Com o título “Os cristãos e as Castas” a revista DESPERTAI! De 08 de março de 1998, p. 22 faz a seguinte indagação: “O que diria se soubesse que o sistema de castas é praticado até por religiões que afirmam ser cristãs?”
A revista naturalmente está criticando o sistema de castas no hinduísmo adiantando que o governo indiano está tentando eliminar esse sistema de submissão social incorporado à religião.
Como sabemos, o hinduísmo admite a doutrina da reencarnação, segundo a qual o retorno a esta vida, dentro da lei do carma, se efetiva por aquilo que a pessoa fez em vida anterior. É a conhecida lei da causa e efeito. Todas as ações tem suas reações positivas ou negativas para a vida seguinte da alma transmigrada.
Assim, dentro da sociedade indiana, existem quatro castas ou classes sociais resultantes do ensino religioso predominante. As castas ou classes sociais são: a mais elevada – a casta dos brâmanes – que pertence ao nível sacerdotal: a Segunda casta é a dos xátrias – a classe dos profissionais, governantes e guerreiros; o terceiro grupo é a dos vaícias – a casta dos mercadores e fazendeiros e a Quarta classe – a dos sudras – a que pertencem os trabalhadores. É a mais baixa das quatro castas. E poderíamos dizer que existe uma última casta, que nem pode ser considerada casta: é a dos intocáveis. Se pudesse ser considerada casta, seria ela a pior das castas. Os intocáveis vivem à margem da sociedade, precisando separar a água suja da limpa para poder beber água. O trabalho desta pessoas inclui cuidar das carcaças dos animais, pescar nos ágapes e realizar serviços pesados, diz o jornal: “A Tribuna” de 8 de fevereiro de 1998,p. B7, acrescentando a notícia, “Índia enfrenta lutas violentas para pôr fim a castas sociais”. Prossegue o Jornal: “Mais de 300 pessoas já morreram nos últimos dois anos na guerra das castas”. Essas lutas surgiram a partir de 1947 quando foi promulgada a Constituição na Índia. Na Constituição foi abolida a divisão de classes, tornando-se crime propagar e manter essa discriminação de castas.
AS DUAS CASTAS DA STV – “OS UNGIDOS” E AS “OUTRAS OVELHAS”
Enquanto o governo indiano procura abolir o sistema de castas sociais, mesmo que a abolição do sistema motive até lutas que resultam em mortes, surge uma religião que se arvora em ser o autêntico cristianismo , e indo mais longe, se coloca como a única religião verdadeira, procura ressaltar a distinção de classes ou castas dentro do seu ensino religioso.
O amigo leitor já perguntou às testemunhas de Jeová que batem à sua porta se tem esperança celestial? Obtém delas uma resposta enfática: “Eu, ir para o céu ?” e continuam “Quem sou eu?” E vai mais além, afirmando, “O céu é um lugar exclusivo para 144.000, que são os ungidos. Eu sou de uma classe que não vai viver no céu, mas vai viver no paraíso terrestre.” Quem é o responsável por este absurdo pretendendo apoiar-se na Bíblia? Afirmar que ela aponta duas classes, cristãos de primeira classe (os ungidos) e cristãos de Segunda classe (os da Grande Multidão ou Outras Ovelhas) com esperanças distintas? É o corpo governante das testemunhas de Jeová sediado nos Estados Unidos.
Dizem eles que receberam orientação e direção teocráticas na sua sede em Nova Iorque, Estados Unidos.
QUANDO TUDO COMEÇOU
“Até meados do primeiro semestre de 1935, as testemunhas dedicadas e batizadas de Jeová de boa fé haviam tido a “uma só esperança” que lhes é apresentada em Efésios 4.4,6 como segue: “Há um só corpo e um só espírito, assim como também fostes chamados em uma só esperança e que fosses chamados: um só Senhor, uma só fé, um só batismo, um só Deus e Pai de todos.” Mas naquele ano memorável de 1935, no congresso realizado em Washington, D.C. identificou-se a “grande multidão”, conforme visualizada em Revelação 7.9-17, como estando composta das ‘outras ovelhas’ do Pastor Excelente, mencionadas em João 10.16.” (A Sentinela, 15-3-1983, p. 19/7). Imagine a autoridade desse corpo governante: altera a Bíblia a partir de 1935 porque o seu presidente de então – J. F. Rutherford – teve uma revelação nesse sentido de que, ao invés de haver uma só esperança, haviam duas esperanças: uma celestial e outra terrena.
