Comentários sobre os livros
Analisando as Traduções Bíblicas, Severino Celestino da Silva, Editora Ideia, 2014.
e O Novo Testamento, Haroldo Dutra Dias, FEB, 2010.
Entrevista sobre as traduções espíritas da Bíblia
1- O BRASIL É O MAIOR ESPÍRITA DO MUNDO. CALCULA-SE HOJE ENTRE 60 E 80 MILHÕES DE BRASILEIROS SÃO SIMPATIZANTES DO ESPIRITISMO, ACHAM POSSÍVEL A COMUNICAÇÃO COM OS MORTOS E PROVÁVEL A REENCARNAÇÃO. AS LIDERANÇAS ESPÍRITAS TÊM UMA ESTRATÉGIA PARA ATRAIR AS PESSOAS?
A mesma estratégia desde o tempo de Kardec, repetir as mesmas mentiras insistentemente: espiritismo é uma ciência, uma filosofia e uma religião cristã. E outra mentira muito importante, para mim a principal delas: médium é sinônimo de profeta. Os dicionários fazem uma clara distinção entre essas duas palavras, e suas definições vão de encontro ao entendimento cristão: profetas falam da parte de Deus; médiuns são pessoas que se comunicam com os mortos. Qualquer dicionário diz isso, o Michaellis, a Barsa não é opinião dos cristãos, é uma definição mundial.
2- O ESPIRITISMO MUDOU O DISCURSO QUE USAVA NO TEMPO DE KARDEC?
Eles agora estão tentando convencer as pessoas que o espiritismo está na Bíblia positivamente, então providenciaram sua própria tradução do NT e também publicaram uma “análise das traduções bíblicas”, são dois livros diferentes que apresentam a “eixegese espírita da Bíblia”. Eixegese é o ato de colocar determinado ponto de vista dentro da Bíblia, fazendo parecer que a Bíblia diz o que ela não diz.
Inclusive eu costumo dizer que os espíritas são os últimos colocados na maratona das falsificações da Bíblia, porque a principal providência dos fundadores de seitas foi providenciar sua própria tradução ou interpretação peculiar da Bíblia – a TNM das Testemunhas de Jeová, a Tradução Inspirada de Joseph Smith e a interpretação inspirada por EGW por exemplo.
3- MAS KARDEC NÃO USOU A BÍBLIA NOS LIVROS DA CHAMADA CODIFICAÇÃO ESPÍRITA?
Sim, mas Kardec usou a Bíblia de modo diferente dos espíritas de hoje. No Evangelho Segundo o Espiritismo, cujo primeiro nome era “Uma Imitação do Evangelho”, ele transcreveu uns poucos versículos adulterados da versão francesa da Vulgata Latina, como ele mesmo diz na Introdução “sob orientação direta da espiritualidade superior”.
Kardec não imaginava que no século XXI a liberdade e a velocidade da informação permitiria às pessoas pesquisar, comparar e tirar suas próprias conclusões. No tempo de Kardec a Bíblia não circulava no meio do povo nos seus idiomas, então ele podia dizer que o espiritismo era a terceira revelação de Deus sem ser muito incomodado.
KARDEC LOGO DE INÍCIO DISSE QUE O ESPIRITISMO ERA A TERCEIRA REVELAÇÃO DE DEUS PARA A HUMANIDADE?
Não. A primeira reivindicação foi “o espiritismo é uma ciência”. No Livro dos Espíritos e na Gênesis ele afirma que comprovara cientificamente a mediunidade e a reencarnação. Então foi confrontado pelo núcleo científico da Universidade de Paris. Em todos os livros da codificação ele gastou várias páginas se defendendo diante da ciência, especialmente da comunidade médica, porque os médiuns que trabalhavam com ele enlouqueciam. No Livro dos Médiuns ele também se defende dessa acusação. Depois de algum tempo ele passou a dizer que o espiritismo era uma religião cristã. Isso não é mais possível no século XXI. Hoje só é enganado quem quer.
E A FILOSOFIA?
Outra mentira do espiritismo. Alguém pode dizer “minha filosofia de vida parte do princípio que existe reencarnação e carma”, tudo bem, é uma opção pessoal. Agora, dizer que o espiritismo é uma filosofia é coisa diferente. Não há Curso de Filosofia que estude Allan Kardec. Os espíritas há poucos anos criaram sua própria Faculdade de Filosofia, para poder estudar Kardec, e recentemente conseguiram registrá-la no MEC, mas nenhum curso de Filosofia Clássica estuda espiritismo.
