Evidências do Êxodo em artefato egípcio

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O registro bíblico do Êxodo é um dos mais fascinantes do Antigo Testamento e, por causa de seus eventos maravilhosos, sempre foi alvo de inúmeros questionamentos. Mas, recentemente, arqueólogos alemães apresentaram um bloco de granito no Museu Egípcio de Berlim com 46 cm de altura e 39,5 cm de largura e ainda com uma espessura desconhecida, por ter sido cortado a partir de um pedaço maior. A cronologia bíblica indica que o Êxodo ocorreu no século 15 a.C (1446 a.C.) e a conquista de Canaã entre 1406-1400 a.C. Agora, pela primeira vez, existem fortes evidências em uma fonte egípcia que apoia o relato bíblico.

O artefato foi adquirido em 1913 pelo egiptólogo alemão Ludwig Borchardt (1863-1938) de um comerciante egípcio. Borchardt é mais conhecido por suas escavações em Tell el-Amarna, local da descoberta do famoso busto de Nefertiti, a rainha de Akhenaton (1350-1334 a.C.).

O artefato apresenta uma inscrição composta de três aneis sobrepostos com nomes ocidentais de presos asiáticos. A inscrição à extrema direita está parcialmente preservada por causa de um dano provavelmente acontecido, quando o material foi deslocado e acima das cabeças dos prisioneiros existe um grupo de hieróglifos com os dizeres: “…aquele que está caindo em seus pés” a frase foi publicada pela primeira vez em 2001 por Manfred Görg, professor emérito de Teologia do Antigo Testamento e Egiptologia da Universidade de Munique, Alemanha.

Também é possível ler os dois primeiros nomes que aparecem na pedra, Ashkalon e Canaã, e o nome do lado direito não está nítido. O professor Görg conseguiu restaurar o nome certo como Israel, cuja data da inscrição remonta o reinado de Ramsés 2° (1279-1212 a.C.), da 19a dinastia, baseando-se na semelhança dos nomes na Stela Merenptah (cerca de 1210 a.C.), o especialista também concluiu, considerando as grafias dos nomes, que eles foram copiados de uma inscrição anterior do tempo de Amenhotep 2o (1453-1419 a.C.). Mas antes, o egiptólogo israelense Raphael Giveon (1916-1985) indicou a data para o reinado de Amenhotep 3o (1386-1349 a.C.). Se os dois especialistas estiverem corretos, esta informação histórica colocaria os israelitas em Canaã na data bíblica da conquista. Também analisaram as inscrições dois especialistas alemães, Dr. Peter van der Veen, Instrutor de Arqueologia Bíblica do Antigo Testamento na Universidade de Mainz; e Christoffer Theis, professor no Instituto de Egiptologia da Universidade de Heidelberg. O novo trabalho apenas confirma as conclusões anteriores de Görg.

Eles afirmam que os nomes Ashkelon e Canaã foram escritos em grande parte somente com consoantes, deixando-os mais próximos da 18a dinastia dos reinados de Tutmés 3° (1504-1450 a.C.) e Amenhotep 2o, do que de Ramsés 2o e Merenptah (van der Veen, Theis e Görg) e as representações étnicas dos “cananeus” reveladas nas inscrições de Amenhotep 2o assemelham-se ao nome no fragmento na capital alemã, fornecendo mais evidências para uma data próxima. Os especialistas conseguiram reconstruir o nome quebrado do lado direito da inscrição como Y3-SR-il (“Ishrael”), um nome muito próximo de ysr’l na Bíblia “Israel” (van der Veen, Theis e Görg). O il elemento teofórico: “Deus” localizado no final do nome, é escrito abreviado e isto mais uma vez faz crer em uma data próxima. Esta forma abreviada estava em uso antes do reinado de Amenhotep 3o.

Os especialistas afirmam que a principal diferença entre o nome na inscrição e nome bíblico é que a inscrição tem “sh” em vez de “s”. Eles explicam que nas regiões de Canaã e Ashkelon não existe outro nome conhecido diferente do Israel bíblico. É possível também que o “sh” da ortografia seja uma forma muito antiga, ou mesmo a adaptação da escrita cuneiforme. Ademais, os escribas egípcios não eram consistentes em seu uso dos hieróglifos para “sh” e “s”, e muitas vezes trocavam entre eles. Se for assim, a narrativa bíblica que servia de alvo para os mais diversos questionamentos, está corroborada de provas irrefutáveis do poder de Deus na libertação do povo hebreu.

Artigo publicado no jornal Mensageiro da Paz, em dez 2012

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