“Por que Deus permitiu que o mal e o pecado surgissem no mundo?”
Para compreendermos este assunto, é preciso antes distinguirmos o mal moral do mal natural.
Mal natural é a desordem e a degeneração do Universo. São as calamidades naturais e as doenças a que estamos sujeitos neste mundo. Quando Deus criou o mundo, tudo era perfeito e bom (Gn 1 e Ec 7.29). Seu projeto inicial não incluía esses males. Essa decadência é resultante da entrada do pecado no Universo. O Senhor permite calamidades na sua criação como sentença pela entrada do mal no cosmos (Gn 3.17-18). Logo, quando a Bíblia diz que Deus “cria o mal”, como em Isaías 45.7, refere-se ao mal natural. O termo em hebraico, aliás, é rah, que significa desgraça, calamidade. O pecado provocou desordem no cosmos.
Mal moral é o pecado. A Bíblia mostra a perfeição moral de Deus (SI 100.5 e Mc 10.18). Nós, criaturas, fomos feitos por Deus dotados da possibilidade de pecar, porque somos seres por Ele dotados de vontade. O mal moral só é possibilidade em nós, porque a iniquidade só é possível em seres dotados de vontade.
Mas e Deus? Ele não tem vontade e mesmo assim não peca? Deus tem vontade, livre-arbítrio, mas Ele é essencialmente santo e perfeito. Essas são características essenciais de sua natureza, que é imutável, por isso Ele não pode ser corrompido. Ele não muda (Ml 3.6). O que Ele é o é eternamente. Ele abomina o mal (SI 7.11). Ele não tenta e por ninguém pode ser tentado (Tg 1.13). Faz parte de sua essência eterna a santidade (Is 6.3). Ele é o Santo (Is 40.25).
Como Deus é a fonte, não-criado, eterno e irresistível, Ele é perfeito e não pode ser corrompido. Por que, então, Ele nos fez com a possibilidade de optarmos pelo mal? Por amor. Por amor?! Sim, porque se Deus é Santo e, além disso, tem a capacidade de impedir o mal moral, e mesmo assim permite que o mal surja (o que é bem diferente de causá-lo), depreende-se naturalmente que Deus só agiu assim porque Ele sabia que disso resultaria um bem maior.
O teólogo norte-americano Bruce Marino explica: “As pessoas poderiam amá-lo livre e sinceramente, uma vez que tamanho amor só pode existir onde houver a possibilidade do ódio e do pecado; e algumas maneiras como Deus se expressa seriam impossíveis de outra forma, tais como seu ódio ao mal (Rm 9.22) e seu amor gracioso aos pecadores (Ef 2.7)” (Teologia Sistemática, uma perspectiva pentecostal, CPAD).
Além disso, como um ser perfeito moralmente, Deus não poderia criar seres que o adorassem mecanicamente, sem espontaneidade. Um Deus santo só aceita uma adoração santa, o que implica sinceridade, um ato puro e livre de amor. Vale lembrar ainda que haverá um dia em que o mal não mais existirá no cosmos, quando aqueles que optaram viver esquivados de Deus viverão afastados Dele para sempre e os que optaram pelo Senhor, viverão com Ele eternamente, em perfeita paz e felicidade. Esse dia está próximo.
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FONTE: REVISTA “RESPOSTA FIEL” ANO 4 – N° 16