Esta conclusão suscitou-nos o interesse em pesquisar e descobrir as diferentes facções que surgiram entre as testemunhas-de-jeová ao redor do mundo. Não empenharemos aqui linhas com o objetivo de defender ou explicar o surgimento das denominações evangélicas ao longo da história, mesmo porque isso não acarreta implicações salvíficas para nós que fundamentamos a salvação em Jesus, e não em placas de igrejas ou qualquer espécie de organização humana. O nosso propósito aqui, portanto, é informar aos leitores dados históricos que os ajudarão a descobrir se os seguidores de Russell, Rutherford e companhia caminham na mesma direção. Esta descoberta tem grande importância, considerando-se a inspiração inerrante que as testemunhas-de-jeová atribuem a tais personalidades. Esperamos que, ao término desta leitura, o leitor possa julgar quem de fato está confuso.
CISMAS E SEPARAÇÕES
Em 1917, muitos Estudantes da Bíblia deixaram de apoiar a Sociedade e passaram a funcionar independentemente. Os quatro diretores — demitidos dos seus cargos por Rutherford — formaram um instituto para continuar o trabalho do pastor Russell, independentemente da Sociedade. Outros formaram empresas (sociedades) particulares. Alguns adeptos seguiram a liderança do seu ancião ou instrutor favorito. Ainda outros, cansados de sociedades e organizações, decidiram ficar independentes de todos os demais.
À medida que os anos foram passando, cada vez mais Estudantes da Bíblia, vendo a mudança de direção e atitude no interior da seita, saíram da Sociedade. Foi assim que começou o êxodo.
Em 1930, cerca de 75% dos Estudantes da Bíblia originais tinham saído da Sociedade. Nesse tempo, todos os escritos de Russell foram rejeitados e substituídos pelos de Rutherford, que contradiziam os de Russell. Até porque, em 1929, a nova Sociedade já tinha feito mais de cem mudanças doutrinais. A Sociedade já não se parecia nada com o que fora iniciado por Russell e pelos seus associados iniciais. Tinha assumido um novo aspecto e uma nova atitude. Já não era uma casa editora para a disseminação de literatura bíblica. Agora, era a Organização Teocrática1 de Deus. Discordar dela era equivalente a trair o próprio Deus.
Em 1931, Rutherford decidiu fazer uma distinção entre os Estudantes da Bíblia independentes e os Estudantes da Bíblia leais a ele. Então, mudou o nome daqueles que lhe eram fiéis para Testemunhas de Jeová. Nascia, então, a seita como é chamada hoje. A antiga Sociedade, para as novas testemunhas-de-jeová, tornara-se uma abominação à cristandade. Transformara-se, segundo àqueles que a abandonaram, numa pequena Babilônia. Assim, muitos Estudantes da Bíblia que ainda permaneciam no interior da Sociedade ouviram a admoestação: “Saí dela, meu povo!”. E foi justamente o que fizeram: saíram.
Desde então, até a atualidade, a Torre de Vigia descreve os membros da comunidade dos Estudantes da Bíblia daquele tempo como “tendo vestimentas impuras”, que estavam “contaminados por apostasia”2, “eram culpados de práticas erradas”, “mostravam características semelhantes ao joio”3, “manifestavam temor do homem” e “venderam-se, devido às práticas erradas”.
Atualmente, embora muitos Estudantes originais da Bíblia tenham deixado esta terra, seus descendentes, porém, continuam a obra. Filhos e netos que nasceram décadas depois dos acontecimentos de 1917, e até mesmo recém-chegados, não recebem da Sociedade qualquer misericórdia. São considerados iníquos e apóstatas. E as testemunhas-de-jeová são instruídas a ignorá-los. A Sociedade chegou ao ponto extremo de declarar que os Estudantes da Bíblia já não existem, que morreram todos, que não sobrou nenhum.
FILHAS DA TORRE DE VIGIA
Depois da morte do pastor Charles Taze Russell, o trabalho iniciado por ele tinha de continuar, obviamente. Mas quem o faria? E como o faria? Era óbvio que a Sociedade havia abandonado o pensamento de levar a cabo os desejos de Russell, conforme expressos na sua Última Vontade e Testamento. Os quatro diretores demitidos e outros Estudantes da Bíblia, proeminentes como indivíduos, congregações e casas editoras, decidiram fazer eles mesmos o trabalho.
Existiam muitas opiniões sobre as obras de Russell. Certos grupos e indivíduos sentiam que se devia aderir de perto aos ensinos dele. Alguns achavam que ele estava errado em determinadas doutrinas. Outros ensinaram que sabiam o tempo em que a Igreja estaria completa. Ainda outros acreditavam que a Igreja não tinha qualquer trabalho especial ou mensagem de “colheita”4 para realizar naquele tempo.
