Dez doutrinas-chave da Nova Era

Muitas vezes nos encontramos lendo a interpretação de alguém a respeito do que os líderes do movimento Nova Era dizem. Neste capítulo, examinaremos dez doutrinas-chave e apresentaremos, sem interpretação, o que os escritores da Nova Era têm dito.

 

1.Deus

A falecida Jane Roberts foi usada para canalizar uma entidade desencarnada chamada Seth. Eis uma descrição resumida do conceito que Seth tinha de Deus:

Ele não é um indivíduo, mas uma energia gestalt… uma pirâmide psíquica de consciência inter-relacionada, sempre em expansão, que cria, simultânea e instanta­neamente, universos e indivíduos aos quais são dados — mediante o dom da perspectiva pessoal — duração, compreensão psíquica, inteligência e validade eterna.

Esse gestalt absoluto, sempre em expansão, instantâneo, que você pode chamar de Deus se preferir, é tão seguro em sua existência que pode constantemente destruir-se e refazer-se.

Sua energia é tão incrível que realmente forma todos os universos; e por sua energia estar dentro e por trás de todos os universos, sistemas e áreas, ele está de fato consciente de cada pardal que cai, pois é cada pardal que cai.

Num sentido, não há nada que seja Deus, Deus não existe. E em outro sentido, nada existe além de Deus — apenas Deus existe…Tudo é Deus. E porque tudo é Deus, Deus não existe.

 

2. A Trindade

O Pensamento Eterno é um; em essência, ele é dois — Inteligência e Força; e quando eles respiram, nasce uma criança; essa criança é o Amor.

E assim se apresenta o Deus Trino, a quem os homens chamam de Pai-Mãe-Filho.

 

3. Jesus Cristo

As pessoas têm sido levadas a deixar as igrejas em grande número porque as igrejas apresentaram uma figura do Cristo impossível para a maioria das pessoas de hoje que pensam aceitá-lo como o unigênito Filho de Deus, sa­crificado por seu Pai Amoroso para salvar a humanidade dos resultados de seus pecados; como um sacrifício de sangue saído diretamente da antiga e desgastada dispen-sação judaica; como o revelador único da natureza de Deus, de uma vez para sempre, para nunca mais ser ampliada ou expandida à medida que o próprio homem cresce em percepção e capacidade de receber outras revelações dessa natureza divina; e como quem espera num céu mítico e pouco atraente até o fim do mundo, quando voltará numa nuvem de glória ao som das trombetas dos anjos, e descendo dessas nuvens, herdar o Seu Reino.

A maioria das pessoas que pensam hoje rejeitaram esse conceito…

O que é o Cristo? Dentro de toda vida existe uma qualidade, uma energia, que tem como característica básica o crescimento irresistível, expressão irresistível e inevitável de divindade. É uma qualidade que diz que seja qual for a forma pela qual eu estiver envolvido, não serei mantido prisioneiro por essa forma, mas a trans­formarei numa forma maior. Usarei toda vida, todas experiências como degraus que levam a maiores revela­ções de divindade. O Cristo é a força básica evolucionária dentro da criação.

O verdadeiro nascimento do Cristo não foi o nascimen­to de Jesus. Jesus foi um indivíduo que teve ele próprio de recapitular certas fases. Ele edificou sobre o padrão que o Buda havia estabelecido… Ele próprio teve de tornar-se despertado. Precisou, em seu consciente, tocar esse padrão do Cristo.

Jesus foi um judeu ideal, nascido em Belém da Judéia. Sua mãe foi uma linda moça judia chamada Maria. Quando criança, Jesus diferiu pouco das outras crian­ças, apenas por ter, em vidas passadas, vencido propensões carnais a ponto de poder ser tentado como os outros e não ceder,..

Em muitos aspectos, Jesus foi uma criança admirável, pois, mediante eras de vigoroso preparo, ele se qualifi­cou para ser um avatar, um salvador do mundo, e desde a infância foi dotado de sabedoria superior e esteve consciente do fato de ser competente para liderar o ataque de surpresa aos caminhos superiores da vida espiritual…

Edward nem sempre foi rei, e Lincoln nem sempre foi presidente, e Jesus nem sempre foi Cristo. Jesus conse­guiu ser Cristo mediante uma vida esforçada.