VOLTANDO PARA A BÍBLIA, KARDEC PENSOU, OU QUERIA, QUE SEUS LIVROS SUBSTITUÍSSEM A BÍBLIA?
Sim, ele teve essa pretensão, porque diz no Evangelho Segundo o Espiritismo: “Não mais a voz dos profetas e dos apóstolos, mas a daqueles que não estão mais na terra se faça ouvir”. Essa mensagem é assinada pelo Espírito de Verdade, que sempre dá a entender que é o próprio Jesus Cristo. A voz dos profetas e dos apóstolos é a Bíblia Sagrada. Como fazer o mundo desistir da Bíblia, e passar a acreditar em mensagens que ele mesmo (Kardec) dizia não ser possível identificar a origem?
Aliás, pastor, duas coisas importantes que nós apologistas sempre precisamos repetir para lembrar as pessoas: 1) Kardec escreveu no Evangelho Segundo o Espiritismo, no Livro dos Espíritos e no Livro dos Médiuns que é impossível identificar o espírito que se comunica; 2) Falando da reencarnação, no Livro dos Espíritos, ele disse que “todos terão de passar por ela CASO ELA EXISTA”. A FEB excluiu essa frase durante décadas na tradução oficial, até que novas traduções apareceram e hoje até mesmo no PDF disponível na internet essa afirmação pode ser encontrada. O próprio fundador do espiritismo moderno não tinha certeza nem da reencarnação nem da identidade dos espíritos, e os espíritas não acham isso importante. Inacreditável.
REALMENTE, CONVENCER O MUNDO A “NÃO MAIS OUVIR OS APÓSTOLOS E OS PROFETAS” FOI UM FRACASSO TOTAL, E A SOLUÇÃO QUE OS ESPÍRITAS ACHARAM FOI FAZER SUA PRÓPRIA TRADUÇÃO DA BÍBLIA?
Exatamente, uma medida extremamente tardia de remediar a situação com resultado sofrível, porque nem no meio espírita esse trabalho é levado a sério. O sr. sabe, pastor, que os espíritas têm duas características marcantes: a prepotência e a soberba. Então nas várias entrevistas de divulgação desses livros, que podem ser encontradas no youtube, os autores dizem que todos os tradutores da Bíblia, até hoje, manipularam o texto do AT e do NT porque eram “detratores do espiritismo”. Imagine, pastor, Erasmo de Roterdã, João Ferreira de Almeida, os tradutores para o inglês que em 1611 produziram a versão King James, os judeus que prepararam a Septuaginta, São Jerônimo que produziu a Vulgata, todos eles e todos os demais tradutores da Bíblia estavam mal intencionados e tinham por objetivo denegrir o espiritismo, condenar a mediunidade e a reencarnação. Mas agora, finalmente, no século XXI, os espíritas fizeram a única tradução correta e isenta da Bíblia. Um desses senhores diz que só ele “preservou o frescor do texto na época de sua escrita”.
ENTÃO SUPÕE-SE QUE ESSES LÍDERES ESPÍRITAS DEVEM CONHECER PROFUNDAMENTE O HEBRAICO E O GREGO DOS TEMPOS BÍBLICOS?
Eles se apresentam como estudiosos da gramática hebraica e grega, e afirmam ter trabalhado com manuscritos originais, mas não identificam quais seriam. Existem hoje mais de 24.000 cópias de porções do Novo Testamento, todas devidamente identificadas, catalogadas e preservadas na Biblioteca do Vaticano e em grandes universidades dos EUA e Europa. Os apologistas cristãos costumam citar essas fontes para que seja possível confirmar seus argumentos. Eu costumo dar o exemplo do Dr. Josh MacDowell que nos 3 volumes da série Evidência que Exige um Veredito não só indica a origem dos textos que cita como também qual é a instituição onde está guardado tal manuscrito. No caso dos espíritas o tradutor do NT diz que traduziu diretamente dos manuscritos gregos, mas não diz quais seriam, nem qual a instituição que lhe deu acesso aos materiais de onde fez a tradução. O analista do AT diz que passou um tempo em Israel e foi assistido e orientado por rabinos ortodoxos que apoiam inteiramente suas colocações. Imagine, pastor, um rabino ortodoxo negando as Sagradas Escrituras comoconhecidas até hoje e concordando que só agora no século XXI, no Brasil, apareceu alguém para traduzir corretamente a Palavra de Deus. Acredite quem quiser.
