“Ninguém, pois, vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa de dias de festa, ou de lua nova, ou de sábados que são sombras das coisas vindouras; mas o corpo é de Cristo.”
Se os ASD aceitassem que a palavra sábados do texto em tela se aplica corretamente ao sábado semanal, então não haveria prova bíblica de sustentar a guarda do sábado no Novo Testamento. E eles sabem muito bem disso. Por isso, quando em polêmicas levantadas sobre o assunto, querendo sustentar a obrigatoriedade da guarda do sábado, explicam que a palavra sábados de Cl 2.16 se aplica aos por eles intitulados sábados cerimoniais ou anuais de Levítico 23.
É a resposta óbvia que dão quando alguém aponta Colossenses 2:14-17 como apoio bíblico da abolição do sábado semanal. Dizem, “Então você não sabe que existem dois sábados nas Escrituras? O sábado semanal, que é de caráter moral e o sábado cerimonial ou anual? Este – sim – foi abolido na cruz, mas o sábado semanal continua obrigatório”.
Vejamos se os sabatistas têm razão no seu raciocínio:
A mutação na teologia adventista quanto ao texto em lide é deveras embaraçosa, pois Paulo só menciona o sábado esta única vez em suas epístolas e mesmo assim para dizer que ele é apenas uma sombra que já passou. Antigamente tentavam sair deste embaraço das seguintes maneiras:
1. A palavra sábbaton – Apelando para o fato de que a palavra “sábbaton” estava no plural e por isto diziam que se referia às muitas festas anuais chamadas de “sábados cerimoniais”. Mas este sofisma não só não suportava uma análise gramatical correta como também distorce e ignora versículos bíblicos no original grego tais como: Mat. 12:5,12 – Mc. 1:21 – Lc. 4:31; 6:2,9 – At. 13:27; 17:2; 18:4 e Col. 2:16 transcritos como o sábado semanal, mas entrementes, flexionados no plural. Hoje este argumento esfarrapado não é mais usado, salvo pelos mais incautos. Sabbaton é uma das palavras gregas que são plural na forma, mas às vezes singular no significado. Nenhum estudante da Bíblia bem informado pode ainda considerar o argumento de que “sabbaton” de Colossians 2:16 é plural e então tem que forçosamente recorrer aos sábados sagrados cerimoniais de Levítico 23. “Várias explicações têm sido apresentadas para esta peculiaridade da língua grega, porém a que mais nos satisfaz é a do eminente estudioso A. T. Robertson em A Grammar of the Greek New Testament in the Light of Historical Research, págs. 95, 105. Sugere ele que as duas formas sábbaton e sábbata, conquanto aparentemente sejam o singular e o plural da mesma palavra, em realidade são o singular de palavras diferentes. Defende ele que o termo hebraico shabbath, “sábado”, é a fonte lógica do termo comum grego sábbaton. Nos tempos pós-exílicos, porém, o aramaico era generalizadamente usado na Palestina, e seu termo para “sábado” é shabbethá, palavra que bem poderia haver sido introduzida no grego como sábbata. Assim sábbaton foi sempre um termo singular, ao passo que sábbata poderia ser singular ou plural, dependendo se era usada como derivada do aramaico ou como o plural de sábbaton.”
2. Meus sábados x Vossos sábados – Após terem abandonado este tolo raciocínio enveredaram em dizer que há uma substancial diferença quando Deus diz “meus sábados” e “vossos sábados”. Os primeiros são denominados de Deus, o sábado da criação, semanal, proclamado antes da queda do homem, portanto não tido como sombra de Cristo e não abolido, pois faz parte da lei moral do decálogo que foi escrita em pedras. Já o segundo é os denominados sábados cerimoniais ou anuais, dado no Sinai, depois da queda, escrito em livro, portanto, tido como sombra e cravado na cruz. Este raciocínio é ensinado no livro “Subtilezas do Erro…erros de Christianini”. Vejamos se tal raciocínio agüenta um exame das escrituras. Na verdade, para uma pessoa normal e sensata não há necessidade de se desgastar com uma exegese profunda para desmascarar argumentos fraudulentos como estes, basta apelar para o raciocínio tendo como base apenas uma vista panorâmica dos textos.
Vejamos:
Se Sábado é prescrição moral da lei por ser chamado “meus sábados”, então os sabatistas têm de admitir situação de igual valor para os sábados dos 7 anos e 50 anos. O Sábado anual era um Sábado do Senhor (Lv.25:1-4,10-12). Para serem coerentes deveriam guardá-lo por haver sido chamado por Deus de “meus sábados” (compare: Lv.26:2,43,35). Jo.20:17 – Aquele Pai, mencionado por Jesus como “meu Pai” é diferente do Pai também chamado por Jesus de “vosso Pai”? Só por que mudou o pronome possessivo também mudou o Pai? Vejam outro exemplo: Is.56:7 comparado com Mt.23:38, onde os sacrifícios são chamados “meus sacrifícios” e “vossos sacrifícios”. Em Is.43:23,24 aparece o possessivo “teus holocausto”, “teus sacrifícios”. Mais uma vez é infantil e sem fundamento o argumento adventista. Falta sentido e só revela desespero de causa.
3. Sábados Cerimoniais – Na malograda busca por apoio em Colossenses 2:16, os sabatistas pareciam ter encontrado-o no argumento dos chamados sábados cerimoniais. Dizem que o versículo de Cl.2:16 não refuta a tese adventista pois ali o que se encontra são os sábados cerimoniais e não semanais (Carlyle B. Haynes, ‘Do Sábado para o Domingo’, pág.31) . Mais uma vez lançaremos mão da Bíblia para refutá-los.
a) A expressão de Cl 2.16 “dias de festa’ se relaciona com os feriados anuais ou sábados cerimoniais que eram denominados dias de festa, “São estas as festas fixas do Senhor, que proclamareis para santas convocações, para oferecer ao SENHOR…” (Lv 23.37). Logo os sábados cerimoniais ou anuais já estão incluídos nessa frase, restando à palavra sábados o sentido diferente de sábados semanais, “Além dos sábados do Senhor…” (Lv 23.38).
Eram sete as festas anuais judaicas mencionadas em Lv 23:
1.Festa dos Asmos – v. 6
2.Festa da Páscoa – v. 5
3.Festa de Pentecostes – v. 15, 16
4.Festa das Trombetas – v. 24
5.Festa da Expiação – v. 27, 28
6.Festa dos Tabernáculos (primeiro dia da festa)- v. 34
7.Festa dos Tabernáculos (último dia da festa) – v. 36
b) A fórmula ‘dias de festa, luas novas e sábados’ é a fórmula consagrada para indicar os dias sagrados anuais, mensais e semanais ou inversamente, semanais, mensais e anuais.