No passado, certo número de Estudantes da Bíblia sentiu que havia recebido revelações diretas de Deus ou de Cristo. Estas crenças geralmente davam origem a muitas literaturas que expunham suas opiniões ou revelações.
Como os Estudantes da Bíblia não têm uma lista de membros, é difícil dizer quantos são. O número total de Estudantes da Bíblia fora da Sociedade Torre de Vigia provavelmente não chega a 10.000. Metade deles está fora dos Estados Unidos da América.
Os vários grupos que se separaram da Torre de Vigia entre 1917 e 1931 são muito difíceis de classificar. Alguns, como a “Associação de Estudantes da Bíblia da Aurora”5 e o “Instituto Bíblico Pastoral”6, em contraste com alguns ramos dissidentes, têm um senso geral de coesão. Quase todos consideram-se Estudantes da Bíblia independentes e, embora aceitem suas particularidades doutrinais, não deixam esta concordância interferir na associação mútua e na troca de oradores e literaturas realizadas entre eles. Geralmente, se organizam em torno de um periódico, de uma personalidade, ou de ambos. Os periódicos servem como meio de comunicação e coesão do grupos e, freqüentemente, são polêmicos. Publicam livros, um número elevado de brochuras, panfletos, vídeos e fitas cassete.
As literaturas, na maior parte delas, não contêm o nome do autor nem o da casa editora, exceto se tiverem sido publicadas por algum dos grupos principais (i.e., Aurora, P.B.I. ou Laymen). Existem várias razões que explicam o motivo que leva os Estudantes da Bíblia a escrever sob o anonimato: muitos acham que os escritos devem ser julgados com base no seu próprio mérito, além do fato de o nome de Russell, muitas vezes, não aparecer em nenhum dos trabalhos de sua autoria. Obras sem credencias autorais também permitem que as publicações circulem livremente de um grupo para outro sem conter referência ao grupo ou ao autor. 1. Movimento Missionário da Casa do Leigo (1918 até presente data)
Laymen’s Home Missionary Movement
Em 15 de Agosto de 1918, alguns dos ex-membros do corpo de diretores, junto com o peregrino Paul S. L. Johnson, publicaram O padrão da Bíblia e Arauto do reino de Cristo”7. Posteriormente, o empreendimento descambou e Johnson fundou aquele que hoje é o Movimento Missionário da Casa do Leigo,8 que publicaria literaturas independentemente de todos os Estudantes da Bíblia, introduzindo novos pontos de vista e doutrinas. Em dezembro de 1918, Johnson publicou A verdade atual e Arauto do reino de Cristo”9 e, em 1920, O arauto da Epifania10. Johnson ensinou que, assim como Russell, também fora o mensageiro da parousia.11 Durante esse período, Johnson devia ser o mensageiro da epifania12 do Senhor. Johnson era um escritor prolífico; escreveu o conjunto de quinze volumes intitulados Estudos das Escrituras da Epifania13, sendo dois volumes adicionados depois da sua morte. Seus jornais e publicações ainda hoje continuam sendo editados. Seu grupo é um dos poucos que têm suas próprias congregações atuando como casa editora.
2. Associação dos Estudantes da Bíblia da Epifania (1955 até presente data)
Epiphany Bible Students Association
Como acontece muitas vezes, depois da morte de um líder carismático ocorrem vários cismas. Foi justamente isto que aconteceu com o Movimento Missionário da Casa do Leigo. Como o falecimento de Paul Johnson, em outubro de 1950, Raymond Jolly tomou as rédeas do movimento liderado por Johnson, o que fez que ocorressem desentendimentos entre ele (Raymond) e John Hoefle — um peregrino do Movimento. Hoefle, que deixou a Sociedade em 1928 e se juntou a Johnson, foi posteriormente desassociado do Movimento Missionário da Casa do Leigo em 1956. Então, começou a publicar um periódico intitulado Associação dos Estudantes da Bíblia da Epifania14. John Hoefle morreu na década de 80, mas sua esposa, Emily Hoefle, ainda é viva e continua o trabalho da Epifania.
3. Movimento Missionário da Casa Laodicense (1957 até 1990)
Laodicean Home Missionary Movement
John Krewson, outro peregrino do Movimento Missionário da Casa do Leigo, assim como John Hoefle, também foi desassociado do movimento em 1955. Então, começou o Movimento Missionário da Casa Laodicense15. Ele argumentava que, tal como Russell, também era o “mensageiro da parousia” e Johnson, o “mensageiro da epifania”. Segundo ele próprio afirmou (estamos falando de Krewson), devia ser o “mensageiro do apocalipse”, pois o mundo estava vivendo, devido à fase do apocalipse, a presença do Senhor.
