Quando conversamos com as Testemunhas de Jeová, geralmente as ouvimos dizer que os membros de sua religião nutrem um sentimento de amor e fraternidade que transcendem as barreiras políticas e geográficas. Na manifestação desse elo unificador estampam em suas publicações imagens gritantes de membros de vários países juntos em grandes reuniões internacionais. Elas geralmente se declaram irmãos sem fronteiras que dispõem a dar sua vida uns pelos outros.
Mas será mesmo que as Testemunhas de Jeová preocupam-se realmente com os irmãos de países diferentes e procuram demonstrar este amor na prática? ou será que entre Testemunhas de Jeová do primeiro e terceiro mundo há um abismo de desigualdades e negligência? vamos comparar segundo os termos que eles classificam como “espirituais”.
As Testemunhas de Jeová, sempre afirmam que a espiritualidade deve estar em primeiro lugar, que a aquisição de bens materiais e as consecuções seculares, devem vir sempre em segundo ou terceiro plano. O seu conceito quanto a bens e ao conforto material está expresso em parte de um artigo da revista A Sentinela de fevereiro de 2013 (Edição de Estudo):
“O desejo de atender às nossas necessidades físicas é natural. No entanto, Jesus deu um exemplo de alerta contra dar importância excessiva aos bens materiais. Numa de suas ilustrações, Jesus nos convida a pensar no caso de um homem rico cujos armazéns estavam cheios. Assim, ele não tinha onde estocar a produção de outra boa safra. A sua intenção era derrubar seus armazéns e construir maiores. Ele pensava: “Ali ajuntarei todos os meus cereais e todas as minhas coisas boas; e direi à minha alma: ‘Alma, tens muitas coisas boas acumuladas para muitos anos; folga, come, bebe, regala-te.’” No entanto, esse homem rico não levou em conta uma realidade inevitável: sua vida poderia acabar naquela mesma noite.”
Será mesmo que a Sociedade Torre de Vigia tem dado um bom exemplo aos seus fiéis sobre evitar o acúmulo de bens materiais? será que o Corpo Governante tem pensado primariamente nas pessoas e em suas necessidades espirituais? o que dizer dos investimentos milionários que a sociedade tem feito em países de primeiro e segundo mundo em detrimento de países onde muitas Testemunhas de Jeová sofrem a fome e a miséria?
Observando a primeira e a segunda imagem deste artigo, poderia alguém negar que há flagrante desigualdade social entre as Testemunhas de Jeová? o detalhe que desejamos destacar acerca da organização da Torre de Vigia, é que ao contrário de missões cristãs em países da áfrica que na grande maioria dos casos são esforços de grupos voluntários pequenos, a Organização do Corpo Governante, é um movimento global com governo centralizado. Bastaria que os líderes do quartel general em Nova York estalassem os dedos para que milhões de dólares fossem direcionados de forma mais objetiva para melhorar a vida de milhares de seus súditos na áfrica e em países em extrema pobreza.
Talvez eles digam, que ajudar materialmente estes membros os desviem de seu objetivo principal: “Pregar o reino e destacar o valor das coisas espirituais”. Mas, e o que dizer de prover pelo menos locais dignos para as reuniões espirituais e uma vez que os irmãos africanos vivem abaixo da linha de pobreza, porque não isentá-los de donativos e restituições?
A organização Torre de Vigia investe com muito cuidado em propriedades na áfrica e em países pobres do terceiro mundo. Porém, em países ricos e em desenvolvimento, propriedades e mais propriedades são erguidas e colocadas no nome de associações controladas por ela.
Há mesmo necessidade real de locais tão luxuosos para a realização de reuniões “cristãs”? o que é realmente importante? a mensagem ou a posição de conforto em que se a recebe? não poderiam os irmãos que doaram para a construção deste templo faraônico ter decidido direcionar parte dos valores para congregações africanas edificando um local mais simples e modesto? não seria tal construção um investimento fútil neste mundo de Satanás que está prestes a ser destruído?