Exemplos bíblicos da fórmula:
No. 1:
Em Números 28 encontramos os holocaustos para os dias de sábados (semanais), para as luas novas (mensais) e dias de festa (anuais) nos seguintes versículos: “… no dia de sábado dois cordeiros de um ano, sem mancha… Holocausto é do sábado em cada semana…” (v. 9,10)
“E as suas libações serão a metade dum him de vinho para um bezerro… este é o holocausto da lua nova de cada mês, segundo os meses do ano.”(v. 14)
“Porém no mês primeiro, aos catorze dias do mês, é a páscoa do Senhor; E aos quinze dias do mesmo mês haverá festa; sete dias se comerão pães asmos.” (v. 16,17)
Exemplo n. 2:
1 Cr 23.31: “E para cada oferecimento dos holocautos do Senhos, nos sábados (cada semana), nas luas novas (cada mês) e nas solenidades (cada ano) por conta, segundo o seu costume, continuamente (o parêntese é nosso).
Exemplo n. 3:
2 Cr 2.4: “Eis que estou para edificar uma casa ao nome do Senhor meu Deus, para lhe consagrar, para queimar perante ele incenso aromático, e para o pão contínuo da proposição, e para os holocaustos da manhã e da tarde (cada dia), nos sábados (cada semana) e nas luas novas (cada mês) e nas festividades do Senhor nosso Deus… (cada ano).” (o parêntese é nosso)
Exemplo n. 4:
2 Cr 8.13: ” E isto segundo o dever de cada dia, oferecendo segundo o preceito de Moisés, nos sábados (cada semana) e nas luas novas (cada mês), e nas solenidades (cada ano), três vezes no ano… (o parêntese é nosso)
Exemplo n. 5:
2 Cr 31.3: “Também estabeleceu a parte da fazenda do rei para os holocaustos, para os holocaustos da manhã e da tarde, e para os holocaustos dos sábados (cada semana), e das luas novas (cada mês), e das solenidades (cada ano), como está escrito na lei do Senhor.”(o parêntese é nosso)
Exemplo n. 6
Ez 45.17: “E estarão a cargo do príncipe os holocaustos, e as ofertas de manjares, e as libações, nas festas (cada ano), e nas luas novas (cada mês), e nos sábados (cada semana), em todas as solenidades da casa de Israel.”(o parêntese é nosso)
Exemplo n. 7
Os 2.11: “E farei cessar todo o seu gozo, as suas festas, as suas luas novas e os seus sábados; e todas as suas festividades.”
Voltemos agora a Cl 2.16 ” Portanto ninguém vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa dos dias de festa (cada ano ) , ou da lua nova (cada mês), ou dos sábados (cada semana), Que são sombras das coisas futuras, mas o corpo é de Cristo.” para verificarmos que as expressões para a indicação dos dias sagrados semanais, mensais e anuais ou inversamente, dias sagrados anuais (dias de festas), mensais (luas novas) e sábados (semanais) estão indicados sempre pela mesma expressão. O contrário seria incorrer numa enumeração desprovida de ordem lógica.
Sinomizarem-se ou confundirem-se os “sábados” das perícopes de Oséias 2:11 e Cl. 2:16 com as solenidades ou festas anuais é incorrer-se num pleonasmo sem sentido. Um pleonasmo e inconseqüente descabido sintoma de escandaloso sofisma. Com efeito, os dias de sacrifícios anuais, então, seriam apresentados duas vezes: uma sob a palavra FESTA e a outra sob o nome de SÁBADOS, incorrendo-se em desacordo com Levítico 23:3.
4. Julgar – Alguns adventistas ao que parece, passaram a apreciar outros termos no trecho em pauta e agora apelam para a questão do verbo “julgar”. Dizem que o apóstolo não está de fato dizendo que o sábado foi abolido, mas que ninguém deve “julgar” o outro por isso.
Paulo está dizendo para ninguém julgar os cristãos porque não guardam estas coisas, porque era apenas sombra que apontavam para o corpo, ou seja, isto é coisa do passado, apontava para Cristo. Mas agora que o original que é Cristo (metaforicamente chamado de “o corpo”) já veio, não precisamos mais da sombra, do aio (cf. Gl.3:24,25). A quem você daria mais valor; ao seu pai, ou a sombra dele? O que passar disso é animus decipiendi. Demais disso, saberia alguém dizer qual a denominação religiosa que mais julga os cristãos por não guardar o sábado? Quem disse Igreja Adventista do Sétimo Dia, acertou. São eles mesmos quem mais julgam os cristãos por causa do sábado, são eles que afirmam que quem não guarda o sábado está debaixo do juízo de Deus; que a pessoa que guarda o domingo tem a marca da Besta e outros impropérios mais. Todavia, Paulo diz para ninguém julgar o seu próximo por causa de coisas que já passou, que eram apenas sombra.
5. A heresia colossenses – A última novidade apresentada pelos sabatistas vem da pena de Samuele Bacchiocchi, um teólogo da IASD. Sua concepção sobre CL. 2:16, revolucionou totalmente o debate em torno da questão do sábado. Ele não só contraria a opinião tradicional do adventismo, como sugere uma nova interpretação para a polêmica do sábado. Vejamos a opinião de Bacchiocchi sobre Cl. 2:16:
“O sábado em Colossenses 2.16: O tempo sagrado prescrito por falsos mestres referem-se como sendo ‘um sábado festival’ ou a lua nova ou um sábado. – ‘eortes e neomnia o sabbaton.’ (2.16). O consenso unânime de comentaristas é que estas três expressões representam uma lógica e progressiva seqüência (anual, mensal e semanal). Este ponto de vista é válido pela ocorrência desses termos… Um outro significativo argumento contra os sábados cerimoniais ou anuais é o fato de que estes já estão incluídos nas palavras ‘dias de festa…’Esta indicação positivamente mostra que a palavra SABBATON como é usada em Cl 2.16 não pode se referir aos sábados festivais, anuais ou cerimoniais.”