Quando alguém erroneamente orientado alega não querer ir para o céu, mas que quer viver na terra, que se tornará futuramente um paraíso, ainda não é problema principal. Costuma-se dizer: “Gosto não se discute”.
NÃO PERTENCEM A CRISTO
E é na verdade: “gosto não se discute”. Mas, quando alguém perde não só o céu (Mt 23.13) mas não tem qualquer relacionamento com Cristo, por pertencer a uma classe terrena, então esse ensino deve ser tido como herético, ensino de perdição (2 Pe 2.1). Separados de Cristo, estão cerca de cinco milhões de testemunhas de Jeová na terra que pertencem a essa casta das “outras ovelhas”. Estão completamente perdidas. É o que diz Paulo, “Examinai-vos a vós mesmo se realmente estais na fé: provai-vos a vós mesmos. Ou não reconheceis que Jesus Cristo está em vós? Se não é que já estais reprovados”. (2 Co 13.5).
Pergunte para as testemunhas de Jeová responderem: “Quem são os que pertencem a Cristo?” e elas responderão: “Os que pertencem a Cristo são os 144.000 discípulos fiéis escolhidos para dominarem com ele no Reino”. (Poderá Viver…, p. 172/20) . Isso é repetido freqüentemente pelas testemunhas de Jeová para que elas nunca venham pretender ocupar cargos de liderança na sede mundial em Nova Iorque. Ali impera o abuso de poder e ainda agora repetem: “Esta grande multidão foi reconhecida em 1935, e hoje ascende a mais de cinco milhões.” (A Sentinela de 1-2-1998, p. 18/2)
ESTÃO SEM MEDIADOR
Incrível como alguém que manuseia uma Bíblia e se diz cristão, pode aceitar um ensino que o coloca sem mediador por ser Jesus o mediador exclusivo de 144.000 ungidos. É o que se lê no ensino das testemunhas de Jeová, na Coluna dos Leitores da Revista A Sentinela. (A Sentinela, 15-9-1979, p.32).
Pergunta: “Será que Jesus é ‘mediador’ só dos cristãos ungidos?”
Resposta: “De modo que, em estrito sentido bíblico, Jesus é o ‘mediador’ apenas dos cristãos ungidos.”
Para que não paire dúvida sobre essa situação da casta das “outras ovelhas” de que estão sem mediador, tem o corpo governante, que publica a literatura da sociedade, o desplante de alterar o texto bíblico de 1 Tm 2.5. vejamos como está redigido o texto: “Então, qual é o papel de Cristo neste programa de salvação? Paulo passou a dizer: ‘Há um só Deus e um só mediador entre Deus e os homens (não todos os homens) , um homem, Cristo Jesus, o qual se entregou como resgate correspondente por todos.” (A Sentinela, 15-6-1980, p.25 (o grifo é nosso).
Por que não todos os homens? Porque só 144.000 ocupam esse lugar de mediadores entre Jesus e as outras ovelhas. Jesus é o mediador dos 144.000 e os 144.000 por sua vez são substitutos de Cristo para as outras ovelhas (II Co 5.20 – TNM – “Somos, portanto, embaixadores, substituindo a Cristo, como se Deus instasse por nosso intermédio. Rogamos, como substitutos de Cristo: ‘Sede reconciliados com Deus’” – o grifo é nosso). Sendo assim, nenhum dos cinco milhões tem qualquer relacionamento com Cristo, mas apenas com os ungidos.
NÃO PARTICIPAM DA REFEIÇÃO NOTURNA
Ora, não tendo Jesus como mediador, e, dado que Jesus é o mediador do novo pacto selado com seu sangue (Mt 26.26-28; I Co 11.23-26), a casta das “Outras Ovelhas” não participam da refeição noturna (Ceia do Senhor ) , sendo apenas observadores, que repartem para si mesmos, cada vez que se lhes passam, os emblemas da refeição noturna: “Não sou digno” e, passando os emblemas aos demais, repetem também, automaticamente, a mesma frase, decorada e ensinada pela casta superior dos “Ungidos”.
Ensinam as Testemunhas: “Apenas os 144.000 membros do Israel de Deus têm corretamente participação dos emblemas durante a Comemoração da morte de Jesus, e foi somente com eles que Jesus fez o seu pacto para um Reino… . Os membros da grande multidão não participam neste novo pacto.” (A Sentinela 1-2-1998, p.19/3).
