Descobrir a maneira de se portar diante de uma nova sociedade é exercício diário para todo estrangeiro, sobretudo nos primeiros meses e anos no novo contexto. Quando o povo está disposto a cooperar com o nosso ajustamento à conduta social local, a nossa vida se torna mais fácil. Sentimo-nos confortáveis ao saber que, diante de qualquer deslize, seremos orientados a respeito da maneira adequada como devemos nos comportar. Mas o grande desafio será se o nosso contato se der com um povo que não gosta de expressar descontentamento diante de atitudes erradas dos estrangeiros e revelar seus hábitos e costumes culturais com os de fora. A missionária Glória Mendes, trabalhando na Índia e no Paquistão, percebeu esse tipo de comportamento entre os hindus.
Se um estrangeiro comete um erro de comportamento ou no uso dos costumes, os hindus riem sem explicar o porquê. Só quando existe muita confiança, aconselham a pessoa quanto ao que se deve ou não fazer.
O problema de desconhecer o padrão de conduta local é que podemos, involuntariamente, criar situações desconfortáveis para o grupo em contato. Dr. Mary Wilder narra um exemplo interessante ocorrido com um casal de missionários trabalhando na Indonésia:
“Minha esposa e eu fomos convidados para um jantar de comunidade indonésio. Ao chegarmos no local do jantar, fomos introduzidos no salão de banquete por uma jovem senhora vestida em um belo traje tradicional indonésio que nos fez sentar na cabeceira da mesa. Durante o jantar, tivemos um tempo maravilhoso conhecendo diversos profissionais indonésios e estudantes da cidade. E, é claro, saboreando a deliciosa comida e desfrutando das danças tradicionais apresentadas naquela noite.
“A festa já estava indo lá pelas tantas. Imaginamos que já estava ficando muito tarde, mas surpreendentemente ninguém deixava o salão do banquete. Até que um dos líderes veio até onde eu estava e, gentilmente, lembrou-me que ninguém poderia ir embora. Todos estavam aguardando por nós, os convidados de honra, a serem os primeiros a deixar o local. Então,dissemos: ‘Ó,por favor, perdoe-nos’. Dissemos adeus depressa e nos ausentamos imediatamente. Enquanto deixávamos o local, ouvi atrás de mim, no corredor do banquete, um grande suspiro de alívio”.
Notas:
1 Latinos no Mundo Muçulmano. São Paulo: Sepal, 1993, p.24.
2 Comunicação eletrônica.
Por Jairo de Oliveira
Extraído do site do ICP.COM.BR em 24/05/2013