Levado por essa crença, publicou o conjunto de três volumes intitulado Estudos das Escrituras do Apocalipse16 e um jornal mensal: A verdade atual do Apocalipse17. A maior parte da sua literatura era dirigida, principalmente, ao Movimento Missionário da Casa do Leigo e à Associação dos Estudantes da Bíblia da Epifania, e não para outros Estudantes da Bíblia. Krewson morreu na década de 1970. Seu trabalho continuou até 1990. Depois disso, acabou.
4. Instituto Bíblico Pastoral (1918 até presente data)
Pastoral Bible Institute
Os problemas de 1917 com a Associação Internacional dos Estudantes da Bíblia resultaram na expulsão, entre outros, dos quatro membros do corpo de diretores: R. H. Hirsh, I. F. Hoskins, A. I. Ritchie e J. D. Wright. Parte deste cisma foi causado por uma luta pelo poder e parte por oposição ao Volume VII dos Estudos das Escrituras: o mistério consumado18 que, supostamente, era o trabalho póstumo de Russell, mas que, na realidade, fora escrito por Clayton J. Woodworth e George Fisher. O sétimo volume expunha várias idéias teológicas novas que muitos consideravam contrárias às Escrituras; foi assim que se desenvolveu a oposição a esse livro. O grupo opôs-se à tentativa de Rutherford de controlar a Sociedade até as eleições decisivas na convenção de 1918.
Depois da vitória conclusiva de Rutherford, vários irmãos proeminentes retiraram o seu apoio à Sociedade. A primeira Convenção dos Estudantes da Bíblia, realizada independentemente da Sociedade Torre de Vigia, teve lugar em Asbury Park, New Jersey, em 26 a 29 de julho de 1918. Alguns meses depois, cerca de trezentas pessoas compareceram a uma segunda convenção, em Providence, Rhode Island, em novembro de 1918. Nesta reunião, o Instituto Bíblico Pastoral foi formado com o objetivo de continuar o trabalho de Russell, independentemente da Sociedade. No mesmo ano, foi estabelecido o periódico O arauto do reino de Cristo19, editado por R. H. Streeter até a sua morte, em dezembro de 1924.
Hoje, o Instituto ainda continua publicando o seu jornal e também folhetos e tratados. Além disso, disponibiliza os Estudos das Escrituras, da autoria de Russell, entre outros escritos.
5. Os vigias da manhã (1937 até 1957)
Watchers of the Morning
Na década de 1930, influenciados pelos escritos de E. C. Henninges e de M. L. McPhail (dois peregrinos proeminentes que deixaram a Sociedade em 1909, devido a desacordos doutrinais com Russell), alguns membros proeminentes do Instituto Bíblico Pastoral começaram a negar a presença de Cristo e outras doutrinas importantes defendidas pela Associação dos Estudantes da Bíblia, o que provocou outro cisma em 1937. O corpo de diretores, Isaac Hoskins e outros membros retiraram seu apoio ao grupo e começaram, então, a publicar Os vigias da manhã. O jornal foi publicado até junho de 1957.
6. Associação dos Estudantes da Bíblia da Aurora (1932 até presente data)
The Dawn Bible Students Association
Em 1931, a maior parte dos grupos de Estudantes da Bíblia estava desaparecendo ou funcionando como classes ou indivíduos independentes. Então, veio Norman Woodworth, que criou o programa de rádio da Sociedade. Mas, em 1928, Norman saiu daquele programa para formar o seu próprio programa. Fez isso com a ajuda da eclésia dos Estudantes da Bíblia de Brooklyn. Esses Estudantes publicavam o pequeno jornal Os ecos de rádio dos Estudantes da Bíblia20, e davam destaque ao seu programa de rádio que, mais tarde, passou a chamar “Transmissão de rádio franca e fervorosa”21.
