Deus pode deixar-se limitar?

Feliz-dia-dos-Pais

Voltaram atrás, e tentaram a Deus, e limitaram o Santo de Israel.” (Sl. 78.41 ARC)

De acordo com o calvinismo, se um homem resiste a Deus ou impede Seus propósitos, então, Deus não é mais um Deus Soberano e o homem deve ser soberano – o engraçado é que João Calvino acreditava que Adão teve livre arbítrio, mas será que Deus não era soberano no Éden?

A ideia dos fatalistas, ao defender tal linha de raciocínio, é dizer que é impossível um homem aceitar ou rejeitar a salvação de Deus. Mas o caso é que a Bíblia diz que o homem resiste e recusa Deus a cada ocasião e isto tem ocorrido desde os primórdios da existência humana: Adão rejeitou a Palavra de Deus. Caim a abdicou, a geração de Noé a recusou. Os homens reunidos na Torre de Babel a abandonaram. Quando o salmista conta a experiência de Israel no deserto ele enfatiza o fato de que Israel não fez a vontade de Deus. Ele os descreve como “geração obstinada e rebelde” (Sl. 78.8) que “se recusou a caminhar em Sua lei” (Sl. 78.10). Ele faz, então, a seguinte afirmação que derruba toda a tese calvinista: “eles limitaram o Santo de Israel” (Sl. 78.41).

De acordo com o pensamento dos deterministas fatalistas, isto não é aceitável e, se fosse plausível, constituiria que Deus não é soberano, mas é óbvio que os discípulos de João Calvino estão errados em ambos os relatos. Pois o fato de o Senhor ter, soberanamente, feito o homem à Sua imagem com uma vontade e uma desenvoltura para fazer escolhas reais; e o fato de Deus consentir aos homens exercerem sua vontade mesmo na questão de receber salvação, nada disso faz de Deus menos soberano do que se Ele tivesse criado um robô. E não é válido, pela Bíblia, o calvinista alegar que o homem pode resistir a Deus em algumas coisas, mas não em questões de salvação.

Se o homem pode resistir, rejeitar e limitar Deus de alguma forma e se, mesmo assim, Deus pode ainda ser Deus, então, Deus pode ainda ser Deus oferecendo salvação a todos; alguns a recebendo e outros a rejeitando, como a Bíblia diz tão claramente: “E o Espírito e a esposa dizem: Vem. E quem ouve, diga: Vem. E quem tem sede, venha; e quem quiser, tome de graça da água da vida”. (Ap. 22.17 ARC)

O autor David Cloud, acrescenta ainda o seguinte:

“Jesus repreendeu as cidades de Israel porque elas não se arrependeram – ‘Então começou ele a lançar em rosto às cidades onde se operou a maior parte dos seus prodígios o não se haverem arrependido, dizendo:  Ai de ti, Corazim! Ai de ti, Betsaida! Porque, se em Tiro e em Sidom fossem feitos os prodígios que em vós se fizeram, há muito que se teriam arrependido, com saco e com cinza. Por isso eu vos digo que haverá menos rigor para Tiro e Sidom, no dia do juízo, do que para vós. E tu, Cafarnaum, que te ergues até aos céus, serás abatida até aos infernos; porque, se em Sodoma tivessem sido feitos os prodígios que em ti se operaram, teria ela permanecido até hoje. Eu vos digo, porém, que haverá menos rigor para os de Sodoma, no dia do juízo, do que para ti.’ (Mt. 11.20-24 ARC)

Jesus não trata com os homens à base da eleição soberana e da reprovação soberana. Ele tratava com os homens à base da responsabilidade humana para responder ao divino chamado ao arrependimento. Cristo ensina aqui que os homens não só são responsáveis por se arrepender, mas [também] podem se arrepender, se quiserem. Se eles não se arrependeram, por que eles seriam repreendidos como se tivessem se arrependido? Se alguns homens não podem se arrepender, por que todos os homens são comandados a se arrepender (‘Mas Deus, não tendo em conta os tempos da ignorância, anuncia agora a todos os homens, e em todo o lugar, que se arrependam;’ At. 17.30 ARC).” (Em: <http://www.solascriptura-tt.org/>. Acesso em 03 junho 2014)

Extraído do livro “Calvinismo Recalcitrante” – clique aqui pra adquirir

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