Cremação ou inumação?

cemitério

A cremação, hoje tão em moda, não é nenhuma novidade. Ela já era praticada entre os antigos. O livro de Daniel nos dá conta dos crematórios existentes na Babilônia. Em um deles, aquecido sete vezes mais do que o normal, foram lançados os três jovens hebreus. Entre os gregos e os romanos, os crematórios eram comuns, e a cremação praticada. Na última grande guerra, os nazistas construíram vários crematórios, onde os corpos eram queimados, após terem passado pelas câmaras de gás. Um deles, o de Birkenau, na Polônia, podia incinerar 12 mil corpos por dia.

Então surge a questão: o que fazer com o corpo após a morte? Deve ser queimado ou sepultado? Encontraremos uma resposta na Bíblia? Qual será a atitude mais consentânea?

Em primeiro lugar, a leitora está equivocada quando vê cremação em Amós 2.1. O que o texto afirma é que queimaram os ossos de um rei morto e não o seu corpo. O que houve ali foi a profanação de um cadáver. O túmulo do rei foi violado e seus ossos queimados.

Deus nos ensina no Antigo Testamento que o corpo deve voltar à terra de onde veio. Cito alguns textos, como: Gênesis 3.19; Jó 10.9 e 34.15; Eclesiastes 3.20 e 12.7. O mesmo ensino nos é dado por Jesus Cristo. A um que desejava segui-lo, mas somente depois que houvesse sepultado o pai, disse: “Segue-me, e deixa aos mortos sepuItar os seus mortos”. Paulo, no magistral capítulo 15 de 1 Coríntios, ensina o mesmo. Ele compara o sepultamento a uma semeadura, a uma semente lançada à terra. Cristo já havia usado essa figura, ao dizer: “Na verdade, na verdade vos digo que se o grão de trigo, caindo na terra, não morrer, fica ele só; mas se morrer, dá muito fruto”.

Os judeus não praticavam a cremação. Sepultavam seus mortos com muito carinho e respeito. Entre os patriarcas era costume sepultar seus mortos no túmulo da família. Abraão e seus descendentes foram sepultados na cova de Macpela. A legislação do Pentateuco cuidava também do assunto. Até mesmo os criminosos tinham direito ao sepultamento (Deuteronômio 21.22-23). A falta de sepultamento apropriado era considerada grande opróbrio.

Os cristão sepultavam seus mortos, e o faziam com muito respeito, como vemos no caso de Dorcas, de Lázaro e do próprio Senhor Jesus Cristo (Atos 9.37; João 11.44 e 19.38-42). Havia sepulturas comuns e outras cavadas nas rochas. Os sepultamentos eram realizados no mesmo dia da morte, e eram seguidos de orações e cânticos de salmos. Isto levou Juliano, o Apóstata, a descobrir três causas para a rápi­da expansão do Cristianismo: a beneficência, a honestidade e a caridade para com os mortos.

A cremação não é de origem judaica nem cristã, mas pagã. O costume grego e romano de incinerar o cadáver repugnava os sentimentos cristãos. Mostramos muito mais respeito pelos corpos dos mortos se os sepultarmos numa posição de repouso, como que dormindo, do que lançá-los às chamas para uma violenta destruição, ainda que saibamos que o espírito já partiu e está com Cristo. O fogo na Bíblia, entre outras coisas, é símbolo de destruição e condenação do pecado. Assim foi no caso de Sodoma e Gomorra. Conforme o pecado cometido, a lei mandava que o pecador fosse queimado (Levítico 20.4 e 21.9; Josué 7.25).

Diante do exposto, que fazer? Fazer o que o próprio Deus fez no caso de Moisés. Deus o sepultou na terra de Moabe, num vale, defronte de Bete-Peor (Deuteronômio 34.5-6). Não há apoio para a cremação nas páginasdas Escrituras.

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Pr. Milton Netto de Azevedo

Igreja Batista Parque das Nações, Santo André, SP

Nota: Artigo publicado no boletim semanal O Jornal Batista, 22 a 28/06/1998.

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