A IRMÃ ACHA QUE ELE NÃO FOI A ISRAEL, NEM CONVERSOU COM NENHUM RABINO?
Não, eu acho que ele foi sim, ele cita alguns nomes. Acontece que as pessoas que ele cita são judeus cabalistas, a cabala é o espiritismo hebraico, então ele a Israel para trocar ideias com espíritas como ele. Aí voltou para o Brasil dizendo que recebeu orientação e aprovação de eruditos judeus.
VOLTANDO AO NOVO TESTAMENTO, FOI TRADUZIDO POR INTEIRO?
Então, isso seria uma questão para o Procon resolver pastor. A capa do livro é essa
Mas ele só contém os quatro evangelhos e Atos dos Apóstolos, cinco livros; o NT contém 27 livros. Ele não traduziu as cartas dos apóstolos e o Apocalipse, mas chama seu livro de Novo Testamento.
ANTES DESSAS ATUAIS “TRADUÇÃO” E “ANÁLISE ESPÍRITA” DA BÍBLIA JÁ TINHA ACONTECIDO ALGUMA COISA PARECIDA AQUI NO BRASIL?
Sim, essa pretensão espírita de corrigir a Palavra de Deus no Brasil aconteceu nos anos 1960-1979. O jornalista espírita José Herculano Pires, na época o único tradutor oficial de Kardec reconhecido pela FEB, escrevia artigos no Jornal Diário de São Paulo apresentando supostos erros encontrados na Bíblia.
Em 1989 esses artigos foram reunidos no livro Visão Espírita da Bíblia. Hoje em dia o conteúdo pode ser acessado pela internet e o livro, com uma linguagem mais moderna, foi republicado recentemente.
Os erros grosseiros dos artigos originais, versículos bíblicos adulterados e falsas informações, permanecem. Também faz parte da “análise” a opinião pessoal do autor sobre os cristãos de modo geral e os pastores em particular. Ele diz:
“ignorantes, espertalhões, tosquiadores de rebanhos, pessoas com pouca leitura, seitas obscurantistas, fanáticos religiosos aculturados, inteiramente incapazes de entender a Bíblia, pessoas que acreditam cegamente nas pretensas condenações ao espiritismo”
“Deus não ditou nem dita livros aos homens… As leis morais da Bíblia, resumidas nos dez mandamentos, fazem rir o homem de hoje” (§ 4).
“Moisés, o grande legislador, médium de excepcionais qualidades, não condenou a mediunidade, mas a praticava e desejava vê-la praticada pelo povo” (§ 11).
ELE FAZIA UMA ANÁLISE DA BÍBLIA A PARTIR DE INFORMAÇÕES FALSAS, É ISSO MESMO?
Sim. Ele comete erros primários. Ele fala do “rei Samuel”, da mediunidade de Moisés, que o evangelho não faz parte da Bíblia entre outras coisas. Vou citar literalmente uns exemplos:
“O evangelho, como se costuma designar o Novo Testamento, não pertence de fato à Bíblia. É outro livro, escrito muito mais tarde, com a reunião dos vários escritos sobre Jesus e seus ensinos” (§ 2).
“A Bíblia não condena o Espiritismo. Pelo contrário, a Bíblia confirma o Espiritismo, como demonstraremos. Basta lembrar o caso de Samuel, atormentado pelo espírito mau, aliviado pela mediunidade de Davi, que usava a música para afastá-lo. Caso típico de mediunidade curadora, constante de Samuel 16:14-23” (§ 6).
“As palavras do rei Samuel em Provérbios 31:1-9, segundo o texto bíblico, são a profecia com que lhe ensinou sua mãe. Temos ali uma comunicação espírita integralmente reproduzida na Bíblia” (§ 9);
“A Vulgata não fala absolutamente em Espírito e Espírito Santo. Isso, no tocante ao Novo Testamento, pois no Velho só se fala em Espírito e Espírito de Deus. Quanto aos Dons Espirituais, a situação é a mesma. Essa expressão aparece apenas nos textos paulinos, com a palavra grega charismata, que significa literalmente mediunidade, ou seja, a graça de ser intermediário entre os Espíritos e os Homens” (§ 16).