Determinar o sentido de uma palavra baseando-se exclusivamente em conceitos teológicos em prejuízo de evidências línguísticas e contextuais é estar contra as regras de hermenêuticas bíblicas. Ademais, a interpretação que o Comentário Adventista dá à palavra ‘sábados’ de Cl 2.16 é difícil de ser sustentada, desde que temos visto que o sábado pode legitimamente ser tido como ‘sombra’ ou símbolos preparatórios de bênçãos da salvação presente e futura.” ( Samuelle Bacchiochi – From Sabbath To Sunday, p. 358-360)
Veja que a interpretação de Bacchiochi choca frontalmente com o que ensinou o adventismo até hoje, qual seja, que o sábado de Colossenses 2:16 se refere ao sábado cerimonial. Agora compare com as declarações de Arnaldo Christianini, que gastou cinco páginas inteiras no intuito de provar que os sábados ali mencionados eram de fato os “sábados cerimoniais”. Pobre coitado! Nem imaginava ele que mais tarde viria outro adventista e desmantelaria todo o árduo trabalho do seu castelo de areia! É, parece que tal tese a dos “sábados cerimoniais” foi juntamente com ele sepultada. Mas vejamos o que afirmavam as “subtilezas” de Christianini na década de sessenta:
“Estes sábados estão incluídos entre instituições que eram “sombras das coisas futuras” – prefigurações de fatos que ainda estavam por vir. O sábado do decálogo é comemorativo de um fato passado: a Criação. Não era sombras de coisas futuras. Sem dúvida, o texto se refere aos sábados cerimoniais.” e ainda prossegue afirmando ” Mas – objetará alguém – SE Paulo menciona dias de festa, não haveria necessidade de acrescentar “sábados” se estes, afinal são os mesmos dias de festas.” E finalmente dispara uma fulminante asseveração, “ISTO É UM SUBTERFÚGIO” (ênfase acrescentada) (Subtilezas do Erro, pág. 124,126,127)Bem, parece então que os anátemas de Christianini recaiu sobre o senhor Bacchiochi. Ao que tudo indica, ele armou um tremendo subterfúgio para os adventistas!
Contradições
As contradições são gritantes veja como cada intérprete adventistas considera os ´sabados de Colossenses 2.16:
CHRISTIANINI = São sábados cerimoniais
BACCHIOCHI = São sábados semanais
CHRISTIANINI = Não é sombra
BACCHIOCHI = É sombra
Bom, agora resta saber de que lado vai ficar os adventistas! Vai sustentar ainda o ponto de vista do adventismo tradicional, ou vai mudar para a nova tese de Bacchiochi?
É verdade que Bacchiochi vai além da interpretação tacanha adventista. Mas se você espera que ele irá concordar com nossa tese, está muito enganado. Na verdade, ele criou uma nova tese para o adventismo, que em meu ponto de vista, não é melhor do que a anterior, pois carece de respaldo bíblico. Sua nova tese traz sérias complicações exegéticas e fica muito aquém do que se esperava de um homem que alardeia ter recebido das mãos do papa – o qual a sua igreja considera como ‘o anticristo’- seu “doutorado”. Samuelle, definitivamente não conseguiu dirimir o problema de Cl. 2:16, o que ele fez foi criar uma apagogia.
Apesar de defender a idéia de que os sábados de Colossenses é o sábado semanal (vindo de um adventista isto já é um grande progresso), ele desvia a problemática toda para a questão da heresia colossenses. Afirma ainda que a condenação de Paulo recai não sobre o sábado em si, mas sobre a deturpação do sábado feita pelos líderes heréticos. O único problema com esta interpretação é que não tem respaldo Bíblico. Se porventura, Paulo, estivesse apenas alertando os crentes colossenses sobre uma perversão a respeito dos dias sagrados e não sobre os dias em si, então devemos supor que aquela trilogia ainda está em vigor para os crentes do NT. Imaginamos por um instante que Samuelle esteja correto; vale ressaltar aqui que Paulo não somente declara para os Colossenses que foram pregadas na cruz as práticas e regulamentos pervertidos pelos falsos mestres, como tira toda a base de debaixo dos seus pés por dizer que até mesmo foram cancelados os decretos divinos com respeito ao Sábado e as festas. Parafraseando, é como se Paulo estivesse dizendo aos Colossenses mais ou menos assim: “Se Deus cancelou os regulamentos do escrito de dívida, você não tem que submeter supostamente aos regulamentos imposto por anjos ou por qualquer pessoa”. Além disso, é o sábado semanal do VT em lugar da “perversão do sábado” dos mestres heréticos que são “uma sombra das coisas futuras”. Paulo não só afirma que as perversões judias quanto ao sábado não estão mais vigentes na consciência do cristão como também que estes próprios festivais eram verdadeiras “sombra de Cristo”. Apesar de Bacchiochi concordar que aqueles sábados eram “sombras”, todavia, ele forjou uma nova explicação para fugir do dilema, saindo com a seguinte explicação:
“Além disso, notamos que o termo sombra é usado não em um sentido pejorativo, como um rótulo para observâncias inúteis cuja função cessou, mas para qualificar o seu papel em relação ao corpo de Cristo…” (ibdem)
Infelizmente ele está redondamente enganado, pois todas as vezes que o termo sombra é usado em relação à lei é para dizer que a sombra acabou, mas o original, que neste caso é o corpo, permanece. Em Hebreus 8:5 o sistema mosaico inteiro é chamado de sombra. Em Hebreus 10:1 a lei é chamada de sombra. Em nenhum destes casos alguém vai objetar dizendo que a sombra ainda permanece depois que Cristo veio.Percebemos a mesma linguagem em Colossenses 2:16,17, onde os dias sagrados judaicos são uma sombra em contraste com Cristo que é o corpo. Ora, se esta sombra ainda permanece válida depois que Cristo veio então devem ser válidas todas aquelas outras festas “cerimoniais” que estão juntas no mesmo verso. Os sabatistas tradicionais contestam dizendo que o sábado de Cl.2:16 não pode ser o Sábado semanal porque estes “sábados” estão incluídos entre instituições que eram ‘sombras das coisas futuras’ – prefigurações de fatos que ainda estavam por vir. O sábado do decálogo é comemorativo de um fato passado – a criação. Não era sombra de coisas futura, dizem eles. Sem dúvida, o texto se refere aos sábados cerimoniais. (Subtilezas – pág. 124)
Perguntamos então: a saída dos israelitas do Egito não é um fato histórico? Mesmo assim não deixa de ser sombra da libertação que Cristo veio trazer a nós. Adão certamente é um fato histórico do passado até mesmo antes da queda, no entanto, ele apontava como uma figura para frente, em Cristo mesmo, Romanos 5:14. Claro que o sábado como todos os grandes festivais do VT foi instituído para apontar para os feitos poderosos de Deus encontrados na criação ou no Êxodo. Mas eles não só apontavam para trás como também para frente, para a nova criação de Deus. Era comum os judeus falarem do sábado do decálogo como um antegozo do sábado (descanso) eterno escatológico que havia de vir. Hebreus cap. 4 reflete bem esta concepção quando une tipologicamente o sétimo dia com o descanso que temos em Cristo através da pregação do Evangelho (cf. Mt. 11:28-30).
