Respostas às questiúnculas teológicas contra o Dia do Senhor
Eis abaixo as palavras de proporções imensamente arrogantes de nosso oponente ao propor um questionário anti-dominical ao CACP:
“Ao final de suas longas e contraditórias arengas anti-sabáticas o Sr. Paulo Cristiano fez-nos algumas perguntas e as respondemos plenamente. Daí pedi que ele respondesse às questões abaixo sobre a validade do domingo, e ele recusou. Por que será? Eis novamente os 10 pontos que gostaria de ver como ele superaria, pois refutam inteiramente a tese dominical:”
Não obstante, todo esse palavrório falacioso, é preciso ressaltar, a título de conhecimento, que durante alguns debates havido entre nós e Azenilto G. Brito, foi apresentado 7 perguntas de autoria do Dr. Samuelle Balchiochi que segundo ele, desautorizavam a observância dominical. A estas 7 perguntas foram acrescentadas mais três de Azenilto. Durante todo esse tempo, Azenilto, anda a propalar a inverdade de que nós recusamos a comentar este questionário decimal, que pelo visto, é considerado invulnerável. Quero abrir um parêntese aqui e dizer que é lamentável ver que mesmo em debates religiosos há pessoas que não conseguem lidar com a tarefa de só recorrer à verdade. É preciso escoimar a inverdade de que nós nos recusamos a isto. A verdade é que ele nunca recebeu de nós tal resposta negativa, pelo contrário, sempre reafirmamos que responderíamos suas charadas teológicas e ele sabe muito bem disso. Isso só vem demonstrar que quando a mentira surge como alternativa para resolver um conflito assim é possível que a pessoa não esteja bem consigo a ponto de permitir que algo assim lhe tire fora do centro.
Talvez seu delírio apologético repousa no fato de que supostamente tenha refutado-nos sobre o tema da lei e do sábado. Contudo, ledo engano! Não houve refutação. O que na verdade ele tentou passar e com muita dificuldade, foi a imagem de ter provado o que ainda não se provou.
Esclarecido esses detalhes permita-me agora debruçar sobre o colossal disparate sabatista a fim de poder respondê-lo e de quebra tirar o sorriso triunfante do rosto de nossos oponentes.
10 Principais Razões Que Desautorizam a Observância Dominical
(1) Nenhuma Ordem de Cristo ou dos Apóstolos. Não há mandamento de Cristo ou dos apóstolos concernente a uma celebração semanal ou anual da ressurreição de Cristo. Temos as ordens no Novo Testamento que dizem respeito ao batismo (Mat. 28:19-20), à Ceia do Senhor (Mar. 14:24-25; 1 Cor. 11:23-26) e lava pés (João 13:14-15), mas não há ordenança ou mesmo qualquer sugestão para celebrar a Ressurreição de Cristo num domingo semanal ou num domingo de Páscoa anual.
Sendo que o domingo seria uma “novidade”, um novo princípio de adoração, sobretudo ao substituir uma tradição tão arraigada na cultura nacional e religiosa dos judeus, como o sábado, sem dúvida qualquer alteração nesse sentido daria margem a comentários, explicações, instruções específicas justificando a alteração. Nada, porém, consta das páginas neotestamentárias a respeito de tal mudança.
O sábado era o mandamento prevalecente e assim permaneceu, tal como todos os demais mandamentos do Decálogo. Prova disso é o testemunho de Lucas, escrevendo 30 anos após o evento da Ressurreição, que descreve a ação das santas mulheres seguidoras de Cristo preparando ungüentos e especiarias para embalsamar o seu corpo. Elas trabalharam ativamente nisso até que, ao aproximarem-se as horas do sábado, cessaram suas atividades e “no sábado descansaram segundo o mandamento” (Luc. 26:53).
Para Lucas, portanto, que declara ter buscado informar-se pormenorizadamente de tudo quanto se relacionava com a experiência do Cristo (Luc. 1:1-3), o dia de repouso “segundo o mandamento” era o sábado. Ele se refere ao domingo simplesmente como “o primeiro dia da semana”, sem atribuir-lhe nenhum título especial (ver Luc. 24:1).
O mesmo Lucas relata nos Atos dos Apóstolos que os primeiros conversos cristãos, de origem judaica, caracterizavam-se como indivíduos “zelosos da lei” (Atos 21:20) e nas decisões do Concílio de Jerusalém de Atos 15, ao ser tratado o problema dos judaizantes, não se traça nenhuma norma contra a observância do sábado (Atos 15:20), uma demonstração de que tal instrução se fazia desnecessária. Todos o observavam regularmente e não havia necessidade de dar instruções a respeito. Paulo num sábado, quando não havia sinagoga em certa localidade, foi para junto de um rio cultuar a Deus (Atos 16:13). Em Corinto passou um ano e meio pregando todos os sábados e jamais se lembrou de dizer aos que ali se reuniam para mudaram o dia de culto para o domingo (Atos 18:1-4, 11) mesmo ao permaneceram os gentios, com o afastamento dos judeus.
Resposta:
A primeira pergunta consignatória proposta pelo ilustre professor é na verdade uma ironia do destino. Salta aos olhos de qualquer pessoa de mente mediana sua cavilosidade escorada no argumento do silêncio. É interessante saber que foi esse mesmo senhor que repudiou veementemente este tipo de argumento quando em debate com outro apologista. Transcrevo textualmente parte de suas próprias palavras: “Já que se vale do “argumento do silêncio” para “provar” que o sábado era desconhecido por Adão…” . Ora, ora, quanta imparcialidade! Quando tal recurso é usado contra o sábado não é válido, mas quando este mesmo recurso parece desfavorecer o domingo, o “argumento do silêncio” se torna lícito em um passe de mágica! Não é incrível como as pessoas constroem regras convenientes a fim de favorecer seu ponto de vista de acordo com as circunstâncias?! Muito bem! Devo admitir que é parcialmente verdade quando o tópico acima diz que não há “Nenhuma Ordem de Cristo ou dos Apóstolos.” Mas quem disse que ausência de evidência é evidência de ausência?
Deixe-me explicar:
Mediante dois processos legítimos e seguros tiram-se das Escrituras as práticas características do povo evangélico:
1º) preceitos diretos em versículos claros como, por exemplo, a do batismo; e
2º) por dedução ou inferência necessária e lógica.
Os sabatistas adotam, por reconhecer-lhe a legitimidade, também o processo indireto. Como exemplo cito a suposta diferença entre “lei moral” e “lei cerimonial” em parte alguma das Escrituras mencionada. Também, da mesma maneira, tentam provar por esse método que desde Adão até Moisés a humanidade tenha guardado o sábado no sétimo dia da semana mesmo não tendo prova escriturística para tal. Diante dessa impossibilidade escriturística forçam ao máximo um malabarismo exegético para conseguir tal dedução ou inferência, nada lógica e muito menos necessária para o caso.
Pergunto-lhes: onde está em todo o AT uma ordem textual de Jeová ordenando alguém guardar o sábado antes do Sinai? Existe algum versículo onde os adventistas podem fundamentar seus pressupostos? E ainda: onde poderão provar que as leis judaicas se dividem em duas categorias – cerimoniais e morais – Lei de Deus e Lei de Moisés? Poderão eles fundamentar biblicamente essa suposta diferença das leis? É claro que nunca poderão provar. Isto pelo simples fato de que o método usado por eles para fundamentar tal conclusão é apenas subjetivo. Tiram conclusões valendo-se unicamente do segundo processo e não do primeiro. Mas se os adventistas persistirem na pertinácia da tese do sábado antes do Sinai, acatando-a como legítima, seria justo e até necessário traçar aqui um paralelo entre os logismos de ambas as partes. Ora, se acatam a idéia de que Abraão e de resto todos que viveram antes de Moisés guardaram o sábado mesmo que para isso não tenham nenhum mandamento se quer para fundamentar tal assertiva, porque não poderemos tirar conclusões semelhantes a respeito do domingo? Se esta suposição vale para um, por que não poderia valer para o outro também? Vejamos:
TESE SABATISTA QUANTO AO SÁBADO
Arnaldo Christianini em seu livro “Subtilezas do Erro” página 281 tentando refutar as argumentações levantadas pelo livro “O Sabatismo à luz da Palavra de Deus” no texto em foco, arrazoa da seguinte maneira: “Mas o oponente só aceita que Abraão tenha guardado a lei divina sumariada nos dez mandamentos, se o texto estivesse assim: ‘Abraão guardou a Minha lei dos Dez Mandamentos.'” e chega a seguinte conclusão : “Nossa incredulidade não exige isto; humildemente cremos no que está implícito no texto, e aceitamos o que ele quer dizer.” (destaque nosso)
Para acharem fundamento textual para sua tese apelam para Gênesis 26:5, “Abraão obedeceu à minha vontade e guardou o meu mandado, os meus preceitos, os meus estatutos e as minhas leis” e concluem precipitadamente: “esses preceitos, estatutos e leis se referem aos 10 mandamentos e neles está contido o sábado”.
Perceberam o silogismo usado? Para eles é legítimo tal recurso, mesmo sabendo que não há um texto se quer que autorize a guarda do sábado antes de Moisés! Aceitam, dizem, porque está “implícito” apenas. Para eles isto é o que importa.
Passaremos agora ao domingo.
É verdade que não existe nenhuma norma explícita dizendo para o cristão guardar o domingo no NT como também não há para guardar o sábado. Se o argumento do silêncio no NT vale quanto ao domingo deve valer quanto ao sábado também, caso contrário, ficará patente a deslealdade de critério usada por nossos oponentes. Aliás, urge memorar que a Nova Aliança não tem nada a ver com a Antiga. Se encontrássemos uma determinação taxativa para a guarda do domingo nos moldes da decretação do sábado, os cristãos continuariam sob o regime legalista do Velho Testamento. Mas a lei neotestamentaria nos diz que fomos libertos das normas da lei mosaica (Gálatas 5.1).
O domingo foi profetizado na Bíblia como um dia diferente feito pelo próprio Deus, conforme indica o Salmo 118.24 – o Dia que o Senhor fez.
Esse dia estava na contagem cronológica de Jesus como o último dos três, período este apontado apologeticamente como prova de sua ressurreição. O domingo é o terceiro dia da profecia.
Jesus ao ressuscitar no primeiro dia da semana mostrou que Nele se cumpria a profecia das primícias tipificada em Levítico 23.9-17. Ela era feita no “dia seguinte ao sábado”. Paulo entendeu perfeitamente isso ao dizer que Cristo “foi feito as primícias” pela sua ressurreição (I Coríntios 15.20). Essa cerimônia era seguida por outra dos manjares em outro domingo num espaço de cinqüenta dias chamada de pentecostes. A descida do Espírito Santo para inaugurar a Igreja cristã se deu em um domingo tipificando as festas do AT (Atos 2) em cumprimento à profecia de Joel (Joel 2:28; Atos 2:1-4. 16, 17).
Jesus escolheu o primeiro dia da semana para realizar sua maior obra, a ressurreição (Marcos 16.9). Foi pela ressurreição que ele levou a cabo nossa regeneração espiritual (I Pedro 1.3) Considerando que Jesus surgiu dos mortos no primeiro dia da semana, esta regeneração foi completada naquele dia. Jesus foi reconhecido e proclamado o Filho de Deus pela ressurreição no primeiro dia da semana. Em Salmos temos a seguinte profecia: “Tu és meu Filho, hoje te gerei.” (Salmos 2.7). Em Atos 13:32, 33, Pedro fala que isto foi cumprido na ressurreição de Jesus que se deu num domingo.
Cristo foi coroado como Rei em seu trono naquele dia (Zacarias. 6:13; atos 2:29-36); e a nova lei de Cristo entrou em vigor com o Evangelho em Jerusalém naquele dia (Isaías 2:3; Lucas 24:47, 49; Atos 2).
Diante de todos estes fatores proféticos importantes Jesus determinou abençoar seus discípulos sempre no primeiro dia da semana:
“Ora, havendo Jesus ressurgido cedo no primeiro dia da semana (no Domingo)” (Mc.16:9).
No Domingo Jesus apareceu aos seus discípulos (Mc.16:14).
No Domingo, Ele os encontrou em diferentes lugares e em repetidas vezes (Mc.16:1-11; Mt.28:8-10; Lc.24:34; Mc.16:12-13; Jo.20:19-23).
No Domingo Jesus os abençoou (Jo.20:19).
No Domingo Jesus soprou sobre eles o Espírito Santo (Jo.20:22)
Neste mesmo dia Jesus os batizou com o Espírito Santo (Atos 2.1)
Foi o dia da grande comissão para pregarem o evangelho a todo o mundo (Jo.20:21 e Mc.16:9-15).
O Domingo tornou-se o dia de alegria e regozijo para os discípulos (Jo.20:20).
Diante de fatores tão importantes envolvendo Cristo, sua obra e sua igreja no primeiro dia da semana (não no sábado), é que a comunidade cristã começou a observar o domingo como dia tipicamente cristão. Doravante a igreja passou a se reunir sempre aos domingos para celebrar a santa ceia (At.20:6-7) e fazer coletas (ICor.16:1-2). O domingo mais tarde foi chamado por João de “Dia do Senhor” (Apocalipse 1.10).
Não seria injusto se lançássemos mão dos mesmíssimos critérios exegéticos usado pelos adventistas quando tentam provar que os patriarcas guardaram o sábado. Não poderíamos nós, mui legitimamente, pressupor que essa prática apostólica não teria procedido de um específico preceito? Não seria um daqueles mandamentos aludidos em Atos 1.2? (“… depois de haver dado mandamento, pelo Espírito Santo, aos apóstolos que escolhera”).
A propósito Clemente de Alexandria no Egito, AD 194 diz:
“Ele, cumprindo o preceito conforme o evangelho, guarda o Dia do Senhor, quando abandona uma disposição má e assume aquela do gnóstico, glorificando em si a ressurreição do Senhor” (Livro 7 cap. 12)
Este autor fala dum “preceito”. Que preceito será este? O renomado Dr. Strong, em sua obra ‘Teologia Sistemática’, pág. 410, referindo-se ao que Justino Mártir disse, e que já citamos acima, escreve o seguinte: “Isto parece indicar que Jesus, entre a ressurreição e a ascensão, deu mandamento a respeito do primeiro dia da semana porque Jesus ‘foi recebido em cima’ somente depois de ter dado mandamentos pelo Espírito Santo aos apóstolos que escolhera’. (At. 1.2) Se Jesus não deu um mandamento positivo a respeito do primeiro dia da semana, ao menos o Espírito Santo sancionou o proceder dos apóstolos em relação a este dia de um modo tal que o observavam como se fosse por mandamento.”(citado em ‘O Sabatismo à Luz da Palavra de Deus’ pág. 85 – Petrowsky – 5ª edição)
Como vimos o mesmo tipo de exegese pode ser usada para ambos os lados, com uma ressalva apenas: enquanto não se pode provar por exemplos ou mandamentos direto que alguém tenha guardado o sábado antes de Moisés, em contrapartida, há pelo menos dois textos que mostram a Igreja reunindo-se no domingo (Atos 20.7 e I Co. 16.2). Isso sem contar depoimentos do segundo século. Diante disso, o argumento da omissão de provas textuais para a observância dominical não procede pelo fato de que a Igreja seguiu o exemplo de Cristo dado a importância do primeiro dia da semana.