NÃO SÃO FILHOS ESPIRITUAIS DE DEUS
Que tipo de cristianismo é esse, que rouba até a condição de sermos filhos de Deus pela fé em Jesus Cristo? É tão óbvio esse fato de se tornar filho de Deus pela aceitação de Jesus como Salvador, que qualquer cristão menos informado não ignora a realidade, de que se torna filho de Deus quem aceita a Jesus como Salvador pessoal. (Jo 1.12: I Jo 3.1-3; 5.1).
As Testemunhas lêem tudo isso na Bíblia e apregoam que todas essas promessas são exclusivas para a casta dos “Ungidos”. Isso é o que se lê na literatura publicada pela Torre da Vigia.
Dizem: “Antes de adotá-los como seus filhos por meio de Jesus Cristo, Jeová sujeitará todos esses humanos aperfeiçoados a uma última prova cabal” (Unidos Na Adoração do Único Deus Verdadeiro, p. 191/16). Como sabemos, essa última prova cabal, segundo as Testemunhas, ocorrerá no final dos mil anos do reinado de Cristo. Só depois que passarem pela última prova é que poderão arrogar para si a condição de filhos de Deus. Por enquanto, são apenas criaturas naturais, sendo guiadas pelo príncipe da potestade do ar, que orienta os que ainda não se tornaram filhos de Deus (Ef 2.1-3).
Triste sorte a das Testemunhas de Jeová da segunda classe, e das “Outras Ovelhas”, ou da “Grande Multidão”.
SEM JUSTIFICAÇÃO PELA FÉ
Nem a isso tem direito a classe das “Outras Ovelhas”. Está excluída da justificação pela fé apontada por Paulo em Rm 5.1, para todos os cristãos.
Ensinam as Testemunhas: “Por isso não serão nem agora nem então justificadas ou declaradas justas assim como os 144.000 os herdeiros celestiais foram justificados enquanto na carne. Os da “grande multidão” não sofrerão uma mudança na natureza humana para a espiritual e por isso não precisam de justificação pela fé e dá imputação de justiça necessitadas pelos 144.000 escolhidos”(Vida Eterna – Na Liberdade dos Filhos de Deus, p. 380/22).
CONCLUSÃO
Perguntamos às Testemunhas de Jeová que pertencem à casta inferior das “Outras Ovelhas”, também conhecida como os da “Grande Multidão”:
Como a pessoa se sente ao ser tratada como cristão de segunda classe? Como aceitar essa condição de inferioridade, se em Gl 3.27,28 Paulo afirma: “Pois todos vós sois filhos de Deus mediante a fé em Cristo Jesus; porque todos quantos fostes batizados em Cristo, de Cristo vos revestistes. Destarte não pode haver judeu nem grego; nem escrevo nem liberto; nem homem nem mulher, porque todos vós sois um em Cristo Jesus” . “Rogo-vos, irmãos, pelo nome de nosso Senhor Jesus Cristo, que faleis todos a mesma cousa, e que não haja entre vós divisões; antes sejais inteiramente unidos, na mesma disposição mental e no mesmo parecer.”(I Co 1.10) ( o grifo nosso). Isso é cristianismo bíblico autêntico, e não essa invenção de duas castas, ou classes, imaginadas por um homem que, toda a vez que disse ter falado proféticamente da parte de Deus, falhou flagrantemente nessa questão por não ver suas profecias cumpridas (Dt 18.20-22; Mt 7.15-16). Quem já não leu o livro “Milhões Que Agora Vivem Jamais Morrerão”? Quem tomou conhecimento da ressurreição dos patriarcas Abraão, Isaque e Jacó, que deveriam reinar a partir de 1925 na Terra, com governo centralizado em San Diego, Estados Unidos, diretamente da Casa Bet Sharim? Os príncipes não vieram ressuscitados, e nela viveu nababescamente o próprio autor da falsa profecia. Foi esse homem, Rutherford, que criou as duas castas religiosas entre as Testemunhas de Jeová e que, contrário ao que aconteceu com a Constituição Indiana, que procurou tornar crime a distinção de castas , entre as Testemunhas de Jeová cada vez mais se acentua a divisão de castas religiosas entre os privilegiados “Ungidos” e os párias: “Outras Ovelhas”.