Jesus: “Os homens me chamam de Cristo, e Deus reco­nheceu o nome; mas Cristo não é um homem. O Cristo é Amor universal e o Amor é Rei… Este Jesus nada mais é do que um homem que foi habilitado por tentações vencidas, por provações multiformes, para ser o templo através do qual o Cristo possa manifestar-se aos ho­mens… Então ouçam, vocês homens de Israel, ouçam!

Contemplem a carne (isto é, a pessoa de Jesus); não é rei. Contemplem o Cristo íntimo que será formado em cada um de vocês, assim como ele é formado em mim.”

Jesus: “Vocês sabem que toda a minha vida foi um grandioso drama para os filhos dos homens; um padrão para os filhos dos homens. Vivo para mostrar as possi­bilidades do homem. O que eu fiz, todos os homens podem fazer, e o que eu sou, todos os homens serão.”

Jesus (que alegaram estar-se comunicando através da falecida Helen Schucman, canalizadora por transe): “Pessoas iguais não deveriam reverenciar umas às ou­tras porque a reverência sugere desigualdade. É portan­to uma reação imprópria diante de mim… Não há nada em mim que vocês não possam atingir. Nada tenho que não venha de Deus. A diferença entre nós agora é que eu nada mais tenho. Isto me deixa num estado que é apenas latente em vocês. Ninguém vem ao Pai senão por mim não significa que sou de qualquer forma separado ou diferente de vocês exceto no tempo, e o tempo não existe.”

 

4. A Expiação

Jesus: “Em termos mais suaves, um pai ou mãe diz: Isto dói para mim mais do que para você, e sente-se absolvido de bater na criança. Você pode acreditar que seu Pai realmente pense dessa forma? É tão essencial que todas essas coisas sejam eliminadas que precisamos ter certeza de que nada desse tipo permaneça em sua mente. Não fui castigado porque vocês eram maus… Deus não acre­dita em retribuição. Sua Mente não cria dessa forma. Ele não cobra de vocês as suas más ações. E provável que as cobrasse de mim?…”

O sacrifício é uma noção totalmente desconhecida para Deus. Ela surge unicamente do medo, e pessoas ame­drontadas podem ser mórbidas. Sacrificar de qualquer forma é uma violação de minha injunção de que vocês devem ser misericordiosos assim como seu Pai que está nos céus é misericordioso.

Jesus: “A crucificação nada mais é do que um exemplo extremo. Seu valor, como o valor de qualquer dispo­sitivo didático, reside unicamente no tipo de apren­dizado a que conduz… A mensagem que a crucificação pretendeu ensinar foi a de que não é necessário per­ceber qualquer tipo de ataque na perseguição, porque você não pode ser perseguido (isto é, porque você é filho de Deus, e portanto indestrutível). Se você reagir com ira, deve estar-se igualando aos destrutíveis, e portanto considerando-se insanamente.”

Esta é de fato a verdadeira crucificação. Não foi tanto o pendurar Jesus na cruz física, mas foi a entrada do Cristo cósmico nos padrões de energia física, etérea, mental e emocional do próprio corpo planetário.

Desse ponto em diante, o Cristo já não era uma força educativa postada fora do planeta, conclamando o pro­gresso da evolução. Tinha-se tornado uma força opera­tiva muito potente dentro da exata estrutura do planeta em si.

 

5, Salvação

Jesus: “O mundo real é atingido quando você se cons­cientiza de que a base do perdão é bem real e plenamente justificada [isto é, que, como ‘Filho de Deus’, você é de fato sem pecado e portanto merece o perdão]. Enquanto você considerá-lo como dom imerecido, ele deve supor­tar a culpa que você perdoaria. Perdão injustificado é ataque [isto é, ‘ele o ataca’ ao dizer-lhe que você é pecador a despeito do seu perdão]. E isso é tudo que o mundo jamais pode dar. Ele perdoa ‘pecadores’ algumas vezes, mas permanece consciente de terem eles pecado. E portanto não merecem o perdão que ele dá.

Esse é o falso perdão que o mundo emprega para manter vivo o senso de pecado. E reconhecendo que Deus é justo, parece impossível que seu perdão possa ser real. Assim, temos medo de Deus, o resultado certo de enxergar o perdão como imerecido. Ninguém que se veja como culpado pode evitar o medo de Deus.