Demais disso sempre que o VT une a festividade da Lua Nova com o Sábado como acontece em Cl. 2:16, está recorrendo ao sábado semanal (conf. 2 Reis 4:23; 1 Crônicas 23:31; 2 Crônicas. 2:4; Neemias 10:33; Isaías 1:13; 66:23; Ezequiel. 45:17; 46:1; Oséias 2:11; Amós 8:5). É importante frisar que quando Deus vai anunciar suas festas santas, suas convocações que os sabatistas, mormente chamam de “cerimonial” e dizem que foi abolida, está justamente o sábado semanal em primeiro lugar. Assim reza o texto em Levítico 23: 1,2,3: “As festas do Senhor que proclamareis como santas convocações São Estas:” então o escritor passa a enumerá-las, e a primeira delas a encabeçar a lista é justamente o sábado semanal. Mas como bom adventista acostumado a esgrimir sofismas, Christianini apela para o fato de que o sábado semanal era totalmente distinto dos sábados de festas. Apelando para a vulgata de Jerônimo que reza: “Exceptio sabbatis Domino…” ou seja, “além dos sábados do senhor”. Ele quer ver nisto uma distinção. Todavia, há de se esclarecer que a vulgata é uma tradução que não merece muito apreço pelos críticos. Os estudiosos Geisler & Nix, em sua “Introdução Bíblica” pág. 216 nos diz que: “A coerência do texto da Vulgata é muito pouca desde o século VI, e seu caráter geral é algo imperfeito.” Destarte, as traduções de Matos Soares e Figueiredo, que Christianini quer se apoiar tanto neste particular, chegando a dizer que “seguem melhor o original”, é um ato um tanto suspeito. Suspeito porque tais autores católicos fizeram suas traduções de uma outra tradução e não do original como fez João Ferreira de Almeida. Portanto, com qualidade inferior. Em nossas traduções mais conhecidas (pelo menos 5 que verifiquei) e tradicionais não aparece a frase “além dos sábados do Senhor”, o sábado é englobado juntamente com as festas.
Entrementes, havia, no entanto, uma diferença entre o sábado semanal e as festividades que os adventistas chamam de “sábados cerimoniais”. Há de se notar que o descanso do sábado semanal era mais completo do que as festividades, enquanto aquele proibia fazer todo tipo de obra, estes, porém, proibiam apenas as “obras servis”, bem como pelo fato de ser celebrado semanalmente ao passo que estas “festas”eram anuais. No sábado era sacrificado dois cordeiros ao contrário dos outros dias (Nm.28:9), ainda doze pães da proposição eram apresentados no tabernáculo no sábado (Lv. 24:5-8).Mas todos eram “mo’edh” (festa) que vem do verbo yei’ed “reunir por pacto” ou “hag” “solenidades”, “santa convocação” mostrando assim o caráter puramente cerimonial do sábado. Concluímos que o sábado semanal fazia parte das “solenidades” de caráter cerimonial, e tendo em vistas, que era ele mesmo, o sinal do pacto de Jeová com Israel. Não tem por onde fugir, se se pretende dizer que os sábados de Cl.2:16 são os sábados cerimoniais e estão incluídos nas festividades como faz Christianini, então terão igualmente de levar junto o sábado semanal, pois ele também estava incluído nas “solenidades do Senhor” como já demonstramos.
Quanto a isso diz o renomado dicionarista John D. Davis debaixo do verbete “festas”:
” Tempo marcado pelas regras eclesiásticas destinado a festividades religiosas, Lv 23.2, incluindo o sábdo semanal, a festa do primeiro dia do sétimo mês e o dia da expiação, Lv 23. 3,24.27.” (p. 225)
Mas tudo indica que Cl. 2:16 está se referindo mesmo à divisão bíblica destas festas em anual, mensal e semanal.
Havia basicamente três coisas que separavam os judeus dos outros povos e conseqüentemente trazia o escárnio destes sobre eles, a saber: a circuncisão, o sábado e as dietas alimentares. O interessante é que exatamente estas três coisas era o pivô das cartas de Paulo. O apostolo alertava os cristãos dizendo que não estavam mais sujeitos a dias santos, a comidas ou circuncisões. Este é o assunto de Romanos, Gálatas e Colossenses. Em Colossenses 2:14, Paulo diz que Cristo cravou na cruz nosso escrito de divida que era as ordenanças que é a mesma lei dos mandamentos de Efésios 2: 14,15. Qual era mesmo a lei dos mandamentos? Ora, não era o decálogo? Sendo assim, o sábado fora realmente abolido por Cristo, segundo Col. 2:16.
Mas não se dando por vencidos eles apelam para o contexto dizendo que a palavra “cheirographon” – que em algumas versões é traduzido por “escrito de dívida” ou em outras como “código ou documento escrito”, ainda outras traduzem como “cédula de dívida” – nada mais era do que “o instrumento para a recordação dos pecados” ou “o registro de nossos pecados” e não a lei de Moisés (Balchiochi – ibdem pág. 350,351). É verdade que estudiosos descobriram exemplos extrabíblicos onde a palavra cheirographon era antigamente usada para recorrer a uma conta assinada, uma espécie de duplicata. Porém, deveria ser mostrado também que a maioria dos estudantes que sugestionam esta interpretação reconhece que o documento de obrigação e os regulamentos da lei são o mesmo. Bacchiocchi reconhece a possibilidade de que se esta passagem de Paulo recorre realmente à lei de Moisés, existe então uma possibilidade legítima de que o Sábado semanal poderia estar incluído entre as ordenações pregadas à cruz (ibdem pág. 348). Porém, há uma fraqueza séria no argumento de Bacchiocchi sobre a palavra cheirographon. O significado de cheirographon como um documento de obrigação é só um dos significados da palavra em escritos gregos antigos.
Outro estudioso, R. C. H. Lenski em sua “Interpretação das epístolas de São Paulo” pág. 114, mostra que cheirographon pode recorrer a um contrato de trabalho, para um documento que dá autoridade para agir ou até mesmo para acordos empresariais. Portanto, está enganado então Samuelle, ao dizer que cheirographon significa apenas um instrumento para se lembrar ou registrar uma dívida. Significa sim, um documento escrito simplesmente. O referido documento registrado no v.14 deve ser determinado pelo contexto. Diz Paulo que cheirographon consiste em “regulamentos”, “ordenanças”, “decretos” (da palavra dogmasin no grego). Colossians 2:14, portanto, não descreve pura e simplesmente um documento que nós assinamos, mas algo que foi escrito em decretos divinos. Essa mesma palavra “dogmasin” aparece em Efésios 2:15, onde Paulo discute sobre a lei mosaica obviamente. Colossenses 2:14 e Efésios 2:15 estão falando do mesmo documento, veja a seguinte comparação:
Efésios 2:14,15 – “na sua carne desfez a inimizade, isto é, a lei dos mandamentos contidos em ordenanças…”
Colossenses 2:14 – “e havendo riscado o escrito de dívida que havia contra nós nas suas ordenanças, o qual nos era contrário, removeu-o do meio de nós, cravando-o na cruz.”
