A palavra “conversão” é a mais sonora de todas as que são usadas nos movimentos de caráter evangélico que têm surgido ultimamente, afastando os participantes do legítimo “Evangelho da Cruz de Cristo” em direção a um “evangelho de poder espiritual”.
Até hoje não existe uma só pessoa que tendo passado por uma lavagem cerebral possa admitir essa realidade. Daí por que as vítimas da lavagem cerebral muitas vezes se transformam em importantes divulgadoras dos movimentos que usam essa técnica reprovável.
Os organizadores desses “movimentos de poder”, também conhecidos como “grupos”, têm usado expressões ou idéias bíblicas, a fim de se apresentarem como “espinafres salvadores” dos pobres “crentes sem poder”. Esses grupos chegam a usar o número dos “12 apóstolos”, também dos “70 discípulos” que saíram a pregar, dos “120 discípulos” que estavam no cenáculo no Dia de Pentecostes, e até mesmo dos “500 irmãos que viram Cristo subir aos céus”. A ambição de poder econômico e religioso não tem limite e os crentes mal informados, afastados da oração e da leitura bíblica diárias, vão caindo nessas armadilhas perigosas e se entregando nas mãos desses falsos profetas, que trazem a apostasia para dentro das igrejas de Cristo, em nome de um “espírito santo”, que é o seu “office boy”.
Os organizadores desses “encontros” costumam usar os três estados de inibição transmarginal identificados pelo cientista russo Pavlov (que usava cães em suas experiências), a fim de processar o condicionamento de suas cobaias. São eles: O estado equivalente, o estado paradoxal e o estado transparadoxal.
Levando os participantes ao trânsito relâmpago em cada um desses estados, a conversão às suas doutrinas se torna rápida, consistente e definitiva. A lavagem cerebral executada através da música ritmada e repetitiva, da repetição de frases ou palavras de efeito (mantra), da leitura de trechos bíblicos fora do contexto, deliberadamente escolhidos pelos organizadores desses “encontros”, conduzem os participantes a um estado mental de aceitação de suas doutrinas. As vítimas desses “encontros”, realizados geralmente em fins de semana, em lugares ermos propositadamente escolhidos para esse fim, entram facilmente em “estados alterados de consciência”, chegando à “regressão ao útero materno”, e à “viagem fora do corpo”, agindo como todas as pessoas que passaram por um estado de hipnose.
Os jargões padronizados – como por exemplo: “Deus é tremendo!”, ou então, “Direi ao Norte: Dá!”- depressa induzem os participantes ao transe hipnótico, deixando-os num estado de excitação e expectativa, às vezes até num estado de euforia, mais que depressa atribuído ao Espírito Santo.
Quando o preletor começa a mostrar os terrores demoníacos que rondam o ambiente, prometendo-lhes, em seguida, uma solução, os participantes se entregam logo nas mãos do mesmo, como se ele fosse o próprio Salvador, em nome de quem está pregando. O efeito é imediato. Muitos daqueles condicionados mentais começam a cair para trás, a falar línguas estranhas, a rir descontroladamente, e até mesmo a se arrastar pelo chão, como minhocas espirituais nas mãos dos “pescadores de almas”. Tudo isso porque ignoram que “Deus não é de confusão”, que o Espírito Santo não é um “hippie” e, portanto, nunca age numa mente perturbada por mecanismos psicológicos. O que aí acontece é uma CATARSE, que leva os participantes a extravasarem suas emoções reprimidas, desejando transformar-se em “novas criaturas”, muitos deles até mesmo recebendo uma cura imediata para os seus males psicossomáticos.
Como esses “encontros” sempre acontecem em lugares ermos, longe das confusões do mundo, os participantes, já condicionados às instruções dos preletores, num quadro tipicamente “orwelliano”, transformam-se em “robôs” espirituais manipulados pelo carisma desses MULTIPLICADORES DE SONHOS, ou melhor, falsos profetas, sentindo-se na obrigação de obedecer cegamente as suas instruções, porque já ouviram mil vezes o versículo bíblico: “obedecer é melhor do que sacrificar”.
