Catolicismo: A Religião do Nordeste

O Catolicismo Romano tem marcado presença em todas as regiões do nosso país, influenciando a cultura e o pensa­mento brasileiros. Existe uma diversidade de estrutura reli­giosa na sociedade. Não podemos negar que o Catolicismo Romano tem exercido poderosa ideologia na mentalidade e no modo de ser do nosso povo e, através disso, se cria e recria a imagem da nação. Em todos os espaços públicos, do palácio presidencial à câmara municipal, há sempre um crucifixo ou alguma variante dos ícones católicos.

Mas, de modo geral, constatamos uma diferença entre a religião conhecida como “Catolicismo Popular” e “Catolicismo Tradicional” (Haja vista como o catolicismo é apresentado no Brasil).

Na região nordeste é presente uma amálgama de doutrinas e concepções religiosas de diferentes aspectos, como: ritos, lendas, folclore, crendices, superstições, etc. A região nordestina, principalmente aquela faixa denominada pelos estudiosos como “Sertão”, ocupa cerca de 10% do território nacional, abrangendo os estados do Ceará, Rio Grande do Norte, Paraíba, Pernambuco, Sergipe, Alagoas, Bahia e parles do Piauí e Minas Gerais. AS crenças dominantes de uma sociedade colocam um selo em todo o seu modo de vida. E as atitudes do povo são formadas por aquilo em que as pessoas creem.

RITO

Esclarecendo os termos, o rito é um processo específico de comuni­cação com as forças sobrenaturais. E constituído por fórmulas, gestos ou sinais que possuem determina­dos significados. No Catolicismo Popular, os ritos são extremamente praticados. As procissões comuns são conhecidas pela grande massa de fiéis, como, por exemplo: Sema­na Santa, Corpus Christi e festa do Divino Espírito Santo.

FOLCLORE

A palavra folclore deriva do inglês folk-lore, e significa o conjun­to de tradições, conhecimentos ou crenças populares, expressas em provérbios, contos ou canções.

CRENDICE

A crendice, por sua vez, pode re­ferir-se a várias manifestações do fol­clore espiritual, como: fantasmas, duendes, figuras místicas e assom­brações. Vejamos alguns exemplos: acreditar que Santo Onofre evita a embriaguez ou não deixa faltar dinhei­ro na carteira; que Santa Bárbara afas­ta as tempestades. Que embalando o caixão de um defunto sua alma sente paz; crer em orações fortes, medalhas, rosários, crucifixos, patuás, rosa ungida, sal, água benta etc.

SUPERSTIÇÕES

As superstições, assim como os pecados, podem dar-se por pensa­mentos, palavras e atos. Exemplos: por pensamento – fazer três pedi­dos quando se vê uma estrela ca­dente; por palavras – dizer Isola! quando alguém se referir a um malefício acontecido a outra pes­soa; por atos – levantar da cama com o pé direito para que o dia seja bom.

No nordeste do Brasil, o índice de superstição é muito forte entre o povo, e também entre a elite da socie­dade. Tanto as crendices como as superstições se encontram relaciona­das com as plantas, os animais, o fogo e os acontecimentos meteorológicos.

Um exemplo disso é o grupo chama­do “Borboletas Azuis”, em Conceição de Piancó, no sertão paraibano. Seu fun­dador é Roldão W. de Figueiredo, nasci­do em 1904. Com a morte de seu pai, Roldão ficou em situação precária, mas, com o passar do tempo, foi prosperan­do no comércio chegando a possuir quinze armazéns. No dia 24 de dezembro de 1961, ele fundou o seu “Centro Espí­rita”, por ordem de São Francisco e Pa­dre Cícero. Ele dizia que não existia doença, que tudo não passava de in­venção dos médicos. Apesar de se dize­rem Católicos Tradicionais, todo o sistema de culto desse grupo é caracteristicamente espírita, com “incorporações” em “médiuns”. Vejamos algu­mas de suas doutrinas:

CRENDICES POPULA­RES DIANTE DA BÍBLIA

O sincretismo será encontrado dentro de cada nova extensão da igreja, e também na medida em que a cultura se altera em redor de uma igreja estabelecida. Ainda que a Igreja Católica afirme que os cul­tos afros se tratam de uma visão de mundo completamente diferen­te, na prática ela não se posiciona contra esta miscigenação (do latim miscere “misturar”) de seus fiéis.