Eu costumo dizer: que mal fez a internet para os espíritas. A Vulgata e todas as diferentes versões da Bíblia, em português e outros idiomas, até a versão francesa que Kardec usou, podem ser consultadas para envergonhá-los.
MAS O QUE ESCREVEU ESSE JORNALISTA ESPÍRITA NO SÉCULO PASSADO NÃO TEM MAIS IMPORTÂNCIA, HOJE OS ESPÍRITAS SEGUEM UMA LINHA DIFERENTE AGORA’
Mas há um importante ponto comum entre Kardec, J. H. Pires e os espíritas de hoje: convencer a todos que profeta é sinônimo de médium, na minha opinião a grande mentira do espiritismo que continua prosperando.
O pastor falou que Herculano Pires é coisa do passado, mas veja o que encontramos no livro Análise das Traduções Bíblicas de 2014:
“Os textos das Sagradas Escrituras, em sua língua original, o hebraico, não possuem, em nenhuma de suas páginas, condenação à doutrina espírita ou a qualquer outro princípio religioso. Todos sabem disso, inclusive os seus tradutores. As citações que usam com referência à doutrina espírita são de livre responsabilidade deles… nossos irmãos tradutores ainda não aprenderam a respeitar aqueles que fazem parte de outro credo religioso, ainda que este seja um credo cristão, como é o caso do espiritismo”.
E QUAIS SERIAM OS EXEMPLOS MAIS MARCANTES DA ANÁLISE BÍBLICA ESPÍRITA?
O autor parte do princípio que houve troca deliberada de palavras na tradução de todos os textos bíblicos que claramente contrariam as doutrinas espíritas e condenam a comunicação com os mortos. A partir daí ele cria uma ‘hermenêutica bíblica espírita’. Por exemplo:
Sobre o livro de Êxodo ele diz:
“A preposição ‘al = sobre, trocada por ‘ad = até, no Êxodo, mudou o significado reencarnacionista do texto… a troca da preposição alterou o seu real significado… estes textos, com essas traduções utilizando a preposição ‘até’ no lugar de ‘sobre’, mostram-se frontalmente contra a hermenêutica e a exegese de outras passagens bíblicas, pois essas preposições, que não existem no texto, além de mudarem completamente o significado e a compreensão do mesmo, trazem para aqueles que o leem a ideia de uma só existência”.
Ele cita outros versículos de Êxodo, e também de Números e Deuteronômio, onde aparece a palavra “geração”, indicando que em todos eles a preposição foi trocada para esconder a crença de Moisés na reencarnação. Sobre Êxodo 34.6-7, que segundo ele é uma oração que deve ser feita em jejum, diz: “É pena que um texto tão sublime e tão importante tenha sido deturpado em sua essência divina, inclusive com respeito ao sentido de reencarnação que o mesmo possui, quando se refere às terceiras e quartas gerações”
Veja bem, ele está dizendo que geração significa reencarnação, mas os tradutores mudaram a preposição para mudar esse entendimento.
ELE ATACOU TAMBÉM UM TEXTO MUITO QUERIDO POR TODOS QUE AMAM A BÍBLIA DANDO SIGNIFICADO ESPÍRITA?
Sim, o Salmo 23. O espírita diz:
“Certamente, bondade e benevolência me seguirão, todos os dias das minhas vidas. Observe o significado reencarnacionista do versículo, onde David mais uma vez demonstra sua confiança no futuro, ou seja, em futuras vidas. A palavra chaim – vidas, colocada no texto, demonstra esse significado, ausente em todas as traduções existentes em língua portuguesa… Analise nossa tradução, comparando-a às outras, e reflita sobre a coerência de sentido do novo texto à luz da reencarnação, que é a maior de todas as justiças e misericórdias divinas”.
Tem palavras hebraicas que o singular e o plural são iguais, assim como no Português, p.ex. lápis. Mais dois exemplos de palavras hebraicas com plural e singular igual são água, mayim; céu, shammayim. O “analista espírita” não explica isso e diz que Davi falou de suas muitas vidas.
