Kevin Jackson – Como uma Pessoa Morta Pode Crer a menos que Deus a Ressuscite?
Como uma pessoa morta poder crer a menos que Deus a ressuscite? Esta é uma questão levantada pelos calvinistas. Efésios 2:1-9 afirma que estamos mortos em pecados, que somos salvos pela graça e vivificados em Cristo. E há muitas outras passagens que afirmam que estamos mortos em pecados. Visto que um corpo fisicamente morto não pode fazer nada, como uma pessoa morta espiritualmente pode fazer algo como crer? Lázaro poderia erguer-se dos mortos? Obviamente não!
A implicação aqui é que um corpo não pode fazer nada. Um corpo não pode consentir em ser ressuscitado e, portanto, deve ser Deus que nos faz crer. Assim diz o calvinista.
Como o arminiano chega a uma conclusão diferente? É importante começar notando que concordamos fortemente com o que a Escritura ensina. A humanidade está morta em pecados. Somos salvos pela graça. Somos vivificados em Cristo. Não podemos crer em Cristo a menos que Deus primeiro nos conceda a graça que nos capacita a crer.
O desacordo é sobre a definição bíblica do que a morte espiritual implica, no que se refere ao nosso relacionamento com Deus. Ser espiritualmente mortos não significa que somos corpos que não têm espírito e que não tomamos decisões, como o calvinista implica. Em vez disso, ser espiritualmente mortos significa que nossos pecados endureceram os nossos corações e nos separaram de Deus. “Estar morto” nesse sentido é estar separado de Cristo e não desejar ser reconciliado com ele. Estar vivo em Cristo é amá-lo e estar em um relacionamento com ele. Nossos pecados nos mantêm separados de Deus e somos dependentes dele para iniciar a reconciliação que nos capacita a crer.
O calvinista mistura um entendimento não religioso de morte física com a definição bíblica de morte espiritual. O calvinista está definindo a morte espiritual com um corpo sem espírito, como Lázaro estava antes de Jesus tê-lo ressuscitado dos mortos. Mas uma pessoa morta espiritualmente não é a mesma que uma morta fisicamente. Antes da graça de Deus, um incrédulo não busca a Deus, mas ele ainda está vivo fisicamente, ainda tem espírito e ainda toma decisões. Após Deus começar a atrair o incrédulo por meio da graça (e ele atrai a todos), então o incrédulo é capacitado a crer.
Este tipo de morte (separação) primeiramente ocorreu após a queda de Adão e Eva. Após pecarem, eles imediatamente não morreram fisicamente, mas eles foram imediatamente separados de Deus. A primeira coisa que eles tentaram fazer foi se esconderem de Deus (Gênesis 3:8).
Falando de incrédulos, Paulo descreve a morte espiritual em Efésios 4. 18-19:
Entenebrecidos no entendimento, separados da vida de Deus pela ignorância que há neles, pela dureza do seu coração; os quais, havendo perdido todo o sentimento, se entregaram à dissolução, para com avidez cometerem toda a impureza.
Perceba que nessa passagem o incrédulo não é um corpo incapaz de tomar decisões. Os incrédulos estão “entenebrecidos no entendimento, separados da vida de Deus pela ignorância que há neles, pela dureza do seu coração”.
Jesus também descreve a morte desta forma duas vezes na parábola do Filho Pródigo (Lucas 15). Falando aos servos, o pai diz, “este filho estava morto e agora está vivo; estava perdido e foi achado”. Ao seu filho mais velho o pai diz, “temos que celebrar e nos alegrar porque seu irmão estava morto e agora está vivo; estava perdido e foi achado”.
Nesta parábola o filho não era um cadáver. Ele era capaz de tomar decisões, inclusive a decisão de ir para casa. Mas o pai ainda disse que ele estava morto! Isto porque o filho estava separado do relacionamento com seu pai, e era dependente da generosidade de seu pai para ser reconciliado. O mesmo é verdadeiro de nós em nossa morte espiritual e separação de nosso Pai.
Jesus descreve o conceito de separação e seus efeitos em João 15:5-8:
Eu sou a videira, vós as varas; quem está em mim, e eu nele, esse dá muito fruto; porque sem mim nada podeis fazer. Se alguém não estiver em mim, será lançado fora, como a vara, e secará; e os colhem e lançam no fogo, e ardem. Se vós estiverdes em mim, e as minhas palavras estiverem em vós, pedireis tudo o que quiserdes, e vos será feito. Nisto é glorificado meu Pai, que deis muito fruto; e assim sereis meus discípulos.
Estamos vivos em Cristo. Separados dele não podemos fazer nada. Quando estamos mortos espiritualmente, isso significa que estamos endurecidos contra Deus e não estamos em relacionamento com ele. Somos dependentes de sua graça atrativa que nos capacita a crer.
Reflexão:
Tradução: Walson Sales do site arminianismo.com em 21/12/2014 – Fonte wesleyanarminian.wordpress.com