Igreja é o Corpo de Cristo, a respeito da qual Ele declarou que “as portas do Inferno não prevalecerão contra ela”, assegurando-lhe poder para “pisar serpentes e escorpiões, e toda a força do inimigo,” e nada lhe faria mal algum. Desde o seu surgimento, pós-calvário, milhões e milhões converteram-se ao Evangelho. De lá para cá, os verdadeiros cristãos, antepassados ou vivos, não se contaminaram, e não se contaminam, com o mundo ou com os falsos ensinamentos que resultam em corrupção moral ou aberração doutrinária. Esses que assim fazem formam o conjunto dos salvos, cujos nomes estão inscritos no Livro da Vida do Cordeiro.
Já há tempos Salomão advertia, escrevendo: “Não havendo profecia (palavra), o povo se corrompe, mas bem-aventurado é o que guarda a lei” (Pv 29.18). Essa era uma antevisão da necessidade de se obedecer aos genuínos ensinamentos divinos. Quando ocorrer o Arrebatamento da Igreja, esse grande contingente de fiéis subirá para o Céu com o seu Salvador, e cada um receberá o seu galardão, gloriosa recompensa, pelo testemunho e fidelidade a Cristo e sua Palavra.
Respaldados pela Bíblia, os salvos são acomodados e organizados sob uma hierarquia ministerial nas muitas instituições estabelecidas em todo o mundo, reconhecidas como igrejas locais, para serem discipulados, cultuarem e servirem ao Senhor. Das multiformes interpretações da Bíblia e razões administrativas surgiram as várias denominações, algumas celebriza-das, outras anónimas, contemporizando suas mensagens, doutrinas, liturgias e formas organizacionais, fazendo-se necessária a avaliação delas, se, de fato, retratam ou não o modelo neotestamentário. Não é apenas formar um ajuntamento, denominá-lo e ensinar o que se imagina que estabelece como coerente uma denominação. O que identifica e dá autenticidade a uma igreja fundamentada em Cristo é a sua linha de aceitação do legado da Igreja Primitiva, a respeito da qual está escrito: “E perseveravam na doutrina dos apóstolos, na comunhão, no partir do pão e nas orações” (At 2.42).
Heresias são distorções motivadas pelo Diabo, que usa dissidentes para tentar perturbar a Igreja de Cristo, contestando as doutrinas genuinamente bíblicas, gerando conflitos, fanatismos, divisões e até dúvidas nos fiéis, e isso não é uma novidade hodierna, pois, segundo a Bíblia, tais práticas já ocorriam nos primórdios do cristianismo. O apóstolo Pedro escreveu: “Mas houve também entre o povo falsos profetas, como entre vós haverá também falsos mestres, os quais introduzirão encobertamente heresias destruidoras, negando até o Senhor que os resgatou, trazendo sobre si mesmos repentina destruição. E muitos seguirão as suas dissoluções, e por causa deles será blasfemado o caminho da verdade” (II Pe 2.1,2).
A cada período de tempo surgem as mentes criativas daqueles que aderem aos férteis e diabólicos distúrbios que produzem as heresias e causam estragos, por vezes irreparáveis, principalmente nas igrejas cujos responsáveis são imaturos ou mal orientados, sem o necessário discernimento para distinguirem as fontes doutrinárias. Há também aqueles que são motivados pela vaidade da auto-afirmação, de terem sido capacitados ou determinados por duvidosas ou falsas revelações. Ainda há os que violentam suas consciências, mudando seus conceitos e convicções, os quais desviam o povo, na sua maioria constituído de gente simples ou desprovida dos fundamentos cristocêntricos, alcançando, dessa forma, seus interesses e imaginações.
A Bíblia está saturada de exortações para que tenhamos cuidado com os surtos heréticos promovidos pelos falsos profetas, que surgiriam com suas mensagens e liturgias contrárias e contestáveis, deixando rastros negativos e efeitos devastadores na Santa Igreja do Senhor. Um povo bem edificado não tem dificuldade em identificar as práticas e ensinamentos erróneos daqueles que, por ignorância, consciência ou quaisquer outros interesses que tenham, envolvem-se com conceitos como a confissão positiva, o movimento G-12, o pseudo-pentecostalismo com resquícios de rituais espíritas, a angelolatria, o sopro para o Espírito Santo operar poder, o arrebatamento para receber novas revelações, a implantação de dogmas estranhos, o uso de bentinhos e patuás e outras inovações sazonais, com maior ou menor repercussão, todas elas prejudiciais.
Quaisquer ensinos ou práticas de caráter espiritual numa igreja que não externem glorificação a Cristo e não estejam confirmados pelas Escrituras incomodam os corações dos crentes que estão atentos ao que citou o apóstolo Paulo: “Rogo-vos, irmãos, que noteis os que promovem dissensões e escândalos contra a doutrina que aprendestes. Desviai-vos deles” (Rm 16.17).
As contaminações no passado foram combatidas com grande esforço e convicção pelos apóstolos, com ensino e exortações contra os que negavam a divindade de Cristo e sua ressurreição; os que impunham o conhecimento científico em detrimento do poder de Deus; os que eram doutrinadores domiciliares, insurretos, que, conforme criam, induziam os crentes a contestarem seus líderes e a se ausentarem de suas igrejas; os que exigiam a servidão da Lei como obrigação para os cristãos; e outros mais, mercenários que atuavam entre os fiéis.
Tais heresias do passado nos convencem de que o espírito que atua hoje é o mesmo de sempre, pois os falsos ensinadores hodiernos não agem longe ou à deriva das igrejas, porém nelas se infiltram, com o objetivo de deturpar e desviar os santos, razão por que devemos estar sempre atentos e combativos, como Timóteo foi advertido: “Tem cuidado de ti mesmo e da doutrina. Persevera nestas coisas; porque fazendo isto, te salvarás, tanto a ti mesmo como aos que te ouvem” (I Tm 4.16).
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Fonte: Kemuel Sotero/2004 (Artigos Históricos – Mensageiro Da Paz/Vol.3).