Ellen White na Mira da Verdade 3

Resposta ao artigo “A Profetisa que não Falhou” de Leandro Quadros

Nesta terceira parte do artigo analisarei as justificativas de Leandro Quadros para a falsa profecia de Ellen White na Assembleia de 1856.

Antes, porém, é bom ressaltar que esta abordagem não é motivada por acusações gratuitas. Não se trata de nenhum tipo de perseguição a essa senhora ou coisa parecida. Mesmo porque, não posso fazer juízo de valor de sua pessoa por não conhecê-la intimamente. Não me interessa saber se ela foi boa mãe, boa esposa, se foi autoritária ou coisa parecida, mas, antes, colocar à prova a sua credibilidade como “profetisa”. Essa, sim, deve ser vasculhada. E se for provada falsa, deve ser denunciada como tal. Alguém que arroga para si nomes e funções tão sublimes, e com tamanho grau de autoridade, deve ser colocada à prova. Para tanto, vejamos as reinvindicações que ela fez durante sua trajetória:

1) Mensageira do Senhor;

2) Profetisa;

3) Inspirada tal qual os profetas bíblicos;

4) Possuía um anjo assistente para lhe auxiliar nas suas revelações;

5) Não possuía o mínimo aceitável de escolaridade, mas escreveu 25 milhões de
palavras em artigos e livros;

6) Foi-lhe revelada em visões uma metanarrativa da história da humanidade;

7) Considera-se o cumprimento do Espírito de Profecia de Ap 19.10.

Uma personagem que, em um universo de dois bilhões de pessoas que se declaram cristãs, faz tão altas reinvindicações, deve estar disposta e aberta às críticas e ter seus dons e escritos postos à prova. Isso é o mínimo que um cristão deveria fazer em obediência ao conselho inspirado dos apóstolos: julgue o profeta; prove os espíritos (I Co 14.29; 1 Ts 5.20,21; I Jo 4.1).

E creio que estamos procedendo de acordo com a vontade da própria profetisa dos adventistas. Falando sobre os debates doutrinários havidos em 1888, ela disse:

“Se toda a ideia que temos defendido em matéria de doutrina for verdade, não deve a verdade suportar a investigação? Ela balançará e cairá se for criticada? Se for assim, que ela caia, quando mais cedo melhor. O espírito que fecha a porta para a investigação cristã dos pontos de verdade não é o espírito que vem do alto” (EGW a WMH, 9 de dezembro de 1888, apud Knight 2005)

O adventista Samuele Bacchiocchi fez o seguinte desafio: “ Seriam os adventistas cristãos de mente fechada que aceitam cegamente os seus ensinamentos tradicionais sem nunca testar a sua solidez bíblica? Se isso fosse verdade, então aqueles que nos acusam de sermos uma seita não estariam longe da verdade.”[1] 

Será que ela teria coragem de estender esse desafio para suas profecias ou visões? Parece que pelo menos algumas vezes ela abriu a possibilidade de vasculharmos seus escritos, sem recorrer às costumeiras ameaças:

“Esses livros, transmitindo as instruções a mim dadas pelo Senhor durante os sessenta anos passados, contêm esclarecimentos do Céu, e resistirão à prova da investigação.” (Mensagens Escolhidas – Volume 1 p. 35 – grifo nosso)

A lógica dita que, se o princípio serve para a doutrina, por que não serviria para suas profecias? Elas permanecerão em pé ou cairão? Bem, isso é o que veremos!

Em 1856 Ellen White teria tido uma visão na qual lhe foi mostrado o destino das pessoas presentes na Assembleia realizada em 27 de maio em Battle Creek.

Ela afirma especificamente que alguns deles iriam ser comidos pelos vermes, outros iriam sofrer as sete últimas pragas, e alguns estariam vivos quando Jesus voltasse.

1º – A falsa profecia sobre a trasladação do grupo presente na Assembleia realizada em 27 maio de 1856, em Battle Creek.