TEM MAIS ALGUMA COISA ESPECIALMENTE INTERESSANTE NA ANÁLISE ESPÍRITA?
Sim, veja o que o analista diz, vou citar literalmente, sobre o Texto de Dt. 18.9-14 que segundo ele não se aplica aos espíritas:
“Comecemos pelas recomendações de Moisés no versículo nove(9) de Deuteronômio 18… A quem são dirigidas essas recomendações? Aos espíritas? Não! …foram dirigidas aos filhos de Israel, aos hebreus, nós, espíritas, 4000 anos depois, não temos a menor responsabilidade sobre esse fato, pois por acaso recebemos de Moisés a incumbência de ir para a terra prometida? Parece-nos que os desejosos de atacar, a todo custo, o seu “próximo”, só porque possui outra filosofia religiosa, ficam tão presos às questões críticas e pessoais, que não percebem a verdadeira época e origem dos textos sagrados e a quem eles foram realmente dirigidos”.
“Analise o versículo 10 e responda: onde é que no texto estão as palavras médiuns, espiritismo, espírita ou espírito, que tantos tradutores encontraram?”
“Quem disse que espírita é sinônimo de necromante e adivinho?”
“…os espíritas não exigem a presença dos mortos nem evocam os espíritos… Se os hebreus utilizassem a comunicação dos mortos do mesmo modo e seriedade com que os espíritas o fazem hoje, certamente Moisés não os teria proibido de nada… “Por acaso Moisés já conhecia o espiritismo? Já conhecia os médiuns espíritas?”
Quem lê isso e não conhece muito bem a Bíblia, não tem uma Bíblia em mãos, fica pensando que ela contém as palavras espírita, médium e mediunidade, mas essas palavras não estão no texto bíblico, ou seja, é rídicula e bizarra essa colocação.
E soa como piada dizer que o texto não se aplica aos espíritas, porque eles não existiam. A primeira sessão espírita aconteceu no Jardim do Éden. Allan Kardec define como espírita toda pessoa que acredita na manifestação dos espíritos. Outra coisa, é que estão relacionadas no texto as práticas condenadas por Deus e não os rótulos dados às pessoas que fazem essas coisas. Toda pessoa que faz as atividades listadas independente do nome que tenham estão condenadas. O espiritismo já existia sim, tanto que Deus está alertando seus filhos sobre o que iriam encontrar na terra de Canaã.
HÁ ALGUMA COISA O AUTOR NÃO CONHECE NEM A OBRA DE KARDEC?
Então pastor, esse sr. diz também que os espíritas não evocam os mortos, só recebem mensagens espontâneas relacionadas ao bem comum e não para atender interesses pessoais individuais. Isso não é verdade e chega a ser hilário.
Começando por Kardec, que deu o título “Livro dos Médiuns e Evocadores” ao livro da codificação espírita que trata sobre a prática do espiritismo. E Kardec usa o substantivo “evocação” e o verbo evocar em diferentes tempos verbais quando trata da comunicação com os espíritos.
Dizer que os espíritas só recebem mensagens de interesse geral é brincadeira. Quem não sabe das filas enormes de pessoas na porta da casa de Chico Xavier, e de outros tantos médiuns, buscando comunicação com um ente querido falecido? Essa comunicação é unicamente do interesse pessoal individual daquela pessoa, no máximo daquela família e daquele círculo de amizades.
O que vemos é que até mesmo quando se trata de um argumento espírita a informação desse analista não corresponde à realidade.
E SOBRE O NOVO TESTAMENTO, QUE CORREÇÕES IMPORTANTES DAS VERSÕES TRADICIONAIS DA BÍBLIA O TRADUTOR ESPÍRITA TRAZ?
Olha pastor, é difícil ler algumas passagens e comentários sem rir muito. É mais uma brincadeira. Aliás, eu tenho conversado com alguns pastores apologistas sérios, de reputação nacional e internacional, e pergunto por que nenhum deles publicou nada sobre as análises e traduções espíritas da Bíblia. O que todos me dizem é que esse trabalho não pode ser levado a sério, e não devemos lhe dar a menor atenção, nem publicidade.