Quando nós examinamos o contexto de Colossenses 2:14, vemos que é precedido por uma referência à circuncisão e é seguido por uma referência sobre festas, luas novas e sábados. Paulo chama isto de “stoicheia”, ou seja, “de princípios de regulamentos deste mundo” (Col. 2:20), da mesma maneira que ele fez em Gálatas 4. Além disso, Paulo estava escrevendo para combater certos cristãos judeus que estavam impondo a lei mosaica aos cristãos gentios.
Bacchiocchi vê uma objeção a esta interpretação de Colossians 2:14 arrazoando da seguinte maneira: “Como Deus pôde pregar na cruz a lei, sendo que ela é santa (Rom. 7:12)? Como isto ajudaria na remoção da culpa destruindo a lei?”. Com tal questionamento Bacchiochi permite que suas pressuposições teológicas anule a clareza da passagem. Porém, nós sugeriríamos que o problema seja resolvido, não adaptando o pensamento do escritor às nossas premissas de éticas teológicas e por conseguinte, distorcendo o que o apóstolo diz, mas deixando que a escritura fale por si, independente se ela vai ou não de encontro com nossas pressuposições. Pois, a verdade da coisa não muda pelo nosso afirmar ou negar…Veritas rei nostro affirmare vel negare non mutatur.
Em um debate on-line com John Lewis, Bacchiochi arremata dizendo: “À luz das indicações anteriores, concluo eu que os que Paulo chama “uma sombra” não é a lei de Moisés ou o sábado sagrado, mas os ensinos enganosos da filosofia dos Colossenses que promoveu práticas dietéticas e a observância de tempos sagrados como ajudas auxiliares à salvação”.
O problema com este raciocínio é que em nenhum lugar da Bíblia encontramos “perversões” ou ensinos heréticos como “sombra” de Cristo. Biblicamente falando isto é inadmissível. Torno a repetir: se Paulo não está condenando os dia em si, mas somente suas perversões impostas pelos mestres heréticos, então, para sermos coerentes, tudo isto deve ser aplicado também para a vigência dos dias de festas e da Lua Nova. Demais disso, a leitura atenta do texto também nos convence de referir-se a palavra “ordenanças” à lei inteira. Note-se, com efeito, o verso 13: “e a vós, quando estáveis mortos nos vossos delitos e na incircuncisão da vossa carne, vos vivificou juntamente com ele, perdoando-nos todos os delitos” As ofensas procediam contra as disposições morais do decálogo. Se se tratasse aí de ordenanças puramente cerimoniais, como de resto querem os adventistas, o texto teria se valido do termo “dikaioma” aplicado no plural “dikaiomata” com este sentido ao aludir a cerimônias judaicas em Heb. 9:1,10, e não a forma verbal “dogmatizomai”. Ou ter-se-ia valido do vocábulo “ethos” que significa rito e costumes, encontrado em Lc. 1:9; Jo.19:40; At. 6:14; 15:1;16:21; 21:21;25:16;26:3;28:17 e Heb. 10:25.
Sim, “cheirographon” é uma metáfora da lei mosaica inteira, mas, sobretudo em seu aspecto moral, que nos fazia grandes e insolventes devedores, porquanto, ao proibir o pecado, fazia-o contudo, mais abundante, escravizando-nos e levando-nos à morte (cf. Rm. 5:20; 7:5-13,25; IICo. 3:6; Gl. 5:1).
COMPREENDENDO O CONTEXTO DA ÉPOCA
Para entendermos a epístola aos Colossenses – e de modo geral toda a Bíblia – devemos nos ater não somente na investigação textual, mas de modo global, atentar mais para uma pesquisa abrangente, levando em conta os princípios da metodologia científica. Segundo os eruditos bíblicos, Colossenses é uma das epístolas escritas da prisão, e segundo estes mesmos estudiosos, essa prisão foi na cidade de Roma. Efésios é uma epístola “irmã” de Colossenses, pois assemelha-se muito àquela. Encontramos a maioria das idéias de Efésios contidas em Colossenses.Há realmente dificuldades para se identificar o que era a “Heresia Colossense”, ou quem eram, “os mestres heréticos” que estavam introduzindo tais heresias. Não obstante, é quase impossível não ver uma infiltração de costumes judaizantes na igreja de Colossos. Nessa região, Antioco III, instalou cerca de 210 a.C., uma colônia militar judaica de 2.000 famílias. Isto é atestado por Flávio Josefo em “Antiguidades Judaicas, XII, 147-153” e também por Cícero (Pro Flacco 28) que na época constava aproximadamente com 66.000 mil judeus. A influencia de práticas judaicas é inegável e muito compreensível, visto que os judeus se fixaram, de longa data, na região e formavam uma comunidade influente. Mas se admitirmos a teoria do judaísmo resta saber que tipo de judaísmo era esse. Um judaísmo ortodoxo ou um judaísmo helênico sincretista?
Assinalemos primeiro as práticas que denunciam explicitamente as doutrinas e práticas das heresias.
• (2:8) Filosofias – caracterizada como simples “paradosis” tradição humana, é a mesma palavra usada para identificar a reprimenda de Jesus às tradições dos judeus em Mt. 15:2,3,6. Essa filosofia dizia respeito aos “stoicheia tou kosmou”, ou seja, os elementos do mundo. Salta aos olhos de qualquer estudante bíblico que está se referindo à mesma palavra que Paulo usou em Gl.4:3,9 para taxar de forma depreciativa as práticas do judaísmo.
• (2;16) Alimentos e calendários das festas – aqui atinge em cheio as práticas judaicas.
• (2:18) Culto aos anjos – Antes de qualquer coisa, não devemos ignorar que o papel dos anjos era de suma importância na literatura judaica apocalíptica (cf. Livro de Daniel, Enoc, Assunção de Moisés, etc.). O papel dos anjos – guardiães da lei – revive concepções judaicas. Pois segundo tais concepções, os anjos haviam participado da promulgação da lei no Sinai (cf. At. 7:38,53 e Gl. 3:19). O Concilio de Laudicéia (cidade vizinha de Colossas) em meados do século IV, vai anatematizar os cristãos que ainda veneravam estes seres. Isto é uma prova histórica de que esta prática ainda estava fortemente arraigada na Ásia Menor.
• Termos gnósticos – Paulo usou alguns termos que mais tarde iriam ser encontrados nos sistemas gnósticos do século II (cf. Evangelho de Tomé) e que foram veementemente refutados por apologistas como Irineu (Contra Heresias I, 11,1), são eles: Pleroma e eon. Isto fez alguns suporem que a heresia colossense era uma mistura de gnosticismo com judaísmo essênio. Podemos descartar desde já uma supremacia gnóstica na heresia, pois tal seita era completamente anti-judaica, a título de ilustração temos o herético Marcion e seu dualismo gnóstico anti-judaico no séc.II.