Jesus: “Como é simples a salvação! Tudo o que ela diz é que o que nunca foi verdade (isto é, o pecado e seu castigo) não é verdade agora, e jamais será. O impossí­vel não ocorreu, e não pode ter efeito algum. E isso é tudo”.

Hoje o motivo se transfere do conceito de salvação pessoal (que é presumida ou considerada como certa), e a preparação exigida é a de trabalhar com força e compreensão a fim de atingir relações humanas certas — um objetivo mais amplo. Aqui temos um motivo que não é auto-centrado, pois coloca cada trabalhador e humanitário à disposição da hierarquia espiritual e em contato com todos os homens de boa vontade.

 

6. 0 Céu e o Inferno e o Juízo Final

O cristianismo tem enfatizado a imortalidade, mas tornou a felicidade eterna dependente da aceitação de um dogma teológico: Ser um verdadeiro cristão profes­so e viver num céu algo ilusório, ou um cristão profis­sional negativo, e ir para um inferno impossível — um inferno que se projeta da teologia do Antigo Testamen­to e sua apresentação de um Deus cheio de ódio e ciúmes. Os dois conceitos são hoje repudiados por todas as pessoas racionais, sinceras e pensantes. Nin­guém com qualquer poder verdadeiro de raciocínio ou com qualquer crença verdadeira num Deus de amor aceita o céu dos clérigos ou tem qualquer desejo de ir lá. Aceita menos ainda o “lago que arde com fogo e enxofre” (Apocalipse 21:8) ou a tortura eterna à qual se supõe que um Deus de amor condena todos aqueles que não crêem nas interpretações teológicas da Idade Mé­dia, dos fundamentalistas modernos, ou dos clérigos irracionais que procuram — através de doutrina, medo e ameaças — manter as pessoas na linha com o velho e obsoleto ensinamento.

Jesus: “Meu irmão, homem, seus pensamentos estão errados; seu céu não está distante; e não é um lugar de aquinhoamentos e limites, não é um país a ser alcança­do; é um estado de espírito.

Deus nunca fez um céu para o homem; nunca fez um inferno; somos criadores e fazemos os nossos próprios céu e inferno.

Agora, deixem de buscar o céu no céu; apenas abram as janelas dos seus corações, e, como um jorro de luz, um céu virá e trará gozo ilimitado; então a labuta não será uma tarefa cruel.

Aqueles que acreditam num inferno e se designam para ele mediante sua crença podem, de fato, experimentar um inferno, mas certamente em nada como termos eternos. Alma alguma é ignorante para sempre”.

Jesus: “O Juízo Final é uma das idéias mais ameaçado­ras do seu pensamento. Isso é porque vocês não o compreendem. Julgar não é um atributo de Deus. Veio a existir somente após a separação [isto é, a queda do homem em engano], quando se tornou um dos muitos dispositivos didáticos a ser embutido no plano geral…

O Juízo Final é geralmente considerado um procedi­mento empreendido por Deus. Na realidade ele será empreendido por meus irmãos com a minha ajuda. É uma restauração final em vez de uma distribuição de castigo, não importa quanto você ache que esse castigo seja merecido. O castigo é um conceito totalmente oposto à sã consciência, e o objetivo do Juízo Final é o de restaurar-lhe a sã consciência. O Juízo Final poderia ser chamado um processo de avaliação correta. Significa apenas que todos finalmente chegarão a compreender o que é valioso e o que não é. Após isso, a capacidade de escolher pode ser direcionada racionalmente.”

 

7.  Poderes Demoníacos

E importante ver que Lúcifer, do modo como estou usando este termo, descreve um anjo, um ser, uma grande e poderosa consciência planetária. Não descreve aquele vulto mental popular de Satanás que procura levar o homem pelo caminho do pecado e de erros. Essa é uma criação humana, e contudo é uma criação que tem certa validade, mas representa o vulto mental coletivo de todas aquelas energias negativas que o homem erigiu e criou.

O homem é o seu próprio Satanás da mesma maneira que o homem é a sua própria salvação. Mas visto que as energias de Lúcifer trabalham para construir seu vulto mental, Lúcifer, ou devo dizer essa sombra chamada Lúcifer, pode ser identificada com esse vulto mental, e nisto há confusão. Se alguém puder se aproximar desse vulto mental coletivo com amor, sem medo, então pode passar além dessa sombra e ver o verdadeiro anjo de luz que ali está tentando trazer luz ao mundo interior do homem.

