Seduzidos pela Ecologia Esotérica
“Dizendo-se sábios, tornaram-se loucos, e mudaram a glória do Deus incorruptível em semelhança da imagem de homem corruptível, bem como de aves, quadrúpedes e répteis. […] Mudaram a verdade de Deus em mentira, e honraram e serviram a criatura em lugar do Criador, que é bendito eternamente.” (Romanos 1:22-25).
A sala de aula tem galhos e folhas espalhados pelo chão. A professora solicita aos alunos para se comunicarem com supostos espíritos contidos nas árvores, plantas e animais e durante o recreio as crianças erguem os braços em direção ao sol para serem “energizadas.” Você está pensando que esta é uma típica sala de aula em uma escola do ensino fundamental em Bombaim, Calcutá, Nova Déli, ou em qualquer outra cidade indiana? Errou! Estou me reportando a uma escola recifense, no nordeste do Brasil, em pleno século XX.
É até louvável plantar árvores no dia 22 de abril (dia da Terra) e no dia 21 de setembro (dia da árvore). E não existe nada de errado em plantar uma árvore todos os dias do ano, desde que a motivação seja correta.
A natureza é criação do nosso maravilhoso Pai Celestial. Cuidar dos diversos ecossistemas e preservar a natureza é dever do cristão. Deus entregou essa responsabilidade ao homem desde o início do planeta Terra (Gênesis 1:26 a 31). Sendo que os esotéricos, seguindo os passos do hinduísmo, estão cada dia mais colocando a ênfase maior na criação do que no Criador.
No cristianismo só existe um único Deus, transcendental e separado da natureza. No esoterismo, Deus é a natureza e está dentro de cada elemento da criação (isto é panteísmo, uma velha doutrina do hinduísmo). Os místicos jogaram fora o conceito de um Deus único, Criador e transcendental, e advogam a deificação do homem e da natureza.
A exemplo do hinduísmo, os místicos passaram a afirmar que existem espíritos dentro de cada elemento da natureza e incentivam as pessoas a se comunicarem com eles. O pior é que muitos místicos não aceitam que os espíritos maus (demônios) possam realmente se infiltrar em plantas, rios, animais, entre outros elementos da natureza. Essas entidades da maldade podem se disfarçar de bonzinhos e comunicar-se com as pessoas. Do ponto de vista do cristianismo, se alguém consegue dialogar com algum elemento da natureza, sem dúvida está se comunicando com algum tipo de criatura angelical disfarçada e jamais com um espírito inerente à própria natureza.
Louvai a “Deusa Mãe Terra”
Os esotéricos acreditam que o universo está no período de transição entre a Era de Peixe e a Era de Áquario (que é a “Nova Era”). Durante a Era de Peixe, segundo os místicos, o mundo esteve sendo influenciado pelo aspecto masculino racional e destrutivo do cristianismo. Afirmam também que a Nova Era será regida pelo aspecto feminino intuitivo do esoterismo.
Os neopagãos esperam por uma era feminina para curar o mundo. Para eles, a era masculina tem sido um período de ralacionamentos quebrados e destrutivos.
Os apologistas cristãos Russ Wise e Tal Brooke, em um artigo intitulado Culto à Deusa, afirmam:
“Rosemary Radford Ruether, no seu livro Guias para a Mulher: Leituras em Direção e uma Teologia Feminista, mostra a quem devemos procurar para salvação no novo credo: ‘é nas mulheres que procuramos a salvação nas águas restauradoras e curativas de Aquarius. É para a tal Nova Era que olhamos agora com esperança, enquanto a presente era de masculinismo é bem-sucedida em se auto-destruir.’ É um evangelho ginecocêntrico.”
De acordo com Starhawk, uma autora e bem conhecida auto-proclamada bruxa feminista, residente em Berkeley: ‘o simbolismo da deusa não é uma estrutura paralela para o simbolismo de Deus o Pai. A deusa não governa o mundo; Ela é o mundo.’ Para que esta era feminina venha a uma total fruição, uma mudança de consciência tem de ocorrer no mundo, uma mudança no pensamento que produzirá a deusa.'”(1)
A personificação da Terra é conhecida como teoria Gaia. Gaia é a deusa da Terra na mitologia grega e romana – a “Mãe Terra!”