Todas as evidências apontam para o fato de que a “heresia colossense” era realmente de procedência judaica. Apesar da palavra “lei”, não está inclusa na carta, como alardeiam os apologistas do sábado, todavia, indubitavelmente, o conteúdo aponta para controvérsias em torno desta. Caso contrário, os sabatistas terão de admitir igualmente que aqueles elementos também não fazem parte da lei cerimonial, pois a palavra lei não é mencionada.
Os advogados de uma causa fracassada se arriscam a ridícula incongruência e à extrema cegueira precedendo assim com tais argumentos. Conquanto, eles admitem que ali foi cravada a lei cerimonial, também podem admitir que foi cravado o decálogo, sendo que Paulo não fazia distinção alguma entre uma e outra lei, como insistem fazer os adventistas. Para se salvarem da derrocada exegética alegam que não pode ser o sábado (da lei moral) que foi cravado na cruz (v.14), pois a palavra lei não é mencionada, mas contradizendo-se afirmam que Paulo está falando da lei cerimonial. Mas Como se a palavra lei nem é mencionada? Por ai percebe-se a incongruência dos advogados do sábado. É bom frisarmos que esta epistola foi escrita de Roma, onde Paulo teve de combater as heresias judaizantes. É claro que Paulo ao escrever suas duas epístolas, praticamente gêmeas, Efésios e Colossenses, tinha em mente tais heresias. Demais disso, as três coisas principais que caracterizavam a fé judaica eram: a circuncisão, o sábado, e as leis dietéticas. Desde que estas eram a herança dos judeus e cristãos-judeus, nós não deveríamos nos surpreender por achar que Paulo não tivesse conflitos sobre a circuncisão (Gal. 5:2-3; Fl. 3:2-3), e o sábado (Rom. 14:5-6; Gal. 4:10; Col. 2:16-23; e Tim. 4:1-5) onde quer que os judaizantes tivessem penetrado com suas doutrinas.
“De fato, embora houvesse outras práticas judaicas que distinguiam os judeus de outros povos no mundo heleno, a importância das leis dietéticas e a observância de certos dias santos tinham aumentado de importância nos períodos macabeu e pós-macabeu, quer dizer, os períodos imediatamente precedentes à época em que Paulo escreveu (cf. Dunn). A preocupação sobre dias santos é vista nas disputas calendáricas que ocorriam na datação formal das festas judaicas (e.g., 1 Enoque 74.10-12/Jubileu 6.32-35/ Normas da comunidade 1.14,15). De fato Josefo nos fala que mesmo antes da era dos macabeus, “comer alimentos imundos e violar o sábado”eram considerados os dois atos primários de desobediência ao concerto (Antiguidades judaicas).
“É óbvio que para a maioria dos gentios não tinham nem relevância cultural nem peso teológico. A recusa dos cristãos gentios, que se viam como pessoas livres em Cristo, em observar as práticas judaicas tinha o apoio do apóstolo Paulo.”
“Com relação a guardar as leis dietéticas, a observância de certos dias santos era amplamente praticada entre os judeus – não apenas na Palestina, mas também fora da região – como expressão de identidade. A disputa na comunidade crista em Roma pode ter tido a ver com guardar o sábado ou as festas judaicas, ou ambos. Qualquer que seja a situação, a guarda de certos dias sobre outros evitou a barreira à comunhão com os crentes gentios que não tinham inclinação para celebrar os dias santos judaicos”. (Comentário Bíblico Pentecostal – Novo Testamento – págs. 904,905, vários autores ed. CPAD 1 ed.)
Dado a situação histórica precedente, é difícil não admitir que as escrituras seguintes não estejam se referindo sobre este conflito com respeito ao dia do sábado, veja:
“Quem és tu, que julgas o servo alheio? Para seu próprio senhor ele está em pé ou cai; mas estará firme, porque poderoso é o Senhor para o firmar. Um faz diferença entre dia e dia, mas outro julga iguais todos os dias. Cada um esteja inteiramente convicto em sua própria mente.Aquele que faz caso do dia, para o Senhor o faz. E quem come, para o Senhor come, porque dá graças a Deus; e quem não come, para o Senhor não come, e dá graças a Deus.” (Rm. 14:4-6)
“agora, porém, que já conheceis a Deus, ou, melhor, sendo conhecidos por Deus, como tornais outra vez a esses rudimentos fracos e pobres, aos quais de novo quereis servir?Guardais dias,(sábado) e meses (lua nova), e tempos, e anos (festas) .Temo a vosso respeito não haja eu trabalhado em vão entre vós.” (Gl. 4:9-11)
“Ninguém, pois, vos julgue pelo comer, ou pelo beber, ou por causa de dias de festa (anos), ou de lua nova (meses), ou de sábados (dias), que são sombras das coisas vindouras; mas o corpo é de Cristo.” (Col. 2:16,17)
AUTORES CITADOS POR CHRISTIANINI
Em “Subtilezas do Erro”, Arnaldo Christianini cita vários autores protestantes tentando angariar apoio à sua teoria de que o sábado de Colossenses 2.16 não fora abrogado. Verificando-se, porém, com um pouco de atenção, constatar-se-a a fragilidade do sofisma.