Naturalmente, sim, as forças do mal fazem parte de Deus. Elas não estão separadas de Deus. Tudo é Deus.

 

8. A Segunda Vinda de Cristo

Num sentido muito real, Findhorn (uma comunidade da Nova Era na Escócia) representa a Segunda Vinda. Qualquer indivíduo, qualquer centro que de tal maneira concretize o novo a ponto de se tornar uma fonte mag­nética a atrair o novo que vem do resto do mundo, concretiza a Segunda Vinda.

Na tradição esotérica, o Cristo não é o nome de um indivíduo, mas de uma Posição na Hierarquia. O atual ocupante dessa posição, o Senhor Maitréia, a vem ocu­pando por 2.600 anos, e manifestou-se na Palestina através do seu discípulo, Jesus, pelo método ocultista de sobreposição, a forma mais freqüentemente usada para a manifestação de avatares. Ele jamais deixou o traba­lho, mas por 2.000 anos tem esperado e planejado para o tempo futuro imediato, treinando seus discípulos, e preparando-se para a tremenda tarefa que o espera. Ele já deu a conhecer que, desta vez, ele próprio virá.

 

9. Reencarnação

Se a meta das corretas relações humanas for ensinada universalmente pelo Cristo, a ênfase de seu ensinamen­to deve recair, então, na Lei de Renascimento. Isso é inevitável devido a que o reconhecimento dessa lei trará, paralelamente, a solução de todos os problemas da humanidade e a resposta a muitas de suas indagações.

Essa doutrina será uma das notas-chave da nova religião mundial, como também um agente esclarecedor para uma melhor compreensão dos problemas do mundo. Quando o Cristo esteve aqui, anteriormente, em pessoa, disse: “Sede vós, pois, perfeitos, como perfeito é o vosso Pai que está nos céus” (Mateus 5:48).

Desta vez, ele ensinará aos homens o método pelo qual essa possibilidade poderá converter-se em um fato con­sumado — , pelo constante retorno da alma reencarnante à escola da vida na Terra, a fim de submeter-se ao processo de aperfeiçoamento.

A verdade essencial está em outra parte. “Tudo o que o homem semear, isso também ceifará” (Gaiatas 6:7) é uma verdade que necessita ser considerada. São Paulo expõe, nessas palavras, a antiga e verdadeira instrução da Lei de Causa e Efeito, chamada no Oriente a Lei do Carma.

A imortalidade da alma humana e a inata capacidade do homem espiritual, interno, para obter sua própria sal­vação de acordo com a Lei do Renascimento, em respos­ta à Lei de Causa e Efeito, são os fatores subjacentes que regem o comportamento e a aspiração humanos. Nin­guém pode fugir a essas leis que condicionam o homem, até que este tenha alcançado a perfeição determinada e desejada, e possa manifestar-se na Terra como um filho de Deus que atua corretamente.

 

10. A Nova Era

A Era Aquariana é preeminentemente uma era espiri­tual, e a face espiritual das grandes lições que Jesus deu ao mundo podem agora ser compreendidas pelas mul­tidões de pessoas, pois os muitos estão agora entrando numa fase adiantada de consciência espiritual…

Ao entrarmos na Nova Era, o que estamos adentrando é um ciclo, um período de tempo, um período de des­dobramento quando verdadeiramente a humanidade é a iniciada do mundo, a salvadora do mundo, e afinal é sobre os ombros da humanidade que repousam o futuro e a trasladação para a entrada na luz deste planeta.

Seu significado como uma nova era é que, pela primeira vez na história humana, temos a oportunidade de tomar conhecimento consciente e criativo desse fato, e pode­mos começar a agir a partir dele. Até agora temo-nos movido com a evolução, Agora chega a hora de tornar-nos os servos da evolução, e através de nossa própria consciência liberar a luz, o amor e a sabedoria que levarão a nossa renúncia da herança espiritual (isto é, uma atitude de auto-sacrifício, de “desistir do bom a fim de obter o melhor”) à realização na redenção ocultista do mundo.

Extraído do livro “Como Entender a Nova Era” de Walter Martin

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