Dois comentários sobre livre-arbítrio

Dois comentários pertinentes de dois filósofos cristãos sobre o livre-arbítrio libertário.

1º- C.S Lewis

“Deus criou coisas dotadas de livre-arbítrio: criaturas que podem fazer tanto o bem quanto o mal. Alguns pensam que podem conceber uma criatura que, mesmo desfrutando da liberdade, não tivesse possibilidade de fazer o mal. Eu não consigo. Se uma coisa é livre para o bem, é livre também para o mal. E o que tornou possível a existência do mal foi o livre-arbítrio. Por que, então, Deus o concedeu? Porque o livre-arbítrio, apesar de possibilitar a maldade, é também aquilo que torna possível qualquer tipo de amor, bondade e alegria. Um mundo feito de autômatos — criaturas que funcionassem como máquinas – não valeria a pena ser criado. A felicidade que Deus quis para suas criaturas mais elevadas é a felicidade de estar, de forma livre e voluntária, unidas a ele e aos demais seres num êxtase de amor e deleite ao qual os maiores arroubos de paixão terrena entre um homem e uma mulher não se comparam. Por isso, essas criaturas têm de ser livres.”

Lewis, Clive Staples, In Cristianismo Puro e Simples, pg.23

2º Alvin Platinga

“Se uma pessoa for livre com respeito a uma dada ação, então, tem a liberdade de realizá-la ou não, nenhuma das condições anteriores e/ou leis causais determinam que ela realizará ou não a ação. Ela tem o poder, no momento em questão, para realizar a ação, e tem poder para não a realizar … Ora, Deus pode criar criaturas livres, mas não pode causar ou determinar que façam apenas o que é correto. Afinal, se o fizer, então elas não são afinal significamente livres; não fazem o que é livremente correto. Para criar criaturas com capacidade para o bem moral, portanto, Deus tem de criar criaturas com capacidade para o mal moral, e não pode dar a essas criaturas a liberdade de executar o mal, e ao mesmo tempo, impedi-las de executá-lo. E aconteceu, infelizmente, que algumas das criaturas livres que Deus criou erraram no exercício da sua liberdade, essa é a fonte do mal moral.”

Deus, a liberdade e o mal. pg.46-47

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