A infidelidade religiosa sempre foi para Deus a principal causa de sua ira. Todo o seu plano de salva­ção para o homem está traçado so­bre este princípio: a fidelidade. “Não fareis para vós ídolos, nem para vós levantareis imagem escul­pida, nem coluna, nem poreis na vossa terra pedra com figuras, para vos inclinardes a ela; porque eu sou o Senhor vosso Deus” (Lv 26.1).

As pessoas que deixam de ado­rar o Criador fixa-se em alguma coi­sa criada. Aquilo em que colocamos nossa fé é de suma importância para o nosso relacionamento com Deus. Se a nossa fé está em um símbolo ou em aquilo que uma imagem represen­ta para a pessoa – nada mais que um exemplo a ser seguido em alguns ca­sos – estamos desviando o alvo de nossa adoração. E a Bíblia nos diz que isso gera consequências graves: “Quando clamares, livrem-te os ído­los que ajuntaste; mas o vento a to­dos levará, e um assopro os arrebatará; mas os que confiam em mim possuirão a terra, e herdarão o meu santo monte” (Is 57.13). “Mas os ímpios são como o mar agitado; pois não pode estar quieto, e as suas águas lançam de si lama e lodo. Não há paz para os ímpios, diz o meu Deus” (Is 57.20-21).

USANDO O BOM SENSO

Por uma questão até de sobrevi­vência, o nordestino aprendeu a de­senvolver uma espécie de arquéti­po da crença. Crê em tudo o que lhe é possível. Desenvolveu uma predisposição para crer e ficar fascina­do pela magia e pela força daqueles personagens religiosos que apren­deu a conhecer (não importando se são reais ou fictícios) e um desejo de tomar posse dessas forças. Com isso perdeu muito o sentido do que ele próprio é, como pessoa.

É PRECISO MUDAR

Mudanças reais somente poderão vir mediante a conversão, único ca­minho capaz de vencer essa tendên­cia humana, tão própria do homem em seu estado de perdição espiritual. Porque somente Cristo pode trazer de volta a nossa identidade e o nosso real significado diante de Deus e do mundo. Somente Cristo nos faz parti­cipantes conscientes da natureza di­vina do Criador, para toda e qualquer prova de fé, como filhos de Deus (IPe 1.7). Viver o evangelho é isto. E co­locar Jesus como objeto real da nos­sa fé e pautar todo o nosso procedimento no aprendizado cor­reto das Sagradas Escrituras.

Na teologia cristã, o arquétipo de nossa existência é Cristo, visto que é em sua imagem que precisamos estar sempre nos mirando (como em um espelho) para uma correta trans­formação. A Bíblia, em 2 Coríntios 3.16-18, diz: “Contudo, converten­do-se um deles ao Senhor, é-lhe tira­do o véu. Ora, o Senhor é o Espírito; e onde está o Espírito do Senhor aí há liberdade. Mas todos nós, com rosto descoberto, refle­tindo como um espelho a glória do Senhor, somos transformados de glória em glória na mesma imagem, como pelo Espírito do Senhor”.

Uma vez com Cristo, estamos pro­tegidos de todo tipo de mal. Não pre­cisamos mais de guias, nem de magias, nem de feitiçarias, nem de bruxarias. Estamos livres das superstições.

Advertindo contra as falsas reli­giões e as falsas doutrinas, o apósto­lo Paulo ensina que Cristo está acima de absolutamente tudo isso: “Tendo cuidado para que ninguém vos faça presa sua, por meio de filosofias e vãs sutilezas, segundo a tradição dos ho­mens, segundo os rudimentos do mun­do, e não segundo Cristo; porque nele habita corporalmente toda a plenitude da divindade, e tendes a vossa pleni­tude nele, que é a cabeça de todo prin­cipado e potestade” (Cl 2.8-10).

Agostinho (c. 354-430), um dos maiores teólogos cristãos, disse: “Tu nos fizeste para ti mesmo, e nossos corações permanecem in­quietos até que encontrem descan­so em ti”. Amém.

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REVISTA DEFESA DA FÉ – ANO 7 – N° 42

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