Não teria Leandro Quadros citado Ellen White fora de contexto?
“Somente os adventistas serão salvos?” Esta pergunta o Leandro Quadros respondeu em um programa da TV Novo Tempo. De maneira diferente do Pastor Luis Gonçalves (obviamente os dois negarão qualquer aliança com a minha interpretação!!!) tenta ser mais ‘ecumênico’. Tanto, que no vídeo, o Tito bem como o Leandro admitem existir uma ‘minoria’ exclusivista que assim pensa dentre os adventistas… Engraçado, depois o Leandro chama os apologistas evangélicos de desinformados… Será mesmo?
Para explicar a questão, ele cita O Grande Conflito de Ellen White a partir dos 4 minutos do vídeo. Um pouco mais adiante Leandro Quadros faz alusão ao contexto, que a bem da verdade, foi estuprado por ele. Vou transcrever o que Ellen White escreveu na íntegra. Em itálico e negrito a parte que Leandro Quadros citou do livro. E julgue você mesmo, se pelo menos, o Leandro Quadros colocou Ellen White como ecumênica demais:
“A mensagem de Apocalipse 14, anunciando a queda de Babilônia, deve aplicar-se às organizações religiosas que se corromperam. Visto que esta mensagem se segue à advertência acerca do juízo, deve ser proclamada nos últimos dias; portanto, não se refere apenas à Igreja de Roma, pois que esta igreja tem estado em condição decaída há muitos séculos. Demais, no capítulo 18 do Apocalipse, o povo de Deus é convidado a sair de Babilônia. De acordo com esta passagem, muitos do povo de Deus ainda devem estar em Babilônia. E em que corporações religiosas se encontrará hoje a maior parte dos seguidores de Cristo? Sem dúvida, nas várias igrejas que professam a fé protestante. Ao tempo em que surgiram, assumiram estas uma nobre posição no tocante a Deus e à verdade, e Sua bênção com elas estava. Mesmo o mundo incrédulo foi constrangido a reconhecer os benéficos resultados que se seguiam à aceitação dos princípios do evangelho. Nas palavras do profeta a Israel: “E correu a tua fama entre as nações, por causa da tua formosura, pois era perfeita, por causa da Minha glória que Eu tinha posto sobre ti, diz o Senhor Jeová.” Ezeq. 16:14. Caíram, porém, pelo mesmo desejo que foi a maldição e ruína de Israel – o desejo de imitar as práticas dos ímpios e buscar-lhes a amizade. “Confiaste na tua formosura, e te corrompeste por causa da tua fama.” Ezeq. 16:15. Muitas das igrejas protestantes estão seguindo o exemplo de Roma na iníqua aliança com os “reis da Terra”: igrejas do Estado, mediante suas relações com os governos seculares; e outras denominações, pela procura do favor do mundo. E o termo “Babilônia” – confusão – pode apropriadamente aplicar-se a estas corporações; todas professam derivar suas doutrinas da Escritura Sagrada, e, no entanto, estão divididas em quase inúmeras seitas, com credos e teorias grandemente contraditórios.” (O Grande Conflito, 383).
“Mas os cristãos das gerações passadas observaram o domingo, supondo que em assim fazendo estavam a guardar o sábado bíblico; e hoje existem verdadeiros cristãos em todas as igrejas, não excetuando a comunhão católica romana, que creem sinceramente ser o domingo o dia de repouso divinamente instituído. Deus aceita a sinceridade de propósito de tais pessoas e sua integridade. Quando, porém, a observância do domingo for imposta por lei, e o mundo for esclarecido relativamente à obrigação do verdadeiro sábado, quem então transgredir o mandamento de Deus para obedecer a um preceito que não tem maior autoridade que a de Roma, honrará desta maneira ao papado mais do que a Deus. Prestará homenagem a Roma, e ao poder que impõe a instituição que Roma ordenou. Adorará a besta e a sua imagem. Ao rejeitarem os homens a instituição que Deus declarou ser o sinal de Sua autoridade, e honrarem em seu lugar a que Roma escolheu como sinal de sua supremacia, aceitarão, de fato, o sinal de fidelidade para com Roma – “o sinal da besta”. E somente depois que esta situação esteja assim plenamente exposta perante o povo, e este seja levado a optar entre os mandamentos de Deus e os dos homens, é que, então, aqueles que continuam a transgredir hão de receber “o sinal da besta”. (O Grande Conflito, p.449)
Ao assistir o vídeo você percebe que Leandro Quadros tem duas dificuldades. Primeiro é tentar provar que os adventistas não são exclusivistas, depois é mostrar que as pessoas precisam buscar a verdade, sem dizer claramente que essa verdade é a mensagem Adventista!
Da maneira que ele citou, acho, que ele não foi fiel ao texto de Ellen White. Mesmo que depois tenha tentado dar algum vestígio de informação, de que o contexto poderia apresentar algum caminho desenvolvido do assunto, ao dizer que Ellen White advertiu que Deus ‘levará em conta não apenas a sinceridade mas a negligência em não buscar a verdade’. Porém, segundo ele mesmo, esse não era o foco da pergunta e o que importava era que os Adventistas ‘não ensinam que apenas eles serão salvos’.
Com certeza, Ellen White não foi nesse texto tão ecumênica quanto ele desejou ali naquele momento. Na verdade a profetisa Adventista era mais aberta com Arianos do que com os que guardavam o domingo!!! O conteúdo do vídeo, não transmitiu o que uma ‘minoria adventista’ percebe claramente de Ellen White. Na verdade, Leandro Quadro também sabe disso, mas ele está ali como o projeto de marketing da ‘boa vizinhanças’ da TV Novo Tempo.
Se o Adventismo quer maquiar sua posição sectária, para enganar e alcançar essas “outras ovelhas”, não deveria adulterar sua imagem exclusivista.
Autor: Luciano Senna do site http://mcapologetico.blogspot.com em 19/09/2019