Acabemos com mais um sofisma. Balcchiocch alega o seguinte: “Temos as ordens no Novo Testamento que dizem respeito ao batismo (Mat. 28:19-20), à Ceia do Senhor (Mar. 14:24-25; 1 Cor. 11:23-26) e lava pés (João 13:14-15), mas não há ordenança ou mesmo qualquer sugestão para celebrar a Ressurreição de Cristo num domingo semanal ou num domingo de Páscoa anual.”
Respondemos com uma pergunta: onde está em todo o NT a abolição da páscoa? Estabelecida como prática perpétua (Ex. 12.14), foi cumprida por Jesus Cristo (Lc. 22.8), por que os cumpridores do sábado não a observam? Se quiserem recorrer á explicação de sua mudança para a ceia do Senhor, pergunto-lhes ainda: onde está o mandamento determinando semelhante mudança? Os adventistas aceitam a abolição da páscoa não porque encontrem no NT uma determinação expressa nesse sentido. Aceitam tal abolição pela inferência ou conclusão a que nos leva o exame de passagens bíblicas afins.
E por mencionar a ceia do Senhor recordo haver Jesus celebrado-a só com os doze. E, em parte alguma do NT Ele determinou que outros discípulos ou simples membros das igrejas, incluindo as mulheres, dela participassem. Mas os adventistas não obstante essa omissão, não deixam de celebrar a ceia também para as mulheres! Há muitos outros exemplos nas escrituras que podemos citar tais como o dízimo, a lei dos primogênitos etc…Nenhuma delas vem precedida por mandamento textual. Onde uma ordem em todo o NT de que a carne de porco ainda é proibida para os cristãos, sendo que Paulo ensinou que todo alimento é santificado pela oração (I Timóteo 4.3-5)? Mas mesmo não havendo ordem expressa os adventistas a observam. Diante disso se torna irrelevante a objeção levantada acima.
Eis mais um erro que precisa ser corrigido:”Sendo que o domingo seria uma “novidade”, um novo princípio de adoração, sobretudo ao substituir uma tradição tão arraigada na cultura nacional e religiosa dos judeus, como o sábado, sem dúvida qualquer alteração nesse sentido daria margem a comentários, explicações, instruções específicas justificando a alteração. Nada, porém, consta das páginas neotestamentárias a respeito de tal mudança.”
Quem disse que não houve nenhuma alteração? O caso é que houve e muita contestação, comentários e instruções a este respeito. Será que tais críticos dominicais não conseguem ler a Bíblia sem suas lentes preconceituosas?
Veja o que disse um dos mais destacados apologista da fé cristã de nosso século:
“O dia que, desde o início, os judeus guardavam para descanso era o sábado, pois diziam que Deus, ao concluir a criação, descansou no sétimo dia. Isto estava escrito nas sagradas leis dos judeus. Um dos aspectos de maior reverencia na vida de um judeu era a guarda do sábado. Os cristãos se reuniam para adorar no primeiro dia da semana judaica em sinal de reconhecimento da ressurreição de Jesus. Esses cristãos realmente conseguiram mudar para o domingo esse antiqüíssimo dia de descanso e oração, que era guardado por razoes teológicas. Lembre-se de que ELES MESMOS ERAM JUDEUS! Lembrando-nos daquilo que pensaram que aconteceria se estivessem errados, devemos admitir que essa foi provavelmente uma das maiores decisões que um grupo de seguidores de uma religião jamais tomou! Sem a ressurreição como iríamos explicar a mudança do dia de adoração de sábado para domingo?” (‘Evidência que Exige um Veredito’ vol. I, Josh Mcdowell, pág. 289,290 ed. Candeia)
Josh Mcdowell cita L.L Morris comentando sobre os primeiros crentes que testemunharam a ressurreição de Cristo, diz ele, “Eram judeus, e os judeus se apegam tenazmente a seus costumes religiosos. Ainda assim esses homens guardavam o dia do Senhor, uma comemoração semanal da ressurreição, em vez do sábado. Nesse dia do Senhor eles celebravam a santa ceia, que não era uma comemoração de um Cristo morto, mas uma recordação, em atitude de agradecimento, das bênçãos outorgadas por um Senhor vivo e triunfante. O outro sacramento que tinham, o batismo, lembrava que os fiéis foram sepultados com Cristo e ressuscitados com Ele (Colossenses 2.12). A ressurreição dava sentido a tudo o que faziam” (ibdem pág. 291)
Para não incorrer em erros infantis como esses acima, deve-se ter presente que apesar da Bíblia dizer que para Deus não há judeu ou grego, mas de ambos os povos (gentios e judeus) Ele fez um (a igreja), havia, entretanto, naqueles primórdios tendências judaizantes e tendências helenistas (gentia) na Igreja. O senhor Azenilto não ignora que há um abismo enorme entre igreja gentia e igreja de tendência judaica. E por fazer vistas grossas a esta importante diferença, é que cometem erros grosseiros como os citados no parágrafo acima. Veja que enquanto o evangelho estava confinado dentro das fronteiras de Jerusalém não havia nenhuma controvérsia quanto a prática do sábado, circuncisão ou adoração no templo, festas etc…. Todavia, quando o evangelho ultrapassou as fronteiras da palestina as controvérsias entre a cultura judaica e a gentia foram sendo mais acentuadas. Alguns estudiosos acreditam que o episódio registrado em Atos 6 envolveu mais que questões sociais, como no caso das viúvas. Realmente ao que parece, aquele incidente foi o embrião do desenvolvimento de dois movimentos diferentes dentro do cristianismo primitivo.
Ademais, Jesus mesmo foi quem deu a deixa para a mudança de adoração quando disse a mulher samaritana: “Mulher, crê-me, a hora vem, em que nem neste monte, nem em Jerusalém adorareis o Pai…Mas a hora vem, e agora é, em que os verdadeiros adoradores adorarão o Pai em espírito e em verdade; porque o Pai procura a tais que assim o adorem.Deus é Espírito, e é necessário que os que o adoram o adorem em espírito e em verdade.” (João 4.21-24)
Enquanto o templo constituía o lugar sagrado de adoração, o sábado era o dia determinado para adorar a Deus na velha dispensação. O templo e o Sábado estavam intrinsecamente arraigados na liturgia de adoração do povo judeu. Praticamente constituía o âmago de sua fé.
Como já mencionamos acima, os apóstolos ainda freqüentavam o templo e participavam de seus serviços. Mas Lucas relata que certa feita, Estevão, um cristão helenista, em seu requisitório profético, condena o culto do templo e a lei de Moisés, dizendo que a vinda de Cristo havia mudado tudo isto (Atos 6:8-15). A princípio, podemos deduzir com procedência, que Estevão foi o primeiro leigo a entender a verdadeira missão do Cristianismo. O cristianismo não era mais uma seita do judaísmo, era uma religião completamente diferente.
Quanto a isto o novíssimo ‘Comentário Bíblico Pentecostal’ confessa: “Esta seção começa com uma nota sobre o primeiro dia da semana e a hora do dia: ‘No primeiro dia da semana, […] de madrugada’, isto é, domingo de manhã. Ao logo da narrativa, João observa que as festas religiosas e os lugares onde ocorrem (i.e., o templo) foram mudados. Elas pertencem ao judaísmo; a morte e ressurreição de Jesus os mudam, aquele por quem todas as coisas foram criadas (Jo 1.1-4).” (Comentário Bíblico Pentecostal – Novo Testamento pág. 604 ed. CPAD 1 ed. Vários autores)
Explicando sobre a origem de algumas práticas cristãs assevera da seguinte maneira, “Neste ponto é apropriado explicar, por exemplo, como a igreja mudou o dia de adoração.”
E continua explicando, “Relativa à primeira criação, o sábado veio depois e celebra o complemento da obra criativa de Deus. Mas o sábado foi mudado na segunda criação, embora ainda esteja ligado à criação[….]Assim é o primeiro dia da semana, o dia da ressurreição de Jesus, a fundação da nova criação que estabelece uma nova ordem de adoração. Esta nova criação também muda o lugar de adoração (cf. Jo 4). A verdadeira adoração entra em cena somente nesta nova ordem criada.” (ibdem pág. 613)
Entretanto, os primeiros convertidos judeus viram em Cristo apenas o cumprimento das promessas messiânicas para o seu povo. Não demorou para seus acusadores aplicarem a sanção prevista no Deuteronômio contra aqueles que tentam desviar o povo da lei de Moisés (Deut. 13:2-6). Isto porque, eles perceberam a atitude de Estevão em relação ao Templo. Era todo o sistema da lei que estaria ameaçado e, com ele, a existência do povo de Israel, pois a lei assegurava ao povo o quadro de sua existência.
Para os cristãos de nacionalidade judaica não havia nenhum problema quanto a isso, pois como judeu ainda observavam muitas regras de sua nacionalidade, pois todos eles eram zelosos da lei (Atos 21). Por outro lado, não era assim com a tendência gentia da igreja, como vimos, Estevão foi o primeiro a entender a ineficácia daqueles antigos ritos de adoração em relação ao cristianismo. Ele fora acusado pelos judeus de falar contra o lugar de adoração, certamente baseado nas palavras de Cristo à mulher samaritana, e a lei de Moisés, tanto uma como a outra, era ainda observada pela tendência judaica da igreja. Ora, se houve controvérsias quanto ao lugar de adoração, não haveria quanto ao dia? Claro que sim! Conquanto Paulo não questionava os seus irmãos judeus-cristão por ainda viverem como judeus, por outro lado não admitia que práticas do judaísmo fossem postas sobre os gentios (Atos 15.10; Gálatas 2.14).
A propósito, a revista da Escola Sabatina, de 1o trimestre de 1980, p.19, afirma:
“O NT não dá nenhuma indicação que se tenha pedido aos judeus que abandonassem imediatamente a prática da circuncisão ou que ignorassem as festividades judaicas”.
Havia três fatores principais que caracterizavam a fé judaica: a circuncisão, o sábado, e as leis dietéticas. Escritores pagãos como Sêneca, Pérsio, Marcial, Juvenal criticavam e ridicularizavam o dia de descanso semanal dos judeus asseverando que era uma parte preciosa do tempo jogado fora. Não diz Sêneca, irmão de Galião (Atos 18:15): “Os costumes desta nação muito criminosa (sceleritissimae gentis) se difundiram tanto que atualmente são aceitos em todas as nações…” (citado por Sto. Agostinho em ‘Cidade de Deus’, VI 11)?. Desde que estas eram a herança dos judeus e cristãos-judeus, nós não deveríamos nos surpreender por achar que Paulo não tivesse conflitos sobre a circuncisão (Gal. 5:2-3; Fl. 3:2-3), e o sábado (Rom. 14:5-6; Gal. 4:10; Col. 2:16-23; e Tim. 4:1-5) onde quer que os judaizantes tivessem penetrado com suas doutrinas. Dado a situação histórica precedente, é difícil não admitir que as escrituras seguintes não estejam se referindo sobre este conflito com respeito ao dia do sábado, veja:
“Quem és tu, que julgas o servo alheio? Para seu próprio senhor ele está em pé ou cai; mas estará firme, porque poderoso é o Senhor para o firmar. Um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja inteiramente convicto em sua própria mente.Aquele que faz caso do dia, para o Senhor o faz. E quem come, para o Senhor come, porque dá graças a Deus; e quem não come, para o Senhor não come, e dá graças a Deus.” (Rm. 14:4-6)
“agora, porém, que já conheceis a Deus, ou, melhor, sendo conhecidos por Deus, como tornais outra vez a esses rudimentos fracos e pobres, aos quais de novo quereis servir?Guardais dias,(sábado) e meses (lua nova), e tempos, e anos (festas) .Temo a vosso respeito não haja eu trabalhado em vão entre vós.” (Gl. 4:9-11)
“Ninguém, pois, vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa de dias de festa (anos), ou de lua nova (meses), ou de sábados (dias), que são sombras das coisas vindouras; mas o corpo é de Cristo.” (Col. 2:16,17)
Sim, Paulo e posteriormente a igreja gentia sempre tiveram conflitos a respeito do Sábado e da circuncisão. Portanto, está completamente errado o nosso amigo sabatista quando nega ignorantemente este detalhe importante.
Quanto ao caso de Lucas, é irrelevante nesta questão. Não se esqueça que Lucas relata os fatos dentro do contexto de cada época. “O livro mostra a transição entre o sistema antigo e o novo. Á medida que se formava a nova comunidade de cristãos, havia judeus que professavam uma fé genuína em Cristo, mas não possuíam conhecimento suficiente acerca do Caminho. Havia outros que se converteram mediante a pregação de João, o batista, mas que eram ignorantes quanto à fé em Jesus Cristo. Cada passagem do livro de Atos precisa ser interpretado levando em consideração os diferentes tipos de pessoas alcançadas pelo evangelho”.(‘Novo Testamento – formação e mensagem’, CETC pág. 69) É irrelevante o motivo alegado de que Lucas escreveu isto 30 anos depois da ressurreição. Poderia ter sido 50,80 ou 100, isto não muda em nada o fato.
Deve-se ter presente que o Sábado em que as mulheres descansaram, gostando ou não os adventistas, foi antes da ressurreição de Jesus. Se o fato de tiver Lucas relatado o evento alguns anos mais tarde, não invalida o argumento, pois, estas mesmas mulheres judias estavam observando a Festa de Pentecostes (At.1:14; 2:1). Uma festa judaica, que nem mesmo os ASD observam. Um exemplo: Quando Pedro voltou da casa de Cornélio foi repreendido pelos seus colegas por ter entrado em casa de incircuncisos e ter comido com eles (At.11:3). Se os apóstolos ainda não percebiam que a circuncisão não tinha nenhum valor (Gl.5:2), como esperar que as mulheres viessem entender mais cedo que o Sábado era parte integrante do Antigo Concerto anulado na Cruz? (Cl.2:14; IICor.3:6-14).
Citaremos novamente aqui o depoimento da revista adventista à poucas linhas atrás:
“O NT não dá nenhuma indicação que se tenha pedido aos judeus que abandonassem imediatamente a prática da circuncisão ou que ignorassem as festividades judaicas”.
Concordamos plenamente que os discípulos mantiveram o sábado de acordo com a lei. Mas o que isso prova de fato? Absolutamente nada. Os discípulos ainda não entendiam as mudanças na Nova Aliança. Veja:
1. Os discípulos ainda não entendiam que todas as coisas da lei haviam sido abolidas!!!
2. Eles não compreendiam sua morte: Mt 16:21-22
3. Eles não compreendiam sua crucificação: Lc. 18:31-34
4. Eles não compreendiam sua ressurreição: Jo. 20:9
5. Eles não compreendiam sua segunda vinda: Jo. 13:36-37
6. Eles não compreendiam sua ascensão ao céu: Jo. 14:2-5
Ademais, a importância do dia não está relacionada a nomes, mas ao evento que ele traz.
As reuniões de Paulo nas sinagogas não provam absolutamente nada. Se ele o fez, fê-lo para evangelizar os judeus. Os evangélicos aproveitam o dia de sábado também para realizarem cultos a Deus, mas não se pode tirar daí a afoita conclusão de que nós guardamos o sábado!
