Comentário de Ezequiel 11.19-21

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Ezequiel 11.19-21

E lhes darei um só coração, e um espírito novo porei dentro deles; e tirarei da sua carne o coração de pedra, e lhes darei um coração de carne; Para que andem nos meus estatutos, e guardem os meus juízos, e os cumpram; e eles me serão por povo, e eu lhes serei por Deus. Mas, quanto àqueles cujo coração andar conforme o coração das suas coisas detestáveis, e as suas abominações, farei recair nas suas cabeças o seu caminho, diz o Senhor DEUS. Ezequiel 11:19-21 

19-21. Mais do que isso, num ato supremo de graça, seria dado a eles um novo coração e um novo espírito. A dádiva é de um só coração, implicando na reunião dos antigos reinos do norte e do sul, como em 37.15-22, mas isto é menos provável do que os variantes “novo” (alguns MSS heb., sir.) ou “outro” (LXX), especialmente à luz da promessa de substituir seu coração de pedra por um coração de carne (19). A personagem bíblica clássica que recebeu este dom foi Saul (1Sm 10.9), mas é uma característica que volta a ocorrer nas profecias de Jeremias e de Ezequiel (Jr 32.39, LXX; Ez 18.31; 36.36; cf. Sl 51.10). Como isto ocorrerá não é explicado, mas as palavras sugerem um transplante radical, bem diferente daquilo que havia sido habitualmente conhecido e experimentado antes. Resultaria numa obediência quase espontânea aos mandamentos de Deus, que só podem ser plenamente compreendidos pelo dom do Espírito Santo dado à igreja no Pentecoste.

Parece haver neste versículo um eco proposital do v. 18 na repetição do verbo “tirar” ou “remover.” Cooke nota o paralelo e comenta: “Se os judeus que voltam para casa tirarem os obstáculos externos (v. 18), Javé tirará o interno.” A preparação para a obra de Deus no homem devia ser a disposição do homem para arrepender-se e para dar passos práticos a fim de demonstrar seu arrependimento. Isto não significa que os seres humanos devem purificar suas vidas em prontidão para que Deus as habite, mas certamente significa que Deus nada pode fazer em prol do homem que não quer reconhecer seus pecados e converter-se deles.

Como sempre, a promessa da aliança com bênção e união com Deus com Seu povo peculiar (20), é colocada lado a lado com as consequências solenes que sobrevirão àqueles cujo coração se compraz em todas as práticas corruptas das quais devem conservar-se livres (cf. 18). É válido lembrar que as bênçãos de Deus sempre têm um lado reverso, além do lado anverso. Nunca devem ser consideradas como uma coletânea superlativa de benefícios disponíveis a todos aqueles que desejarem aproveitá-los. Moisés colocou diante do povo “a bênção e a maldição” (Dt 11.26); Cristo falava de dois caminhos, sendo que um conduz para a perdição, e o outro para a vida (Mt 7.13-14). O infinito lucro do céu sempre tem seu paralelo bíblico na perda irreparável que é o inferno.

John B. Taylor

Fonte: Ezequiel: Introdução e Comentário, p. 103

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