Existe um Evangelho nas Estrelas?

big bang universo

Ao longo dos anos, tenho observado uma tendência alarmante rumo ao que chamo de “apologética mágica”. Em vez de uma ênfase nas grandes verdades apologéticas como a criação do universo, a ressurreição de Cristo e a inspiração das Escrituras, estamos sendo bombardeados por milhares de embusteiros apologéticos. Um dos grupos mais curiosos de apologética mágica circulando na comunidade cristã é chamada “evangelho nas estrelas” (GIS). Essa apologética postula que Deus desde o início escreveu a mensagem do evangelho nos signos do zodíaco. A primeira vista, pode parecer que essa apologética mágica tem seus méritos; porém, vista mais de perto, mostra-se uma falsificação.

Primeiro, GIS compromete o princípio formal da Reforma, isto é, ”sola Scriptura”. Embora o “sola Scriptura” não afirme que a Bíblia seja a única fonte de revelação, declara que a Bíblia é a única regra infalível de fé e prática, o único repositório infalível de revelação redentora. Em nenhuma parte da Bíblia existe qualquer indicação de que Deus tenha nos dado duas fontes infalíveis de revelação especial—o evangelho nas estrelas e o evangelho nas Escrituras. Nem o GIS foi usado pelos profetas, pelos apóstolos, por Jesus Cristo ou pela Igreja Primitiva como forma de defender o evangelho.

Além disso, o GIS confunde revelação especial com revelação geral. A Igreja sempre entendeu que a Bíblia faz distinção entre revelação geral e especial. A revelação geral proclama a glória de Deus pela ordem e projeto da criação (Salmo 19.1). A revelação especial é encontrada na “Lei do Senhor” inscrita nas páginas das Escrituras (SaImo 19.7). Dos luminares obtemos um conhecimento não pronunciado do Criador; na Lei encontramos salvação para nossa alma. O senso comum deve contentar-se em nos dizer que embora os céus declarem a glória de Deus, não nos fornecem um conteúdo específico de salvação. Uma pessoa comum olhando o céu à noite estaria pressionada a ver o evangelho no zodíaco.

Finalmente, o GIS subverte o uso natural das estrelas por um uso supersticioso. O uso natural das estrelas é fazer separação entre o dia e a noite, servir como sinais para marcar as estações, dias e anos, e iluminar aTerra (Gênesis 1.14-15). As estrelas também podem ser usadas com vários propósitos que vão desde a revelação natural até a navegação. De fato “os céus manifestam a glóna de Deus e o firmamento anuncia a obra das suas mãos. Um dia faz declaração a outro dia, e uma noite mostra sabedoria a outra noite. Sem linguagem, sem fala, ouvem-se as suas vozes em toda a extensão da terra, e as suas palavras, até ao fim do mundo” (SaImo 19.1-4).

À luz do fato de que o GIS compromete o “sola Scriptura”, confunde revelação especial com revelação geral e promove superstição. Cabe aos cristãos rejeitá-lo, voltando a dominar argumentos apologéticos genuínos. Todo cristão deve estar preparado para transmitir a evidência de que Deus criou o universo, que Jesus Cristo demonstrou ser Deus por meio do fato imutável da ressurreição, e que a Bíblia é divina, e não meramente humana, em sua origem.

“E disse Deus: Haja luminares na expansão dos céus, para haver separação entre o dia e a noite; e sejam eles para sinais e para tempos determinados e para dias e anos. E sejam para luminares na expansão dos céus, para alumiar a terra. E assim foi” (gênesis 1.14-15).

Hank Hanegraaff

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