Starhawk, a bruxa feminista já citada, relatou no seu livro A Dança Espiral: “O modelo de Deusa, que está imanente na natureza, nutre respeito pela santidade de todas as coisas vivas. Sem dúvida, ela é Gaia, a Deusa da Terra. Em decorrência disto, a bruxaria reivindica ser a religião da ecologia. Reivindica que seu alvo é a harmonia com a natureza para que a vida não apenas sobreviva, mas seja bem sucedida.”(2)
Sem dúvida, o movimento naturalista em defesa do meio ambiente, dos dias atuais, está fortemente influenciado por bruxas, esotéricos e muita gente que defende crenças neopagãs. Os nova erenses prometem reintroduzir o aspecto sagrado à Terra que dizem ter sido propositadamente destruído pelo mundo cristão. Os místicos acreditam que sararão a Terra de todos os problemas que lhe foram supostamente causados pelo Deus da Bíblia e os seus seguidores. Na verdade, a Terra só é sagrada quando vista sob o prisma das religiões pagãs orientais. No cristianismo, a Terra é criação de Deus e jamais foi dada a ela um espírito e tampouco o título de divindade.
Se o cristão colocar uma lupa sobre essa Gaia (a deusa Terra), vai observar o inevitável: Ela tem seus dentes e garras sujos de sangue pois é o próprio inimigo das nossas almas disfarçado.
A “Deusa” Em Nós
Os esotéricos ensinam que a “Gaia”, a deusa Terra, somos nós e nós somos ela. Acreditam que todos são um, pois todos surgiram supostamente de uma única célula (monogênese).
Preste atenção a um pequeno trecho de um discurso que se tornou símbolo de campanhas ecológicas, atribuido ao chefe índio Seattle em 1854, endereçado a um representante do governo dos Estados Unidos da América: “Tudo o que acontecer à Terra acontecerá aos filhos da Terra. Se os homens cospem no solo, estão cuspindo em si mesmos.”
Alguém dificilmente deixaria passar despercebida a semelhança entre a declaração do líder indígena acima, a doutrina hindu que prega que somos um com os elementos da natureza e com Deus (monismo) e as afirmações nova erenses de que devemos cultuar e nos identificar com a “Mãe Natureza.” São dogmas idênticos de culturas pagãs diferentes. São todas crenças pagãs que prestam reverência à criação e aos supostos espíritos contidos na criação, em vez de ao Deus pessoal que nos criou.
O movimento esotérico em prol do meio ambiente acredita que a humanidade é produto de forças evolucionais inerentes ao próprio universo. Baseados nessa teoria, devemos nos re-sintonizar com a natureza, “Nossa Mãe,” em vez de nos reconciliarmos com o nosso Deus. Os nova erenses têm adotado o ponto de vista dos xamãs, de muitos pajés indígenas e dos místicos do Oriente de que o universo é uma entidade viva, da qual somos todos partes integrantes. Portanto, acreditam que nos tornamos completos quando nos re-ligarmos com a natureza ou a “Mente Universal.”
Os já citados apologistas cristãos, Russ Wise e Tal Brooke, afirmam:
“Acreditam que a deusa reside dentro do ser humano e necessita simplesmente de ser despertada. Então Starhawk, […] afirma que o indivíduo pode despertar a deusa apenas invocando e convidando que a sua presença se manifeste. ‘Invocar a Deusa é despertar a Deusa dentro de nós, […] é este aspecto que nós invocamos. Uma invocação canaliza poder através da imagem da Divindade visualizada.’
Starhawk continua, ‘Nós já somos um com a Deusa – ela tem estado conosco desde o início, então a completeza se torna… uma questão de auto-consciência. Para as mulheres, a Deusa é o símbolo do mais íntimo da pessoa. Ela desperta a mente, o espírito e as emoções.'”(3)
A Natureza Nem Sempre É Boa
Dave Hunt é um dos mais respeitáveis apologistas cristãos da atualidade e um estudioso sobre ocultismo. No livro Occult Invasion, Hunt nos adverte:
“Um dos caminhos mais aceitáveis e seguros que leva ao oculto nos dias atuais é o movimento de volta para a natureza em nome da preservação ecológica do nosso planeta. A Terra tem sofrido muitos danos nocivos em conseqüência do descuido e avareza da humanidade. Enquanto as nações industrializadas têm de levar sua cota de culpa, algumas das piores poluições e destruições têm ocorrido em terras comunistas como também em países em desenvolvimento no Terceiro Mundo. Além disso, poluição (tais como aquelas causadas por erupções vulcânicas) e destruições (tais como: pragas das plantas e insetos, incêndios de florestas causadas por raios ou pragas) são partes integrantes da própria natureza. No entanto, a ilusão popular de que qualquer coisa ‘natural’ tem de ser benéfica, tem ganho aceitação imutável. Parece que foi ignorado que nada é mais natural do que doença, sofrimento, morte e desastres naturais (furacões, terremotos, secas, enchentes, apenas para citar alguns). De fato, é contra estas destruições regularmente criadas pela natureza que a humanidade tem desesperadamente lutado para se proteger e fazendo isso tem chegado até o presente nível de civilização. Parece mais do que irônico que após os homens terem lutado por séculos contra as forças da natureza, algumas vezes mortais e freqüentemente antagônicas, haveria agora um movimento crescente e popular conclamando uma parceria com estas mesmas forças.”(4)
A proposta de parceria com a natureza soa convidativa, mas não confortaria e tampouco enxugaria as lágrimas dos familiares que perderam seus entes queridos esmagados pelos destroços deixados por furacões na Flórida, de fome nas secas do nordeste brasileiro e afogados nas enchentes do sul. Para aquelas e outras vítimas da natureza, a “deusa Gaia” não poderia ter sido mais cruel, malvada e impiedosa.