1ª Citação: Adam Clarke – Ao contrario do que se evidência, o que este autor diz é que tudo foi abolido, até mesmo o sábado semanal. O autor de “Subtilezas”, em sua miopia, não percebeu que dentro do pacote das cerimônias Clarke parece jogar o sábado semanal junto, veja com mais atenção, ele diz que “…aqui se refere a algumas particularidades do escrito de ordenanças, que foram abolidas, a saber,…e sábados particulares ou aqueles que deviam ser observados com incomum solenidade…” Veja que ele faz uma nítida distinção entre dois tipos de sábados; um ele chama de “particulares” certamente uma referencia ao sábado do decálogo, e o outro ele chama de “solenidades”, certamente falando aqui dos “cerimoniais”. Ele os diferencia usando o pronome demonstrativo “aqueles”, e arremata dizendo; “todos eles foram abolidos e cravados na cruz” E Christianini ainda expõe sua falta de competência como pesquisador e dispara: “Aí está uma interpretação insuspeita e valiosa” (ibdem pág. 121)
2ª Citação: J. Skinner – Também este escritor não apóia em nada a tese sabatista, pois aponta o que nós já sabemos, isto é, que havia uma distinção entre lua nova e sábado. Só que com o detalhe de jogar o sábado, quando este aparece junto à lua nova, dentro das festividades mensais. Este pensamento é agora rechaçado até mesmo por Bacchiochi, “O consenso unânime de comentaristas é que estas três expressões representam uma lógica e progressiva seqüência (anual, mensal e semanal). Este ponto de vista é válido pela ocorrência desses termos”
3ª Citação: Alfred Edersheim – Ele frisa que tal escritor é de nacionalidade judaica e profundo conhecedor das leis. Mas este autor só afirma o que já está patente, qual seja, que as festividades às vezes são chamadas de “sábados”, e só isto. Mas se a importância recai na nacionalidade judaica querendo com isso julgar de mais peso a interpretação, podemos da mesma maneira citar um teólogo também de descendência judaica a favor de nossa tese, o apologista Archer: “O próposito geral de Colossenses 2:16 é ensinar que os dias santos distintivos do AT não devem mais ser observados pelos crentes do NT…Daí entendermos que o V.16 parece referir-se primordialmente ás estipulações obsoletas do AT, uma das quais é o sábado, como sétimo dia da semana, e outra a festa chamada sábado” (Gleason Archer, Enciclopédia de Dificuldades Bíblicas, pág. 129)
4ª Citação: Albert Barnes – Realmente Barnes se referindo a Col. 2:16 afirma: “pois não há a mais leve razão para crer que ele quisesse ensinar que um dos dez mandamentos havia cessado de ser obrigatório…” e “Nenhuma parte da lei moral – nenhum dos dez mandamentos – poderia ser referido como sombra das coisas futuras… são de obrigação perpétua e universal”. Há de se fazer, entretanto, uma ressalva aqui. Temos de entender que Barnes não apóia a causa adventista ipsis litteris. Simplesmente porque a crença presbiteriana é que o princípio moral do mandamento do sábado não foi abrogado (cremos também assim). Eles crêem que o primeiro dia da semana tomou o lugar do sábado (cf. Breve catecismo de Westminster). É mais ou menos como se o princípio moral deste mandamento fosse despido de sua roupagem judaica e vestido sob as condições da Nova Aliança. Eles até chamam o domingo de “sábado cristão”! Tendo este pano de fundo teológico podemos entender a declaração de Barnes e por fim todas as citações de resto dos autores reformados que seguem o mesmo pensamento. Se ele estivesse defendendo o sábado, cairia numa flagrante contradição, pois estaria defendendo a vigência de um dia e guardando outro. Novamente salta aos olhos a hipocrisia de Christianini ao dizer, “Até parece um adventista falando…É forte a força da evidência.” Perguntamos: que evidência?!
5ª Citação: Strong – É idêntico ao caso acima citado, Strong afirma que o sábado não foi abrogado pelos mesmos motivos. Desta vez porém, Christianini foi mais honesto ao admitir a real posição desse teólogo quanto ao dia, mesmo citando de maneira camuflada em letras minúsculas. Na página 128 ele finalmente admite: “Verdade é que Strong admite a mudança do sábado para o domingo”.
É claro que existem vários estudiosos que não adotam o ponto de vista dos adventistas quanto à lei e o sábado. Entre eles estão:
1. Os pais da Igreja: Clemente, Orígenes, Ireneu, Tertuliano, Justino, Eusébio Ad infinitum…
2. Os reformadores e outros: Calvino, Lutero, Zuínglio, Bunner, Wesley, Moody etc…
3. Grandes estudiosos como Roberty H. Gundry, Josh Mcdowell, F.F Bruce, John Davis etc…
Relacionamos abaixo o que nos foi enviado através de e-mail por um adventista sobre a posição de renomados teólogos protestantes quanto a interpretação desta passagem. Diz ele:
“Russell Norman Champlin apresenta extenso comentário para este verso visando provar que o vocábulo “sábados” se refere ao sábado do quarto mandamento. Segue-se uma pequena parte:
“… ou sábados … O plural com freqüência representa o singular, talvez por analogia com ‘dias de festa’ (plural). Alguns eruditos pensam que o sábado normal está particularmente em foco, neste ponto ou pelo menos, que o mesmo não é excluído… Mas parece certo que está mesmo em foco o sétimo dia da semana (e que o plural é usado em lugar do singular)”. – O Novo Testamento Interpretado, vol. 5, pág. 124.
Walter R. Martin no livro The Truth About Seventh-day Adventism se valeu da mesma dialética e textos bíblicos usados pelas igrejas tradicionais para refutar algumas de nossas crenças, como a vigência da lei e do sábado na dispensação cristã. Como prova de que os cristãos não necessitam mais de guardar o sábado ele menciona Col. 2:13 a 17.
“Primeiro, nós que estávamos mortos temos sido vivificados em Cristo, e foram-nos perdoados todos os nossos pecados e transgressões. Somos livres da condenação da lei em todos os seus aspectos, pois Cristo assumiu nossa condenação na cruz. Como já foi observado, não há duas leis, moral e cerimonial, mas apenas uma lei contendo muitos mandamentos, todos perfeitamente cumpridos na vida e morte do Senhor Jesus Cristo”.
Na página 162 ele afirma:
“De todas as declarações do Novo Testamento estes versos são os que mais fortemente refutam a reivindicação sabatista para observar o sábado judeu”. Declara ainda que “o sábado como lei se cumpriu na cruz e não é mais obrigatório para os cristãos”.
Inconsolável murmura o adventista: “Crê ele que estamos desobrigados de guardar a lei, porque ela é contra nós e foi pregada na cruz. Afirma que suas declarações são irrefutáveis porque se baseiam em leis da gramática e no contexto.”