Em 1931, foi eleito um corpo de diretores. Em 1932, o Ecos de rádio tornou-se Aurora e arauto da presença de Cristo22, um jornal quinzenal. Esta publicação conseguiu juntar novamente os Estudantes da Bíblia independentes e, durante as décadas de 1930, 1940 e 1950, a associação “Aurora” cresceu, em conseqüência de um afluxo de testemunhas-de-jeová cansadas das mudanças doutrinais da Torre de Vigia. Então, voltaram a publicar os Estudos das Escrituras, inúmeros livros, folhetos e tratados. Hoje, eles continuam o seu ministério, produzindo fitas cassete, vídeos, o jornal Aurora e outras literaturas para os Estudantes da Bíblia em geral. Os seus programas de televisão e rádio são vistos por todo o território dos EUA., Canadá, Europa, América do Sul etc. 7. A Associação Cristã do Milênio (1928 até presente data)
The Christian Millennial Fellowship
Esta Associação era originalmente composta pela Associação Italiana dos Estudantes da Bíblia23 e pela Igreja dos Estudantes da Bíblia do Milênio24, de Hartford, Pequena Itália, em Nova Iorque. Atualmente, este grupo está associado com um dos primeiros ramos dissidentes da Sociedade Torre de Vigia, da qual retiraram o seu apoio em 1928 e, em 1940, lançaram o jornal Nova criação — um arauto do reino de Cristo25. Contudo, anos mais tarde, Gaetano Boccaccio começou a ser influenciado pelos escritos de E. C. Henninges e M. L. McPhail, dois peregrinos que deixaram a Sociedade em 1909 devido a alguns desacordos doutrinais. A Associação Cristã do Milênio, mais tarde, rejeitou a maior parte dos escritos de Russell, considerando-os errados, e converteu-se ao grupo Estudantes da Bíblia do Novo Pacto26.
Gaetano Boccaccio foi o líder da Associação Cristã do Milênio desde o início, mas estava com a Sociedade desde 1917. Boccaccio morreu em 1996, mas, durante cerca de cinqüenta anos, conduziu o grupo de Hartford, Connecticut.
Atualmente, o grupo é internacional e se mudou para New Jersey, sendo chefiado por Elmer Weeks.
8. Associação dos Estudantes da Bíblia Intransigentes (1918 até data incerta)
The Standfast Bible Students Association
São chamados desta forma devido à sua determinação de “se manterem intransigentes no que diz respeito aos princípios de guerra que Russell anunciou”. Charles E. Heard de Vancouver e muitos outros acharam que a recomendação de J. F. Rutherford, em 1918, para comprarem ações (ou obrigações) de guerra era “covardia” e constituía uma perpetuação sacrílega do trabalho de colheita. Eles acharam que a Sociedade renegou a sua posição anterior no que diz respeito às Ações de Liberdade e ao serviço não-combatente. Os Intransigentes acharam que um cristão não devia apoiar, de nenhuma forma, os militares, comprando Ações de Liberdade, nem devia se envolver em serviço não-combatente. Em resposta a estas preocupações, a Associação dos Estudantes da Bíblia Intransigentes27 foi organizada em 1 de dezembro de 1918, em Portland, Oregon. Publicou Old Corn Gems e organizou convenções por todo o território dos Estados Unidos. Depois de uma convenção, em 25-27 de julho de 1919, em Seattle, ocorreram muitas divisões.
Curiosamente, os Intransigentes aceitaram o Volume VII dos Estudos das Escrituras. Esse foi um dos motivos principais para que ocorressem as divisões entre eles e os outros Estudantes da Bíblia. Em 1919, outra divisão. Desta vez, entre os próprios Intransigentes, devido ao Volume VII. A princípio, tiveram muito sucesso, especialmente atraindo adeptos que não aceitavam o que viam: comprometimento (ou envolvimento) da Sociedade Torre de Vigia com a guerra.
Acreditavam que tudo que a Sociedade Torre de Vigia ensinara até a Páscoa de 1918 estava correto, mas, depois dessa data, tinha começado a “separação entre Elias e Eliseu” — os Intransigentes eram a classe de Elias, que se manteve intransigente em defesa dos ensinos de Russell. É claro que todos os grupos dissidentes, pelo menos inicialmente, alegavam estar obedecendo aos desejos de Russell e, por essa razão, diziam ser seus verdadeiros seguidores, mas os Intransigentes não diziam ser os mensageiros legítimos da Organização de Deus, como fizeram alguns dos outros grupos. Os Intransigentes pensavam que líderes e organizações eram relativamente pouco importantes. Estavam organizados simplesmente para ajudar os outros a aprender os ensinos de Russell. A sua organização pouco rígida era, provavelmente, uma das principais razões pelas quais foram uns dos primeiros grupos a se desintegrar.
9. Sociedade da Voz de Elias (1923 até data incerta)
The Elijah Voice Society
Em 1923, John A. Herdersen, C. D. McCray e cerca de trezentas pessoas do grupo os Estudantes da Bíblia Intransigentes organizaram a Sociedade da Voz de Elias28 para efetuar um ambicioso reajuntamento e trabalho de testemunho. Durante vários anos, publicaram o Mensário da voz de Elias29 e numerosos tratados. Este grupo tornou-se o mais proeminente entre os vários que aceitaram o Volume VII dos Estudos das Escrituras.