Para escaparem desta verdade incontestável os adventistas apelam para Atos 16:13. Acreditam que o episódio alí descrito é prova incontestável de que Paulo guardou o sábado com os gentios, sem a participação de judeus. Mais uma vez vamos citar aqui o escritor Arnaldo Christianini comentando a passagem em apreço: Diz ele textualmente que [Pitrowsky] omitiu “deliberadamente muitos textos importantes, alguns dos mais fortes e conclusivos em favor da verdade que pregamos.” (Subtilezas do Erro pág. 277 ed. CPB) (ênfase no original).
Um dos textos que ele julgou ser um dos mais “fortes e conclusivos”, supostamente omitido foi exatamente Atos 16.13. Pelo visto, esta perícope era extremamente importante a ponto de pô-la como cabeça da lista! Vejamos o álibi usado:
“Não cabe a alegação surrada de que Paulo ia às sinagogas para agradar os judeus, porque aqui estava em território macedônico, não entrou em sinagoga, mas saiu da cidade e foi a um lugar tranqüilo realizar…o culto de adoração a Deus.” (ibdem)
Esta argumentação tem um quê de sofisma misturado com ignorância. Deixe-me explicar o porquê. O texto reza da seguinte maneira: “No sábado saímos portas afora para a beira do rio, onde julgávamos haver um lugar de oração e, sentados, falávamos às mulheres ali reunidas. E certa mulher chamada Lídia, vendedora de púrpura, da cidade de Tiatira, e que temia a Deus, nos escutava e o Senhor lhe abriu o coração para atender às coisas que Paulo dizia” (Atos 16.13-14)
Certo renomado comentário discorrendo sobre essa passagem diz: “Parece que não havia sinagoga em Filipos, presumivelmente devido à falta do mínimo requerido de dez homens; contudo dirigiram-se à margem do rio Gangites, onde se costumava fazer oração, e falaram às mulheres que ali estavam reunidas”. (CNT)
É interessante notar que o propósito de Paulo ainda estava de pé, isto é, pregar primeiro aos judeus, prosélitos ou simpatizantes. Não havendo sinagoga pelo motivo acima exposto, Paulo, procurou um lugar onde os judeus se reuniam, encontrou ali uma mulher gentia, mas que fazia parte dos “tementes a Deus”. É importante ressaltar esse termo “temente a Deus” pois ajuda a esclarecer toda a questão. Esse vocábulo denota aqueles que eram simpatizantes do judaísmo e que estavam se preparando para serem prosélitos, portanto, observadores do sábado. Para os homens ingressarem no judaísmo tinham de passar primeiro pelo ritual da circuncisão, mas o mesmo não se dava com as mulheres, essas recebiam apenas um banho cerimonial, um tipo de batismo.
Quanto a isto diz o já citado “Comentário Bíblico Pentecostal:
“Pelo fato de não haver sinagoga, os poucos judeus da região se reúnem para adoração “fora das portas” (v.13).”
E prossegue dizendo, “No primeiro sábado depois de chegarem à cidade, eles visitam um lugar de oração fora da cidade. Eles provavelmente devem ter sabido que algumas mulheres iam a esse lugar perto do rio para adorar todo o sétimo dia”
Quanto à Lídia diz: “Lídia é adoradora devota do Deus de Israel…Visto que Filipos não tem sinagoga, ela observa o sábado como dia santo em oração à margem do rio.” (Comentário Bíblico Pentecostal – Novo Testamento pág. 719 ed. CPAD 1 ed. Vários autores)
Mais uma vez cai por terra os argumentos sôfregos baseados na errônea compreensão que Paulo e a igreja neotestamentaria guardaram o sábado.
(2) Jesus Não Fez Qualquer Tentativa de Instituir um Memorial de Sua Ressurreição. Se Jesus desejasse que o dia de Sua ressurreição se tornasse um dia memorial e de culto, Ele teria Se aproveitado do dia de Sua ressurreição para estabelecer tal memorial. É importante observar que as instituições divinas como o sábado, batismo, Santa Ceia, todas remontam sua origem a um ato divino que os estabeleceu. Mas sobre o dia de Sua ressurreição Cristo não realizou qualquer ato para instituir um memorial sobre o excepcional evento.
Resposta:
Novamente as conjecturas é a base que fornecem as conclusões de nosso oponente. Expressões tais como “se Jesus desejasse” “Ele teria” “se Ele quisesse” são apenas especulações que não vem ao caso. Nós estamos lidando com fatos mesmo que estes não venham expressos de forma direta. A propósito certo adventista tentando defender a suposta distinção de leis na Bíblia dispara: “Perguntam: ‘Onde, na Bíblia está escrito Lei moral e lei cerimonial’? Ora, o que se procuram – termos ou fatos?” (‘Conhecereis a Verdade’ p. 30 – Balbachi). (ênfase nossa)
Partindo do mesmo ponto de vista é lógico e válido levantar a mesmíssima objeção quanto a guarda do sábado em Gênesis. É interessante notar que não há nenhum mandamento normativo que indique textualmente a qualquer pessoa antes de Êxodo 16 guardar o sábado. Apesar disso, temos inúmeras outras coisas da lei em que os patriarcas foram instruídos:
1. Ofertas: Gen 4:3-4;
2. Altares: Gen 8:20;
3. Sacerdotes: Gen 14:18;
4. Dízimos: Gen 14:20;
5. Circuncisão: Gen 17:10;
6. Matrimônio: Gen 2:24 e Gen 34:9;
7. Por que Deus omitiria justamente o “Sábado” sendo que era um mandamento tão importante? Estranho não?!
As seguintes considerações nos levam a inevitável conclusão que de duas, uma: ou Balcchiocchi e seu admirador, não lêem direito a Bíblia, ou então, fazem essa exegese tortuosa com o propósito de enganar os mais incautos. Saem ainda com o seguinte disparate: “Mas sobre o dia de Sua ressurreição Cristo não realizou qualquer ato para instituir um memorial sobre o excepcional evento.”
Será que a Bíblia dessas pessoas veio com defeito de gráfica, ou mutilaram de propósito as páginas que falam dos eventos da ressurreição ligados ao domingo? A despeito disso, há incontestáveis provas que faz do domingo um dia especial em memorial à ressurreição. Isso já foi explicado em parte no primeiro tópico, todavia, nunca é de mais reforçá-lo aqui. Não sabemos por que cargas d’agua insurgem com essa de que Cristo não realizou qualquer ato! A ressurreição em si já é suficiente para tal. Cristo não precisava falar nada, decretar nada, isso já estava implícito no coração de sua igreja. Será que no dia do aniversário de casamento dessas pessoas elas porventura retiram de seus cofres algum documento escrito e assinado com registro em cartório lembrando-lhes que todos anos eles precisam comemorar esta data? Ou o ato em si já se encarrega de tal? O ato de um acontecimento solene se impõe por si mesmo, não precisa de normas explícitas escritas nas tábuas de pedra. No Novo Concerto ocupamo-nos com os fatos que são escritos pelo Espírito nas tábuas de carne do coração. Veja a importância dos acontecimentos e como eles são poderosas motrizes para inaugurar um memorial mesmo não havendo norma divina expressa. Ora, todos sabem que havia três festas principais judaicas que comemoravam eventos ligados à história de Israel, a saber: a páscoa, os pães asmos e das colheitas. Mas os judeus resolveram mesmo sem ordem divina acrescentar às suas festividades instituídas por Deus e entregues por Moisés, mais duas, a do Purim, que comemorava a vitória do povo judeu contra as conspirações de Hamã, e a festa da dedicação do templo, instituída por Judas Macabeu, que o próprio Jesus fez questão em comparecer (João 10). Por aí, percebe-se a importância dos eventos que os tornam com toda a justiça, memoriais de importantes acontecimentos. Festas foram dedicadas e comemoradas mesmo Deus não as tendo instituído como é o caso acima. Ademais, como já dissemos: não seria o domingo um daqueles mandamentos aludidos em Atos 1.2?
Tanto a Ressurreição como a Morte de Cristo são eventos igualmente importantes, fundamentais para a fé cristã. Ambos poderiam merecer um dia especial comemorativo. Se a Ressurreição devesse ser celebrada regularmente num dia especial dada a sua importância, por que não a morte do Salvador? Então, temos dois acontecimentos exponenciais para o cristão–a morte e a ressurreição de Cristo. Qual mereceria um dia memorial? Possivelmente ambos, mas as Escrituras não estabelecem isto, nada fica implícito que houve alteração no texto da lei divina por causa de qualquer desses eventos.
Parece que nosso oponente faz vistas grossas às doutrinas mais basilares do cristianismo. É interessante notar que a Bíblia não diz, apesar de haver até mesmo profecia a respeito, nada sobre o dia do nascimento de Jesus. Este também é um evento muito importante para os cristãos. Existem várias profecias a respeito desse evento, mas o silêncio das Escrituras é sepulcral. Não menos importante é seu primeiro milagre, mas essa mesma Bíblia nem de longe menciona a data que se deu tal evento; como não fala o dia de sua circuncisão e batismo ou outros eventos destacados na vida do Mestre. Mas quando voltamos nossa atenção para os evangelhos vemos que os escritores não deixam passar em branco o dia da ressurreição. O primeiro dia da semana é apontado constantemente pelos escritores. Certamente que a morte de Jesus é muito importante, mas considere por um instante o que disse Paulo sobre a ressurreição: “E, se Cristo não ressuscitou, logo é vã a nossa pregação, e também é vã a vossa fé.” (I Co. 15.14)
Se Cristo houvesse apenas morrido por nossos pecados, a obra de redenção estaria incompleta. Jesus seria apenas um mártir como muitos outros. Mas a ressurreição é que faz a diferença, e ressalta-se novamente que ela aconteceu no primeiro dia da semana. Como alguém ainda tem a coragem de dizer que este dia não é importante para a Igreja? Só mesmo levado por um preconceito doentio contra o domingo alguém teria coragem de levar a cabo tal pensamento. Não é apenas o fato da ressurreição de modo isolado, mas uma série de fatores em conjunto, dos quais a ressurreição é o eixo principal, que confere caráter memorial ao dia. Mais uma vez, o escritor desse lamentável questionário dispara suas setas flamejantes na direção errada. Quem disse que não houve alteração na lei divina com a morte de Cristo e sua ressurreição? Paulo deixa clara essa questão de uma vez por todas quando diz que o sábado era sombra de bens futuros (CL. 2.16). Tendo em vista que o NT só menciona as sombras para dizer que ela passou, concluímos, portanto, que o sábado com todo seu caráter religioso judaico findou na cruz para o cristão.
Observe o que diz certo teólogo batista:
“Está claro, no entanto, que o aspecto permanente da lei é o ético, e não o cerimonial…Assim, ele pode recomendar os entolai theou aos gentios, e ainda rejeitar inflexivelmente os entolai cerimoniais, tais como a circuncisão, a comida, as festas, e até a guarda do sábado (Col. 2.16), pois estes são nada mais que uma sombra da realidade que chegou com Cristo.” (Teologia Sistemática – George Eldon Ladd pág. 473-474 ed. Juerp 2ª edição)
O espírito da lei de descanso é observada no primeiro dia da semana em memorial à ressurreição de Cristo.
Quanto a este último aspecto diz a volumosa obra de Charles Hodge :
“O mandamento em sua essência continua em vigor; as leis mosaicas relativas ao modo de sua observância foram superadas juntamente com a economia a que pertenciam.” (Teologia Sistemática, pág. 1273 – Charles Hodge ed. Hagnos 1ª edição)
Se Jesus desejasse memorializar o dia de Sua ressurreição, muito provavelmente teria dito às mulheres e discípulos quando ressurgiu: “Vinde à parte e celebremos Minha Ressurreição!” Em vez disso Ele disse às mulheres: “Ide avisar a meus irmãos que se dirijam à Galiléia” (Mat. 28:10) e aos discípulos: “Ide . . . fazei discípulos . . . batizando-os” (Mat. 28:19). Nenhuma dessas declarações do Salvador ressurreto revela intenção de memorializar Sua Ressurreição por tornar o domingo o novo dia de descanso e culto.
Se Jesus teria falado ou não é outra história! O caso é que o dia de domingo foi celebrado pela igreja primitiva, e exemplos disso temos à saciedade.
Bem, creio que o argumento que Christianini desenvolveu pode falar bem alto por nós aqui: “Mas o oponente só aceita que Abraão tenha guardado a lei divina sumariada nos dez mandamentos, se o texto estivesse assim: ‘Abraão guardou a Minha lei dos Dez Mandamentos.Nossa incredulidade não exige isto; humildemente cremos no que está implícito no texto, e aceitamos o que ele quer dizer”
Seria esse argumento também válido como resposta às especulações acima ou só vale quanto ao sábado? Se a resposta for positiva, então está neutralizada de uma vez por todas estas especulações. Caso for negativa, fica evidente a imparcialidade com que os teólogos adventistas lidam com os fatos.
A razão é que nosso Salvador desejava que Seus seguidores vissem Sua ressurreição como uma realidade existencial a ser experimentada diariamente pelo viver vitorioso mediante o poder de Sua ressurreição, antes que por um evento litúrgico/religioso a ser celebrado no domingo. Paulo expressa a esperança de “conhecê-lo e o poder de Sua ressurreição” (Fil. 3:10), mas ele nunca menciona o seu desejo de celebrar a Ressurreição no domingo semanal ou no domingo de Páscoa.
Sim, a ressurreição de Cristo era para ser vivida assim como sua morte. Mas isto nem de longe é objeção real contra a observância do domingo em memória à ressurreição de Cristo. A igreja primitiva desde cedo começou a celebrar a santa ceia e fazer coletas no primeiro dia da semana (Atos 20.7; I Co. 16.2). Isto prova que o dia já era dia de reunião da igreja. E por que no primeiro dia? Justamente porque esse foi o dia em que Cristo ressuscitou dos mortos. Preste atenção: a morte e a ressurreição de Cristo também servia ao mesmo propósito espiritual, mas, no entanto, Jesus instituiu um ritual para memorial desses eventos – o batismo. O sábado era um memorial israelita também para ser vivenciado, primeiro como um descanso espiritual em Javé, mas, no entanto, embora fosse assim, Deus instituiu como um dia de descanso para os judeus. Não vejo onde ele quer chegar com essa insinuação. É irrelevante!
Para finalizar este tópico volto a relembrar que não é pela aparente ausência de um mandamento explícito entre o dia e a ressurreição que prova necessariamente que não havia um elo criado entre a igreja apostólica do primeiro século e o dia litúrgico dominical. Apesar do argumento ser a primeira vista impressionante, ainda assim não tem nenhum impacto real sobre os fatos.
Uma prova que no final não prova nada!
(3) O Domingo Nunca é Chamado de “Dia da Ressurreição”. O domingo nunca é chamado no Novo Testamento de “Dia da Ressurreição”. É repetidamente designado de “primeiro dia da semana”. As referências ao domingo como dia da ressurreição primeiro aparecem na primeira parte do quarto século, especificamente nos escritos de Eusébio da Cesaréia. Por esse tempo o domingo havia se tornado associado com a Ressureição e conseqüentemente foi referido como “Dia da Ressurreição”. Mas este fato histórico ocorreu vários séculos após o começo do cristianismo.