A profecia: “Foi-me mostrado o grupo presente à assembleia. Disse o anjo: ‘alguns servirão de alimento para os vermes, alguns estarão sujeitos às sete últimas pragas, outros estarão vivos e permanecerão sobre a Terra para serem trasladados na vinda de Jesus” (Testemunhos Para a Igreja, vol. 1, p. 131 e 132)

A justificativa de Leandro Quadros:

Respondendo às críticas do pastor Natanael Rinaldi, ele comenta: “Ele peca em ignorar que existem profecias condicionais e incondicionais. Não há nada de fanatismo em defender esse conceito – basta estudar a Bíblia. Se Ellen White errou, então o personagem bíblico Jonas também foi um falso profeta, pois ele afirmou categoricamente que em 40 dias Nínive seria destruída. E isso não ocorreu! Será que Deus falhou?”[2]

Para legitimar as profetadas da “luz menor” ele acredita que Jeremias 18:7-10 é um álibi suficiente para protegê-la da derrocada profética. Observe as palavras de Jeremias:

“No momento em que eu falar acerca de uma nação ou de um reino para o arrancar, derribar e destruir, se a tal nação se converter da maldade contra a qual eu falei, também eu me arrependerei do mal que pensava fazer-lhe. E, no momento em que eu falar acerca de uma nação ou de um reino, para o edificar e plantar, se ele fizer o que é mal perante mim e não der ouvidos à minha voz, então, me arrependerei do bem que houvera dito lhe faria.” 

Quadros arremata dizendo: Os que confiam nos relatos bíblicos de profecias não cumpridas não terão dificuldades para compreender a declaração feita por Ellen em 1856. Sua profecia também era do tipo condicional.”

Quero responder a essa justificativa de Quadros usando uma crítica interna ao próprio texto e, num segundo momento, uma critica externa.  Tenho razões suficientes para acreditar que os adventistas usam de modo indiscriminado as profecias condicionais e abusam da sua aplicação na defesa das profetadas de EGW.

Claro que concordamos com os adventistas quanto ao fato da existência das profecias condicionais, discordamos, entretanto, do modo de aplicação do texto destas profecias bíblicas como justificativa para tapar os malogros proféticos whiteanos.

A profecia condicional de Jonas

Leandro Quadros deveria saber que essa não era uma profecia incondicional que mudou para condicional pelo efeito do arrependimento dos ninivitas. Ela era condicional desde o início. Tanto Jonas quanto os ninivitas a entenderam assim, por isso o prazo de 40 dias dado por Deus para o arrependimento. Se fosse uma profecia incondicional, Deus teria destruído Nínive imediatamente como fez com Sodoma e Gomorra e não dado um prazo tão extenso para as pessoas se arrependerem. Ademais, Jonas já estava ciente, pela história de seu povo, da condicionalidade das profecias (cf. Gn 15.18; Dt 28; 2 Cr 7.14).  Ele sabia que Deus iria fazer o mesmo com Nínive, daí a expressão usada por ele “Eu sabia” (4.2). O texto deixa claro que tanto os ninivitas quanto o profeta entenderam que essa mensagem era condicional.

O princípio da condicionalidade em Jeremias 18:7-10

A expressão: “No momento em que eu falar…reflete o propósito da profecia: suscitar conserto por meio do arrependimento simultâneo à pregação da Palavra. Jeremias nos dá um princípio para a profecia condicional: ela é definida, objetiva, clara e possui um público-alvo certo (Jr. 26.12,13), geralmente para a nação ou seu representante – o rei. A história de Jonas é o princípio de Jeremias colocado em prática. No episódio, Jonas fugiu antecipadamente porque sabia que o povo iria arrepender-se “no momento” em que eles ouvissem a mensagem de juízo, como de fato aconteceu (3.1-10; 4.1,2). Até Ellen White ensinava assim (cf. Profetas e Reis, p. 165 – e-book).

O leitor mais atento verificará que, tanto Jeremias quanto Jonas, são profecias de juízos para arrependimento para toda a nação. A causa já tem apelação imediata ao efeito.

J.D. Pentecost, estudioso das profecias bíblicas, arremata a questão dizendo: “Podemos então concluir que, embora a profecia que depende da atividade humana possa ser condicional, o que depende de Deus não pode ser condicional, a menos que as condições sejam nitidamente de­claradas. Profecias baseadas em alianças imutáveis não podem admitir a inserção de nenhuma condição. Desse modo, não há justificativa para supor quaisquer condições para o cumprimento da profecia.”( J. Dwight Pentecost. Manual de Escatologia. São Paulo: Ed. Vida, 2006, p. 77)

Ora, a volta de Jesus é uma dessas profecias baseada em uma aliança imutável (Nova Aliança) que não depende da vontade humana para se cumprir: E quando eu for, e vos preparar lugar, virei outra vez, e vos levarei para mim mesmo, para que onde eu estiver estejais vós também (Jo 14.3).

Isso até mesmo Leandro Quadros admite em seu artigo, dizendo “Profecias incondicionais são aquelas que não dependem da resposta humana para o seu cumprimento. A Volta de Jesus é uma delas. Ele virá, mesmo que o ser humano não queira.”

