Todo cristão deve buscar na História da Igreja as origens para a defesa de sua fé, já que o Cristianismo é uma religião histórica e apela para os fatos da história como argumento comprobatório de sua veracidade. A apologia – um dos ramos da teologia – divide-se em várias categorias, e uma delas é a apologia histórica donde se extrai as evidências para provar a singularidade empírica da religião cristã. É de suma importância o cristão conhecer a História de sua religião: os primórdios, as glórias e vicissitudes pela qual passou. Sem um conhecimento básico dessa história muitas doutrinas seriam de difícil compreensão.
A Igreja é muito mais que uma instituição religiosa organizada, é a história de um povo salvo através do sacrifício de um Deus de amor e sua missão. É a prova viva da ação Divina na história da humanidade – Deus se manifesta e intervém no espaço-tempo em prol do seu povo peregrino e escolhido.
A Igreja foi forjada pelo sangue de seu fundador e regada pelo sangue de seus santos. Construiu sua história em meio às terríveis perseguições imperiais e as abomináveis heresias daqueles que diziam ser seus líderes. Entre a corrupção de uns e a glória e ardor de outros, ela prossegue através dos séculos, vitoriosa, pois aquele que disse “as portas do inferno não prevaleceriam contra ela” é o seu sustentador e único alvo a ser almejado.
Esta é a historia da igreja cristã, uma história de lágrimas, sangue, e dedicação à causa de seu fundador – Jesus Cristo. Por isso é de primordial importância o estudo da História da Igreja Cristã, não só para os alunos de teologia, mas para todo cristão que queira conhecer suas origens.
Os Primórdios
Para compreendermos melhor a razão do nascimento de Cristo na época dos césares e a difusão do cristianismo apostólico, teremos de primeiro atentar para o contexto histórico: socio-cultural, político e religioso no período do primeiro século da era cristã.
Muitas foram as contribuições do antigo mundo para a chegada de Cristo e sua doutrina. Ao estudarmos os períodos anteriores à vinda do messias percebemos a providência divina ao preparar o cenário para a chegada de seu plano de salvação. O ambiente histórico em que Cristo surgiu cooperou de modo colossal para a disseminação do evangelho. Dentro desse período três povos merecem destaque pela sua rica contribuição: os Judeus, os Romanos e os Gregos. Daremos resumidamente um perfil destas contribuições.
Os judeus: A mentalidade religiosa judaica da espera iminente de um messias, facilitou a aceitação da mensagem de Jesus como o messias prometido. Outro fator importante de contribuição foi o monoteísmo rígido herdado da religião mosaica com sua alta ética moralista baseada na lei de Moisés. Assim o mundo religioso de então estava preparado psicologicamente para chegada de um messias.
Os romanos: O império romano dominava o mundo na época em que Cristo nasceu. A extensão do império tendo como conseqüência a unificação dos povos facilitou a difusão da mensagem cristã. Outra contribuição foi proporcionada pela infra-estrutura das estradas e cidades romanas. Com o anexo de novas terras através do desbravamento do exército romano, foi fácil a disseminação do evangelho em terras estrangeiras. O latim e o grego eram línguas universais e facilitava a transmissão das boas novas.
Os gregos: Sem dúvida uma das inestimáveis riquezas legadas pelos gregos foi sua língua. Tanto é, que todo o NT foi escrito em grego. Além disso, as idéias de seus famosos filósofos levaram o povo a inquirir sobre os mistérios da vida: sobre o ser, sobre Deus, razão e propósito de nossa existência, etc. O evangelho oferecia respostas sensatas para todas essas questões intrigantes.
Enfim, todas essas contribuições juntas forneceram o ambiente propício para a chegada do Filho de Deus. Uma época impar, predestinada como nem outra em toda a história.