Resposta:
Eu não posso acreditar que alguém com o gabarito de Balcchiocchi possa dizer tamanhas asneiras como essas acima. Como alguém que se ufana em ser Phd e de ser o primeiro não católico a receber do papa (a besta do Apocalipse de acordo com a teologia adventista) uma medalha por ter concluído seu doutorado numa dissertação que segundo eles é a palavra final sobre a polêmica – sábado X domingo? Qualquer um pode perceber as fraquezas da tese de Balcchiocchi. De duas, uma: ou ele está omitindo fatos históricos relevantes de modo proposital, ou então seus 4 anos de pesquisa na Pontifícia Universidade Católica não foram lá grande coisa!
De modo geral ele comete pelo menos dois erros graves de caráter bíblico e histórico. Ele diz que o domingo nunca é chamado na Bíblia de “Dia da Ressurreição”. Devo admitir que neste pormenor ele está certo. Mas isto é pouco relevante. O que estamos procurando são fatos e não nomes. Tampouco a Bíblia chama Deus de Trindade. E daí? Isso anularia porventura essa doutrina? Também Deus não é chamado de onisciente e onipotente. O que buscaríamos fatos ou nomes para provar essas doutrinas? O mesmo ocorre com o domingo.
A razão porque os escritores chamaram sempre o domingo de “primeiro dia da semana” tem suas razões na própria doutrina da ressurreição. Deixe-me explicar:
Os evangelistas sem exceção preocuparam em ressaltar a expressão “primeiro dia” naquele contexto, como argumento da veracidade das palavras de Jesus de que em 3 dias levantaria o templo do seu corpo. Consequentemente eles foram coerentes em dar os nomes desses três dias como eram conhecidos pelos judeus; qual seja, dia da “preparação”, (sexta-feira) dia de “Sábado” e “primeiro dia da semana”.
A cronologia de Jesus era um dos sinais que apontava para sua ressurreição (Mt 12.40); tanto é assim que os judeus lembraram-se disso (Mt 27.63) e pediram para colocar guardas na porta do túmulo caso os discípulos quisessem roubar o corpo a fim de provar que Jesus havia ressuscitado. Todos eles então ressaltaram em seus escritos a locução “primeiro dia da semana”, lembrando sempre que este primeiro dia era o terceiro desde a crucificação, prova cabal de que Jesus realmente havia ressuscitado. Esta expressão parece ressaltar mais motivos apologéticos que litúrgicos, mas isto não quer dizer que o domingo continuou sendo um dia comum para os cristãos. Na verdade aconteceu o contrário, doravante o costume da igreja foi sempre se reunir aos domingos inclusive para a santa ceia e coletas. No final do século João já chama o domingo de “Dia do Senhor”.
Esta norma rompeu o primeiro século já como costume estabelecido entre as igrejas cristãs de então. Esse costume ao contrário do que diz Balcchiocchi, não se firmou no 4º século, mas começou no primeiro, vemos o mesmo costume no segundo, terceiro, quarto e assim por diante.
No primeiro século a ressurreição aconteceu no primeiro dia da semana, é impossível alguém desassociar o domingo da ressurreição, como é impossível alguém desassociar a morte Dele da sexta-feira, com exceção dos Adventistas da Promessa. Mas negar essa verdade histórica é fazer vistas grossas a fatos evidentes.
O que acontece é que alguns escritores cristãos gregos no século IV introduziram este nome para tornar explícito aquilo que já estava implícito na liturgia da igreja. Por exemplo, a doutrina da Trindade já existia muito antes de aparecer a Igreja Católica. O termo foi cunhado já no início do II século em sua forma grega, primeiramente por Teófilo; e em sua forma latina, por Tertuliano. Isto não quer dizer que a liturgia de adoração da igreja antes disso não se dirigia para o Deus Triúno como alegam as Testemunhas de Jeová. Algo análogo aconteceu quanto ao Domingo.
Passaremos agora a uma singela lista de escritos anteriores ao 4º século, que provam, sem sombra de dúvidas, que o domingo e sua observância sempre esteve ligado á ressurreição de Cristo. Era por este motivo que os cristãos primitivos observavam o domingo, não havia outro. Que outro fato tão importante aconteceu neste dia a não ser a ressurreição de Cristo e suas decorrências espirituais para a Igreja?
Por isso muito cedo os primeiros cristãos já associavam o evento da ressurreição com o domingo. Vejamos alguns depoimentos abaixo bem antes do século IV.
1. Inácio – (ano 107 d.C) “Deve todo amigo de Cristo observar o Dia do Senhor como festa, o dia da ressurreição, a rainha e comandante de todos os dias” (carta aos magnésios cap. IX)
2. Barnabé – (ano 125 d.C) “Eis por que celebramos como festa alegre o oitavo dia, no qual Jesus ressuscitou dos mortos e, depois de se manifestar, subiu aos céus” (cap. 15)
3. Justino, o Mártir – (ano 160) “Mas o domingo é o dia em que todos temos nossa reunião comum, porque é o primeiro dia da semana, e Jesus cristo, nosso Salvador, neste mesmo dia ressuscitou da morte” (Apologia cap. 68)
4. O Ensino dos Apóstolos – ( ano 165 d.C) “Os apóstolos determinaram, ainda: no primeiro dia da semana deve haver culto, com leitura das Escrituras Sagradas, e a oblação. Isso porque mo primeiro dia da semana o Senhor nosso ressuscitou”
5. Clemente de Alexandria – (Ano 194 d.C) “Ele cumprindo o preceito conforme o evangelho, guarda o Dia do Senhor, quando abandona uma disposição má e assume aquela do gnóstico, glorificando em si a ressurreição do Senhor” (Livro 7 cap. 12)
6. Constituição Apostólica – (ano 250 d.C) “No dia da ressurreição do nosso Senhor, que é o dia do Senhor, reuni-vos mais diligentemente” (Livro 2 sec. 7)
7. Anatólio bispo de Laudicéia – (ano 270 d.C) “A nossa consideração pela ressurreição do Senhor que se deu no dia do Senhor, leva-nos a celebrá-lo.” (cap.10)
8. Pedro, bispo de Alexandria – (ano 306) “Mas o dia do Senhor nós celebramos como um dia de alegria, porque nele ele ressuscitou.” (cânon 15)
Para complementar esse ponto invocaremos a palavra de um eminente vulto da teologia protestante:
“Deve-se lembrar, contudo, que o objetivo específico do sábado cristão é a comemoração da ressurreição de Jesus Cristo dentre os mortos. Todos os exercícios do dia, portanto, devem ter referencia especial a ele e ä sua obra redentora. É o dia em que ele deve ser adorado, reconhecido e louvado…É portanto um dia de alegria.”(Teologia Sistemática, pág. 1273 – Charles Hodge – ed. Hagnos 1ª edição)
Vimos em todos estes testemunhos que o motivo para a observância do domingo é sempre a ressurreição.
Por isso em algumas línguas esse dia até recebeu o nome não de “domingo”, mas de “dia da ressurreição”, Por exemplo, entre os gregos bizantinos o domingo é chamado “anastasimós”. Na língua russa é chamado de “vosskresenije”. Na língua basca, é chamado preferentemente de “igandea”. São todos nomes que significam a mesma coisa: “ressurreição”.
Então como se atrevem a dizer sofismaticamente que, “As referências ao domingo como dia da ressurreição primeiro aparecem na primeira parte do quarto século” ?
Isto é fazer vistas grossas aos testemunhos disponíveis na história. É querer deturpar a história em causa própria!
(4) O Domingo-Ressurreição Pressupõe Trabalho, Não Repouso ou Adoração. O domingo-Ressurreição pressupõe trabalho, antes que descanso e culto, porque não assinala o término do ministério terreno de Cristo, que findou numa sexta-feira à tarde quando o Salvador declarou: “Está consumado” (João 19:30), e daí descansou na tumba segundo o mandamento. Em vez disso, a Ressurreição assinala o início do novo ministério intercessório de Cristo (Atos 1:8; 2:33), o qual, à semelhança do primeiro dia da criação, pressupõe trabalho, e não descanso.
Resposta:
É Certo que o domingo no início do cristianismo não era um dia de descanso devido a vários fatores. Um deles tem a ver com a escravidão. Havia muitos escravos cristãos no império romano e estes não tinham direito a dias de descanso. Isso só foi resolvido com o edito de Constantino em 321 e seu descanso dominical. Este é um dos pontos levantado pelo estudioso Prof. Willy Rordorf, em sua obra “Sunday: The History of the Day of Rest and Worship in the Earliest Centuries of the Christian Church” (Domingo: A História do Dia de Repouso e Culto nos Primeiros Séculos da Igreja Cristã), publicada em 1968.
Contudo no livro intitulado “This is the Day: The Biblical Doctrine of the Christian Sunday” (Este é o Dia: A Doutrina Bíblica do Domingo Cristão) de dois estudiosos protestantes, R. Bedkwith e W. Stott, Rordorf é criticado por minimizar a importância do domingo durante os três primeiros séculos da era cristã. Repassando as mesmas provas, os autores chegam a conclusões diferentes. Seria impossível sintetizar aqui os seus argumentos, mas é preciso dizer que é o resultado de um raciocínio minucioso, e parecem reabrir toda a discussão da questão da observância do domingo no período pré-constantiniano. Concluem que no período em questão a igreja considerava o domingo como um dia de festa de guarda, um dia santo de descanso durante o qual as tarefas comuns eram deixadas de lado. Segundo os autores o dia inteiro, e não apenas o tempo dedicado ao culto, era destacado como um dia santo e de repouso dedicado ao Senhor. Seja como for, temos provas que já no II século, Tertuliano, conclamava aos cristãos a se absterem do trabalho servil no Dia do Senhor:
“Somente no dia da ressurreição do Senhor deviam [os cristãos] guardar-se não apenas contra o ajoelhar-se, mas contra todos os gostos de serviço de solicitude, adiando mesmo nossas ocupações para não darmos qualquer lugar ao maligno.”
Alega-se o fato de que a ressurreição implica em trabalho devido à obra intercessória de Cristo. Ora, não vejo onde isto prejudica realmente a observância do domingo. Como já dissemos em linhas acima, o domingo não está equiparado nos moldes judaicos. É antes de tudo um dia de comunhão, adoração, regozijo e culto. Este é o aspecto primordial do domingo sem, contudo, menosprezar seu caráter de descanso. Outra, com a ressurreição a obra de salvação estava completada. Sendo assim, o domingo não se equipara ao primeiro dia da criação, mas ao último onde Deus literalmente “cessou” a sua obra criativa. O domingo lembra o término de uma segunda criação. Observe como certo vulto da teologia coloca esta questão:
“Então o sábado cristão é o dia da ressurreição de Cristo. O sábado judaico comemorava só o começo do mundo; o sábado cristão comemora também a nova criação do mundo em Cristo em que a obra de Deus na humanidade pela primeira vez tornou-se completa” (Teologia Sistemática, pág. 601 – Augustus Hopkins Strong [intelectual, filósofo e teólogo] – ed. Hagnos 1 edição)
E se o sábado judaico destinado a adoração e culto foi apenas uma “sombra”, que por sinal já passou, é justo que o domingo ocupe não só o caráter de um dia de adoração, mas também até mesmo o sentido de descanso passe para o primeiro dia da semana.
Veja a opinião de Calvino sobre isso: “Ora, como na ressurreição do Senhor esteja, o fim e cumprimento daquele verdadeiro descanso que o antigo sábado adumbrava, os cristãos são advertidos pelo próprio dia que pôs termo ás sombras a se não apegarem ao cerimonial obumbrante.” (Institutas da Religião Cristã – Calvino – vol. II livro 2 cap. VIII p. 33 – ed. CEP)
Se explorarmos honestamente os fatos como levantados por nossos antagonistas, poderia, pelos mesmos motivos, transportar a mesma objeção em relação ao sábado. Jesus mesmo confessou que Ele e seu Pai estavam trabalhando no dia de descanso sagrado judaico, veja:
“Por isso os judeus perseguiram a Jesus, porque fazia estas coisas no sábado. Mas Jesus lhes respondeu: Meu Pai trabalha até agora, e eu trabalho também. Por isso, pois, os judeus ainda mais procuravam matá-lo, porque não só violava o sábado, mas também dizia que Deus era seu próprio Pai, fazendo-se igual a Deus.” (João 5.16-18)
Este texto é nítido em mostrar que o próprio Deus que deu o sábado aos judeus trabalhava nele. Ora, se Jeová trabalhava aos sábados e mesmo assim os adventistas ainda o observam como dia de descanso, por que levantar supostas dificuldades em relação ao domingo?
De várias maneiras, a Bíblia apresenta Deus trabalhando. Além de criar e fazer, ele está realizando e causando as operações da natureza. Ele a sustenta (Hb. 1.3), conserva (Cl. 1.17), faz existir (Ap. 4.11), produz vida nela (Sl. 104.10,14,20,28).
Talvez, pode-se apelar para Gênesis 2.3 a fim de provar que Deus descansou nele, mas quem pode realmente afirmar que os dias criativos de Gênesis são dias de 24 horas? E irei mais longe: quem pode provar que o sétimo dia em questão é um dia com um ciclo fechado? É digno de nota que ele não traz a expressão costumeira da seqüência “e houve tarde e manhã [o dia sétimo]”. De modo que se pode considerar aquele dia como um dia aberto. Quanto a isto veja o que certo teólogo batista disse a respeito:
“… devemos pensar nos seis dias como sendo seis longos períodos ou como seis dias literalmente? Sheed diz, falando de modo geral: ” A exegese patrística e medieval os dá como longos períodos e não dias de 24 horas. Essa última interpretação tem prevalecido apenas na igreja moderna” Op. Cit., I, 475″
(Palestras em Teologia Sistemática, Henry Clarence Thiessen – pág. 110 ed. Imprensa Batista Regular)
Ademais, é inconcebível que Deus descansaria somente uma vez durante 24 horas e depois nunca mais! Se Deus descansou de fato naquele dia literal é óbvio que ele seguiria até ao dia de hoje, mas nada nas Escrituras indicam tal coisa. Na verdade, como já mostramos Deus, está trabalhando todos os dias da semana. Isso, contudo, longe está de ser objeção para a guarda do sábado em relação aos adventistas. Para sermos coerentes, devemos admitir igualmente que o fato de Jesus fazer uma obra espiritual de intercessão não desqualifica o caráter do domingo.
(5) A Ceia do Senhor Não Foi Celebrada no Domingo em Honra da Ressurreição. Historicamente sabemos que os cristãos não podiam celebrar a Ceia do Senhor numa base regular aos domingos à noite porque tais reuniões eram proibidas pela lei romana da hetariae–uma lei que proibia todos os tipos de refeições comunitárias à noite. O governo romano temia que tais reuniões noturnas se tornassem ocasiões para tramas políticas.
