Jovens norte-americanos combinam suicidar-se, a fim de se encontrarem na cauda de um cometa cuja órbita está passando próximo da Terra. Terroristas japoneses lançam o gás Sarin no metrô de Tóquio, provocando pânico e morte. Terroristas árabes sequestram aviões e os lançam sobre as torres gêmeas em Nova Iorque e sobre o Pentágono, em Washington, proclamando-se executores da vingança de Alá. Notícias como essas, cada vez mais frequentes em nosso tempo, chamam a atenção para a onda de misticismo e violência que varre o mundo, quase sempre associada a seitas que se intitulam religiosas.
Não há muito, teólogos tradicionais, pastores e políticos sequer davam atenção a esses movimentos exóticos, com pouca ou nenhuma base teológica, que foram penetrando sorrateiramente no Ocidente e solapando as bases cristãs de nossa civilização. Pouco a pouco, porém, se deram conta do seu conteúdo explosivo e dos prejuízos sociais deles resultantes. Estudiosos da violência religiosa acreditam tratar-se de um processo de busca do poder político, a partir do fanatismo, concluindo que esse processo já teria passado da fase preparatória, encontrando-se atualmente em plena execução.
Para bem entendermos esses acontecimentos, é necessário recorrer ao livro dos livros, a Bíblia Sagrada, em cujas profecias encontramos que nos últimos dias haverá a associação de dois líderes: um político (Anticristo) e outro religioso (Besta), que tentarão conduzir o mundo sob sua liderança, a fim de se oporem ao reino milenial do Messias.
O perigo das obras esotéricas
Não é de agora que o homem busca exercer domínio sobre as forças espirituais. Quando Eva se deixou seduzir pelo tentador, uma das promessas do maligno foi torná-la poderosa e semelhante a Deus.
Aliás, não foi outro o propósito do querubim ungido, Lúcifer, quando buscou ocupar o lugar de Deus. A Bíblia contém exemplos de pitonisas, adivinhos, mágicos, que, controlando ou simulando controlar o mundo espiritual, conquistaram poder e influência. São célebres os casos da pitonisa de En-dor, que procurou atender Saul no seu desejo de entrevistar- se com Samuel depois de morto (1 Sm 28), e dos exorcistas, filhos do sacerdote Ceva, .que tentaram, em vão, expulsar demônios em nome do Jesus que Paulo pregava (At 19.14-15).
O recrudescimento dessa busca de influência nos últimos tempos fez surgirem personagens no meio literário e artístico, e através destes a mídia, particularmente o cinema e a televisão, induziu multidões ao consumo desse tipo de literatura e/ou manifestação artística.
Devemos ter cuidado com obras de grande repercussão que circulam no Brasil e no mundo e que nos são apresentadas como literatura de qualidade, mas que na verdade são uma propaganda ocultista.
No Brasil, surgiram talentosos escritores na área da ficção ocultista. Há também a chamada psicografia e os médiuns, que dizendo incorporarem médicos famosos do passado, realizam milagres através de cirurgias espirituais, com notória publicidade. Por esta razão, a igreja não deve omitir-se do seu papel de esclarecer, à luz da Bíblia, as pessoas que se deixam influenciar cada vez mais por essas crenças.
Nova Era e misticismo
Helena Petrovna Blavatski, (1831- 1891) e Aleister Crowley (1875-1947), um místico que se auto intitulava “A Besta”, são introdutores, na atualidade, de práticas antiquíssimas, que a Bíblia classifica como abominações pagãs, oriundas dos antigos egípcios e caldeus. Encontramos em Gênesis os magos egípcios repetindo os milagres de Moisés, como se possuíssem o mesmo poder que era atribuído a Deus.
Helena Blavatski, conhecida como a mãe da Nova Era, nasceu na Ucrânia e foi casada com um oficial do exército russo, do qual se separou para se dedicar ao estudo do ocultismo. Depois de viajar pela Europa, Ásia, índia, Tibete e América do Norte, fundou, em Nova Iorque, em 1875, a Sociedade Teosófica. Não prosperou ali, mas, depois de casar-se com o pensador e filósofo americano Henry Steel Olcott, Helena transferiu-se para Madras, na índia, onde a Teosofia obteve notória divulgação, pois Olcott era também editor e grande estudioso do Budismo, Bramanismo e Esoterismo.
O Hinduísmo exerceu grande influência no pensamento teosófico. Os magos, adivinhos, bruxos e astrólogos do nosso tempo são praticantes e divulgadores das doutrinas do casal Olcott-Blavatski. Helena escreveu diversos livros: Isis Revelada, A voz do Silêncio, A Chape da Teosofia, A doutrina Secreta e outros. Suas obras foram reeditadas nos anos 80, em 14 volumes, confirmando o que ensina a Bíblia em Eclesiastes: “O que se fez, isto se tornará a fazer, de modo que nada há novo debaixo do sol”, Ec 1.9.
O misticismo envolve a mistura de crenças e ideias que incluem reencarnação, mediunidade, astrologia, guias espirituais, seres extraterrestres, poderes sobrenaturais de amuletos, pirâmides e cristais, e outras práticas que mexem com o imaginário popular, atraindo naturalmente grande interesse.
Inovações na Igreja
Em interessante livro intitulado Versões bíblicas da Nova Era (New Age Bible Versions, AV Publications, Virgínia, EUA, 1997), G.A.Riplinger, respeitável estudioso norte-americano, alerta para um fenômeno moderno nas igrejas do seu país: o surgimento de versões adulteradas da Bíblia, que hoje percorrem livremente os púlpitos e seminários evangélicos. Segundo ele, algumas dessas versões não foram feitas apenas para atualizar a linguagem, o que seria aceitável, mas para introduzir nas igrejas princípios conflitantes com a doutrina dos apóstolos.
O alerta de Riplinger faz sentido, pois é de assustar a enorme quantidade de heresias oriundas da América do Norte, algumas delas já bem conhecidas e com livre trânsito nas igrejas evangélicas brasileiras. Não é demais alertar para a safra atual de televangelistas que inundam a mídia religiosa com inovações bizarras, semeando confusão e lançando dúvidas no rebanho. Lembramos também que a Convenção Geral das Assembleias de Deus recomenda que as versões Almeida sejam o parâmetro de avaliação da qualidade das traduções da Bíblia em português.
A essa altura, recomendamos a releitura do capítulo 2 da Segunda Epístola de Pedro, que recomenda cautela com os falsos mestres, prova de que não é privilégio nosso o combate às heresias, que já naquele tempo inquietavam a Igreja.
O crescimento das religiões orientais no ocidente convida à reflexão, pois o misticismo e a transcendência compõem a face mais visível dessas religiões. Para o místico não há necessidade de escrituras sagradas, pois sua comunhão com o “Absoluto” deriva da descoberta de valores espirituais em toda experiência de vida. Em outras palavras, para o místico, a contemplação da natureza, rios, montanhas, árvores e animais pode elevá-lo à comunhão com o “Absoluto”. O misticismo atinge suas culminâncias na religião hinduísta e na literatura védica, que lhe deu origem.
Embora reconheçamos não haver novidades no reino dos místicos, que, graças ao poder da mídia, ressurge com notória influência em nossos dias, não podemos deixar de esclarecer a igreja quanto à verdadeira fé, sem a qual é impossível agradar a Deus. Somente por ela alcançaremos a salvação, aceitando a Jesus Cristo como único e suficiente Salvador.
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PAULO FERREIRA – FONTE: REVISTA “RESPOSTA FIEL” ANO 4 – N° 16