Jesus nos advertiu que “falsos Cristos e falsos profetas” virão e tentarão enganar até mesmo os eleitos de Deus: “Então, se alguém vos disser: Eis que o Cristo está aqui, ou ali, não lhe deis crédito; porque surgirão falsos cristos e falsos profetas, e farão tão grandes sinais e prodígios, que se possível fora, enganariam até os escolhidos. Eis que eu vô-lo tenho predito. Portanto, se vos disserem: Eis que ele está no deserto, não saiais. Eis que ele está no interior da casa; não acrediteis. Porque, assim como o relâmpago sai do oriente e se mostra até ao ocidente, assim será também a vinda do Filho do homem” (Mt 24.23-27). É o que lemos também em Judas 17-18: “Mas vós, amados, lembrai-vos das palavras que vos foram preditas pelos apóstolos de nosso Senhor Jesus Cristo; os quais vos diziam que nos últimos tempos haveria escarnecedores que andariam segundo as suas ímpias concupiscências”. Para melhor se prevenir contra a falsidade e contra os falsos mestres devemos conhecer a verdade.
Frequentemente é difícil identificar um falso mestre ou falso profeta. “Acautelai-vos, porém, dos falsos profetas, que vêm até vós vestidos como ovelhas, mas, interiormente, são lobos devoradores. Por seus frutos os conhecereis. Porventura colhem-se uvas dos espinheiros, ou figos dos abrolhos? Assim, toda a árvore boa produz bons frutos, e toda a árvore má produz frutos maus. Não pode a árvore boa dar maus frutos; nem a árvore má dar frutos bons. Toda a árvore que não dá bom fruto corta-se e lança-se no fogo” (Mt 7.15-19).
Para detectar uma imitação, estude a coisa verdadeira. Qualquer crente que “maneja bem a palavra da verdade” (IITm 2.15), e que faz um estudo cuidadoso da Bíblia, pode identificar uma falsa doutrina. Por exemplo, um crente que leu as atividades do Pai, do Filho e do Espírito Santo, em Mateus 3.16-17, irá imediatamente questionar qualquer doutrina que negue a Trindade: “E, sendo Jesus batizado, saiu logo da água, e eis que se lhe abriram os céus, e viu o Espírito de Deus descendo como pomba e vindo sobre ele. E eis que uma voz dos céus dizia: Este é o meu Filho amado, em quem me comprazo” (Mt 3.16). Portanto, o primeiro passo é estudar a Bíblia e julgar todo ensino de acordo com o que diz a Escritura.
A Recomendação Bíblica
Diversas vezes, nos Evangelhos, Jesus advertiu os discípulos a se precaverem dos líderes enganadores (Mt 7.15; 16.6,11; 24.4-5; Mc 8.15; 12.38-40; 13.5-6; Lc 12.1; 20.46; 21.8.
Noutros lugares, o crente é exortado a provar mestres, pregadores e dirigentes da igreja (ITs 5.21; IJo 4.1-6). Seguem-se os passos para testar falsos mestres e falsos profetas.
- Discernir seu caráter. Tem uma vida de oração perseverante e manifesta uma devoção sincera e pura a Deus? Manifesta o fruto do Espírito (Gl 5.22-23)? Ama os pecadores (Jo 3.16)? Detesta o mal e ama a justiça (Hb 1.9 )? Fala contra o pecado (Mt 23; Lc 3.18-20)?
- Discernir sua motivação. O líder cristão verdadeiro procurará fazer quatro coisas: a) honrar a Cristo (IICo 8.23; Fp 1.20); b) conduzir a igreja à santificação (At 16.18; IICo 6.16-18); c) salvar os perdidos (ICo 9.19-22); d) proclamar e defender o evangelho de Cristo e dos seus apóstolos.
- Discernir até que ponto se baseia nas Escrituras. Este é um ponto fundamental. Crer e ensinar que os escritos originais do AT e do NT são plenamente inspirados por Deus, e que devemos observar todos os seus ensinos (IIJo 9-11). Caso contrário, podemos estar certos de que tal mestre e sua mensagem não provêm de Deus.
