Decência e ordem nos cultos

I Co 14.40 “mas faça-se tudo decentemente e com ordem”.

Alguns líderes, infelizmente, não incentivam os crentes a frequentar a escola dominical e a tomar parte nos cultos de ensino. Em decorrência disso, estão aparecendo expressões esquisitas em nosso meio como: “segura a bola de fogo que Jeová vai mandar”, “contempla o varão de branco com a espada na mão” e outras mais conhecidas: “queima ele”, “fica no mistério”, “tá amarrado” etc.

Em Romanos 12.1, Paulo ensina que o culto agradável a Deus é racional. Isto significa que, apesar de haver liberdade para a multiforme operação do Espírito Santo na vida dos salvos (1Co 12.6-7), o culto verdadeiramente pentecostal não deve ter exageros ou modismos. Se deixarmos de fazer uso da razão, ignorando os princípios bíblicos, poderemos cair no erro de inventar práticas e atribui-las ao Espírito de Deus, mesmo que sejamos espirituais.

Na verdade, o cristão deve evitar os dois extremos – o fanatismo e o formalismo. O primeiro consiste na adoção de práticas exageradas e extra bíblicas, enquanto o segundo rejeita qualquer manifestação, sob o pretexto de não correr riscos.

Como evitar estes extremos? Pedro responde: “crescei na graça e conhecimento de nosso senhor e salvador Jesus Cristo”, 2 Pd 3.18. Quem quiser crescer só na graça, fatalmente se tornará um fanático. E quem buscar só o conhecimento não terá como escapar da frieza espiritual. Para crescer na graça, o caminho é sempre o mesmo: consagração a Deus através de oração e jejum, bem como uma vida de piedade e santificação.

EXAGEROS

Vivemos uma época de muitos modismos. Se fala em rir, rugir, cair, pular e dançar de poder. Tais procedimentos são defendidos, muitas vezes, por pessoas que dizem ter uma nova unção do Espírito. Esta, porém, não existe, visto que a unção do Espírito de Deus é uma só, como ensina o apóstolo João: “e vós tendes a unção do santo, e sabeis tudo”, 1Jo 2.20. Nesse caso, interessar-se por manifestações estranhas, diferentes das apresentadas no NT, é se opor à legítima operação do Espírito Santo.

Em 1 Coríntios 14, encontramos conselhos importantes quanto ao comportamento do cristão em um culto pentecostal. O primeiro está no versículo 20: “irmãos, não sejais meninos no entendimento”. Menino, neste contexto, é aquela pessoa que não tem discernimento, que pode ser facilmente influenciada por doutrinas errôneas Efésios 4.14 “para que não sejamos mais meninos inconstantes, levados em roda por todo o vento de doutrina, pelo engano dos homens que com astúcia enganam fraudulosamente.” Segundo o autor da epístola aos Hebreus, somente pela observância à doutrina bíblica poderemos passar para o estágio de adulto Hebreus 5.11-14: “… do qual muito temos que dizer, de difícil interpretação; porquanto vos fizestes negligentes para ouvir.  Porque, devendo já ser mestres pelo tempo, ainda necessitais de que se vos torne a ensinar quais sejam os primeiros rudimentos das palavras de Deus; e vos haveis feito tais que necessitais de leite, e não de sólido mantimento. Porque qualquer que ainda se alimenta de leite não está experimentado na palavra da justiça, porque é menino, mas o mantimento sólido é para os perfeitos, os quais, em razão do costume, têm os sentidos exercitados para discernir tanto o bem como o mal.”

Outra orientação importante está no versículo 32 de I Co 14: “e os espíritos dos profetas estão sujeitos aos profetas”. Há crentes que pensam que o Espírito Santo incorpora o profeta e suprime a sua personalidade no momento da profecia.

Entretanto, no NT não encontramos nenhum servo de Deus profetizando fora de sua razão. E, nos tempos do AT, os profetas empregavam a expressão “ASSIM DIZ O SENHOR”, em uma demonstração de que transmitiam conscientemente a mensagem do Senhor. Há pessoas que para profetizar precisam marchar, correr pelos corredores do templo ou encostar a sua testa na cabeça daquele que está recebendo a mensagem. Nada disso é necessário. A Bíblia se limita a dizer: “e falem dois ou três profetas, e os outros julguem”, 1Co 14.29.

Atitudes exibicionistas como cair ao chão, andar como quadrúpedes ou imitar sons de animais também excluem a razão e devem ser rejeitadas por aqueles que conhecem a genuína doutrina pentecostal. Finalmente, Paulo ensina, no versículo 40: “mas, faça-se tudo decentemente e com ordem”. Se uma irmã cai ao chão em uma posição desfavorável, isto é decente?

Irmãos, sejamos pentecostais, mas não nos esqueçamos da ordem, da decência e do equilíbrio. E jamais deixemos os verdadeiros elementos de um culto pentecostal: “cada um de vós tem salmo, tem doutrina, tem revelação, tem língua, tem interpretação. Faça-se tudo para a edificação”, 1Co 14.26.

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