Recebi mais um email de desabafo contra a doutrinação ideológica no ensino brasileiro, que segue abaixo. A autora preferiu que eu omitisse seu nome, apesar de reconhecer que alguns dados podem revelar sua identidade, pois teme a reação desses doutrinadores fanáticos:
Prezado Rodrigo, boa noite.
Sou leitora de sua coluna e tenho acompanhado os relatos em tom de desabafo de alunos que, como eu, têm sido bombardeados pela doutrinação comunista. Sou cristã, criada no evangelho, alfabetizada lendo (inclusive) a Bíblia, aos 4 anos de idade. Tenho plena consciência de minha profissão de fé e posição política. Sou pós-graduada e hoje curso mais uma graduação. Este ano fui aprovada para o curso de Direito da UFF, em Niterói. Tenho praticamente o dobro da idade dos demais alunos. Vivi o suficiente para entender e perceber, com tristeza, o quanto os adolescentes calouros estão “doutrinados”. Parece ser um caminho sem volta.
Sexta-feira fui para aula como de praxe. No primeiro tempo, o professor inicia a fala sobre um programa de TV que assistiu, onde um pastor defendia a família tradicional. Aí começa a “sessão deboche”, daquele que se espera que se atenha ao ensino dos Fundamentos do Direito Privado: -”Antes eu me estressava com este pastor, agora eu gosto dele porque me faz gargalhar”. “-Ele citou um monte de pesquisa de Facebook, que ninguém nunca ouviu falar”. Enquanto isso, a turma delira em gargalhadas. E continuou: “-Ele falava como se o estivessem combatendo, mas ninguém estava dando a mínima para o que ele estava dizendo”. Eu ouvi a tudo isto quieta, indignada, e estou disposta a gravar tudo o que for dito em sala daqui em diante. Professor nenhum tem o direito de achincalhar um líder espiritual renomado e respeitado pela sociedade, simplesmente por discordar de seus ideais. Assisti ao programa e sei da seriedade das fontes das pesquisas citadas pelo pastor e psicólogo.
Mas o pior viria na aula seguinte, de “Economia Política e Direito”. O professor, ao falar da teoria Marxista, e como sempre em tom de deboche, disse que quem vai aos “cultos” torna-se um alienado, incapaz de se revoltar contra o sistema capitalista, pois aprende lá na igreja que é “legal ser pobre” e que riquezas não levam ninguém ao céu. Enfim, foi horrível estar ali. Saí 15 minutos antes de a aula terminar. Não tinha porque permanecer naquele lugar hostil, com um professor praticamente me chamando de “otária”. Fala do que não sabe. E aquilo que imagino que saiba (economia política), não foi ensinado como deveria. Engraçado que os socialistas dizem lutar por igualdades, mas se sua religião e crença os incomoda, a igualdade não é para você. É pra quem está ao lado deles. E só.
Não sou otária, não sou alienada e sei muito bem das mazelas que o comunismo “brilhante” de Marx trouxe aos países que foram ou são oprimidos por seus ideais. É triste ir a uma aula de Direito numa federal e receber este tipo de “ensinamento”. Mas eu não vou desistir. Creio que alguma coisa vai mudar. Preciso crer!
Um abraço,
[nome]
Rodrigo Constantino do blog da Revista Veja em 27/04/2015