Ao contrário disto, Lucas demonstra que o Cristianismo emergente não significou uma ameaça a autoridade alguma constituída. Em várias províncias do Império Romano, os oficiais reconheciam a legalidade do evangelho (At.13.7-12;16.37-39;18.12-17;19.31;23.29;25.12-25;26.30-32). Os militares ficavam impressionados com o evangelho (At. 10). Paulo recebeu autorização para pregar sem impedimento algum, em Roma, sede do Império (At. 24.23;28.16,30,31). Mesmo a primeira perseguição sob o comando de Nero foi motivada não contra a fé dos cristãos, mas para despistar o crime do imperador que pôs fogo em Roma e acusou os cristãos. É claro que houve um decreto a este respeito, mas tempos depois e mesmo assim como veremos muitas vezes não era obedecido pelos cristãos.
Eis alguns depoimentos históricos que jogam mais luz na questão:
Alguns colocam a Didaquê numa data bem recuada como escrito entre 60 e 90 d.C. Outros já acham que fora redigido entre os anos 90-100 Na Síria ou na Palestina. Seja como for, este antigo documento cristão dá indícios de que a ceia era associada ao domingo e este à ressurreição. Vejamos
“Reúna-se no dia do Senhor para partir o pão e agradecer após ter confessado seus pecados, para que o sacrifício seja puro.” (Didaquê cap.14)
Transcrevemos a seguir a carta de Caio Plínio Segundo (Plínio o moço), governador da Bitínia entre 111 e 113, enviada a Trajano, imperador de Roma entre 98 e 117 d.C, solicitando instruções de como proceder perante as denúncias contra os cristãos. A epístola, escrita por volta de 112, foi extraída do “Epistolário de Plínio” 10,96. Eis o que diz Plínio sobre a vida religiosa dos cristãos naquele tempo:
“…a culpa deles, ou o erro, não passava do costume de se reunirem num dia fixo, antes do nascer do sol, para cantar um hino a Cristo como a um deus; de obrigarem-se, por juramento, a não cometer crimes, roubos, latrocínios e adultérios, a não faltar com a palavra dada e não negar um depósito exigido na justiça. Findos estes ritos, tinham o costume de se separarem e de se reunirem novamente para uma refeição comum e inocente, sendo que tinham renunciado à esta prática após a publicação de um edito teu onde, segundo as tuas ordens, se proibiam as associações secretas.”
É interessante notar que Plínio já no ano 112, portanto, apenas doze anos após a morte de João e cinco da de Inácio, já registrava nos anais de Roma que os cristãos se reuniam num dia fixo antes do nascer do sol, talvez em referência a Marcos 16.2, para adorar a Cristo como se fosse um Deus e celebrar a ceia.
Ressalta-se que este dia fixo só pode ser o domingo. Se não o fosse, Plínio, diria sem embaraço que era de fato num sábado. Nome este conhecido pelos romanos. Agora compare esse testemunho com o episódio de Atos 20.7.
“No primeiro dia da semana, tendo-nos reunido a fim de partir o pão, Paulo, que havia de sair no dia seguinte, falava com eles, e prolongou o seu discurso até a meia-noite.”
Este era o costume dos cristãos, se reunirem aos domingos para culto e partir o pão da santa ceia. E isto à noite!!!
Algumas décadas mais tarde (150) outro líder cristão viria declarar o mesmo costume encontrado em Atos 20.7, confirmado por Plínio e o Didaquê, vejamos o que diz Justino, o mártir:
“No dia que se chama do sol (domingo) há uma reunião de todos que moram nas cidades e vilas, lê-se um trecho das memórias dos Apóstolos e dos escritos dos profetas, tanto quanto o tempo permita. Termina a leitura, o presidente, num discurso, admoesta e exorta à obediência dessas nobres palavras. Depois disso, todos nos levantamos e fazemos uma oração comum. Finda a oração, como descrevemos antes, pão e vinho (suco de uva) e ação de graças por eles de acordo com a sua capacidade, e a congregação responde, Amém. Depois os elementos consagrados são distribuídos a cada um e todos participam deles, e são levados pelos diáconos às casas dos ausentes.”
Como vimos de acordo com todos esses testemunhos a ceia era celebrada regularmente com horários alternados, ora à noite, ora de dia, mas sempre aos domingos.
Certa obra teológica dá uma explicação plausível ao assunto ao dizer que “Nenhum indício de interrupção do trabalho aos domingos é achado antes de Tertuliano. Embora vários fatores, incluindo as Escrituras (Sl 92.2) , pudessem ter levado a uma programação de reuniões pela manhã e á noite, há uma explicação provável de que havia necessidade de reuniões em horários que não causassem conflitos com o dia de Trabalho.”
(Enciclopédia Histórico-Teológica da Igreja Cristã, vol. I editor Walter A Elwell – vários colaboradores – ed. Vida Nova pág. 462)
A fim de evitar as batidas da polícia romana, os cristãos alteravam regularmente o tempo e lugar da celebração da Ceia do Senhor. Finalmente, mudaram o serviço sagrado da noite para a manhã. Isso explica por que Paulo é tão específico quanto ao modo de celebrar a Santa Ceia, mas vago quanto à questão do tempo da assembléia. Notem que quatro vezes ele repete a mesma frase: “Quando vos reunis” (1 Cor. 11:18, 20, 33, 34). Esta linguagem deixa implícito tempo indefinido, mais provavelmente porque não havia um dia instituído para a celebração da Santa Ceia.
Se, como alguns eruditos pretendem, a Ceia do Senhor era celebrada no domingo à noite, como parte do culto do Dia do Senhor, Paulo dificilmente teria deixado de mencionar o caráter sagrado do tempo em que se reuniam. Isso teria fortalecido o seu apelo para uma atitude de mais reverência durante a participação na Ceia do Senhor. A falha de Paulo em mencionar o “domingo” como o tempo da reunião ou o uso do adjetivo “do Senhor-kuriakê” para caracterizar o dia como “dia do Senhor” (como ele fez com referência à Ceia do Senhor), demonstra que o apóstolo não atribuía qualquer significação religiosa ao domingo.
Agora eu quero que você me acompanhe neste ponto.
Jesus ordenou a sua igreja que comessem da ceia em memória Dele, até que voltasse.
“E tomando pão, e havendo dado graças, partiu-o e deu-lho, dizendo: Isto é o meu corpo, que é dado por vós; fazei isto em memória de mim.” (Lucas 22.19)
Paulo fala a mesma coisa em 1 Cor. 11:24, 25. Assim, fica confirmado que Deus ordenou que seus Filhos participassem da ceia. Mas isso não é tudo. Os cristãos não só são orientados a participarem da ceia, mas com uma condição – apenas quando se reunissem.
Veja a importância que os cristãos davam à comunhão em Hebreus 10.25:
“Não deixemos de congregar-nos como é costume de alguns; antes façamos admoestações e tanto mais quanto vedes que o dia se aproxima.”
Muitos interpretam esse “dia” como sendo um dia escatológico. No entanto, parece mais razoável supor que este dia se refira ao dia determinado para os cristãos se reunirem numa assembléia de adoração e culto. O dia vem associado intimamente com o termo congregar. Demais disso, a palavra para congregar no texto em tela é episunagoge que significa:
1) uma reunião em um lugar
2) assembléia (religiosa) (dos cristãos)
A palavra para dia é hemera com implicação de hora, que denota pelo menos:
1) certo tempo definido ou estação fixada pela lei natural e que retorna cada ano
1a) das estações do ano, primavera, verão, outono, inverno
2) as horas do dia (limitadas pelo erguer e pôr do sol), um dia
3) a décima segunda parte das horas do dia, uma hora, (as doze horas do dia são contadas do nascer até o pôr do sol)
4) qualquer tempo definido, momento.
Termo este derivado de hemai (descansar), semelhante a raiz de hedraios de um derivado de hezomai (sentar-se)
1) que está sentado, sedentário. Significando manso, i.e. dócil; (Léxico hebraico, aramaico e grego de Strong)
Sem sombra de dúvidas parece apontar para o dia em que os cristãos se reuniam na congregação e sentados escutavam docilmente a Palavra de Deus. Ainda mais sabendo que a epístola foi escrita para advertir os seus leitores cristãos contra a volta ao judaísmo, podemos deduzir que essa reunião era num dia diferente dos dias judaicos de adoração.
A locução “reunir-se em um local”, evoca evidentemente aquelas primeiras assembléias da igreja cristã. Relembramos então, algumas delas. A primeira foi no cenáculo:
“Chegada, pois, a tarde, naquele dia, o primeiro da semana, e estando os discípulos reunidos com as portas cerradas por medo dos judeus, chegou Jesus, pôs-se no meio e disse-lhes: Paz seja convosco.” (João 20.19-23)
Em outro domingo, designado pela expressão, oito dias depois, Jesus apareceu novamente ao mesmo grupo desta vez com Tomé no meio deles.
“Oito dias depois estavam os discípulos outra vez ali reunidos, e Tomé com eles. Chegou Jesus, estando as portas fechadas, pôs-se no meio deles e disse: Paz seja convosco.” (João 20.26)
Jesus poderia ter se revelado particularmente a Tomé, mas esperou a próxima reunião da Igreja para se apresentar no meio deles.
Não é de se estranhar que mais tarde João venha chamar este dia de “Dia do Senhor”.
Lucas menciona outra reunião desta vez pelo fato da ascensão, “Aqueles, pois, que se haviam reunido perguntavam-lhe, dizendo: Senhor, é nesse tempo que restauras o reino a Israel?” (Atos 1.6).
E por ocasião do pentecostes que caiu num domingo, e a descida do Espírito Santo, Lucas relata que “Ao cumprir-se o dia de Pentecostes, estavam todos reunidos no mesmo lugar.”(Atos 2.1)
A expressão “no mesmo lugar”, (epi to auto, in eodem loco) acabou se tornando quase um termo técnico para designar uma assembléia solene (conf. Justino, o Mártir em I Apologia 67).
David J. Williams em suas “Notas Adicionais” comenta:
“Reunindo-se os discípulos: É apalavra de uso genérico para qualquer reunião, mas como os crentes se reuniam principalmente para o culto, esse “reunindo-se os discípulos” ou sinaxys veio a tornar-se palavra técnica para “culto” (cp. 4.31; 11.26; 15.6,30; 1 Coríntios 5.4)”
(Novo Comentário Bíblico Contemporâneo -Atos – David J. Williams pág. 380,381 ed. Vida edição 1996 – “Notas Adicionais # 53)
Embora em Hebreus 10.25 haja um mandamento para os cristãos se reunirem num mesmo lugar, num dia fixo para congregar-se, o texto não diz explicitamente qual dia era este. Para sabermos, teremos de recorrer a outras passagens. Seja como for, fica evidente que há uma ordem expressa de Deus para os cristãos participarem da ceia. Esta refeição deveria se realizar quando eles se ajuntassem em reunião. Esta reunião teria de ser no mesmo lugar denotando com isso uma assembléia religiosa. Isto aparece de modo explícito nos ensinamentos do apóstolo Paulo:
“Quando vos reunis no mesmo lugar” (I Co. 11.20). A ceia exigia uma reunião em um lugar fixo.
“Portanto, meus irmãos, quando vos ajuntais para comer, esperai uns pelos outros”.(v.33). A razão da reunião era para comer. O que eles vieram fazer juntos? Comer. Mas comer uma refeição comum? Não. Isto eles poderiam fazer em casa (I Co. 11.22,34). Eles se reuniam para comer a ceia do Senhor (v.27).
Alguns estavam pervertendo a instituição da ceia fazendo dela uma refeição comum e por isso foram repreendidos.
Tenha em mente este fato: a ceia do Senhor é a única coisa que Deus exigiu para os cristãos comerem em uma assembléia. Em todo o NT nunca se exigiu dos cristãos que se ajuntassem para comer qualquer outra coisa a não ser a ceia do Senhor.
Agora que sabemos que os cristãos comiam a ceia quando se reuniam, então fica fácil provar qual foi o dia fixo para eles fazerem essa reunião. Nós temos o registro em Atos 20:7:
“No primeiro dia da semana, tendo-nos reunido a fim de partir o pão, Paulo, que havia de sair no dia seguinte, falava com eles, e prolongou o seu discurso até a meia-noite.”
Aqui em Atos, Lucas mostra de modo mais completo o costume dos cristãos primitivos. Lucas disse que eles se reuniram. Reuniram-se para quê? O texto diz que era para partir o pão, um termo técnico usado para representar a ceia como um todo, tirado logicamente do exemplo de Jesus (Mateus 26.26). Em qual dia? No primeiro dia da semana – o domingo. Este costume, como vimos, é atestado por Plínio no final do primeiro século e por outros escritores cristãos como Justino.
Resumindo o que foi dito acima:
Deus deu as seguintes ordens para a Igreja:
1. Para que se reunissem
2. As reuniões cristãs foram primeiramente privilegiadas pela presença do Senhor ressurreto. Posteriormente os apóstolos renovaram esta ordem para se reunirem.
3. A Ceia do Senhor, não era comida comum. Era para ser um desfrute espiritual de comunhão cristã relembrando a morte, ressurreição e a parousia. Esta refeição era para ser celebrada somente quando a Igreja se reunia.
4. Vimos em Hebreus e nas cartas de Plínio que um dia fixo era determinado para estas reuniões.
5. Através de Lucas em Atos 20.7 e posteriormente pelos escritos cristão primitivos, ficamos sabendo que o dia designado era o domingo.
Quanto a objeção levantada de que “Paulo dificilmente teria deixado de mencionar o caráter sagrado do tempo em que se reuniam. Isso teria fortalecido o seu apelo para uma atitude de mais reverência durante a participação na Ceia do Senhor. A falha de Paulo em mencionar o “domingo” como o tempo da reunião ou o uso do adjetivo “do Senhor-kuriakê” para caracterizar o dia como “dia do Senhor” (como ele fez com referência à Ceia do Senhor), demonstra que o apóstolo não atribuía qualquer significação religiosa ao domingo.”
Respondemos como segue: a omissão quanto ao ensino sobre o dia pode ter sua razão nas prioridades quanto às correções feitas à Igreja. Ora, certamente os coríntios estavam se reunindo no dia correto. Sendo assim, não havia razão de Paulo corrigir algo que estava correto! Ele se preocupou com os erros que se cometiam quanto ao propósito da reunião. Este aparentemente era o único problema quanto à ceia naquele momento. Lembrando sempre que esta igreja já estava instruída a se reunirem aos domingos (I Co. 16.2). Veja que não havia nenhum problema a ser corrigido quanto ao dia de culto.
Um exemplo: hoje se os evangélicos fossem escrever uma carta corrigindo a Igreja Católica quanto à Ceia do Senhor, logicamente que seu principal objetivo iria se concentrar em torno de pontos doutrinais básicos, como por exemplo em erros evidentes tais como a transubstanciação, o cálice somente aos sacerdotes, o literalismo ferrenho de versos bíblicos levando os católicos a se comportarem como canibais (comendo literalmente o corpo de Cristo) e outros; com certeza não se preocupariam em corrigi-los quanto ao dia da ministração.
Demais disso, a celebração da ceia ou não aos domingos não prejudica em nada sua legitimidade como dia de observância cristã. Pode-se tirar a santa ceia do Domingo que ele continuará como o dia do Senhor para toda a Igreja.