Acreditavam que tinham sido “chamados para esmagar a Babilônia”, tal como os Intransigentes, mas eram ainda mais radicais — a tal ponto que se recusavam a saudar a bandeira e a comprar ações de guerra ou a contribuir para a Cruz Vermelha, muito antes de as testemunhas-de-jeová adotarem posições similares. Mais tarde, o grupo deixou de existir.
10. Os Servos de Yah (1925 até data incerta)
The Servants of Yah
Provavelmente, este é o mais estranho de todos os grupos de Estudantes da Bíblia. Com sede no Brooklyn, Nova Iorque, e liderados por C. H. Zook, acreditavam que o nome de Satanás era Jeová, de modo que as testemunhas-de-jeová eram, na realidade, testemunhas de Satanás. Eles são universalistas e negam o Armagedom, o dilúvio, o batismo com água, o resgate, a restituição etc. Tinham filiais em Levittown, Nova Iorque, e em Viena, Áustria. Suas doutrinas eram muito semelhantes às das testemunhas-de-jeová; com a diferença de que acreditavam que os 144.000 estavam destinados a descobrir o significado oculto das Escrituras e a entrar no céu. O significado é oculto, em parte, porque acreditavam que o texto da nossa Bíblia foi alterado. Eles vêem a Bíblia primariamente como profecia, referindo-se a maior parte dela ao século XX. Acreditam que todas as pessoas que já existiram viverão para sempre numa terra paradisíaca, exceto os 144.000, que viverão no céu. Este grupo também se desvaneceu e já não existe.
11. Nova Associação de Jerusalém (1922 até 1992)
New Jerusalem Fellowship
Os acontecimentos de 1917, nos Estados Unidos, não chegaram prontamente ao conhecimento de alguns Estudantes da Bíblia que viviam em outros países. Assim, muitos Estudantes da Bíblia não sabiam o que se passava nos EUA. Por isso, demorou algum tempo até que tomassem conhecimento do fato e saíssem da Sociedade.
A Nova Associação de Jerusalém30 foi formada em 1922, deixando de existir no mesmo ano. Antes de sua extinção, no entanto, produziam um jornal mensal e numerosos livros e tratados.
12. Publicações dos Velhos Caminhos (1925 até 1961)
Old Paths Publications
William Crawford era membro original do Corpo de Diretores da Sociedade Torre de Vigia da Inglaterra e fervoroso Estudante da Bíblia. Foi ele quem causou a primeira divisão entre os membros desse grupo, fundou o movimento Publicações dos Velhos Caminhos31 e produziu o jornal Velhos caminhos, de publicação mensal. Produziu, ainda, inúmeros folhetos, livros e tratados. 13. Associação Goshen (1951 até presente data)
Goshen Fellowship
O grupo foi formado por Jesse Hemery, proeminente estudante da Bíblia da Inglaterra, sendo desassociado do próprio movimento que criou por N. H. Knorr, em 1951. Embora aceitasse grande parte das interpretações de Russell, ele rejeitava a doutrina da “presença a partir de 1914”. Acreditando que o livro bíblico de Revelação teria um cumprimento futuro, escreveu alguns comentários acerca de Revelação e de outros livros de profecias, publicados por editoras que não pertenciam à Sociedade.
Jesse Hemery morreu em 1955, mas, antes, fundou a Associação Goshen, em 1951. Atualmente, esse grupo é liderado por Frank Brown, um homem que fez cem anos há pouco tempo. O movimento publica o jornal mensal Arauto de Sião32 desde 1965.
14. Instituto de Piramidologia (Década de 1920 até presente data)
The Institute of Pyramidology
Adam Rutherford (que não era da família de Joseph) era um piramidologista. Foi ele quem fundou o grupo Instituto de Piramidologia. Adam era estudante da Bíblia e obteve a maior parte da sua inspiração a partir da grande pirâmide. Publicou um extenso conjunto de quatro volumes sobre a Pirâmide e os seus ensinos, junto com o jornal Mensário de Piramidologia33, que é editado até hoje. Escreveu muitos livros, folhetos e tratados.
