Não pense que faço menção de um novo filme de HOLLYWOOD ou talvez de algum REMAKE dos anos 80 e 90. Um drink para a alucinação é um artigo que resolvi escrever depois de uma pesquisa seguida por uma leitura extensa sobre um tipo de bebida ou chá, servida pela seita do “Santo Daime” a todos os seus seguidores.
Tudo começou no início do século passado, no coração da Amazônia. Um grupo de caboclos nordestinos, atraídos pela extração da borracha, mergulhou na cultura secular dos povos da floresta amazônica. Nesse grupo encontrava-se “Raimundo Irineu Serra” de apenas 20 anos de idade. Irineu e seus companheiros de trabalho aos poucos foram se misturando com a cultura dos índios. Não demorou muito e logo Irineu aprendeu a preparar o drink, ou seja, a bebida que causava visões e alucinações. Em uma dessas supostas visões Irineu recebeu a visita de uma estranha mulher que lhe passaria todas as informações necessárias para a criação dessa nova seita.
“Numa dessas visões apareceu a Irineu uma mulher chamada Clara, que se dizia Nossa Senhora da Conceição, a rainha da floresta. Ela falou-lhe: Quem é que tu achas que eu sou? Ele olhou e disse: Para mim a senhora é uma deusa universal. Tu tens coragem de me chamar de Satanás, isso ou aquilo outro? Não, a senhora é uma deusa universal. Tu achas que o que estás vendo agora, alguém já viu? O mestre Irineu refletiu e achou que alguém já podia ter visto, e havia tantos que faziam a bebida que ele podia estar vendo o resto. A senhora então disse: O que estás vendo agora ninguém jamais viu, só tu. E eu vou te entregar esse mundo para governar. Agora tu vais te preparar, porque eu não vou te entregar agora. Vais ter uma preparação para ver se tu podes merecer verdadeiramente: tu vais passar oito dias comendo só macaxeira (mandioca) cozida, com água e mais nada. Relatou Irineu que foi ela quem deu o nome de Santo Daime à bebida e ditou normas para a realização do ritual. Ele adquiriu poderes extra-sensoriais e aí passou a ter vidência e a comunicar-se com os mortos” [1].
Irineu fundou a seita depois dessa suposta visão e hoje ela encontra-se espalhada por vários estados do Brasil.
Segundo fontes de pesquisas o chá do santo daime já era conhecido há milhares de anos antes pelos índios da Amazônia, porém com outro nome. Como já disse anteriormente, foi através do convívio com esses índios que Irineu passou a conhecer o chá, suas propriedades e posteriormente começou a produzi-lo.
Aqueles que já tiveram contato com o chá afirmam que a cor do chá varia entre o ocre e o marrom-escuro, e que o gosto é extremamente amargo. Chamado de daime ou vegetal pelos adeptos da seita, o chá é mais conhecido pelos antropólogos como “ayahuasca” cipó de espíritos ou vinho dos mortos em quéchua, língua indígena peruana. O chá é preparado através da fervura de duas plantas amazônicas: o cipó jagube e o arbusto chacrona. Ele é usado há milênios pelos pajés da floresta. Eles acreditam que o chá é capaz de livrar o corpo e a alma de toda impureza. É capaz de fazer a mente viajar no tempo e no espaço e abrir a comunicação com os antepassados e as forças da natureza.
Hoje, pessoas de diversas áreas e de diferentes segmentos afirmam ter participado de reuniões de igrejas que fazem uso do santo daime, como por exemplo, a seita (Porta do Sol e Céu de Maria). Alguns deles chegaram a descrever a sensação e a experiência que tiveram ao tomar pela primeira vez o chá alucinógeno. Embora muitos defensores insistam em refutar a ideia de que o chá é alucinógeno, fica claro e evidente nos relatos das pessoas que o chá do santo daime possui um poder perturbador e alucinador.
Inúmeros relatos foram coletados e neles estão contidas histórias perturbadoras relatadas por muitas pessoas que tomaram esse chá. A maioria fez questão de afirmar que a sensação foi horrível e a dor de barriga era insuportável. As pessoas começam a suar e a ver as coisas girando, alguns tiveram a sensação de estarem saindo de seus corpos e também vendo bichos e animais, etc. Outros tiveram surtos e alucinações inexplicáveis.
Hoje, celebridades do Brasil e até de outros países frequentam as reuniões dessas seitas que adotaram o chá do santo daime como ingrediente principal de suas reuniões. Artistas globais, atores, cantores, músicos e até pastores afirmam já terem experimentaram o chá, muitos deles se tornaram adeptos dessa organização.
Tempos atrás foram publicados em jornais e exibidos em programas de TV casos de mortes e assassinatos envolvendo esse tipo de chá alucinógeno. Em Goiás um jovem que sofria de doenças genéticas no coração e nos pulmões morreu horas após ter tomado três doses desse chá.
No dia 12 de março de 2010, o Cartunista Glauco e seu filho foram assassinados. O chá de Santo Daime, desencadeou os surtos de esquizofrenia de “Carlos Eduardo Sundfeld Nunes”, na época conhecido como “Cadu”, principal suspeito do assassinato do cartunista “Glauco Villas Boas” e de seu filho, “Raoni”. Em entrevista ao Domingo Espetacular, o pai de Cadu falou sobre o comportamento estranho do filho após o mesmo tomar o chá nas seções na igreja Céu de Maria, fundada pelo próprio Glauco.
No dia 03 de março de 2016, “Rian Brito”, neto do humorista “Chico Anysio” e filho dos atores “Nizo Neto” e “Brita Brazil”, foi encontrado morto. Seus pais deram declarações em seus perfis no Facebook e à imprensa associando a morte ao comportamento do rapaz depois que ele começou a consumir o chá de ahayuasca (santo daime), bebida com efeito alucinógeno feito a partir de duas plantas. Segundo eles, “Rian” foi a quatro rituais que faziam uso da bebida em um centro religioso.
Se o chá de santo daime causa aluminações e muda o comportamento e a vida das pessoas que são sãs e sadias, imagine o que ele pode causar na vida de pessoas com problemas psíquicos e mentais.
Muito se tem perguntado sobre o porquê do nome “Daime”, mas como objetivo desse artigo não é expor por completo a seita, e sim apenas a bebida oferecida em suas concentrações, apenas informo que o nome “Daime” vem do verbo “dar”, no imperativo e significa: Daime paz, Daime saúde, Daime felicidade, etc. Porém eu finalizo dizendo o seguinte: Do santo daime eu só quero uma coisa, distância. Daime distância.
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[1] – ICP – Série Apologética V. II
Por Nivaldo Gomes.