(6) A Ceia do Senhor Comemora o Sacrifício de Cristo, Não Sua Ressurreição. Muitos cristãos hoje consideram a Santa Ceia como o centro de seu culto dominical em honra à Ressurreição. Mas na igreja apostólica, a Santa Ceia não era celebrada no domingo, como acabamos de ver, e não se relacionava com a Ressurreição. Paulo, por exemplo, que alega transmitir o que “recebeu do Senhor” (1 Cor. 11:23), explicitamente declara que o rito comemorava, não a ressurreição de Cristo, mas Seu sacrifício e Segunda Vinda (“anunciais a morte do Senhor até que Ele venha”–1 Cor. 11:26).
Resposta:
Não vejo o que Balchiochi pretende provar com isso. É simplesmente irrelevante essa argumentação. Como já vimos em outros tópicos, a ressurreição foi o motivo que levou a igreja a observar o domingo. A santa ceia como acabamos de provar em outras linhas, inclusive com fatos históricos, era sim, celebrada aos domingos. A ceia com o batismo é um das únicas ordenanças que o Senhor instituiu. A ceia realmente lembra a morte e a volta de Jesus. Mas não é só isso.
Pondere no que diz certo dicionarista bíblico:
“O domingo é chamado – “Dia do Senhor”, nome que os Profetas davam ao dia do julgamento de Javé (Is 13,9; ver 2,12; Jl 2,31,etc) O dia do grande banquete em que é atirado fora quem não traz a veste festiva (a penitência, MT 22,11ss)
A relação entre o Dia do Senhor e a celebração da eucaristia (Atos 20,7, talvez também os discípulos de Emaús), lembram ambos a segunda vinda do Senhor Jesus no fim dos tempo. Então haverá julgamento e banquete, coisas que são antecipadas cada Domingo, no culto de Deus; a esperança do cristão sobre o retorno de Cristo na glória se torna presente e real nesta antecipação.
O Domingo – memória da Ressurreição, antecipação da volta de Cristo – é portanto, o dia em que entre essas duas datas, se cumpre a obra da salvação, de tal modo que viver o domingo cristão” (Dicionário de Teologia Bíblica, Bauer pág. 314,315 ed. Loyola 4ª edição)
E o ‘Comentário Bíblico Pentecostal’ feito por uma junta dos mais destacados teólogos pentecostais da atualidade associa: ‘Lado’ e ‘mãos’ tornam-se características identificadoras do seu corpo partido na Ceia do Senhor…O pão simbólico da comunhão não só indica sua real morte física (i.e mãos e lado) e os instrumentos (cruz e cravos) usados para causá-la; também indica Cristo fisicamente ressuscitado com todas as cicatrizes, preservadas para mostrar o fato da redenção.” (Comentário Bíblico Pentecostal – Novo Testamento – pág. 608, vários autores, ed. CPAD 1 ed.)
“A Ceia do Senhor é uma recordação de sua morte, mas lemos em Atos 2.46 que esse era um momento de alegria. Bem se não houve uma ressurreição, como poderia haver alegria? A lembrança da refeição tomada por Jesus logo antes de ser traído e crucificado teria provocado uma tristeza insuportável. O que transformou a angustia da última ceia numa comunhão de alegria por todo o mundo?”
Josh cita as palavras de Michael Green da seguinte maneira: “Eles se encontravam com ele neste sacramento. Ele não estava morto, mas ressurreto e vivo. Eles iriam celebrar esta morte de Jesus conscientes de que Ele estava presente ressurreto […] É totalmente inexplicável como essa pudesse ter sido a atitude dos primeiros cristãos ao se reunirem para celebrar a Ceia do Senhor entre si, a não ser que Ele realmente ressuscitou dos mortos ao terceiro dia”
(Evidência que Exige um Veredito, Josh McDowell, vol. I pág. 290 – ed. Candeia)
Além disso, só pode tomar a santa ceia quem realmente é batizado. O batismo nada mais é do que uma lembrança da morte e ressurreição do Senhor (Rm. 6.4).Sendo assim tudo se volta para a ressurreição e esta aconteceu no primeiro dia da semana. Mesmo se não fosse assim, o fato da ceia lembrar ou não a ressurreição não tem tanta relevância assim como pretendem os adventistas. É até compreensível que sendo a ceia uma das mais importantes ordenanças do NT para a vida do cristão deveria ser perfeitamente celebrada no principal dia do evento mais importante do cristianismo – a ressurreição. Mas como já deixamos claro em linhas acima isto é irrelevante como argumento contra o Domingo.
Semelhantemente, a Páscoa, celebrada hoje por muitos cristãos no Domingo de Páscoa, era observada durante os tempos apostólicos, não no domingo para comemorar a Ressurreição, mas segundo a data bíblica de 14 de Nisã, primariamente como um memorial do sofrimento e morte de Cristo. Contrariamente ao que muita gente pensa, o Domingo de Páscoa era desconhecido da igreja apostólica. Foi introduzido e promovido pela Igreja de Roma no segundo século a fim de mostrar separação e diferenciação da Páscoa judaica. O resultado foi a bem-conhecida controvérsia sobre a data da Páscoa que finalmente levou o bispo Vitor de Roma a excomungar os cristãos asiáticos (cerca de 191 AD) por recusarem adotar o Domingo de Páscoa. Essas indicações mostram que a ressurreição de Cristo no primeiro dia da semana não influenciou a igreja apostólica a adotar o domingo semanal e a Páscoa anual para celebrar tal evento.
Ao contrário do que alega Balchiochi, a história da controvérsia da páscoa é um forte indício de que o dia do senhor foi observado nos primórdios da igreja. Isto foi uma controvérsia que aconteceu bem cedo na igreja primitiva.
Na Igreja antiga não havia uniformidade no dia de observância desta festa. Algumas Igrejas celebraram no décimo quarto dia de Nissan do mês judaico, o dia da Páscoa. As Igrejas da Síria, Mesopotâmia, Cilícia, e Ásia Menor seguiam esta data. Outros celebraram isto no dia da Ressurreição. As Igrejas Orientais do Egito, Grécia, Palestina, Pontos, e a Igreja de Roma seguiam este costume. Veja que não era só a Igreja de Roma! Mas por que houve essa discordância? Simplesmente porque nenhuma instrução uniforme e especifica havia sido deixada pelos apóstolos sobre este fato. Quero abrir um parêntese aqui e citar algumas doutrinas reivindicadas pelo catolicismo, mas que nunca tiveram aceitação uniforme por toda a Igreja cristã. Eis algumas delas:
Batismo Infantil
Tertuliano (contra)
Orígenes (a favor)
Imaculada Conceição de Maria
Anselmo, São Bernardo, papa leão I, papa Gregório, Inocêncio III (contra)
Ireneu, Santo Efrém (a favor)
Tradição Oral
Jerônimo (contra)
Tertuliano, Ireneu (a favor)
Virgindade Perpétua de Maria
Tertuliano, Hegesipo, Ireneu, Eusébio (contra)
Jerônimo, Orígenes, Epifânio (a favor)
Pedro é a pedra da Igreja – Mt. 16.18
Dos 77 pais que comentaram este verso apenas 17 opinaram que se refere a Pedro.
Agostinho um dos grandes vultos católicos era contra tal interpretação
Outras
Livros Apócrifos, Celibato, Ecumenismo, batismo infantil etc….
Mas quanto ao domingo, todos esses escritores citados acima estavam de comum acordo. Isto é mais uma prova de que o domingo fora um mandamento observado desde a época apostólica.
Voltando ao assunto, já no segundo século esta diferença foi a ocasião de uma controvérsia de grandes proporções que agitou toda a cristandade.
No ano 155 o Bispo Policarpo de Esmirna visitou o Bispo Aniceto de Roma e teve com ele algumas desavenças sobre algumas questões, e também a fim de persuadi-lo a aceitar a tradição estipulada pelo Apóstolo João de observar a Páscoa (Pascha), no dia judaico 14 de Nissan ou Passover, seja qual fosse o dia da semana. O bispo romano havia recebido uma tradição diferente através de Pedro e Paulo e dos evangelhos sinópticos, de acordo com a qual, a Páscoa deve ser sempre celebrada no Domingo, o primeiro (ou oitavo) dia da semana judaica após Nissan 14. Diz Eusébio citando Ireneu em sua História Eclesiástica (Livro V cap. XXIV) que nem Policarpo conseguiu persuadir Aniceto e nem este a Policarpo. Mais tarde porém, o bispo Victor de Roma sofreu severas criticas por parte de Ireneu e outros bispos quando arbitrariamente quis impor sua autoridade desligando as Igrejas da Ásia por causa da tão chamada controvérsia “Quartodécima”.
Isto só foi resolvido com o Concilio de Nicéia onde se optou pela data do dia da ressurreição. Como ficou na história, esse Concílio foi um acontecimento impressionante, um dos grandes marcos da vida da Igreja. Acorreram Bispos da Ásia Menor, Palestina, Egito, Síria, e até Bispos de fora do Império Romano, ou seja, de todos os lugares onde a Cristandade tinha se estabelecido com vigor, como a longínqua Índia e a Mesopotâmia, além de delegados da África do Norte.
Urgi frisar que a decisão foi tomada pela igreja oriental e não a Romana. Silvestre, Bispo de Roma que já estava ancião e impossibilitado de comparecer pessoalmente, mandara dois presbíteros como seus delegados. Lembrando sempre que “presbíteros” naquela época havia perdido já o status de bispo. Também é interessante observar que neste Concílio estavam presentes as igrejas da palestina, portanto, poderia ter se oposto a declaração do Concílio, mas não fez. Observe também que a controvérsia era bem mais antiga do que insinua os adventistas. Ora, um costume leva décadas para se impor como tal. Tudo indica que essa desavença não era coisa recente quando em 155, Policarpo foi se encontrar com Aniceto. Portanto, 55 anos após a morte de João apenas. Para falar a verdade um espaço de tempo muito ínfimo para ser taxado como invenção romana.
Isto revela algo curioso em relação ao domingo: se a celebração da páscoa que era realizada apenas uma vez por ano dividiu toda a Cristandade em um debate acalorado por quase trezentos anos quanto mais não seria de maior repercussão se o foco da controvérsia fosse o caso do domingo – Dia do Senhor ? O caso é que não houve nenhuma discussão sobre o dia de observância da igreja. Não houve uma só discussão durante todo esse tempo em nenhuma parte da igreja do Ocidente e do Oriente. A páscoa não demandava um dia inteiro a não ser algumas horas apenas daquele dia. Agora compare com o dia do Senhor que como crêem alguns, era observado o dia inteiro, durante toda a semana, durante o ano inteiro! O caso é que nunca houve qualquer desavença em qualquer parte da igreja sobre o dia de descanso semanal do cristão. Durante todo o tempo que durou a controvérsia sobre a páscoa o dia do senhor fora freqüentemente mencionado. Mesmo assim, é interessante ressaltar que entre quaisquer partes da Igreja, Oriente ou Oeste, Norte ou Sul, Grécia ou Roma, jamais levantaram qualquer dúvida sobre o dia de adoração cristã. Torno a repetir que é um fato deveras incrível que durante toda a discussão o Dia do Senhor foi freqüentemente mencionado, sem, contudo, levantar nenhuma objeção por parte de ninguém! Esta uniformidade não faria sentido a menos que fosse uma ordem conhecida e bem estabelecida pelos apóstolos no inicio da igreja. De modo que não houve de fato nenhuma questão polêmica em cima disto. Apesar de haver discordância sobre muitas outras coisas que se diziam estarem baseadas nas tradições. Daí depreendemos que o domingo não é fruto da tradição, mas é um fato que está estabelecido na própria Bíblia. Por isso não prevalece a argumentação de que “Essas indicações mostram que a ressurreição de Cristo no primeiro dia da semana não influenciou a igreja apostólica a adotar o domingo semanal e a Páscoa anual para celebrar tal evento.” Como vimos, a páscoa não era algo certo; já não podemos dizer o mesmo do Domingo.
(7) A Ressurreição Não é a Razão Dominante Para a Observância do Domingo nos Documentos Mais Antigos. As mais antigas referências explícitas à observância do domingo se encontram nos escritos de Barnabé (cerca de 135 AD ) e Justino Mártir (cerca de 150 AD). Ambos esses autores de fato mencionam a Ressurreição, mas somente como a segunda de duas razões, importante, mas não predominante. A primeira motivação teológica de Barnabé para a guarda do domingo é escatológica, ou seja, o fato de que o domingo é o “oitavo dia” e representaria “o início de outro mundo”. A noção de que o domingo era o “oitavo dia” foi mais tarde abandonada porque não faz sentido falar em “oitavo dia” numa semana de sete dias. A primeira razão de Justino para a assembléia dos cristãos no Dies Solis–o dia do sol, é a inauguração da Criação: “Domingo é o primeiro dia em que Deus, transformando as trevas em matéria prima, criou o mundo”. Essas razões foram finalmente abandonadas em favor da Ressurreição que se tornou a razão primária para a observância do domingo.
Resposta:
Esta especulação de Balchiochi é de uma franqueza evidente. Salta aos olhos de qualquer pessoa de mentalidade mediana que nestes escritos o fator dominante sempre foi a ressurreição. Eu gostaria de saber onde ele tirou essa idéia de que a criação é fator dominante para Justino, como o oitavo dia o era para Barnabé. Qual foi o critério usado para chegar a essa conclusão? Não há de supor que a razão deles usarem argumentos bíblicos alternativos para explicar a observância dominical, se infere que a ressurreição não era o fator dominante em sua teologia. Esta talvez seja a primeira vez que aparece o argumento em prol do domingo baseados na criação da luz, isto prova que os cristãos estavam utilizando argumentos extras, fora a ressurreição, como base de suas premissas quanto a observância do primeiro dia da semana. Qual a vantagem ou desvantagem em usarem a expressão “oitavo dia” ou “dia da criação”? Pouco importa. Isso não muda em nada o fato histórico. Hoje em dia usamos expressões por vezes idênticas para mostrar razões alternativas para a guarda do Domingo, mas isto não quer dizer que estamos descartando o principal motivo – a ressurreição.
Não há nada de errado com as expressões usadas por Barnabé e Justino, se isto prova alguma coisa, prova apenas que foi um desenvolvimento neologístico tardio, e não a razão primária para a observância do domingo.
Ademais, não é verdade que os documentos mais antigos não ligava o primeiro dia da semana com a ressurreição. A carta de Inácio aos Magnésios é muito mais antiga do que a de Barnabé e Justino e nela fica evidente que a ressurreição é o argumento primário para a observância do domingo cristão.
Definitivamente esta é uma argumentação baseada em especulações inócuas.
É erro crasso ainda supor que “Essas razões foram finalmente abandonadas em favor da Ressurreição que se tornou a razão primária para a observância do domingo.”
A literatura cristã posterior mostra indubitavelmente que muitos escritores continuaram usando o argumento do “oitavo dia” em seus escritos como até hoje faz os apologistas católicos como segue: “Devido a tradição a tradição apostólica que tem a sua origem no dia mesmo da ressurreição de Cristo, a Igreja celebra cada oitavo dia o mistério Pascal.” (Concílio Vaticano II: Constituição “Sacrosanctum Concilium”sobre a liturgia)
Citaremos aqui a título de ilustração apenas dois cristãos primitivos da era pós-constantiniana:
1. Basílio Magno (330-379) ao dizer: “Por isso, o dia que realmente ‘um’ é, de fato, oitavo – e que o salmista denomina nos títulos de certos Salmos, indicando assim a ordem que sucederá esta idade: o dia sem fim, o outro eon, no qual não haverá mais tarde, nem sucessão, nem cessação, nem velhice – esse dia é ao mesmo tempo um e oitavo…”.