15. Sociedade do Anjo de Jeová de Bíblias e Tratados (1917 até presente data)
The Angel of Jehovah Bible and Tract Society
Fundada por Alexander F. L. Freytag, gestor da filial da Sociedade Torre de Vigia na Suíça, ele discordava de algumas opiniões de Russell, mesmo enquanto este ainda era vivo. Foi designado por Russell, em 1898, como Gestor da Filial. Em 1917, porém, começou a publicar suas próprias opiniões usando as impressoras e papel da Sociedade. Foi expulso por Rutherford em 1919. Publicou um conjunto de quatro volumes sobre as escrituras, a maior parte em francês. Seus escritos foram traduzidos para os seguintes idiomas: inglês, espanhol, francês, alemão, italiano, português e holandês.
Publicou o seu próprio livro de hinos, para o qual escreveu e compôs toda a música, bem como o seu próprio livro de devoções. Também escreveu numerosos folhetos e tratados. Publicou dois jornais, o mensal Monitor do reino da justiça,34 e o semanal, Jornal para todos.35
O moivmento tem filiais na Suíça, França, Alemanha, Bélgica e Itália. Seus membros vêem Freytag como “aquele escravo fiel e discreto”, mencionado em Mateus 24.45-47. O grupo também é conhecido como Assembleia Filantrópica dos Amigos do Homem36, Igreja do Reino de Deus e Assembleia Filantrópica37.
16. Instituto Bíblico Bereano (1917 até presente data)
Berean Bible Institute
Este grupo de Estudantes da Bíblia separou-se oficialmente da Sociedade em 1918 e publicou o mensário A voz.38 Desde 1917, vem publicando o mensário Jornal do povo39, e também livros, folhetos e tratados.
17. Associação do Novo Pacto (1909 até 1944)
New Covenant Fellowship
Em 1908/1909, E. C. Henninges, o Gestor da Filial australiana da Associação Internacional dos Estudantes da Bíblia,40 junto com M. L. McPhail e membros dos Estudantes da Bíblia de Chicago, retiraram o seu apoio à Sociedade Torre de Vigia, causando a segunda maior divisão na história da Sociedade, só comparável à divisão de 1917.
Henninges produziu um jornal mensal intitulado O defensor do novo pacto e arauto do reino41 e numerosos livros, folhetos e tratados. Depois de sua morte, seu trabalho foi continuado durante alguns anos. O grupo e o periódico desapareceram em 1944. A maior parte dos Estudantes da Bíblia do Novo Pacto foi abandonada à sua própria sorte. Muitos não continuaram e dividiram-se, até que, finalmente, deixarem de existir como grupo. Mas os Estudantes Livres da Bíblia, como são chamados hoje, constituem o maior grupo de Estudantes da Bíblia na Austrália. Em anos recentes, tem havido um ressurgimento: os Estudantes Livres da Bíblia estão-se reunindo sob a nova liderança da Associação Cristã do Milênio.
18. Os Crentes do Novo Pacto (1909 até presente data)
The New Covenant Believers
O ex-peregrino da Torre de Vigia, M. L. McPhail, supostamente o Estudante da Bíblia mais amado e seguidor de Russell, liderou os Estudantes da Bíblia do Novo Pacto nos EUA.
McPhail publicou alguns livros, independentemente. A maior parte desses livros fortemente baseada nos escritos de E. C. Henninges. Em 1908, lançaram o livro Escriba do reino42, que deixou de ser publicado em 1975. Em 1956, lançaram uma pequena folha informativa intitulada Notícias bereanas, que continua sendo publicada até hoje.
Atualmente, assina suas obras sob o nome Igreja Bereana dos Estudantes da Bíblia43.
19. Associação Polaca dos Estudantes da Bíblia
Polish Bible Students Association
Os Estudantes da Bíblia Polacos assumiram o controle sobre a sede original da Torre de Vigia na Polônia. Souberam, porém, da morte de Russel somente em 1925. Com as mudanças, preferiram permanecer com os ensinos de Russell. Alguns anos depois, a Sociedade registrou o nome Associação Internacional dos Estudantes da Bíblia II.44 Isso porque, haviam perdido a primeira, que ficara sob o controle dos Estudantes da Bíblia Polacos.
Todavia, a segunda associação também caiu sob o controle dos Estudantes da Bíblia Polacos, quando o gestor da filial se juntou aos Estudantes da Bíblia. Alguns anos mais tarde, a Sociedade tentou incorporar, sem sucesso, a Associação Internacional dos Estudantes da Bíblia III.45
Então, os Estudantes da Bíblia Polacos começaram a publicar O vigia46. Isso aconteceu em 1921. Até 1919, existiam duas publicações com o nome Torre de vigia em língua polaca, uma produzida pela Sociedade e a outra pelos Estudantes da Bíblia Polacos de Chicago, Illinois. Mas Rutherford pôs termo a isso. Em 1930, começaram a publicar o mensário Aurora de uma nova era.47 Em 1958, publicaram o mensário Romper do dia48. Todos os anos eles realizam uma convenção que conta com a participação de cerca de dois mil estudantes da Bíblia. A FRUSTRAÇÃO DOS FILHOS DA TORRE
Outros dissidentes exponenciais que poderíamos ainda mencionar seriam os grupos Companhia de Publicação dos Estudantes da Bíblia (1914), União da Associação da Bíblia (1917), Estudantes da Bíblia Associados (1917), Igreja do Portão da Floresta (1920) e Associação Alemã de Estudantes da Bíblia (1930), entre tantos outros que, igualmente, alcançaram notoriedade.
