Deus prometeu a Moisés lhes suscitar um profeta “do meio de seus irmãos (Israel)” no v. 18. Os muçulmanos acreditam que essa promessa se cumpriu em Maomé, como diz o Alcorão, quando se refere “ao profeta iletrado [Maomé] que eles encontram mencionado em suas próprias escrituras, na Lei nos Evangelhos” (Sura 7.157).
Os muçulmanos apresentam quatro razões para dizer que o texto não se refere a Jesus: 1) O profeta seria um legislador e Jesus não apresentou nenhuma nova lei; 2) O profeta prometido não seria levantado em Israel, seria ismaelita, e Jesus era judeu; 3) A frase “porei as minhas palavras na minha boca” descarta Jesus, porque os evangelhos são palavras de seus discípulos; 4) O ponto de vista cristão é que Jesus não era um profeta, mas sim o Filho de Deus.
RESPOSTA APOLOGÉTICA:
1) Jesus aparece como legislador em Jo. 13.34 e Gl. 6.2.
2) O termo “irmãos” se refere a Israel, e não a seus antagonistas árabes. Por que Deus levantaria para Israel um profeta dentre os seus inimigos? No texto que está em torno desses versículos, o termo “irmãos” significa “companheiros” ou “concidadãos israelitas”. Foi dito aos levitas que eles “não terão herança no meio de seus irmãos” (Dt. 18.2). Em todas as demais passagens de Deuteronômio, o termo “irmãos” também significa “concidadãos israelitas” e não “estrangeiros”. Deus lhes disse que escolhessem um rei “dentre os seus irmãos” (Dt. 17.15), e não um “estrangeiro”. Israel nunca escolheu um rei que não fosse judeu. Além disso, Maomé é descendente de Ismael, como os próprios muçulmanos admitem, e os herdeiros do trono judaico vieram de Isaque. Quando Abraão orou: “Tomara que viva Ismael diante de teu rosto!”, Deus respondeu enfaticamente: “O meu concerto, porém, estabelecerei com Isaque” (Gn. 17.18-21).Mais tarde Deus repetiu: “Em Isaque será chamada a tua semente” (Gn. 21.12). O próprio Alcorão declara que a descendência profética veio através de Isaque e não de Ismael: “E concedemos nele Isaque e Jacó, e estabelecemos o ministério profético e as Escrituras dentre a sua semente” (Sura 29.27).
O estudioso muçulmano Yusuf Ali, em seus comentários do Alcorão, adiciona o nome Abraão, mudando o significado, como a seguir: “Demos Abraão, Isaque e Jacó, e ordenamos que dentre a sua descendência estivesse o ministério profético e a revelação”. Adicionando o nome Abraão, pai de Ismael, ele visou poder incluir Maomé, que é descendente de Ismael, na descendência profética. Mas o nome de Abraão não é encontrado no texto original.
Portanto, Jesus cumpriu perfeitamente esse verso, uma vez que era do meio de seus irmãos judeus (Gl. 4.4). Ele cumpriu perfeitamente Deuteronômio 18.18: “E ele lhes falará tudo o que eu [Deus] lhe ordenar”. Jesus dissse: “Nada faço por mim mesmo; mas falo como o Pai me ensinou” (Jo. 8.28); “Porque eu não tenho falado de mim mesmo, mas o Pai, que me enviou, ele me deu mandamento sobre o que hei de dizer e sobre o que hei de falar” (Jo. 12.49).
3) Dizer que os evangelhos não são palavras de Deus concedidas a Jesus é resultado da profunda falta de conhecimento dos muçulmanos sobre o NT – Jo. 7.16; 8.28 e 12.49-50.
4) Jesus era identificado pelo povo como profeta e Ele mesmo dizia ser profeta: Mt. 13.57 e 21.11; Lc. 7.16 e 13.33; Jo. 4.19; 6.14; 7.40 e 9.17.
Como Filho de Deus, Jesus foi Profeta (falando aos homens, da parte de Deus); Sacerdote (Hb. 7—10, falando a Deus em favor dos homens) e Rei (reinando sobre os homens conforme a vontade de Deus (Ap. 19—20). Outras características de um “profeta” combinam apenas com Jesus, e não com Maomé. Por exemplo, Jesus falou com Deus “face a face” e fez “sinais e maravilhas”. Lembremos que o próprio Jesus nos disse quem era o profeta citado em Dt. 15-18: “Porque, se vós crêsseis em Moisés, creríeis em mim; porque de mim escreveu ele” (Jo. 5.46). Ver também Lc. 24.27.
Preparado e compilado pelo Pr. Edisom Mirando da IEPAZ