2. Por sua vez Agostinho de Hipona (354-430) declara: “…a sétima [idade] será o nosso sábado, cujo fim não será tarde, mas o dia do Senhor como um oitavo e eterno dia que foi consagrado pela ressurreição, prefigurando o eterno descanso…” (Cidade de Deus XXII,30,5:PL 41,804) E ainda em seu sermão sobre a ressurreição de Cristo no Evangelho de São Marcos comenta:
“Como sinal disto, fora dada outrora a circuncisão aos patriarcas: no oitavo dia todo indivíduo do sexo masculino devia ser circuncidado. A circuncisão fazia-se com cutelos de pedra: porque Cristo era a pedra. Nessa circuncisão significava-se a espoliação da vida carnal a ser realizada no oitavo dia pela Ressurreição de Cristo. Pois o sétimo dia da semana é o sábado; no sábado o Senhor jazia no sepulcro, sétimo dia da semana. Ressuscitou no oitavo. A sua Ressurreição nos renova. Eis por que, ressuscitando no oitavo dia, nos circuncidou.”
Também a acusação de que “A noção de que o domingo era o “oitavo dia” foi mais tarde abandonada porque não faz sentido falar em “oitavo dia” numa semana de sete dias.”, ressalta a ignorância bíblica de tais pessoas. Eles não devem ignorar que esta expressão foi tirada da própria Bíblia, vejamos:
“Oito dias depois estavam os discípulos outra vez ali reunidos, e Tomé com eles. Chegou Jesus, estando as portas fechadas, pôs-se no meio deles e disse: Paz seja convosco.” (João 20.26)
Este era o primeiro dia da semana e também o oitavo da ressurreição. Os escritores patrísticos se valiam muito desta expressão, pois consideravam que esse era um símbolo de eternidade, uma prefiguração do mundo que estava por vir. Para eles, o domingo não era só o memorial da ressurreição, mas também uma imagem da vida futura. O nome ‘oitavo’ prestava-se a esse raciocínio. Sugeria que o domingo se colocava fora do ciclo semanal; embora celebrado no tempo, pertencia à eternidade.
Não há de se falar aqui que o motivo único para Jesus aparecer naquele dia era para confirmar a fé de Tomé, mostrando suas chagas. Ora, isto Ele poderia fazer qualquer dia da semana, mas esperou a reunião dos cristãos no outro domingo para se manifestar novamente.
O domingo era guardado primitivamente até mesmo por algumas seitas legalistas. Eusébio de Cesaréia em sua obra, ‘História Eclesiástica’ cap. XXVII cita uma seita cristã de tendência judaizante muito antiga por nome de Ebionitas. A seita mostrava um apego ferrenho à lei judaica e rejeição de algumas epístolas e evangelhos. Prosseguindo Eusébio diz: “Também observavam o sábado e outras disciplinas dos judeus, exatamente como eles, mas por outro lado, também celebravam os dias do Senhor como nós, para comemorar sua ressurreição”
Diz a Enciclopédia Britânica: “O cristianismo primitivo foi fiel à guarda do sábado, mas antes de chegar a noite já os fiéis se reuniam para preparar o domingo, dia do Senhor, quando se comemorava sua ressurreição e subida aos céus. A guarda dos dois dias era realmente pesada, o que levou são Paulo a fixar o repouso no domingo, então primeiro dia da semana, mas essa prática se impôs somente a partir do século IV.”
(Encyclopaedia Britannica do Brasil Publicações Ltda).
Por sua vez o dicionarista Buckland em seu Dicionário Universal assevera:
“Por certo tempo os cristãos judaicos observavam não só o sábado, mas também o dia do Senhor. S. Paulo, porém, claramente ensinou que as exigências da lei a respeito do sábado não envolviam obrigação para os cristãos” (Rm 14.5,6; Cl 2.16,17; cp com Gl 4.10)” (p. 386)
Robustecendo este pormenor temos a posição do renomado Dicionário Vine:
“Durante os primeiros três séculos da era cristã, o primeiro dia da semana nunca foi confundido com o sábado, a confusão das instituições judaicas e cristãs foi devido ao declínio do ensino apostólico” (p. 960)
MacDowel afirma: “O dia que, desde o início, os judeus guardavam para descanso era o sábado, pois diziam que Deus, ao concluir a criação, descansou no sétimo dia. Isto estava escrito nas sagradas leis dos judeus. Um dos aspectos de maior reverência na vida de um judeu era a guarda do sábado. Os cristãos se reuniam para adorar no primeiro dia da semana judaica em sinal de reconhecimento da ressurreição de Jesus. Esses cristãos realmente conseguiram mudar para o domingo esse antiqüíssimo dia de descanso e oração, que era guardado por razoes teológicas. Lembre-se de que ELES MESMOS ERAM JUDEUS! Lembrando-nos daquilo que pensaram que aconteceria se estivessem errados, devemos admitir que essa foi provavelmente uma das maiores decisões que um grupo de seguidores de uma religião jamais tomou!!Sem a ressurreição como iríamos explicar a mudança do dia de adoração de sábado para domingo?” (Evidência que Exige um Veredito pág. 289,290 ed. Candeia)
(8) Nada Indica que no Estabelecimento do Novo Concerto Houve Alteração Nos Termos do Mandamento do Dia de Repouso Bíblico. Nada é dito de que na escrita da lei divina nos corações e mentes dos que aceitam os termos do Novo Concerto (Novo Testamento) dá-se alguma alteração nos termos dessa lei no sentido de que o domingo toma o lugar do sábado (Heb. 8:6-10). Sendo que esta passagem é uma reprodução de Jeremias 31:31-33, quando a promessa de um novo concerto foi feita primeiramente a Israel, em função do cativeiro que defrontava em vista de seu pecado (e uma das razões da punição era exatamente a negligência quanto ao mandamento do sábado–ver Jer. 17:19-27), entende-se que as “Minhas leis” referidas em Hebreus mantêm-se as mesmas, logicamente no que tange a seus aspectos não-prefigurativos.
Resposta:
Quem formulou tal pergunta deveria saber que o que gratuitamente se afirma gratuitamente se pode negar.
É interessante notar que Davi fala a mesma coisa em Salmos 40:8 onde diz: “Deleito-me em fazer a tua vontade, ó Deus meu; sim, a tua lei está dentro do meu coração.”. Certamente Davi conhecia a lei e a acatava como base de um concerto especial com Deus. Novamente volto a afirmar: caso essa lei fosse a da Antiga Aliança não haveria necessidade de Deus tornar escrevê-la nos corações, pois como diz o Salmo supracitado “a tua lei está dentro do meu coração”.Algo interessante é que Logo após o Decálogo ser dado, Deus disse ao povo: “Estas palavras que hoje te ordeno ESTARÃO NO TEU CORAÇÃO” Ora, se a antiga Lei já estava nos corações dos homens seria até supérfluo tornar repetir o mesmo conceito em Jeremias 31:33 aplicando-o ao NT.
Até mesmo os Gentios possuíam tal lei como princípios, em seus corações segundo o apóstolo Paulo diz em Romanos 2:15. A questão é que a Nova Aliança ou novo concerto, pacto ou lei é realmente o que diz “NOVA” E não está de maneira alguma sugerindo que o sábado estaria embutido em tal Aliança que seria totalmente “Nova”, simplesmente por que o sábado fazia parte daquelas coisas que eram transitórias na lei, prova disso é que não existe nenhum mandamento por referência ou inferência que obrigue os cristãos à guarda do “Shabbath” judaico no Novo Testamento. Se não existe, segue-se que as normas de como guardá-lo não estão mais em vigor. Nisto os adventistas são incoerentes, pois como já demonstramos não o guarda como manda a Bíblia, mas ao seu bel prazer, de seu próprio jeito, com regras próprias. Um sábado light, retocado, caricaturado. Certamente não era este o sábado que o apostolo Paulo guardava na condição de judeu.
Ora, o escritor aos Hebreus realmente fala de uma ab-rogação da lei. Aquela lei de Jeremias, nunca poderia ser apenas a lei moral que eles entendem como os Dez Mandamentos. Quando Jeremias fez esta promessa não a destinou aos gentios.
Em Jr. 31:31 há uma promessa de um novo concerto. Todavia, este novo concerto seria feito com o Israel e Judá literais, não com o Israel espiritual, exceto secundariamente e como enxertados no Israel literal (Rm. 11:16-27). O assunto inteiro do capitulo 31 de Jeremias fala da Restauração do Israel literal (cf. Jer. 30:4,7,10,18 – 317,10,11,23,24,27,36). Quando Jeremias proferiu estas palavras ele não deu a entender que a lei em quaisquer de seus aspectos iria mudar. Nenhuma autoridade judaica posterior havia entendido isto. A lei do qual fala Jeremias é a lei inteira. Não há a mínima possibilidade de que Jeremias esteja se referindo apenas aos dez mandamentos.
Os escritores do NT embora sabendo que aquela aliança se aplicaria ao Israel literal perceberam que aquela aliança possuía um alcance maior e mais rico. O próprio Jesus pouco antes de morrer disse que Nele selava-se a Nova Aliança Mt. 26:28. Nele se cumpria de maneira cabal todas as promessas e profecias da Bíblia. Jesus não só veio trazer uma Nova Aliança. Nele se cumpre tudo:
1. Ele não veio trazer somente uma aliança, mas ele próprio é a aliança nossa com Deus Isaias 42:6 – 49:8.
2. Ele próprio é o sacrifício desta aliança – Hebreus 10:12,14;
3. Seu próprio sangue é o sangue que sela a aliança – Hebreus 9:14;
4. Ele próprio é o sacerdote que preside esta aliança – Hebreus 8:1;
5. Ele próprio é o mediador da aliança – Hebreus 12:24;
6. As promessas desta aliança não são terrenas e temporais como vemos em todas as outras alianças feitas com: Adão, Noé, Abraão, Moisés e Davi. Mas as promessas da nova aliança são eternas e espirituais por isso são melhores.
7. A Base da antiga aliança era as dez palavras Ex 34:27, mas ele próprio é a própria Palavra de Deus e consequentemente a nossa Lei (João 1:1; Hb. 1:1).
Sim, o escritor aos Hebreus sabia que aquela aliança não poderia ser a mesma aliança com a mesma lei. Nesta nova aliança não está mais embutido o sábado judaico.
O escritor deixa claro que se trata de uma NOVA Aliança. O adjetivo K’ainós (novo) quase sempre significa “previamente desconhecido”, “completamente novo” “de uma nova espécie” com a idéia de maravilhoso, inaudito (Léxico Greco-Inglês do Novo Testamento e Literaturas cristãs primitivas – Walter Bauer) Essa mesma palavra aparece em Hebreus 8:8 para aludir ao Novo Concerto o qual é inteiramente diferente do Sinai, também é a mesma palavra usada na Septuaginta (LXX) em Jeremias 31:31. Ora, esta aliança da qual fala a Bíblia não é uma aliança com “renovado significado”, mas é nova inteiramente. É a mesma palavra no original para aludir ao “novo” nome do crente, a nova Jerusalém, o novo cântico no céu (Apc. 2:17; 3:12; 14:3), tudo isto fala de algo novo realmente.
Perguntamos: quais eram as leis vigentes no tempo de Jeremias? Eram só os dez mandamentos? Claro que não! Esta insistência de Azenilto, batendo numa tecla só, coloca em dúvida sua competência como intérprete bíblico. Se por um lado o texto não diz que a lei escrita era a “lei de Cristo”, “lei da fé”, “lei do Espírito” como muitas vezes fez questão de frisar nosso oponente sabatista, também não diz que nesta lei consta o sábado judaico e muito menos que essa lei se refere apenas aos dez mandamentos como se encontra em Êxodo 20.
Contudo tais indivíduos asseguram que há substancial diferença entre “Concerto” e “Lei”. Diz que o que foi abrogado foi o “Antigo Concerto” e não a Lei, que para eles por motivo de conveniência são apenas os Dez Mandamentos. Fazem isto para escapar a clara refutação bíblica, pois a Bíblia diz explicitamente que o Concerto foi abolido. Entretanto, a Lei sempre foi uma parte inseparável do Concerto entre Javé e Israel. A Lei é especificamente as estipulações da aliança. Os termos Concerto, Aliança e Pacto são usados de modo intercanbiável. Assim também, lei e aliança são paralelas uma à outra, e usadas do mesmo modo (Êxodo 34:28; II Reis 18:12; Salmos 78:10). Por estarem tão intimamente ligadas, infringir uma é quebrantar também a outra. A Lei bem como a Aliança trazia bênçãos e maldições. (Deuteronômio 4:13-9:9) Consequentemente mudando a Aliança ou Concerto muda-se também a Lei – mutatis mutantis.
É interessante ressaltar que o sacerdócio e a Lei também eram coisas distintas, embora interligadas, e por ser assim a Bíblia diz em alto e bom som:
“Pois, mudando-se o sacerdócio, necessariamente se faz também mudança da lei.” (Hebreus 7.12)
Levando a cabo esta exegese defeituosa, interpretam que a mudança do Velho para o Novo Concerto ocorreu apenas quanto ao lugar: o Velho escrito em tábuas de pedra; das tábuas de pedra foi mudado para as tábuas de carne do coração. Lemos, porém, em Jeremias 31.32, “Não conforme a aliança que fiz com seus pais, no dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito, porque eles invalidaram a minha aliança apesar de eu os haver desposado, diz o Senhor.. Se se diz “Não conforme…” isto significa não igual. Diferente do que foi anteriormente feito. Do contrário, seria como admitir que Deus mudou apenas o lugar da lei, das pedras para o coração. Isso não seria abolir a lei senão abolir a pedra. Ademais, se realmente esse escritor está certo então o Novo Concerto é o mesmo que o Velho e por isso não pode ser chamado de Novo Concerto. Aqui, consequentemente, se trata de leis de um novo pacto, que não podem ser as leis escritas no Velho, porque em tal caso, já não seria uma Nova Aliança senão uma forma nova do Velho Concerto. “Não segundo a aliança que fiz com seus pais No dia em que os tomei pela mão, para os tirar da terra do Egito.” (Hb 9.9)
Também não podemos perder de vista que essas cerimônias prefigurativas é, mormente, chamadas de “sombra”, pelo escritor da carta aos hebreus (Hebreus 8. 5 – 10.1). Note que sempre quando ele se refere à sombra é para falar que ela já passou, foi ab-rogada. Não está mais em vigor. Agora pondere por um instante o que Paulo inclui entre as sombras do VT que já passou:
“Ninguém, pois, vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa de dias de festa, ou de lua nova, ou de SÁBADOS, QUE SÃO SOMBRAS das coisas vindouras; mas o corpo é de Cristo.” (destaque nosso)
Percebeu? O sábado é sombra, a mesma sombra da lei de Hebreus 10.1 que fora ab-rogada.
