque de Jerusalém e da introdução do culto pagão em toda a Palestina: ‘O seu santuário ficou desolado como um ermo, os seus dias de festa se mudaram em pranto, os seus sábados em opróbrio, as suas honras em nada. À proporção da sua glória se multiplicou a sua ignomínia: E a sua alta elevação foi mudada em luto… E o rei (Antíoco Epifânio) dirigiu cartas suas, por mãos de mensageiros , a Jerusalém, e a todas as cidades de Judá: Mandando-lhes que seguissem as leis das nações da terra. E proibisse que o Templo de Deus se fizessem holocaustos, sacrifícios, e oferta em expiação pelo pecado. E proibissem os lugares santos, e o santo povo de Israel. Outrossim, mandou que se edificassem altares, e templos, e que se levantassem ídolos, e sacrificassem carne de porco. E reses imundas…'(Cap.1, vrs.41,41,46-50 de 1Macabeus). Os registros históricos confirmam as sombrias características de Antíoco Epifânio. Ele foi considerado um louco sanguinário pelos historiadores gregos e um fomentador de intrigas entre o seu reino e o do Egito. Sua vida em relação ao judaísmo foi uma blasfêmia contra o próprio Deus( levantar-se-á contra o Príncipe dos príncipes – Dn.8:25) e sua morte por desgosto, em razão do fracasso contra os romanos, mostra que ele foi ‘quebrado sem esforço de mãos humanas’. Scofield e outros estudiosos do assunto entendem que a ponta pequena do capítulo 8 é Antíoco Epifânio (Dn.8:9), oitavo governador da casa dos Selêucidas, que reinou de 175 a 164 a.C. Intolerante em religião, intentou destruir a religião dos judeus pela força. Ordenou que os judeus demonstrassem publicamente seu repúdio à religião de seus pais, violando as leis e as práticas legadas a ela: que profanasse o Sábado, as festividades e o santuário, construindo altares e templos aos ídolos pagãos; que sacrificassem carne de porco nos altares do templo e não circuncidassem seus filhos. O judeu que desobedece à palavra do rei seria morto. A pressão de Antíoco sobre os Judeus, cada vez mais cruel, culminou no décimo quinto mês de quisleu (dezembro), do ano 168 a.C., quando uma gigantesca estátua de Zeus Olímpio foi colocada atrás do altar de sacrifício, e os pátios do Templo transformados em lugares de lúbricos bacanais(festas de orgias). Os que se recusaram a obedecer aos decretos reais fugiram ou morreram, Milhares foram sacrificados, e nessa conjuntura irrompeu a revolta dos Macabeus, repleta de atos heróicos. Os atos de bravura dos Macabeus acabaram por vencer, no final de 165 a.C., definitivamente, as bem equipadas e esplendidamente treinadas tropas Selêucidas. Antíoco, logo ao receber a notícia de que seus exércitos haviam sido irremediavelmente batidos, morreu de desgosto entre Elimaís e Babilônia. No vigésimo quinto dia de quisleu, de 165 a.C., Judas, o Macabeu, depois de purificar o templo (ou santuário), reconsagrou-o acendendo as lâmpadas do candelabro sagrado, oferecendo incenso no altar de ouro, levou oferendas ao altar dos sacrifícios e decretou que todos os anos o evento fosse comemorado, nascendo assim a ‘CHANUKAH’, festa da Dedicação – João 10:22”.
Vejam o que nos informa o dicionário Bíblico de J. Davis, sobre a festa da Dedicação: “Nome de uma festa anual, instituída por Judas Macabeu no ano 165 a.C. para comemorar a purificação e restauração do templo, três anos depois que havia sido profanado (aproximadamente 1150 dias, Dn 8.14) pela idolatria grega introduzida por Antíoco Epifanes, 1Macabeus 4.52-59)… Jesus compareceu a esta solenidade, pelo menos uma vez, quando pronunciou um discurso ao povo que concorria a Jerusalém, João 10:22. Os Judeus ainda celebram a festa da dedicação. O que podemos afirmar, com todas as convicções possíveis, é que o texto de Daniel sobre as 2300 tardes e manhãs, que correspondem a 2300 sacrifícios (Ed.3:3) ou há 1150 dias, se cumpriram literalmente na pessoa Judas Macabeus e na restauração do templo no ano de 165 a.C. Sobre Antíoco Epífanes, ninguém tem duvidas, dele ter sido um carrasco ao povo de Deus e um tipo de anticristo. Sabemos que o mesmo espírito que operou em Antíoco, operou em Hitler, Sadan Husen e operará no próprio líder mundial que se levantará para governar as nações. Sobre o uso desses supostos 2300 dias para calcular a volta de Jesus, os Adventistas foram extremamente infelizes, pois não acreditaram na Palavra de Cristo. Queremos deixar os seguintes textos a todos os que se atreveram e se atreverão a calcular a volta de Jesus Cristo: “Então os que estavam reunidos lhe perguntavam: Senhor, será este o tempo em que restaures o reino de Israel? Respondeu-lhes: Não vos compete conhecer tempos ou épocas que o Pai reservou para sua exclusividade”.(Atos 1:6,7); “As cousas encobertas pertencem ao Senhor nosso Deus”(Dt.29.29).