Analisando a “profecia” – uma crítica interna

Os White tinham tanta confiança nesta “visão” de 1856, que foi publicada em “Testemunhos para a Igreja” e recebeu ampla divulgação. No entanto, até o início de 1900, praticamente todos os adultos que participaram da conferência haviam falecido, deixando os adventistas com o dilema de explicar uma falha profética tão evidente sob o peso de Dt. 18.22.

Deve-se ressaltar que a tal profecia não foi entendida como condicional durante a vida de EGW. Foi somente após algum tempo, quando restavam poucas pessoas vivas daquela reunião, que os adventistas começaram a propalar que a profecia era condicional.

O escritor adventista, Renato Stencel, numa tentativa de defesa da falsa profecia, sai com a seguinte explicação: “Em vista disso, durante anos, os pioneiros mantiveram uma lista dos que estavam presentes na conferência. Por outro lado, reconhecendo o caráter condicional da profecia, Ellen G. White desestimulou o procedimento. De fato, devido à condicionalidade do evento, todos os que estiveram presentes na conferência se tornaram “comida para vermes”; o último sobrevivente daquele grupo (William White) era um bebê na ocasião, ele, porém, faleceu em 1937, aos 83 anos de idade.” (Stencel, Renato – org. Espírito de Profecia: orientações para a Igreja Remanescente. UNASPRESS, 2012 p.49).

Uma das listas foi organizada em 1910 pela senhora Evelyn Lewis-Reavis, que esteve presente naquela conferência para saber quem seria trasladado. Na ocasião só restavam 27 dos 67 presentes na reunião (Cleveland, 2000 apud Batista, p. 96, 2011).

É curioso saber que em 1935 foi feita uma pesquisa entre líderes adventistas para saber quais eram as “críticas feitas a Ellen White [que] na época pareciam mais importantes.” O documento prossegue dizendo que “Quase todos eles queriam respostas para a acusação de que alguns de seus primeiros escritos haviam sido ‘tirados de circulação’ e também quase o mesmo número estava preocupado com a predição de 1856 de que alguns dos que estavam vivos na ocasião seriam transladados.” (A Verdade sobre “The White Lie”, p. 29)[3]

Isso demonstra cabalmente que os adventistas daquela reunião e os da geração posterior tomaram por literal e incondicional o significado da profecia.[4]

Algumas coisas devem ser ditas aqui:

1) Os adventistas acreditavam piamente na veracidade da profecia, tanto é que fizeram uma lista para conferir de perto seu cumprimento literal;

2) EGW também acreditava nela pois não fez questão de desmentir sua “incondicionalidade” após a visão;

3) As coisas começaram a mudar somente após o tempo ter transcorrido e o fiasco dar seus primeiros sinais de vexame;

4) Hoje a expressão “comida para vermes” recebeu uma conotação espiritualizada para amenizar o peso do fracasso profético.

Analisando a “profecia” parte por parte

O desfecho da profecia segue um processo que vai subindo em escala de complexidade – do menor para o maior, vejamos:

1) Alguns servirão de alimento para os vermes”O contexto parece indicar morte por enfermidade. Vejamos o que ela escreveu em parágrafos anteriores:

“Vi-os adornando seu pobre corpo mortal, que há de ser tocado em qualquer momento pelo dedo de Deus e prostrado sobre o leito de dor. Oh! então, ao aproximar-se seu último momento, mortal angústia lhes oprime o corpo, e a grande pergunta será: ‘Estou preparado para morrer, comparecer diante de Deus no juízo, e subsistir na grande revista?’” (ibidem – grifo nosso)

Apesar de a primeira parte ser um tanto vaga, pois não marca um tempo específico para essas pessoas morrerem doentes, nunca é demais perguntar: quem dali morreu comido por vermes? A versão e-book traz uma nota de rodapé com a seguinte explicação:

“*A irmã Clarissa M. Bonfoey, que dormiu em Jesus apenas três dias apos esta visão, estava presente ao encontro, e em plena saúde. Ela ficou profundamente impressionada com o fato de que seria uma dos que haveriam de morrer, e transmitiu sua convicção a outros.” (Ibidem)

Ei, alto lá! Não é isso que o anjo vaticinou: a morte prometida é de pessoas enfermas e não em plena saúde! Outra: o suposto anjo usou plural “alguns”, e não singular. Isso não só falha como uma suposta evidência, mas entra em contradição com a explicação espiritualizada dada pelo livro “Orientações para a Igreja Remanescente” citado anteriormente!

