Cláudia Aparecida Alves: cientista fala da natureza dos Gays

Por Jamierson Oliveira

Em sua edição de janeiro, a revista Época publicou entrevista com a bióloga transexual Joan Roughgarden, sob o título “Gays pela natureza”. Como o próprio título denuncia, a entrevistada apelou para exemplos do mundo animal para justificar o comportamento homossexual humano. Diante disso, o ICP convidou sua consultora em bioética, a cientista brasileira Claudia A. Alves, com mestrado em Química Analítica e doutoranda em Física Aplicada e Biologia Molecular pela USP, para trazer alguns esclarecimentos, sob uma perspectiva científica e cristã, sobre esta polêmica questão. Acompanhe a entrevista que segue.

———————————————————————

Jamierson – 
A bióloga americana Joan Roughgarden, em seu livro Arco-íris evolutivo, buscando validar o homossexualismo, afirma que homossexuais e transexuais são abundantes em várias espécies animais. Isso é verdade?

Cláudia –
 Antes de responder, gostaria de mencionar um fato curioso: Joan nasceu homem. Chamava-se Jonathan. E hoje é transexual. Ou seja, um homem que alega ter a mente de mulher. Só este fato já nos diz muita coisa sobre sua tese!

Agora, vamos à resposta. Alguns estudos dão conta de que existam cerca de setenta espécies de aves e trinta de mamíferos nas quais podem ser observados algum tipo de comportamento homossexual. Para o biólogo Bruce Bagemihl, a soma dos casos de vertebrados com esse tipo de comportamento chega a trezentas espécies. Diante da quantidade de espécies existentes no Planeta, esses números não são expressivos. Também é fundamental levar em conta as circunstâncias em que ocorrem tais fatos. Por exemplo: entre os lagartos rabo de chicote, não existem machos e a reprodução é assexuada, por partenogênese (os óvulos não precisam ser fecundados por espermatozóides). Assim, uma fêmea estimula a postura de ovos de outra fêmea. Outro caso observado é que, algumas vezes, casais do mesmo sexo são formados e passam a cuidar de filhotes abandonados. Outras vezes, há a falta de parceiros adequados durante o cio. O peixe donzela e o labrídeo de cabeça azul vivem em bandos dominados por um único macho. Caso este macho morra, a maior fêmea do grupo vai sofrer uma mudança em sua fisiologia morfológica e passará a ser macho. Esses casos são vistos como comportamentos homossexuais.


Jamierson – 
O que isso prova sobre a prática homossexual humana?

Cláudia – 
Não há como estabelecer um paralelo de expressão sexual baseado, única e exclusivamente, no comportamento de espécies tão diferentes. É forçar demais querer colocar na mesma balança a razão, o instinto e o cio.


Jamierson –
 Como explicar, então, o comportamento desses animais, como, por exemplo, os macacos bonobos, da África Central?

Cláudia –
 Na natureza uma das funções do sexo é estabelecer a comunicação entre indivíduos da mesma espécie. A sociedade dos chimpanzés, conhecidos como bonobos, é bem peculiar. Não há núcleo familiar, vivem em bandos. Não há casais fixos e as fêmeas aceitam os machos durante todo o ciclo menstrual. O sexo é praticado a qualquer hora e em posições muito curiosas. Entre eles, há a prática homossexual, sexo entre adultos e filhotes e sexo grupal. Nesta espécie, o sexo serve de moderador da agressividade. Tanto que de todos os primatas, os bonobos são os menos agressivos. Esta é a razão!


Jamierson –
 Não é temerário evocar esses casos para justificar o comportamento humano? Isso não abre também um precedente para justificar, pelos mesmos princípios, a violência?

Cláudia – 
Claro! Caso a humanidade opte por justificar suas atitudes baseando-se em comportamentos de animais muitos outros precedentes poderiam ser abertos. Juntando-se ao precedente da violência, temos o da poligamia, o do canibalismo, o do infanticídio, etc… Animais, muitas vezes, comem o próprio filhote e praticam o incesto. Mas para a razão humana tais comportamentos não são aceitáveis. Por outro lado, também há precedentes interessantes, como, por exemplo, a fidelidade entre os parceiros (45% das aves são fiéis no relacionamento).


Jamierson – 
Outros pesquisadores falam que há mais de dois sexos, ou seja, o chamado terceiro sexo.

Cláudia – 
Comprovados biologicamente existem apenas dois sexos entre os vertebrados: o masculino e o feminino. Os cromossomos X e Y vão determinar o sexo cromossômico. A combinação XX dá origem ao sexo anatômico feminino e a combinação XY ao sexo anatômico masculino. A ação dos hormônios sobre o sexo cromossômico resulta na definição do sexo gonodal que, por sua vez, também forma apenas dois: masculino e feminino. Comprovar a existência de um de terceiro sexo agora parece ser tarefa de psicólogos e psicanalistas.