- O que esse mestre diz sobre Jesus? Em Mateus 16.15, Jesus pergunta: “Quem dizeis que eu sou?”. Pedro responde: “Tu és o Cristo, o Filho do Deus vivo”, e por essa resposta Pedro é chamado “bem-aventurado”. Em IIJoão 9, lemos: “Todo aquele que ultrapassa a doutrina de Cristo e nela não permanece não tem Deus; o que permanece na doutrina, esse tem tanto o Pai como o Filho”. Em outras palavras, Jesus Cristo e a Sua obra de redenção são da maior importância. Cuidado com qualquer um que nega que Jesus é igual a Deus, desvaloriza a morte de Jesus no nosso lugar, ou rejeita a humanidade de Jesus. IJoão 2.22 diz: “Quem é o mentiroso, senão aquele que nega que Jesus é o Cristo? Este é o anticristo, o que nega o Pai e o Filho”.
- Esse mestre prega o evangelho? O evangelho é definido como as boas novas concernentes à morte, ao sepultamento e à ressurreição de Jesus, de acordo com as Escrituras. “Também vos notifico, irmãos, o evangelho que já vos tenho anunciado; o qual também recebestes, e no qual também permaneceis, pelo qual também sois salvos se o retiverdes tal como vô-lo tenho anunciado; se é que não crestes em vão. Porque primeiramente vos entreguei o que também recebi: que Cristo morreu por nossos pecados, segundo as Escrituras, e que foi sepultado, e que ressuscitou ao terceiro dia, segundo as Escrituras” (lCo. 15.1-4). Por mais bonitas que soem as afirmações “Deus te ama”, “Deus quer que alimentemos os famintos” e “Deus quer que você tenha prosperidade”, elas não são a mensagem completa do evangelho. Como Paulo adverte em Gálatas 1.7: “Há alguns que vos perturbam e querem perverter o evangelho de Cristo”. Ninguém, nem mesmo um grande pregador, tem o direito de mudar a mensagem que Deus nos deu. “Se alguém vos prega evangelho que vá além daquele que recebestes, seja anátema” (Gl 1.9).
- Esse mestre exibe qualidades de caráter que glorificam ao Senhor? Falando de falsos mestres, Judas 11 diz: “Prosseguiram pelo caminho de Caim, e, movidos de ganância, se precipitaram no erro de Balaão, e pereceram na revolta de Corá”. Em outras palavras, um falso mestre pode ser reconhecido pelo seu orgulho (a rejeição dos planos de Deus por parte de Caim), sua ganância (a profecia de Balaão por dinheiro) e rebelião (a autopromoção de Corá contra Moisés).
- Observar os frutos da sua mensagem. Comumente seus frutos são seguidores que não obedecem toda a Palavra de Deus.
Para estudar mais, revise os livros da Bíblia escritos especificamente para combater falsos ensinamentos dentro da igreja: “Porque eu sei isto, que depois da minha partida, entrarão no meio de vós lobos cruéis, que não pouparão ao rebanho; olhai, pois, por vós, e por todo o rebanho sobre que o Espírito Santo vos constituiu bispos, para apascentardes a igreja de Deus, que ele resgatou com seu próprio sangue. E que de entre vós mesmos se levantarão homens que falarão coisas perversas, para atraírem os discípulos após si” (At 20.29).
Hananias, um Falso Profeta
Jeremias, por volta do ano 594 a C., teve um encontro com um falso profeta, que estava animando e consolando o povo com palavras de paz. Seu nome era Hananias e se destacava por não levar a sério a proclamação de juízo de Jeremias. Ele profetizava que o rei Joaquim haveria de morrer no cativeiro (Jr 22.24-26) e os judeus exilados não retornariam para sua terra antes de 70 anos (Jr 25.11; 29.10).
Hananias, no entanto, dizia que nada disso era verdade. Profetizava que em dois anos findaria o cativeiro (Jr 28.1-4) e falava em nome de Deus de Israel.
Era a palavra de Jeremias contra a palavra de Hananias. Depois disso, Jeremias profetizou contra Hananias, que ele seria castigado por pregar mentiras e desviar o povo dos caminhos de Deus (Jr 28.16-17) Era a sentença de Deus contra o falso profeta (Dt 18.20).