E ainda sobre Martin, acrescenta o sabatista: “Em sua defesa de que o termo “sábados” de Col. 2:16 se refere ao sétimo dia da semana, Walter R. Martin cita Vine, Alford, Vincent como autoridades que defendem a conveniência de traduzir a palavra “sábados” pelo singular sábado. Acrescenta ele que “a erudição moderna e conservadora estabelece a tradução singular de sábado”. (Até aquí o sabatista)
MAIS TESTEMUNHOS
Várias Confissões – Ainda outros comentaristas como é o caso de “O Novo Comentário da Bíblia”, composto por uma vasta classe de eruditos em teologia, declara que a interpretação correta sobre os sábados de Cl. 2:16 é que são sábados semanais. Vejamos o comentário destes eruditos sobre o texto em pauta:
“… esta regra ascética provavelmente tinha uma intima relação com o judaísmo, particularmente quando associada como aqui, com a observância de dias santos, luas novas, dias de sábado, e as cerimônias anuais, mensais e semanais do judaísmo”.(pág.1292)
Fritz Rienecker – estudioso da língua grega, em sua obra “Chave Lingüística do Novo Testamento Grego” interpreta Colossenses 2:16 da seguinte maneira: “…lua nova. Descreve a festa mensal e a palavra seguinte sábado, “sábado”refere-se ao dia santo semanal (Lightfoot)” (pág. 426)
Lothar Coenen e Colin Brown – em sua obra de peso “Dicionário Internacional de Teologia do Novo Testamento”, comentando sobre o sábado afirma:
“(c) Cl 2:16. Aqui Paulo argumenta que a lei judaica (as exigências legais) foi cancelada na morte de Cristo (v.14), e, portanto, que os regulamentos dietéticos e o calendário religioso dos judeus não eram obrigatório para o cristão. Este ritual incluía a observância do sábado, Paulo indica que estas observâncias indicavam uma realidade espiritual cumprida em Cristo”.(pág.2163)
Batistas – “Está claro, no entanto, que o aspecto permanente da lei é o ético, e não o cerimonial…Assim, ele pode recomendar os entolai theou aos gentios, e ainda rejeitar inflexivelemnte os entolai cerimoniais, tais como a circuncisão, a comida, as festas, e até a guarda do sábado (Col. 2.16), pois estes são nada mais que uma sombra da realidade que chegou com Cristo.” (Teologia Sistemática – George Eldon Ladd pág. 473-474 ed. Juerp 2ª edição)
Assembléia de Deus – No rodapé da recente “Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal” está escrito, “A frase ‘pelo comer ou pelo beber’ provavelmente refere às leis judaicas relacionadas aos alimentos. As festas mencionadas são os dias santos judaicos celebrados anual, mensal (lua nova) e semanalmente (o sábado). Essas cerimônias distinguiam os judeus de seus vizinhos pagãos.” (Bíblia de Estudo Aplicação Pessoal, pág. 1678 – 1ª ed. edit. CPAD)
“As leis, os dias santos e as festas do AT apontavam para Cristo. Paulo os chama de ‘sombras’ da realidade que estava por vir – o próprio Cristo. Quando Cristo veio, dispensou as sombras. Se temos a Cristo, temos o necessário para conhecer e agradar a Deus”. (ibdem)
“Mas não há duvida de que pela vinda do Senhor [Jesus] Cristo haja sido abolido [o] que era aqui cerimonial. Pois Ele é a verdade, pela presença de Quem se desvanecem todas as figuras; o corpo, a cuja visão são deixadas para trás as sombras. Ele é, digo [-o] o verdadeiro cumprimento do sábado.”
Calvino – “Ora, como na ressurreição do Senhor esteja, o fim e cumprimento daquele verdadeiro descanso que o antigo sábado adumbrava, os cristãos são advertidos pelo próprio dia que pôs termo ás sombras a se não apegarem ao cerimonial obumbrante.” (Institutas da Religião Cristã – Calvino vol. II livro 2 cap. VIII p. 33 – CEP)
Pentecostais – “As referências no versículo 16 à manutenção das festas religiosas, das celebrações da lua nova e dos dias de sábado, sugerem que os ensinos problemáticos em Colossos tinham uma forte influência judaica” (Comentário Bíblico Pentecostal – Novo Testamento, pág. 1343 – vários autores ed. CPAD)
“O primeiro conjunto de preocupações abordado por Paulo, está relacionado à imposição de leis sobre a alimentação (“pelo comer, ou pelo beber”) e à observância de certos dias considerados como santificados (“dias de festas, ou da lua nova, ou dos sábados”). O apóstolo encoraja os colossenses a não deixar que ninguém os ‘julgue’ com respeito a estas coisas….A razão pela qual os regulamentos não têm nenhuma relevância é que são apenas ‘sombras’ das ‘coisas futuras’, porém o corpo é de Cristo…”. E conclui finalmente, “Submeter-se a tais práticas seria sujeitar-se novamente a uma forma de escravidão, o tipo de escravidão da qual foram libertos…” (ibdem pág. 1347,1348) D. M Canright ex-pastor adventista em sua obra “O Adventismo Renunciado” discorrendo sobre Colossenses 2.16 cita várias autoridades teológicas no assunto, que vem confirmar sem sombra de dúvida que o sábado neste verso é realmente o sábado semanal que fora ab-rogado. Entre eles está vultos como Johnh Bunyan, o conhecidíssimo ‘Comentário do Púlpito’, John Wesley, os metodistas: Dr. Scott, Dr. Lee e muitos outros.
Verso 14
…e havendo riscado o escrito de dívida que havia contra nós nas suas ordenanças, o qual nos era contrário, removeu-o do meio de nós, cravando-o na cruz;
…escrito de dívida …
Quanto a isto o comentarista afirma enfaticamente: “Isto é uma referência ao Decálogo e à Lei de Moises inteira.”
“Sobre a suposta distinção entre as leis ele assegura: “Distinção entre Lei moral e cerimonial não tem nenhum significado para Paulo. A Lei é uma unidade….Para Paulo, o caráter hostil da Lei é peculiarmente associada com seu lado moral.” ainda diz que a Lei aqui “é representada pelos 10 Mandamentos”
cravando-o na cruz…
“Esses termos indicam o cancelamento absoluto e ab-rogação da Lei de Moises. Também, não deveríamos perder vista o fato de que a heresia dos Colossenses estava envolvida fundamentalmente na Lei de Moises…”
Citando outro erudito ele diz: “A aplicação especial deste verso, inclusive da parte moral da Lei de Moises, foi discutido assim por Macknight:
Os preceitos morais da Lei de Moises são chamados de o Chirograph, ou manuscrito de ordenanças, porque a maioria essencial destes preceitos foram escritos pela mão de Deus em duas tábuas de pedra; e Moises foi direcionado a escrever isto em um livro.”
Verso 16
Comer … beber … dia de festa … lua nova… dia de sábado …
“De importância particular é o aparecimento do mandamento do sábado. Embora o artigo o não esteja no Grego, isto esclarece o seu significado; Paul estava resistindo aos Judaizantes que estava insistindo na observância legalística do sábado.” Como F. F. Bruce expressou, ” Paulo está avisando seus leitores contra aqueles que estavam tentando impor a observância do sábado Judaico sobre eles.” E conclui: “A observância do sábado é aqui colocada sobre o mesmo nível das outras coisas abolidas…”
(James Burton Coffman’s Commentaries: New Testament (Dr. Coffman presents a verse by verse look at God’s Word.)
“ou “sábados”; significando o sábado do jubileu, que era um ano em cinqüenta; e o sábado da terra, que era um ano em sete; e o sábado do sétimo dia, em algumas cópias lê-se o número singular, “ou do sábado”; que era peculiar aos Judeus, não se relacionava aos gentios…os Gentios não são forçados a guardar seus sábados…”
Após citar algumas autoridades sobre o assunto conclui: “…o sábado foi peculiarmente dado aos Filhos de Israel; e que os gentios, estranhos, ou outros, nunca foram punidos ao negligenciar e quebrar isto…”
John Gill’s Exposition of the Entire Bible