Mais precisamente “Van Helsing, o caçador de monstros”, é o nome do filme estrelado por Hugh Jackman, que interpreta o personagem Van Helsing, um caçador de monstros como Frankenstein, vampiros e lobisomens. De acordo com o filme, ele é um especialista do século XIX que foi contratado pela igreja católica para eliminar o Conde Drácula.
“O que isso tem a ver com Batalha Espiritual?” Você deve estar se perguntando. Não deveria ter nada a ver, eu responderia, entretanto, alguns relatos estão mais para esse tipo de filme do que para a realidade bíblica. Para não ficar apenas nas minhas palavras veja um trecho do livro “Ele Veio Para Libertar os Cativos” de autoria da Dra. Rebecca Brown:
Lobisomens, zumbis, vampiros e outros animais repugnantes também existem, vi muitos deles e Satã os mantêm muito bem guardados e vigiados. Ninguém pode controlá-los, exceto Satanás e seus mais poderosos demônios. Ele os usa, principalmente, para a disciplina. Nunca esquecerei um incidente em que um lobisomem foi enviado contra um homem, durante uma reunião. Este saltou e correu com o lobisomem rosnando atrás dele. Logo chegou à conclusão de que não conseguiria fugir do animal-humano, assim, sacou de uma magnum 357 e atirou contra ele, este, por sua vez, nem sequer vacilou. O que fez foi estraçalhar o homem todo. Ninguém na congregação ousou mover-se ou fazer qualquer ruído, com medo de ser o próximo. [1]
Além do livro de se assemelhar aos filmes terror, figuras folclóricas são tidas como existentes. Quando li esse livro, questionei biblicamente esse ponto de lobisomens a alguns líderes. Segundo eles, o endemoninhado de geraseno era um exemplo.
Infelizmente há pessoas com a imaginação tão fértil e sem o mínimo de critério, que de alimentam de qualquer coisa. Não há nenhuma base que faça ligação entre o geraseno com um lobisomem! Veja como Rebecca tenta explicar o que é mito e o que é verdade sobre os “lobisomens”:
Vejamos um pouco do que se sabe sobre esses animais malignos especialmente os lobisomens. Em primeiro lugar, é dito que se uma pessoa for mordida por um lobisomem, ela se tornará um deles. Sinto que isso está completamente errado. A Bíblia indica que, para uma pessoa ser afetada à esse nível, ela deve estar em um relacionamento com os demônios que é proibido por Deus. Por outro lado, de minha própria experiência e pela experiência de outros, é pouco provável que uma pessoa seja mordida por um lobisomem. [2]
Não sei se em sua mente passou a mesma pergunta que na minha, mas vou expor aqui meu questionamento: onde em toda a Bíblia indica que uma pessoa pode se tornar um lobisomem se for mordido por outro? Aliás, onde diz algo sobre lobisomem? Pela experiência da Dra. há possibilidade, ainda que pouca, há possibilidade. Seu argumento para essas criaturas não são baseados nas Sagradas Escrituras e sim em mitos e lendas:
Essas criaturas são pessoas possuídas por demônios poderosos capazes de fazer a mudança física necessária nos corpos das mesmas. São bastante precisos os relatos dos cristãos primitivos sobre esses animais malignos na época sombria da Europa. Nunca encontrei nada a respeito, exceto, nas galerias da mansão satânica nas montanhas da Califórnia. [3]
Embora ela não tenha tentado mostrar biblicamente os lobisomens, ela o faz para vampiros:
Acha-se a minha alma entre leões, ávidos de devorar os filhos dos homens; lanças e flechas são os seus dentes…’ (Salmo 57.4). Ao lembrar que a maioria dos escritos de Davi, nos Salmos, dizem respeito à batalha espiritual e o fato de que sua alma, e não o corpo, estava sendo atacada, fico me perguntando se ele não estaria se referindo às pessoas habitadas pelos demônios do vampirismo.[4]
Dizer que Davi estava sendo oprimido por pessoas habitadas por demônios do vampirismo é abusar da exegese. Essas questões controvertidas são de conhecimento desses escritores. Eles sabem que não dá para engolir suas “experiências” quando a filtramos pela Bíblia Sagrada.
Na apresentação do livro de Rebecca, o pastor Ciro Otávio da Igreja Batista da Floresta em Belo Horizonte elogia a coragem da Dra. Brown em escrever o livro “mais pelo risco de se expor, como o fez, perante o povo evangélico, do que pela possibilidade de reação hostil por parte dos demônios”.
Claro que é arriscado expor uma doutrina sem fundamento bíblico, pois o povo evangélico consciente, estudioso da Palavra de Deus (nem me refiro aos teólogos e conhecidos apologistas), descartará tal ensinamento.
Na apresentação de uma literatura de outra preletora brasileira lemos o seguinte argumento: “É possível que você não concorde com todas as afirmações da Neuza neste livrete”.[5] No mesmo material, Neuza afirma que os anjos das cartas de Apocalipse (Ap 2-3) não são pastores, como tradicionalmente é interpretado e sim anjos literais que incorporam e absorvem o estado espiritual da Igreja. Quando a comunidade apresenta uma decadência espiritual, alguns desses anjos são substituídos por demônios, segundo seu ensinamento.[6]
Mas como sempre, as bases que são utilizadas não são a Bíblia e sim as experiências das pessoas, conforme vimos em escritos de Wagner, Cabezas, Brown e Itioka. A esse tipo de argumento chamamos de empirismo, isto é, o conhecimento fundamentado na experiência.
O fato é que, precisamos sim, analisar cautelosamente esses tipos de ensinos evitando assim, os exageros que o movimento tem gerado no arraial evangélico.
[1] BROWN, Rebecca. Ele Veio Para Libertar os Cativos. Dynamus. Belo Horizonte. 2000, p. 50.
[2] Ibid. p. 183.
[3]Ibid. p. 50.
[4] Ibid. p. 185.
[5] ITIOKA, Neuza. A Igreja e a Batalha Espiritual: Você Está em Guerra! Sepal. São Paulo. 1994, p. 5.
[6] Ibid. p. 40,41
Extraído do Livro “A Verdade Sobre o G12” – Couto.