A parte cerimonial dessa lei cessou na cruz, e os leitores primários da epístola aos hebreus (os cristãos judeus) sabiam disso, pois quando tal epístola foi por eles recebida já sabiam que o véu do Templo se rasgara de alto a baixo, findando o cerimonial que apontava a Cristo e Seu sacrifício. E se pairassem ainda dúvidas a respeito, o próprio teor da epístola resolveria o problema, pois seus capítulos 7-10 definem exatamente o fim dessas cerimônias, enquanto ressaltam que a lei divina é escrita nos corações dos verdadeiros filhos de Deus–em seus aspectos morais e outras normas de caráter ético, higiênico, etc., sem mais as cerimônias prefigurativas (ver também Efé. 2:15).
Acontece que as “leis” de Hebreus 8.6,10, não fala dos dez mandamentos e muito menos do Sábado. Isso nosso oponente precisa provar primeiro. O que ele tem no momento são apenas conclusões especulativas tiradas de falsas premissas, nada mais. Como já provamos acima, o Sábado fazia parte das sombras daquela lei que foi ab-rogada. O que está em foco para o escritor não é falar da lei, mas dizer que as promessas da Nova Aliança que Jeremias profetizou encontrou finalmente seu objetivo com o sacrifício de Jesus Cristo. Nem de longe o escritor pretende dizer quais partes da lei mosaica foi abolida e quais outras estão em vigor. E também não pretende ressaltar com isso uma pretensa guarda sabática. Definitivamente esse não é o propósito da argumentação do escritor naquele trecho. Querer ver em Hebreus 8.6-8, apoio para a guarda do Sábado é incorrer em má exegese. Essa interpretação distorcida fica por conta dos sabatistas.
(9) A Igreja Católica Apresenta-se Como Autora da Mudança do Dia de Repouso do Sábado Para o Domingo. Documentos vários da Igreja Católica dão conta de que foi ela que realizou tal alteração, como se pode exemplificar por algumas declarações oficiais dessa igreja, como: “Foi a Igreja Católica que, pela autoridade de Jesus Cristo, transferiu este repouso para o domingo em lembrança da ressurreição de nosso Senhor. Assim, a observância do domingo pelos protestantes é uma homenagem que prestam, malgrado seu, à autoridade da Igreja [Católica]”.–Louis Gaston de Ségur, Plain Talk About the Protestantism of To-day [Conversa Franca Sobre o Protestantismo de Hoje] (Boston; Patrick Donahoe, 1868), p. 225.
Também outro documento católico confirma isto:
“P. Como provamos que a Igreja tem poder de ordenar as Festas e Dias Santos?
“R. Pelo ato mesmo de mudar o sábado para o domingo, que é admitido pelos protestantes, e, portanto, contradizem-se por observarem tão estritamente o domingo, enquanto violam a maioria das outras festas ordenadas pela mesma igreja.
“P. Como se prova isto?
“R. Porque por observar o domingo eles reconhecem o poder da Igreja para ordenar festas e exigi-las sob pena de transgressão, e por não observar as demais, igualmente por ela ordenadas, negam de fato o mesmo poder”. — Manual of Christian Doctrine [Manual da Doutrina Cristã] , ou Catholic Belief and Practice [Crença e Prática Católicas] (Dublin: M. H. Gill & Son Ltd., 1916) pp. 67, 68.
Resposta:
Esta é uma das especulações mais fáceis de desmontar. É de fragilidade evidente.
Os adventistas vivem repetindo a afirmação de que foi a Igreja Católica que mudou o sábado para o Domingo.
A senhora Ellen G. White afirma: “O Papa tinha mudado isto [o Sábado] do sétimo para o primeiro dia da semana” (Primeiros Escritos, p. 26)
A revista Sinais dos Tempos, Outubro, 1914 dizia:
“O Domingo é o primeiro dia da semana e sua observância pertence a Igreja Católica.”
“Todo aquele que aceita a instituição do Domingo como um Sábado, aceita uma instituição da Igreja Católica.”
Contudo, há serias objeções contra essa teoria.
Os adventistas ensinam que a Igreja Católica começou se não 300 anos d.C. Assim, se a Igreja Católica mudou o sábado para o Domingo não poderia Ter feito antes dessa data. E como então explicar os inúmeros testemunhos da observância do Domingo pela esmagadora maioria da cristandade antes dessa data? Veja a incoerência: dizem acima que a ICR mudou o dia, mas como já provamos a guarda do Domingo já havia sido estabelecida como costume desde o século I.
Como explicar então as citações de grandes números de catecismos católico, padres, e vários desafios que os católicos fazem aos protestantes mostrado pelos adventistas com o fito de provar que realmente a Igreja Católica mudou o dia de descanso?
É claro que eles fazem isso de maneira parcial. Se não, por que omitem de propósito que esta mesma igreja reclama a sua fundação em 33 d.C.? Ela reivindica que sua fundação começou na época dos apóstolos e que a mudança foi feita por eles. Se os adventistas aceitam sem restrição essa declaração dos católicos, para ser coerentes deveriam do mesmo jeito aceitar ambas as coisas. Mas isto eles não fazem simplesmente porque destruiria seu principal argumento contra o domingo. Verdade é que muitos outros documentos, inclusive documentos oficiais (o que não é o caso dos citados pelos adventistas) mostram que os católicos consideram os apóstolos e a Igreja primitiva os legítimos mudadores deste dia.
O fato é que a verdadeira Igreja Católica original realmente começou com os apóstolos onde o dia foi mudado. Esta não é a mesma Igreja Católica Romana do papa que foi realmente formada séculos depois. As bases das reivindicações da igreja Católica romana de que ela mudou o sábado é tão falsa quanto a sua afirmação de que ela foi fundada pelos apóstolos. Ambos os fatos são abundantemente provados pelo testemunho destas mesmas autoridades católicas. Por ocultar estes pormenores importantes os adventistas se tornam culpados de estar ludibriando conscientemente os mais incautos. Eles deveriam citar também estas declarações católicas, mas não fazem por simples e pura deslealdade.
Ninguém melhor que os adventistas para denunciar os erros dos católicos. Eles o chamam de mestres falsos, anticristo, rejeita suas tradições como coisas tolas e antibíblicas. Eles denunciam assim e os publicam para todo o mundo. Mas estranhamente quanto à afirmação da mudança do sábado para o domingo eles acatam as afirmações dos católicos sem nenhum problema, mesmo os católicos não tendo nenhuma prova dessa mudança.
Veja algumas das afirmações que os católicos fazem:
1. A Igreja Católica Romana é a única Igreja verdadeira fundada pelos apóstolos.
2. São Pedro foi o primeiro Papa da Igreja Católica Romana.
3. O Bispo de Roma foi o único nomeado por Pedro numa linhagem sucessiva.
4. O Papa de Roma é o Vigário de Cristo na terra.
5. O Papa é infalível.
6. O Papa possui as chaves para entrar no paraíso.
7. Todos os protestantes incluindo os adventistas são heréticos.
8. A Bíblia foi dada pela igreja católica.
9. Os Padres possuem autoridade para perdoar pecados.
10. A Igreja Católica Romana mudou o Sábado do sétimo dia para o domingo, o primeiro dia da semana.
A Igreja Católica reivindica não só estas dez afirmações como muitas outras que não se pode provar pela Bíblia ou pela história. Contudo os adventistas dizem que as nove afirmações acima são falsas enquanto a décima, a da mudança do Sábado, eles a acatam sem nenhuma contestação. Por que essa parcialidade afinal?
Em todos os livros católicos aparecem essa listagem a seguir:
Igreja = Igreja Católica
Origem = Jerusalém
Fundador = Jesus Cristo
Ano = 33
Autoridade = Novo Testamento.
Nós do CACP temos examinado vários documentos oficiais e não oficiais da Igreja Católica como catecismos, Enciclopédias, Encíclicas, Cartas e livros, e todos eles são unanimes em afirmar que a Igreja Católica foi fundada pelos apóstolos e se houve qualquer mudança essa foi feita por eles. Consequentemente eles entendem que tudo que foi feito por eles foi feito pela Igreja. E é unicamente por isso por isso que os católicos afirmam que a Igreja Católica mudou o sábado. Uma mudança que, levando-se em conta o contexto da afirmação, remonta na verdade à Igreja apostólica e não a Católica Romana.
Falando sobre o sábado que na divisão católica do decálogo é o terceiro mandamento o catecismo Católico sob o subtítulo “Instituição do Dia do Senhor” declara explicitamente: “Por este motivo resolveram os apóstolos consagrar ao culto divino o primeiro dia dos sete dias da semana.”
E mais: “A Igreja de Deus, porém, achou conveniente transferir para o domingo a solene celebração do sábado…Por isso, quiseram os apóstolos fosse ele chamado domingo.” (Catecismo Romano pág. 437-440) (ênfase nossa)
“Devido a tradição apostólica que tem a sua origem no dia mesmo da ressurreição de Cristo, a Igreja celebra cada oitavo dia o mistério Pascal.” (Concílio Vaticano II: Constituição “Sacrosanctum Concilium”sobre a liturgia)
“O domingo que por tradição apostólica se celebra o mistério pascal, deve ser guardado em toda a igreja como o dia de festa por excelência…” (Código de Direito Canônico – Cân.1246 – 1983)
“Desde o começo a Igreja solenizou o dia do Senhor com a celebração da ‘fração do pão’ (cf. At 20.7), com a proclamação da palavra de Deus (cf. At 20.11) e com obras de caridade e assistência (cf. I Co 16.2). O mestre havia dado o exemplo […] Daí por diante a Igreja sempre santificou o dia do Senhor…” (Conferência Episcopal Italiana (CEI) (Nota pastoral sobre O Dia do Senhor, de 15.07.1984)
Isso acaba de uma vez por todas com esta distorção vergonhosa dos fatos. Definitivamente isso não é prova contra a origem apostólica do Domingo. Sendo assim, sugiro aos sabatistas que risquem este argumento esfarrapado de suas listas de debates.
(10) O Sábado Será Restaurado na Nova Terra Quando o Pecado For Eliminado do Universo. Se tivesse havido alteração nos termos do dia de repouso divino, isso se refletiria em profecias do mundo futuro, quando o profeta declara que “nos novos céus e a nova terra” todos os moradores virão “adorar perante mim diz o Senhor” no dia de sábado. A profecia de Isaías diz respeito especificamente ao regime da Nova Terra, como indica o contexto. Quando não houver mais pecado e pecadores, nesse novo ambiente “em que habita a justiça” (2 Ped. 3:13) TODOS os mandamentos da lei divina serão respeitados, e sendo que “o sábado foi feito por causa do homem” (Mar. 2:27), prosseguirá no regime santo da Nova Terra, não o domingo, o que seria de se esperar caso tivesse havido tal mudança.
A bem conceituada versão francesa de Louis de Segond assim verte a passagem: “. . . à chaque sabbat, toute chair viendra se prosterner devant moi, dit l’Éternel” [a cada sábado toda carne virá ser prostrar perante mim, diz o Eterno]. Isso também é comunicado pela nossa Bíblia na Linguagem de Hoje, da Sociedade Bíblica do Brasil: “. . . em todos os sábados pessoas de todas as nações virão me adorar no Templo”.
Resposta:
Os escritores bíblicos apesar de serem inspirados pelo Espírito Santo, todavia o fizeram dentro da perspectiva cultural deles. Por causa disto, é bastante provável que Isaías tivesse usado o sábado como meio para medir o tempo, desde que isto era parte da herança cultural dele. Mas ponderemos: se alguém dissesse que iria visitar sua noiva de Sábado a Sábado isto implicaria que esse noivo iria visitá-la diariamente – de Sábado a Sábado – e não apenas no dia de Sábado. Logo a interpretação correta é que, no futuro, não iremos adorar a Deus em época especiais – de Sábado, mas que, permanentemente, sem interrupção, estaremos adorando a Deus. Prova disso é Ap.21:1-4,23-24, mostra que no novo céu e nova terra não haverá necessidade de sol, pois as nações andarão à luz do cordeiro. Entretanto, a guarda sabática é de pôr do sol a pôr do sol, mas na nova terra e no novo céu não haverá dia ou noite. Deus revelou esta profecia nas condições que Isaias e seus ouvintes pudessem entender. Demais disso, esta data segundo o molde judaico vinham acompanhadas de cerimônias tais como oferendas de animais, purificação e congêneres. Guardarão isto também os adventistas?
Outra: é interessante notar que eles nem tiveram a honestidade de citar o verso inteiro, mutilando-o pela metade, tirando dele conclusões deturpadas. Ora, se a palavra “Sábado” neste trecho infere de algum modo sua guarda, então o mesmo se daria com as festividades da lua nova que está no versículo em apreço e intimamente ligada a ele. Ou interpreta-se o versículo como ele está de fato ou então deixemos que o contexto geral da Bíblia levando-se em conta o NT seja a palavra final. Mas o que não podemos fazer é tirar conclusões parciais e por vezes até mesmo preconceituosas de dada passagem só por que ela não condiz com nossos pressupostos doutrinários. É exatamente isso que fazem os adventistas nesse trecho quando colocam em pé a vigência do sábado, enquanto retiram a vigência da lua nova no mesmo verso.
Se porfiarmos por esta linha de pensamento teremos forçosamente, para sermos coerentes, que não só admitir o sábado em vigor na nova terra, mas também a lua nova com suas festividades. Não é de bom alvitre mutilar versículos bíblicos a fim de encaixarem em nossas pressuposições teológicas.
Para finalizar alegam que “As 10 razões dadas acima são suficientes para desacreditar a alegação de que a ressurreição de Cristo no primeiro dia da semana causou o abandono do sábado e a adoção do domingo. A verdade é que inicialmente a Ressurreição era celebrada existencialmente, antes que liturgicamente, ou seja, por uma maneira vitoriosa de vida, não mediante um dia especial de adoração”.
CONCLUSÃO: As respostas dadas acima são suficientes para desacreditar a alegação trivial de que a ressurreição de Cristo não é base para o descanso dominical. A verdade historicamente comprovada é que tanto a ressurreição era um modo de vida cristã como era celebrada liturgicamente como ato de adoração a Deus. Desde cedo a igreja primitiva compreendeu que aquele dia era o dia da vitória de Cristo sobre o império do mal e conseqüentemente o dia da nossa vitória. O domingo longe de ser estigmatizado como um dia emprestado do paganismo, é o dia do Senhor (Ap 1.10), por isso “alegremos e regozijemo-nos nele” (Sl 118.24).
Obs.: Este artigo é uma adaptação do texto “Sete Principais Razões Que Desautorizam a Observância Dominical”, do Dr. Samuele Bacchiocchi, com adição de mais três razões e vários parágrafos adicionais às 7 razões apresentadas no texto original, pelo Prof. Azenilto G. Brito.
Prof. Azenilto G. Brito
e Clélia S. R. Brito
Ministério Sola Scriptura
Bessemer, Ala., EUA
Veja que o dia do Senhor não é o sábado e nem pode ser. Portanto, o modo de guardá-lo ultrapassa as exigências veterotestamentaria. O cristão está livre das exigências do VT para servir a Deus. É erro crasso se estribar em uma argumentação irrelevante como essa