Desde a queda do comunismo, vem sendo descobertos outros Estudantes da Bíblia em certas partes da Europa. Na Romênia e em outras partes do ex-bloco comunista do leste foram encontrados Estudantes da Bíblia ainda intactos, mormente na Rússia. Também existem Estudantes da Bíblia no México, na Argentina, na Bélgica, na Suécia, na França, na Grécia, na África, na Índia, na China e no Japão.
Adicionado a esta razoável lista de dezenove facções jeovistas temos, ainda, o fato de que, em anos recentes, muitas testemunhas-de-jeová (betelitas, anciãos, servos, pioneiros etc.), vindas de todos os lados, continuam se juntando às inúmeras e diferentes Associações dos Estudantes da Bíblia.
Conseqüentemente, como ficou manifesto, a busca frustrante de uma organização visível por parte das testemunhas-de-jeová, ao longo de sua curta trajetória, tem apontado “muitas diferentes direções” gerando “confusão” entre eles ainda hoje.
A expressa diferença entre nós, os evangélicos, e as testemunhas-de-jeová é que nós fundamentamos a salvação apenas em Jesus: “E em nenhum outro há salvação, porque também debaixo do céu nenhum outro nome há, dado entre os homens, pelo qual devamos ser salvos” (At 4.12). Por isso, podemos usufruir, sem restrições, da comunhão com os seguidores de Cristo. E isso num só corpo, num só Espírito, num só Senhor, numa só fé e num só batismo, preservando, dessa forma, a unidade dos pontos primários da fé bíblica e cristã (Ef 4.1-6). Por outro lado, os seguidores de Russell, Rutherford e companhia continuam perdidos, confusos e segregando-se uns aos outros.
CHARLES TAZE RUSSELL (1879-1916)
O fundador das testemunhas-de-jeová foi um jovem que não conseguiu compreender a teologia numa perspectiva de desenvolvimento histórico. Então, esta falta de entendimento o levou a achar que era o “sétimo mensageiro” (Ap 3.14) dado ao Corpo de Cristo, e também a acreditar que estava vivendo os “últimos dias” do domínio do homem sobre a terra. E, tomando como base muitas idéias teológicas à sua volta, incluindo um retorno “invisível” de Cristo (na época apregoado pelos Adventistas), Russell passou a negar as interpretações históricas das Escrituras, como a Trindade, o inferno (como um lugar de punição) e a existência da alma separada do corpo. Não encontrando muita simpatia pelos seus pontos de vista nas outras religiões, começou a seu próprio movimento: A Torre de Vigia, além de criar o periódico Arauto da presença de Cristo, que se tornou o porta-voz de suas doutrinas. O jornal foi impresso pela primeira vez em julho de 1879.
JOSEPH FRANKLIN RUTHERFORD (1916-1942)
Durante esse período, Russell ainda é o “sétimo mensageiro”, entretanto, ocorre uma divisão que o separa dos Estudantes da Bíblia, que continuam leais a Rutherford, período em que o nome do grupo de Russell foi alterado, por aquele, para Testemunhas de Jeová. Por sua vez, Rutherford começou a empenhar um processo político lento de erradicação de todos os traços da adoração de Russell. Em 1920, publicou o livro Milhões que agora vivem jamais morrerão (1923, em português), cujo conteúdo apregoava a ressurreição de todos os justos do Velho Testamento e o estabelecimento da nova ordem das coisas para 1925.
OS SEIS PRIMEIROS VOLUMES PUBLICADOS POR RUSSELL
Os seis primeiros volumes publicados por Russell foram originalmente intitulados Aurora do milênio (1886-1904). Contudo, posteriormente, passaram a ser chamados de Estudos nas Escrituras. O primeiro volume intitula-se O plano divino das idades. O segundo, O tempo está próximo — uma obra repleta de falsas profecias. O terceiro, O reino dele vem — uma justificativa para a ocorrência do Armagedom em 1914. O quatro, A batalha do Armagedom. O quinto, Numa mente entre Deus e o homem. O sexto, Nova criação. E, finalmente, o sétimo, O mistério consumado, responsável pela grande dissensão entre as testemunhas-de-jeová.