Enquanto em algumas áreas do globo, “irmãos privilegiados” gozam de luxo e requinte, tendo cadeiras confortáveis e salões com ar-condicionado, em outra parte do mundo, irmãos mais pobres e em situação de vulnerabilidade social contentam-se em assentos feitos de paus, pedras e tijolos de barro. Às vezes, em algum discurso nos salões do reino, destaca-se a pobreza e o sofrimento dos irmãos africanos como um exemplo a se copiar. Porém, ninguém pára um pouco para pensar o que poderia ser feito para melhorar a situação destas pessoas? Onde está o propalado amor à associação inteira dos irmãos no mundo? (1 Pedro 2:17)
Ao invés de usar os milhões de dólares, que são gastos em países desenvolvidos na aquisição de bens materiais, porque a Sociedade Torre de Vigia não utiliza parte dos recursos oriundos de donativos e colocações de publicações, para melhorar a vida de seus seguidores na áfrica? Ora, Jesus e os apóstolos deixaram claro que o amor não se resume em palavras, mas em obras:
“Conhecemos o amor nisto: que ele deu a sua vida por nós, e nós devemos dar a vida pelos irmãos.
Quem, pois, tiver bens do mundo, e, vendo o seu irmão necessitado, lhe cerrar as suas entranhas, como estará nele o amor de Deus? Meus filhinhos, não amemos de palavra, nem de língua, mas por obra e em verdade.” 1 João 3:16-18
A Sociedade Torre de Vigia, parece não estar disposta a abrir os seus cofres e abdicar de alguns milhões de dólares em prol das comunidades de Testemunhas de Jeová africanas. Ao redor do mundo, irmãos abastados sentem-se confortáveis em sua situação e dificilmente pensam nos co-adoradores do outro lado do mundo.
Porém, quando conversam com as pessoas de porta em porta, declaram-se uma religião de igualdades, com membros dispostos a dar a própria vida uns pelos outros. Quando falam sobre sua liderança, afirmam de boca cheia que são os únicos representantes de Deus e futuros governantes celestiais. Mas o que dizer de governantes que investem em elefantes brancos e deixam o seu povo passar fome e necessidades básicas e essenciais?
Quando os apóstolos e discípulos em Jerusalém enviou Paulo e outros às nações, a fim de fazer conversos, uma de suas preocupações, era que os novos convertidos lembrassem-se de suas responsabilidades de ajudar financeiramente os irmãos em situação de extrema pobreza. Como paulo escreveu:
“E conhecendo Tiago, Cefas e João, que eram considerados como as colunas, a graça que me havia sido dada, deram-nos as destras, em comunhão comigo e com Barnabé, para que nós fôssemos aos gentios, e eles à circuncisão; Recomendando-nos somente que nos lembrássemos dos pobres, o que também procurei fazer com diligência.” – Gál. 2:9-10
Entre as Testemunhas de Jeová, não há coleta para pobres, idosos e viúvas. Tudo que se fizer em benefício dos mais necessitados em suas igrejas geralmente é resultado de esforços voluntários de membros bondosos da congregação.
Esperar que os irmãos africanos consigam recursos para construir belos salões do reino e de assembleias com seus parcos recursos para colocar no nome da Sociedade Torre de Vigia, é no mínimo imoral. No atual momento, as comunidades africanas precisam de “todo tipo” de ajuda. Eles precisam de remédios, água potável, cuidados médicos, comida, roupas, casas, saneamento e educação. Um grupo que se auto-intitula a “Única religião verdadeira”, deveria levar a sério as seguintes declarações que costuma estampar estudos de sua revista A Sentinela:
“Se um irmão ou uma irmã estiverem em nudez e lhes faltar alimento suficiente para o dia, contudo, alguém de vós lhes disser: “Ide em paz, mantende-vos aquecidos e bem alimentados”, mas não lhes derdes o necessário para os [seus] corpos, de que proveito é?” – Tiago 2:15-16
“Mas que o vosso excedente, por meio duma reciprocidade, contrabalance agora mesmo a deficiência deles, a fim de que o excedente deles também venha a contrabalançar a vossa deficiência, para que haja reciprocidade. Assim como está escrito: “Quem [teve] muito, não teve de mais, e quem [teve] pouco, não teve de menos.” – 2 Cor. 8:14,15
Autor: Tejota Livre do site extj.com.br em 02/10/2014