Mas eu acho que as pessoas que têm pouco conhecimento bíblico, um novo convertido ao Cristianismo, alguém que está sendo capturado pelo espiritismo, ou cristão sem nenhum conhecimento de grego e hebraico, precisa ser alertado e esclarecido para ter condições de responder àquele amigo ou parente espírita que apareça com esses livros na mão para confrontá-lo.
ANTES DE OLHARMOS ALGUNS EXEMPLOS DESSA BRINCADEIRA, TEM ALGUMA OBSERVAÇÃO A FAZER SOBRE O NT ESPÍRITA?
Sim pastor, sobre o ponto de partida do tradutor espírita, o que ele tinha em mente quando fez a “tradução”. Olha o que ele diz sobre a Bíblia e sobre Jesus, o nosso amado Salvador:
“… a Bíblia sequer é um livro religioso, trata-se de uma obra literária antiga, na qual foram inseridos alguns termos, e narrados episódios lendários, para dar sustentação às chamadas ‘doutrinas cristãs’, que na verdade não existem na Bíblia…”
Ele [Jesus] veio para ser uma referência moral, e nós transformamos Jesus numa referência religiosa, ele foi transformado num ícone religioso, alguém para ser seguido, para se fundar uma religião, quando na verdade a proposta dele era ser guia e modelo, modelo de conduta moral… nós espíritas aprendemos que Jesus é guia moral, não é guia religioso…”
E os espíritas querem ser considerados cristãos, só pode ser piada.
VAMOS VER ALGUNS EXEMPLOS DESSA BIZARRICE ESPÍRITA
Sim, vamos começar por duas palavras que o espírita se recusou traduzir: batismo e demônio e o que ele fez com a palavra amém:
BATISMO
Vou ler três textos sobre batismo na tradução espírita:
Marcos 1.4
“João 1Batista apareceu no deserto anunciando o mergulho2 do arrependimento3 para perdão4 dos pecados”.
Notas de rodapé:
- Lit. o que batiza/faz imersão. Nome derivado do verbo, com o sentido de “aquele que batiza/aquele que realiza a imersão”.
- Lit. “lavar, imergir, mergulhar. Posteriormente, a Igreja conferiu ao termo uma nuance técnica e teológica para expressar o sacramento do batismo.
- Lit. “mudança de mente, de opinião, de sentimentos, de vida”.
- Lit. “perdão (pecado, ofensa, mal); remissão (dívida, pena); libertação (escravidão, prisão); liberação (permitir a saída)”.
Mateus 3.6:
“Confesando9 seus pecados, eram mergulhados10 por ele no Jordão”.
- Lit. “confessar (publicamente), reconhecer, admitir, concordar prometer, consentir, exaltar, enaltecer, louvar, agradecer”.
- Posteriormente, a Igreja conferiu ao termo uma nuance técnica e teológica para expressar o sacramento do batismo.
Lucas 3.3:
“E toda a circunvizinhança do Jordão veio até ele, 2enquanto anunciava o mergulho3 do arrependimento4 para perdão5 dos pecados” (Lc. 3.3).
- Lit. “anunciando o batismo”. Trata-se de um particípio usado adverbialmente.
- Lit. “lavar, imergir, mergulhar. Posteriormente, a Igreja conferiu ao termo uma nuance técnica e teológica para expressar o sacramento do batismo.
- Lit. “mudança de mente, de opinião, de sentimentos, de vida”.
- Lit. “perdão (pecado, ofensa, mal); remissão (dívida, pena); libertação (escravidão, prisão); liberação (permitir a saída)”.
Nessas pequenas amostras podemos ver o comportamento do espírita diante das doutrinas do batismo, arrependimento e perdão dos pecados. Acabamos de ver que ele havia dito que na Bíblia não existem doutrinas cristãs.
MAS ALGUMAS VEZES O CONTEXTO NÃO PERMITE COLOCAR MERGULHO NO LUGAR DE BATISMO
Sim, em Mateus 21.25, onde além de manter a palavra batismo no texto não colocou aquela nota de rodapé esclarecendo que a igreja posteriormente deu conotação teológica ao “mergulho de João”.