O livro de Stencel, citado acima, argumenta ainda que “comida ou alimento para vermes” diz respeito à morte de todos. Sendo assim, todos morreram ou foram simbolicamente “comidos por vermes”, cumprindo a profecia. Só tem um problema com esse argumento: o anjo usou a expressão “alguns” e não “todos”. Se for o caso do senhor Stencel estar certo, então o anjo errou ou vice-versa.

A pergunta persiste: quem daquela reunião foi comido por vermes como vaticinou a profecia? NINGUÉM! Não adianta tapar o sol com a peneira.

 2) Alguns estarão sujeitos às sete últimas pragas”. Alguns ali receberam as sete últimas pragas, conforme vaticinou o anjo?  Para não termos dúvidas de que EGW ou seu anjo estava se referindo aos eventos finais da volta literal de Jesus, é só verificar em qual contexto EGW coloca as “pragas” (Ap 15.8). No livro “O Grande Conflito”, capítulo 38, intitulado “O último convite divino”, pp. 527-569 (versão e-book), EGW contextualiza as pragas com os acontecimentos da vinda de Cristo.

É fácil encontrar na internet sites adventistas que trazem estudos sobre o assunto, como por exemplo, a indicação de que “…as últimas pragas caem sobre um mundo impenitente depois do fim do tempo de graça, quando o destino eterno de cada um foi selado no santuário celestial (Apoc. 15:8; 16:1; 22:11).”[5]

As pragas são literais ou simbólicas? “Entretanto, é prudente dizer que as 7 pragas são todas literais ou juízos históricos de Deus, embora sua descrição está mais ou menos em imagens simbólicas.” (ibidem)

Na teologia adventista as pragas são identificadas com o “Dia do Senhor”, isto é, a vinda literal de Cristo. O prognóstico era que algumas daquelas pessoas seriam castigadas com as pragas, enquanto as outras, comitantemente, seriam trasladadas na vinda de Jesus – num só evento.

O castigo pelas pragas do Apocalipse é um elo fortíssimo que liga e prova que a última sentença da “profecia” sobre a vinda literal de Cristo era iminente. EGW nunca fez questão de contestar essa ligação.

3) “Outros estarão vivos e permanecerão sobre a Terra para serem trasladados na vinda de Jesus”

A última sentença é o clímax de toda a “profecia”. Ela diz categoricamente que “outros estarão vivos e permanecerão”. São declarações contundentes com alto grau de certeza.

“Em uma reunião em 1856, foi mostrado a Ellen G. White que alguns crentes ali presentes estariam vivos até a volta de Jesus (ver WHITE 2008e, v.1,  p.131, 132). Nos anos que se seguiram, o Senhor deu a ela uma visão estendida  do grande conflito com informações adicionais sobre a viagem que estava à frente. Também foi revelado que ‘devido à insubordinação, nós provavelmente vamos ter que permanecer aqui neste mundo por muitos anos ainda’ (WHITE, 1997, p. 696)” (Espírito de profecia: orientações para a Igreja remanescente / Renato Stencel, (org.). Engenheiro Coelho, SP: Unaspress – Imprensa Universitária Adventista, 2012. p. 32)

Nossa pergunta é: alguns ali permaneceram até a volta de Jesus como asseverou o anjo? Claro que não, todos MORRERAM! Portanto, foi uma profecia falsa que mostrou, com provas irrefutáveis, que EGW foi uma falsa profetisa e, como tal, não pode ser a “mensageira do Senhor” como ela mesma alegava.

A condicionalidade se aplica à falsa profecia de EGW?

Não. A profecia envolvendo o grupo de adventistas em Battle Creek, como já provamos, foge completamente aos princípios condicionais de Jeremias, Jonas e até de Ezequiel 33.1-15.

Leandro Quadros sabe que este tipo de defesa é pueril, ridícula e sem consistência lógica. Desafio o senhor Quadros a mostrar na Bíblia algum caso de profecia sobre a volta de Jesus de caráter condicional. A profecia de EGW tinha data, local e público específicos, não era condicional coisa nenhuma. No contexto em que se encontra a falsa profecia de EGW não há uma só cláusula de condicionamento. O problema contextual ali girava em torno das implicações de EGW com vestimentas. Ela estava preocupada e irada por causa da “moda” secular que os adventistas estavam usando. Até em questões de vestimenta ela metia o bedelho na vida das pessoas, pois acreditava que tinha uma “mensagem” até pra isso. Pode!