O jejum e a frugal alimentação à base de frutas e legumes é imprescindível para facilitar o condicionamento. Os “robôs” sentem-se fisicamente mais leves e espiritualmente mais acesos, transformando-se em verdadeiros “budas” evangélicos, atingindo facilmente o estado “ALFA”, quando tudo aceitam com passividade. A música ritmada, os jargões, a iluminação apropriada para os condicionamentos, os jogos de cena carregados de atração indutiva e ao mesmo tempo indiscernível, são os aliados dos organizadores desses “encontros”, os quais sempre conseguem o que desejam. No final do dia, os participantes foram levados a uma atividade “espiritual” tão intensa, que o cansaço físico e mental chegou ao extremo e então eles desabam sobre os colchões (com ou sem pulgas), por não conseguirem pensar em coisa alguma que não seja atingir o desejado “nirvana”. Dormem para esquecer o cansaço, os medos, as frustrações, os complexos de culpa. Contudo, as mensagens subliminares que lhes foram impingidas continuam atuando em suas mentes, mesmo porque o cérebro nunca dorme.
Após 48 horas de treinamento intensivo, os organizadores dos “encontros” já conseguiram provocar o que se chama “redução da vigilância”, que é uma espécie de colapso nervoso provocado pela exaustão física e mental, pela dieta adequada aos propósitos dos organizadores, fatores que reduzem o grau de vigilância. Então os participantes entram no segundo estágio, que é a “confusão programada”. Ela é exercida através do excesso de informações dirigidas, de leituras bíblicas escolhidas para esse fim, e de discussões entre os participantes, obviamente vigiados pelos preletores do “encontro”. Nesse estado de confusão mental, a realidade e a fantasia se misturam de tal maneira que o participante regride à infância, quando o pai/mãe representavam o seu único deus. Finalmente vem o terceiro estágio, que é a “parada do pensamento”. Aí tem-se o esvaziamento da mente consciente, possibilitando – aos organizadores do “encontro” – um controle total dos participantes, que é a sua meta principal! Esse método tem sido usado pela Ordem Jesuíta desde o século 16, com os exercícios espirituais de Inácio de Loyola.
A meditação nas palavras ouvidas, os cânticos repetidos, as leituras bíblicas fora do contexto, escolhidas para o fim desejado, já se fixaram na mente de cada “robô” espiritual ali presente. É então que ele, já “convertido” e, portanto, transformado em “nova criatura”, parte para o mundo, a fim de divulgar que “o encontro é tremendo!” e aliciar muitos analfabetos bíblicos para outros “encontros”, que vão crescendo em número de adeptos, à medida em que no coração das vítimas já decresceu o legítimo valor espiritual, e cresceu o “poder”, que o conduzirá ao próprio endeusamento. Isso é ou não é um “encontro de Nova Era”?
O Evangelho de Cristo está carunchado por causa desses movimentos perigosos, que aparecem em todos os quadrantes do globo. Aqui no Brasil temos um desses movimentos, importado diretamente da Colômbia, a maior exportadora de cocaína do planeta, que o direcionou a Manaus, a grande receptora de drogas, a terra dos “deuses” indígenas. Suponho que essa droga seja bem mais letal do que a cocaína e lamento pelos seus consumidores!
Todos falam em reavivamento espiritual, mas ninguém conhece realmente o significado desta expressão. Ninguém se dispõe a levar em conta os mandamentos da Bíblia, que nos ensinam a viver uma vida santa e reta diante de Deus e dos homens, a ajudar os irmãos em dificuldade, a pagar as contas em dia, a dar, enfim, um verdadeiro testemunho cristão. O que agora interessa ao crente biblicamente acéfalo é possuir um poder espiritual “hulquiano”, para se apresentar como um “supercrente” diante da concorrência enorme que tem surgido ultimamente. Sem um sólido embasamento na pura, santa e infalível Palavra de Deus, jamais haverá qualquer tipo de reavivamento neste país. Aumenta rapidamente o número de evangélicos, com o decréscimo da qualidade do evangelho praticado.
Infelizmente, o Evangelho de Cristo já não representa o “poder de Deus para salvação de todo aquele que crê”. Agora ele é apresentado como o poder do crente para a obtenção de tudo aquilo que quer.
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