O espiritismo é uma religião cujas principais doutrinas são a comunicação com os mortos e a reencarnação. Suas práticas e crenças, apesar de tão antigas quanto o homem, foram sistematizadas pelo francês Allan Kardec, em 1857, quando lançou O Livro dos Espíritos.
De forma geral, entre os espíritas, prevalece a ideia da comunicação com os mortos. Para isso, é preciso que haja um médium, pessoa que faz o elo entre os vivos e os “mortos”. O segmento espírita kardecista usa a Bíblia para apoiar tal prática, afirmando que o rei Saul se comunicou com Samuel, já morto, conforme se depreende da leitura de 1Samuel 28. Este texto, no entanto, mostra o quão perigoso é se envolver com esta prática, bem como salienta que o Senhor a reprova.
A mentira da comunicação com mortos
Em primeiro lugar, Saul perdera a comunhão com Deus e, por isso, precisou se aventurar nesse campo, esperando ter a oportunidade de falar com o profeta Samuel (ISm 28.6). Será que um santo profeta de Deus voltaria do paraíso para falar com alguém possuído por um espírito maligno (ISm 16.14)? Leiamos com cuidado 1 Samuel 28.
Não há dúvidas, depois de ler o texto, de que quem falou com Saul não foi Samuel. A própria passagem em foco não diz que era o profeta, mas que Saul entendera que era ele (ISm 28.14). Ademais, o personagem evocado mentiu, ao dizer que, no dia seguinte, Saul e seus filhos seriam mortos (ISm 28.19). E, nesse caso, sem considerar se houve ou não comunicação após a morte, deve-se salientar que a integridade de Samuel, defendida no seu próprio livro (ISm 3.19), já é o suficiente para provar que não foi ele quem mentiu a Saul.
Mas a maior evidência de que Saul falou, na verdade, com um agente de Satanás está em 1 Crónicas 10.13-14: “Assim morreu Saul por causa da sua infidelidade para com o Senhor, porque não havia guardado a palavra do Senhor; e também porque buscou a adivinhadora para a consultar, e não buscou ao Senhor; pelo que ele o matou, e transferiu o reino a Davi, filho de Jessé”.
Portanto, esse episódio esclarece o que ocorre nas sessões espíritas: o médium recebe espíritos enganadores dotados de poderes de mentira (2 Ts 2.9) para imitar a voz, a caligrafia etc, passando-se por pessoas mortas. Mas a Bíblia mostra que, além de ser impossível a referida comunicação (Lc 16.26-31), trata-se de uma prática que o Senhor reprova de forma enfática (Dt 18.11).
A falácia da reencarnação
Outro pensamento dos espíritas é a reencarnação. E, também nesse caso, eles se valem de algumas passagens das Escrituras para defender sua doutrina. Afirmam que o “nascer de novo” de João 3.3 é reencarnar. Seria essa uma interpretação coerente com a Palavra de Deus? A luz do contexto imediato do versículo, Jesus falava de mudança de atitudes, de pensamentos, e não de uma nova encarnação (v4-8).
Como o texto acima não é suficiente, os kardecistas recorrem, ainda, a Malaquias 4.5, uma profecia cumprida parcialmente em Mateus 1.1.13-14: “… iodos os profetas e a lei profetizaram até João [Batista]. E, se quereis dar crédito, é este o Elias que havia de vir”. Com base nesta passagem, afirmam que João Batista foi a reencarnação de Elias. Mas, outra vez, se enganam.
Elias não morreu (2Rs 2.11). Como poderia seu espírito reencarnar, se ele sequer saiu do corpo? Quem apareceu no monte da transfiguração com Moisés? João Batista? Não! Leia Mateus 17.3. Mas, se João já estava morto, e era ele a reencarnação de Elias, por que isso não aconteceu? Ora, quando Jesus afirmou que João era o Elias, estava enfatizando a semelhança dos ministérios (Lc 1.17), a mesma autoridade que receberam do Espírito Santo.
O episódio da transfiguração também é usado, convenientemente, pelos espíritas para defender a comunicação com os mortos. Afinal, se Moisés estava morto, como teria aparecido? Não seria isso uma prova de que os mortos voltam? Não comprovaria, também, a possibilidade de Saul ter falado com Samuel? Mil vezes não! Pois Moisés aparece com Elias para representar o Antigo Testamento: Moisés, a Lei, e Elias, os Profetas. Ademais, foi Jesus, o soberano Filho de Deus, e não um médium, quem trouxe à tona os personagens veterotestamentários.
Como se vê, o espiritismo é uma falácia, apesar de atrair a atenção de muitos. Por isso, precisamos orar e evangelizar, a fim de salvar “… alguns, arrebatando-os do fogo…”, Jd 23. O Diabo tem lançado mão de muitas ferramentas para enganar as pessoas (Is 54.17), mas nós temos armas poderosas em Deus para a destruição do mal (2Co 10.4-5 e Ef 6.10-18). Usemos, pois, como Jesus, a espada do Espírito (Mt 4.1-11), pois é ela que apresenta a mais clara refutação ao espiritismo: “Aos homens está ordenado morrerem uma só vez, vindo depois o juízo”, Hb 9.27.
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Fonte: Ciro Sanches Zibordi (Revista Pentecostes – Janeiro/2001 – CPAD).