O mistério consumado é uma obra póstuma de Russell, publicada por Rutherford em 1917 e gerou grande oposição por parte de alguns que acreditavam que o texto havia sido escrito por Clayton J. Woodworth e George Fisher. O volume revelava muitas interpretações novas e contrárias às Escrituras.
Referências:
1 Organização Teocrática: relativo a um sistema geral de governo regido por Deus.
2 Apostasia: 1. Abandono público de um grupo religioso, de uma doutrina ou opinião. 2. Abandono do grupo ao qual se pertencia.
3 Joio: 1. Planta, anual, gramínea, que infesta as searas. 2. Semente dessa planta. 3. Coisa má que, misturada com as boas, as prejudica e deprecia. Segundo interpretação bíblica de Mateus 13.24-30, a parábola do joio e do trigo salienta o fato de que há uma semeadura da má semente de Satanás paralela à Palavra de Deus.
4 Colheita: Alusão ao apelo de Jesus: “A seara é realmente grande, mas poucos os ceifeiros” (Mt 9.37). O apelo é norteado pela necessidade urgente da pregação do evangelho.
5 Dawn Bible Students Association.
6 Pastoral Bible Institute.
7 The Bible Standard and Herald of Christ’s Kingdom.
8 The Laymen’s Home Missionary Movement – um dos nomes não registrados como empresa usados por Russell.
9 The Present Truth and Herald of the Christ’s Kingdom.
10 The Herald of the Epiphany que, mais tarde, teve seu nome mudado para The Bible Standard and Herald of Christ’s Epiphany.
11 Ortodoxamente, o sentido da palavra original é estar “literalmente e visivelmente presente”. O livro O vocabulário do Testamento grego — ilustrado do papiro e de outras fontes não literárias —nos clareia a visão acerca desta palavra na página 497: “O que, portanto, nos concerne mais especificamente em conexão com o uso do NT de parousia é a força quase técnica da palavra dos tempos de Ptolomeu adiante para denotar a visita de um rei, imperador, ou outra pessoa de autoridade…”. O artigo continua dando ilustrações de tais visitas na literatura grega. Em tal papiro estava a descrição da visita real da rainha Cleópatra e do rei Ptolomeu a Memphis no seu reinado do Egito. Esta ocasião foi denominada parousia – uma visita presencial em carne e osso de pessoas com autoridade real. A própria Bíblia contém outros exemplos claros da palavra Parousia (V. 2Co 10.10, 1Co 16.17, 2Co 7.6,7 e Fl 1.26 e 2.12). Em todas as ocasiões apresentadas, a palavra foi usada para apresentar uma presença física das pessoas citadas, bem como a presença (também física) de Paulo nas igrejas. Contudo, erroneamente, as testemunhas-de-jeová interpretam a Parousia como “presença invisível”.
12 Epiphaneia: palavra grega que significa “manifestação” (V. 1Tm 6.14 – aparição; 4.8 – vida presente; Tt 2.13 – aparecimento).
13 Ephiphany Studies in the Scriptures.
14 Ephipany Bible Students Association.
15 Laodicean Home Missionary Movement.
16 Apokalypsis Studies in the Scriptures.
17 The Present Truth of the Apokalypsis.
18 Studies in the Scriptures: The Finished Mystery.
19 The Herald of Christ’s Kingdom.
20 The Bible Students Radio Echoes.
21 Frank and Earnest Radio Broadcast.
22 The Dawn and Herald of Christ Presence.
23 Italian Bible Students Association.
24 Millennial Bible Students Church.
25 New Creation — a Herald of Christ’s Kingdom.
26 New Covenant Bible Students.
27 Stand Fast Bible Students Association.
28 Elijah Voice Society.
29 Elijah Voice Monthly.
30 New Jerusalem Fellowship.
31 Old Paths Publications.
32 Zion’s Herald.
33 Pyramidology Monthly.
34 The Monitor of the Reign of Justice.
35 Paper For All.
36 Philanthropic Assembly of the Friends of Man.
37 The Church of the Kingdom of God, Philanthropic Assembly.
38 The Voice.
39 People’s Paper.
40 IBSA – International Bible Students Association.
41 The New Covenant Advocate and Kingdom Herald.
42 The Kingdom Scribe.
43 Berean Bible Students Church.
44 The International Bible Students Association II.
45 The International Bible Students Association III.
46 The Watchman.
47 Dawn of a New Age.
48 DayBreak.