“O batismo de João era de onde, do céu ou dos homens?…”
ELE TINHA DITO ANTES QUE NÃO EXISTIA “DOUTRINA DO BATISMO”, FOI INVENTADA PELA IGREJA DEPOIS, MAS CAIU EM CONTRADIÇÃO, JÁ TINHA DITO TAMBÉM QUE A BÍBLIA NÃO CONTÉM NENHUMA DOUTRINA CRISTÃ
Sim, se não havia nenhuma conotação doutrinária, nem teológica, relacionada ao batismo no tempo de Jesus, nem Jesus tinha autoridade religiosa, isso só aconteceu muitos anos depois, ele deveria ter traduzido Mateus 28.18-20 de forma diferente, mas a tradução espírita traz:
“Aproximando-se Jesus, 1falou-lhes: foi dada a mim toda a autoridade no céu e sobre a terra. Portanto, ide e tornai discípulos de todas as nações, mergulhando-os2 em nome do Pai, do Filho e do Espírito Santo, ensinando-os a guardar todas [as coisas] que vos ordenei…”
ELE NÃO QUIS TRADUZIR A PALAVRA “DEMÔNIO”?
Pois então, ele diz que manteve a palavra como encontrada no original grego daimon:
Mateus 10.1:
“Convocando seus doze discípulos, deu-lhes autoridade {sobre} 2espíritos impuros, a fim de expulsá-los e curar toda doença e toda enfermidade”.
2- Trata-se dos obsessores, espíritos sem esclarecimento, magoados ou malévolos, chamado no NT de “espíritos impuros”, “daimon”, razão pela qual julgamos inconveniente a tradução dessas expressões pelo vocábulo “demônio”.
Lucas 11.14-15:
“Ele estava expulsando um daimon1 {que era mudo}. E sucedeu que, ao sair o daimon, o mudo falou, e as turbas maravilharam-se. Mas alguns dentre eles disseram: em nome de Beelzebul, chefe dos daimones4, expulsa os daimones”.
1- Lit. “deus pagão, divindade, gênio, espírito, mau espírito, demônio”.
ESSAS NOTAS DE RODAPÉ NÃO FAZEM PARTE DA TRADUÇÃO, NÃO TÊM TANTA IMPORTÂNCIA
Mas acontece que no prefácio o tradutor alerta para a importância de suas notas de rodapé. Segundo ele, literalmente “nem os judeus de hoje conseguem entender o sentido de algumas dessas expressões na época” e então pede aos leitores que estejam atentos às explicações que ele colocou nessas notas, sem as quais não é possível entender o Novo Testamento. Veja exatamente o que ele disse:
“Nesse caso, as notas de rodapé se transformaram, ao mesmo tempo, em fonte de esclarecimento e material de suporte para a leitura, complementando informes impossíveis de serem transmitidos com a simples tradução do texto grego.
As notas de rodapé oferecem diversos conteúdos que podem ser classificados em duas grandes categorias: linguísticos e culturais”.
Essas ‘notas de rodapé’ na verdade são a opinião pessoal dele, mas vamos seguir essa orientação e examinar algumas pérolas encontradas nessas notas de rodapé:
Marcos 7.2-4:
“Vendo que alguns dos seus discípulos comiam os pães com mãos comuns, isto é, não lavadas, pois os fariseus e todos os judeus não comem se não lavam as mãos com o punho2 agarrando3 a tradição4 dos anciãos; e, {chegando} da praça não comem senão se mergulharem6. E há muitas coisas que receberam para agarrar: imersão {em água}7 de copos, jarros8 e vasilhas de bronze” –
“2. Lit. “com o punho (que englobava todo o antebraço, até o cotovelo) Trata-se de uma expressão idiomática de difícil e controvertida tradução…”
- Verbo forte, utilizado para demonstrar a intensidade com que os fariseus mantinham e observavam suas tradições”.
E A EXPRESSÃO MUITO USADA POR JESUS “EM VERDADE, EM VERDADE” OU “NA VERDADE, NA VERDADE”, O ESPÍRITA TROCOU PELA PALAVRA “AMÉM”?
Sim, a expressão “Em verdade, em verdade” ou “Na verdade, na verdade” usada por Jesus para enfatizar seus ensinos, foi traduzida no espiritismo por “amém”. Ilustramos:
“Disse-lhes Jesus: Amém, amém, vos digo: antes {dele} se tornar Abraão eu sou” (Jo. 8.58).
