Apócrifo
Um documento trazendo o ponto de vista de Judas Iscariotes sobre a crucificação de Cristo foi publicado nos Estados Unidos pela revista National Geographic.
O Evangelho Segundo Judas data entre o século 3 e 4 e acredita-se que o documento, um frágil papiro de 31 páginas, seja uma cópia de um original escrito por volta de 150 dC.
Ele foi descoberto em Beni Masar no Egito durante a década de 1970 e foi escrito originalmente em cóptico (antigo idioma egípcio). A única cópia do texto foi conservada, autenticada e traduzida agora para o inglês.
Livro Herético Combatido por S. Irineu
A existência do Evangelho Segundo Judas foi atestado como herético pelo primeiro bispo de Lyon, Santo Irineu, que, no meio do século II, o denunciou num texto contra as heresias.
Gnósticos
O documento mostra Judas como um personagem benéfico, o favorito de Jesus, que teria colaborado com os seus planos para salvar a humanidade.
Essa visão é semelhante à dos cristãos gnósticos, um grupo de religiosos do 2º século que rivalizava com a Igreja.
Os gnósticos foram denunciados como hereges em 180 dC. Eles acreditavam que Judas seria de fato o mais iluminado dos apóstolos e teria proporcionado a possibilidade de a humanidade ser redimida através da morte de Cristo. Sendo assim, Judas mereceria gratidão.
A visão dos gnósticos teria sido escrita em grego em um documento datado de 150 dC. Pesquisadores cogitam a possibilidade de que o documento publicado seja uma cópia deste texto.
O Evangelho Segundo Judas foi adquirido no ano 2000 pela fundação suíça Maecenas Foundation for Ancient Art, que iniciou sua tradução. Acredita-se que a National Geographic tenha pago cerca de US$ 1 milhão pelos direitos de publicação.
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Judas bondoso, usado
“Afasta-te dos outros e contar-te-ei os mistérios do reino. Irás alcançá-los, mas sofrerás muito”.
Somente este texto, atribuído a Judas Iscariotes seria o suficiente para questionar a autencidade do manuscrito encontrada na década de 70, no Egito.
Considerando que as religiões são unânimes em afirmarem que o suicídio é o caminho sem volta, no que diz respeito à salvação da alma, vale dizer que Judas teria sido contraditório. O seu fim, segundo os evangelhos sinóticos, foi o suicídio. Ele teria se enforcado.
Outro ponto intrigante e questionável é o fato de o manuscrito revelar que Jesus teria pedido a Judas para “traí-lo”, entregando-o aos soldados romanos. Ora, afirmar que Judas era o discípulo amado de Jesus, é abusar da compreensão e derrubar por terra toda a história da relação entre Jesus e João.
Em todos os textos dos quatro evangelhos, Judas aparece como traidor e ladrão. João, o mais íntimo de Jesus, em seus escritos relata o lado malandro de Judas. Aliás, o salmista Davi revela antecipou também a traição de Judas a Jesus.
Com o surgimento do manuscrito, o que se pretende é pintar um Judas diferente, resignado, amável e honesto. Não dá!
Fontes:
Jornalista Jair Viana do site: http://www.riopretonews.com.br
Folha Online