Conclusão: Fiquem de olhos bem abertos
Minha filha Monique, aos onze anos de idade, cursava a quinta série do ensino fundamental e foi solicitada pelo seu professor de artes a desenhar um “tema livre” em uma blusa de malha. Sem qualquer influência minha, Monique desenhou o globo terrestre. Acima do globo escreveu: “Deus o criou.” E logo abaixo colocou: “perfeito e devemos preservá-lo.”
Observando aquela singela obra de arte feita por uma pré-adolescente, meditei: Essa é a simplicidade que exige reflexão e qualidade! É uma mensagem com uma profundidade espiritual tremenda! É uma mensagem contemporânea! É a correta cosmovisão do cristão! É um lema para uma preservação ecológica cristã!
É exatamente o inverso da pregação esotérica que nos ensina a preservar o planeta Terra como um método para descobrirmos o deus que supostamente somos. A ecologia esotérica apregoa que preservando a natureza vamos despertar em nós a deusa Gaia. Aceitar essa doutrina mística é beber profundamente no poço pagão do hinduísmo. Do prisma cristão, é ser tão míope ao ponto de a criatura querer ser igual ao seu Criador. É cair no conto da Serpente do Éden: “sereis iguais a Deus” (Gênesis 3:5). É se transformar em um “Frankenstein” espiritual.
Seduzir as crianças para o ocultismo através da ecologia esotérica é, sem dúvida, uma armadilha bastante atraente usada por Satanás.
Como pais e avós evangélicos devemos ficar, mais do que nunca, de olhos bem arregalados, vigiando as escolas e os professores dos nossos filhos e netos. Mas para isso é preciso que os pais e avós saibam discernir a ecologia sadia da esotérica. Apoiar e incentivar a preservação da natureza espiritualmente correta, é fundamental! Da mesma forma, execrar e criticar aquelas noções que seduzem nossas crianças para o misticismo, é essencial!
Atenção, papais e mamães… fiquem de olhos bem abertos! Nossos filhos estão sendo galanteados por uma ecologia esotérica parida do hinduísmo e endossada pela Nova Era.
As escolas que passam noções esotéricas para os alunos são como um flautista de Hamelin de final de milênio. Só que em vez de levar na flauta crianças para o rio Weser, pode levá-las para o lago que arde com fogo e enxofre.
Atenção, liderança cristã… os modismos da igreja cristã seguem, com algum atraso, os da cultura secular. Preservar o meio ambiente está na crista da onda. Os cristãos devem, portanto, ter bastante cautela antes de se engajar com o modismo do ambientalismo. Preservar os diversos ecossistemas é bom demais, mas preservar a fé é ainda melhor.
Que as várias manifestações da natureza possam nos quebrantar diante da majestade do Criador:
“Quando vejo os teus céus, obra dos teus dedos, a lua e as estrelas que preparaste, que é o homem mortal para que te lembres dele? […] Ó Senhor, Senhor nosso, quão admirável é o teu nome sobre toda a Terra!” (Salmo 8:3-9).
Bibliografia
(1) Artigo “Goddess Worship,” Spiritual Counterfeits Project Newsletter. Berkeley, California, USA, volume 23:2, winter 1998/99, páginas 1 e 4.
(2) Starhawk, The Spiral Dance. Harper and Row, New York, USA, 1989, página 23.
(3) Artigo “Goddess Worship,” Spiritual Counterfeits Project Newsletter, página 9.
(4) Hunt, Dave, Occult Invasion. Harvest House Publisher, Eugene, Oregon, USA, página 131.
Revista Defesa da Fé