Em todos os textos onde aparece “amém” há uma nota de rodapé que explica:
“Trata-se de um adjetivo verbal (ser firme, ser confiável). O vocábulo é frequentemente utilizado de forma idiomática (partícula adverbial) para expressar asserção, concordância, confirmação (realmente, verdadeiramente, de fato, certamente, isso mesmo, que assim seja). Ao redigirem o NT os evangelistas mantiveram a palavra no original, fazendo apenas a transliteração para o grego, razão pela qual também optamos por mantê-la intacta, sem tradução”.
Amém se diz no final de alguma declaração, é uma concordância com o que foi dito. Como alguém vai dizer amém antes de fazer a afirmação? Como os ouvintes vão dizer amém, sem saber se vão concordar com o que será dito?
VAMOS VER UMAS POUCAS NOTAS DE RODAPÉ PARA FINALIZAR IRMÃ
Sim pastor, vamos para o quadro que podemos chamar “sessão comédia”. Olha quão relevantes são as explicações que o tradutor espírita nos dá sobre algumas palavras:
Mt. 5.48.
“Portanto, sede vós perfeitos33, como é perfeito vosso Pai Celestial”
Nota: 33. Completo, que chegou ao fim ou ao propósito, perfeito, maduro”.
Mc. 15.37,39
“Todos comeram e saciaram-se2; e levaram3, da sobra dos pedaços, sete cestos redondos4 cheios… Após despedir as turbas, 5entrou no barco e dirigiu-se ao território de Magadã”
Nota: 2. Lit. “Saciar-se, satisfazer-se, fartar-se, estar satisfeito”.
- Lit. “embarcou no barco”.
Mc. 11.13
“E, vendo de longe uma figueira 1com folhas, foi {ver} se encontraria algo nela…”
- Lit. ”que tinha folhas”.
Lc. 16.25
“Disse Abraão: Filho, lembra-te as tuas {coisas} boas, durante a tua vida; e Lázaro, 8do mesmo modo, as {coisas} más…
- Lit. “semelhantemente”. Trata-se de um advérbio.
TEM TAMBÉM ALGUM USO INADEQUADO DE PALAVRAS?
Sim, vários, vou citar só dois, a palavras turba e relinchar
TURBA
“Todos comeram e saciaram-se2; e levaram3, da sobra dos pedaços, sete cestos redondos4 cheios… Após despedir as turbas, 5entrou no barco e dirigiu-se ao território de Magadã” – Mc. 15.37,39.
A palavra ‘multidão’ foi substituída por turba em todas as narrativas que aparece. Embora as duas palavras indiquem aglomeração de pessoas, turba tem uma conotação extremamente negativa. O espírita quer depreciar os seguidores de Jesus, classificando-os como baderneiros, o que contraria o contexto geral dos evangelhos, onde se vê as pessoas sentadas e atentas ouvindo o Senhor, e não se comportando como “turba”, que significa um amontoado de arruaceiros.
RELINCHAR
A palavra foi usada pelo espírita para indicar fúria
At. 4.25.
“…que disseste, através do Espírito Santo, pela boca de Davi, nosso pai, teu filho: por que razão nações relincharam, e povos se ocuparam com coisas vãs?”
TABERNACULOU foi usado em lugar de habitou. O significado não está errado, mas “tabernaculou” não é palavra de uso corrente. Nesse caso ele piora o entendimento trocando a palavra que se usa normalmente “morou” por outra em desuso.
Jo. 1.14.
“e o verbo se fez carne e tabernaculou entre nós…”
PARA FINALIZAR GOSTARIA DE MOSTRAR UMA ÚLTIMA CURIOSIDADE?
Sim pastor, vamos terminar com uma aleivosia espírita, pouco conhecida, mas de interesse para os cristãos. Sobre o testemunho da conversão de Paulo, a visão na estrada de Damasco, o espírita diz que a palavra repentinamente indica que Paulo pode ter tido uma crise epilética. Diz que alguns autores dizem isso, novamente sem indicar a fonte da informação.
At. 22.6:
“E sucedeu que, enquanto eu ia, estando próximo de Damasco, repentinamente4, por volta do meio-dia brilhou ao meu redor uma grande luz do céu”.
- Lit. “repentinamente, inesperadamente”. Alguns autores sugerem que esse vocábulo era utilizado na literatura médica da época para crises repentinas de afonia, espasmos, epilepsia.