Fracasso profético de Hananias: 1) Joaquim morreu no exílio, nos dias do rei Evil Merodaque, sucessor de Nabucodonosor (IIRs 25.27-30; Jr 52.31-34); 2) O cativeiro só terminou depois de 70 anos (IICr 36.22-23; Zc 7.5).
Diferença entre o Falso e o Verdadeiro Profeta
Como já vimos, a Bíblia reconhece a existência de falsos profetas (Mt 7.15). Muitas seitas declaram ter profetas. A Bíblia exorta a testarmos aqueles que se dizem profetas (IJo 4.1-3).
Mas, qual a diferença entre um falso profeta e um verdadeiro profeta de Deus?
- Ele profetizou alguma coisa que não se cumpriu? (Dt 18.20-22);
- Ele faz contato com os espíritos de mortos? (Dt 18.11);
- Ele faz uso de meios de adivinhação? (Dt 18.11);
- Ele se envolve com médiuns e feiticeiros? (Dt 18.10);
- Ele segue falsos deuses ou ídolos? (Ex 20.3,4; Dt 13.2-3);
- Ele nega a divindade de Jesus Cristo? (Cl 2.8-9);
- Ele nega a humanidade de Jesus Cristo? (IJo 4.1-2)
- Suas profecias desviam o foco central da pessoa de Jesus Cristo? (Ap 19.10);
- Ele advoga a abstenção de certos alimentos e carnes, por razões de ordem espiritual? (ITm 3);
- Ele reprova ou nega a necessidade do casamento? (ITm 3);
- Ele promove a imoralidade? (Jd 7);
- Ele encoraja o legalismo caracterizado por renúncias auto-impostas? (Cl 2.16-23);
- Ele ensina que a guarda do sábado é necessária para a salvação? (Cl 2.14-17);
Uma resposta positiva a qualquer uma destas perguntas é uma indicação de que o que o profeta diz não procede de Deus. Deus não fala nem corrobora com nada que seja contrário ao seu caráter e aos seus mandamentos.
O Pregador da Palavra de Deus
O trabalho de um pregador é exposto claramente pelo apóstolo Paulo em suas três cartas pastorais (I e II Timóteo e Tito). O pregador deve “pregar a palavra do Senhor; quer seja oportuno ou não; repreendendo, corrigindo, aconselhando com grande paciência e instrução” (IITm 4:2). Se o pregador assim o faz, ele é meramente um servo, simplesmente um homem (ICo 3.5-7; At 10.26). Ele deve ser respeitado pelo seu serviço e dedicação à obra do Senhor, mas não deve ser reverenciado ou elevado acima de outros servos de Deus, menos proeminentes.
Os ensinamentos de todo pregador devem ser cuidadosamente comparados com a Palavra de Deus. Pregadores não estão isentos da possibilidade de errar; é bem verdade que “muitos falsos profetas tem saído pelo mundo à fora” (IJo 4.1). Falsos mestres são muito difíceis de detectar. Por se vestirem com pele de cordeiro e se disfarçarem de servos da justiça divina, são estes que pregam um evangelho pervertido e parecem ser puros, mas são lobos devoradores (Mt 7.15-20; IICo 11.13-15). Jesus disse: “Ficai atentos”.
Os irmãos de Bereia foram instruídos a comparar cuidadosamente até o que o apóstolo Paulo ensinou com as Escrituras (Atos 17:11). Nunca simplesmente aceite o que um pregador possa vir a ensinar. Sempre atenciosamente procure verificar se o que está sendo ensinado tem fundamento bíblico. Muitos que ingenuamente acreditam nas palavras de certos pregadores, ficarão surpresos no dia do juízo (Mt 7.21-23). Deus disse, através de Jeremias:”Maldito é o homem que confia no homem” (Jr 17:5).
Nossa devoção e reverência deve ser dada somente a Deus. O pregador pode ser uma ótima pessoa, mas não confie no fato de que ele pode salvar alguém. Cuidadosamente compare a palavra dele com a do nosso Senhor, porque as palavras dele serão as que nos julgarão (Jo 12.48). Amém!