Ainda há alguns “abacaxis” a serem descascados pelo senhor Leandro Quadros quanto à “profecia” de sua mensageira. Vejamos:

1) Se a desculpa para o não cumprimento da volta de Jesus foi a falta de arrependimento daquele punhadinho de pessoas presentes na conferência de 1856, então a falta de punição com pragas e mortes por vermes das outras foram seus arrependimentos? Como fica, senhor Quadros: umas se arrependeram e outras não? Explique-se, por favor! Isso não é conveniência pura e simples?

2) EGW faz um evento cósmico como a volta de Cristo depender de um punhadinho de pessoas em uma região isolada dos EUA. Como o senhor explica isso?

3) A Bíblia nos diz que nem os anjos do céu sabem da volta de Jesus (Mt 24.36), mas como o anjo de EGW sabia? É um anjo com privilégios especiais?

4) Já que a profecia não se cumpriu, quem mentiu na ocasião: Deus, o anjo ou EGW?

5) Por que as desculpas dadas pelos adventistas para tapar essa e outras falsas profecias de EGW são parecidas com as desculpas que outras seitas dão para justificar suas falsas profecias, notadamente Testemunhas de Jeová e Mórmons?

6) As profecias condicionais encontradas nos profetas, com raríssimas exceções, diziam respeito a nações inteiras e a autoridades políticas, bem diferentes da particularidade que vimos na profecia de EGW.

As justificativas dos adventistas seguem o mesmo padrão de outros grupos para justificar as falsas profecias de seus líderes ?

É evidente que sim. Existe certo padrão de ajustamento no processo da dissonância cognitiva para amenizar a dor e a frustração com as falhas dos falsos profetas das seitas, tais como:

1) A culpa pela falsa profecia nunca é admitida, já que admiti-la seria o mesmo que confessar que o profeta falhou. Portanto, outras explicações precisam ser dadas;

2) No ínterim, entre o fiasco e a procura da resposta, a culpa pela falsa profecia recai geralmente nas costas dos adeptos. Esse é um artifício para proteger a reputação do líder. A profecia falhou porque as pessoas não fizeram sua parte;

3) Em um segundo momento do processo de busca por explicações para o fiasco, a profecia é espiritualizada;

4) A desculpa é aceita, justificada e propagada até que solidifique na mente e na consciência dos adeptos transformando-se em “verdade” estabelecida.

São dignos de nota alguns exemplos clássicos: para os adeptos da cura pela fé, as pessoas morrem porque não têm fé, nunca por causa da teologia distorcida do pregador. Para as Testemunhas de Jeová, o atual sistema de coisas não acabou em 1975, não porque seu líder falhou, mas porque os adeptos não tinham evangelizado o suficiente. Para os marxistas, o comunismo não avançou no mundo inteiro, não é porque que a teoria econômica marxista é falha, mas porque as consciências das pessoas ainda não foram suficientemente tocadas em sua condição de luta de classes. Para os evolucionistas, não encontramos vestígios atuais do processo de evolução em curso, não porque a teoria é falha, mas porque em algum lugar na História, a Natureza de uma maneira desconhecida, usando processos desconhecidos, simplesmente interrompeu a evolução.

Conclusão:

Sem dúvida alguma, todas as evidências, internas e externas, apontam para o fato de que a profecia de 1856 foi uma falsa profecia, estabelecendo EGW como falsa profetisa.

Não adianta o senhor Leandro Quadros querer nos convencer que uma falha tão gritante como essa é devido à condicionalidade da situação, jogando a culpa naquelas pobres almas enganadas. É o mesmo que querer provar que 2+2=5. É simplesmente ridículo!

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[1] http://www.biblicalperspectives.com/endtimeissues/eti_87.html

[2] O Centro de Pesquisas Ellen White – UNASP, segue o mesmo padrão de resposta ao dizer: Podemos entender melhor a predição da Sra. White de 1856 ao examiná-la à luz das características condicionais das promessas proféticas encontradas nas Escrituras.”. Disponível em: http://centrowhite.org.br/perguntas/perguntas-sobre-ellen-g-white/predicoes-nao-cumpridas/

[3] Disponível em: http://centrowhite.org.br/perguntas/perguntas-sobre-ellen-g-white/a-verdade-sobre-the-white-lie-a-mentira-branca/

[4] Para uma discussão sobre a lista que os adventistas estavam fazendo para saber quais as pessoas daquela reunião já haviam morrido, ver Review and Herald,  22 de janeiro de 1931, p. 23.

[5] http://www.nistocremos.net/2012/06/xxix-o-significado-das-sete-ultimas.html

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