Jamierson – 
Do ponto de vista biológico, é correto separar sexualidade de relações sexuais?

Cláudia – 
Sim. A sexualidade está baseada no desenvolvimento biológico do indivíduo, determinando comportamentos e atitudes característicos que são moderados pela cultura em que está inserido. A relação sexual é o ato de fazer sexo e está diretamente ligada ao objeto de desejo de cada indivíduo.


Jamierson – 
Qual é o poder de influência dos hormônios no comportamento gay?

Cláudia – 
Roges Goski, da universidade da Califórnia – EUA, fez experimentos com ratas na qual aplicou testosterona (hormônio) ainda na fase intra-uterina e observou que estes animais apresentavam comportamentos masculinos já na primeira fase da vida. Eram mais agressivas e se sentiam atraídas por outras fêmeas. Entretanto, é notório que os homossexuais e as lésbicas são visualmente homens e mulheres biologicamente normais. Não evidenciam problemas hormonais. Assim, a carga hormonal não é uma boa opção para explicar a causa do comportamento homossexual.


Jamierson –
 Não há nenhuma diferença genética e biológica entre os heterossexuais e os homossexuais?

Cláudia – 
Até o presente momento não há nada que ampare o comportamento homossexual sob o prisma da biologia e da genética. O que há são especulações, como a que foi levantada pelo geneticista Deam Hamer, que alardeou ter descoberto o gene da homossexualidade e o chamou de GAY-1. Mas o meio científico não lhe deu crédito.


Jamierson –
 Então, há maiores evidências para que a homossexualidade seja considerada um fenômeno sociológico e não biológico?

Cláudia –
 Sim. A civilização moderna acha ultrapassada a relação exclusiva entre homem e mulher. Na busca do prazer pelo prazer, querem sempre mais. As relações extraconjugais, o sexo com animais, as orgias em grupo, a prática homossexual, a pedofilia… tudo isso são expressões de uma sociedade fascinada com o gozo transitório dos sentidos. Os que não aceitam tal comportamento são ridicularizados e taxados de preconceituosos.


Jamierson –
 Como os evolucionistas interferem nesta questão da homossexualidade?

Cláudia –
 Os organismos do mundo microscópico são milhões de vezes mais numerosos do que os animais do mundo macro. A reprodução destes microorganismos é assexuada e duplica a cada vinte minutos por meiose, ao que consta, sob total ausência de prazer. Diante deste fato, a conclusão é de que o sexo não surgiu no processo evolutivo para gerar filhotes, uma vez que seres mais primitivos fazem isto melhor do que animais superiores. Assim, para os evolucionistas o sexo surgiu para “misturar” genes de duas fontes distintas e gerar um filhote mais resistente às doenças. Quanto à prática homossexual, bem… este comportamento não é mencionado na teoria da evolução das espécies.


Jamierson – 
E quanto ao chamado determinismo biológico?

Cláudia –
 A corrente de pensamento do chamado determinismo biológico ou genético enxerga o comportamento homossexual como resultado de uma variação genética e, neste caso, seria uma doença ou “quase-doença”. Outra corrente analisa essa prática como resultado da educação ou do meio ambiente em que o indivíduo foi criado, sendo sua orientação sexual algo totalmente normal. Esta última é a defendida pelos gays, lésbicas e simpatizantes (GLS). Apesar do genoma humano já ter sido seqüenciado, ainda não foi encontrado nenhum gene que seja a causa comprovada da homossexualidade.
Os estudiosos do assunto são unânimes em dizer que as causas desse comportamento ainda são desconhecidas da ciência. Nisto os cristãos estão à frente, pois sustentam a tese de que a prática homossexual é um ato de rebeldia contra os planos de Deus.


Jamierson – 
Existe partidarismo entre a classe científica?

Cláudia – 
Onde há pessoas há partidos. O partidarismo científico é baseado em perguntas e respostas. Se a resposta for boa e “científica”, então o partido cresce. Se não, pode ser ignorado ou esquecido. Os cientistas também são frutos de uma sociedade e possuem valores pessoais expressos pelo seu tempo, como, por exemplo, o machismo e a homofobia acadêmicos mencionados pelo biólogo Jonathan que, agora assina com o nome de Joan Roughgarden.


Jamierson – 
Segundo o apóstolo Paulo, a prática homossexual é o abandono do modo natural por outro contrário à natureza. Há respaldo científico para esta conclusão?

Cláudia – 
Biologicamente podemos dizer que sim. Na espécie humana, o ato sexual é fundamental para a procriação e continuação da espécie. Enquanto que a relação homossexual é estéril, ou seja, não segue o padrão natural de nascer, crescer, reproduzir e morrer. Talvez isso explique a homofobia (aversão à prática homossexual) de algumas espécies animais. Um exemplo curioso e o veado-de-rabo-branco, que chega a agredir os da sua espécie que apresentem comportamento homossexual.

Sair da versão mobile