Os padres e bispos querem um 3o. Concílio do Vaticano porque agora a parte liberal enfraqueceu demais e pode ser que o Cardeal Ratzinger, com todo o seu prestígio e força, consiga convencer os bispos a votar no candidato ortodoxo, dele e de JP2. Realmente, a ICR agora vai voltar a uma ortodoxia absoluta, pois desta vai depender o futuro dela, que ficou meio nebuloso por causa do poder dos liberais, principalmente nos USA e na Alemanha, onde eles predominam.
No site www.ianpaisley.org, o Dr. Clive Gillis publicou, em 22/04/03, um artigo intitulado: “Cardinal Ratzinger, The Chief Inquisitor – a man not quite what he seems” (Cardeal Ratzinger, o Inquisidor-mor – um homem não exatamente o que parece ser), o qual traduzimos e apresentamos abaixo.
A última biografia do Cardeal Ratzinger, o Inquisor-mor, escrita por John Allen Jr., tem como título “The Vatican´s Enforcer of Faith, Cardinal Ratzinger”.
A capa mostra um homem no início dos setenta anos, de aparência mais velha do que a de muitas fotos apresentadas pela mídia em geral.
Os direitos autorais do livro pertencem à Editora San Paolo, o poderoso ramo de publicações da Sociedade de São Paulo, cujo fundador deve ser beatificado ainda este mês. Os editores de Allen escolheram bem as ilustrações da obra. A luminosidade dispensa qualquer censura de todos os que conhecem bem as características emolduradas em ouro… desse homem de aparência piedosa. Roma pode estar em desordem [como diz a novela ”Windswept House”, do ex-padre jesuíta Malachi Martin] mas, certamente, em Ratzinger, ela possui agora um sólido conservador para conduzir o barco de Pedro através das turbulentas águas.
Mesmo assim, a aparência pode ser enganosa. Na entrevista de Edward Stoughton com Ratzinger, quando a BBC focalizou a Inquisição na série de TV, “Absolute Truth” (A Verdade Absoluta), podemos ter apenas uma vaga idéia dos antepassados do cardeal Ratzinger na liderança da Inquisição, como o Cardeal Bellarmine, o grande perseguidor dos protestantes, na Contra Reforma.
Uma pintura alterada
John Allen nos conta em seu livro que ficou deveras impressionado, pensando consigo mesmo: “Você tem toda a razão, Redondi”. Redondi teve acesso à Inquisição, em junho de 1982, a fim de examinar um documento suprimido do julgamento de Galileu, na mesma sala. Redondi havia refletido, cheio de medo, que “o chefe daquela casa havia aparecido ali para dar-lhe as boas vindas”. Mais tarde, Redondi explicou: “Existem muitos retratos de Bellarmine, muitos até bastante conhecidos… mas não… aquele retrato… diante de mim”.
Sua mente ágil de pesquisador logo percebeu que por trás do retrato o arranjo dos livros e a posição do crucifixo eram os mesmos do quadro do idoso inquisidor, que se havia perdido, feito por Pietro Cortona, falecido em 1669.
Redondi lembrou-se que o antigo retrato de Cortona havia aparecido lá pelos idos de 1930, numa enciclopédia familiar.
O piedoso ancião pintado em corpo inteiro, com um halo na cabeça, no retrato atual, parecia ter sido pintado sobre a versão original. Essa imagem amaciada apareceu exatamente na época da controvérsia que houve na beatificação de Bellarmine, em 1923, quando até mesmo dentro de Roma havia muitos que ainda se envergonhavam do tratamento dado a Galileu pela Inquisição. Redondi descreveu o retrato original de Bellarmine como “aterrorizante”. O penetrante olhar que provocava terror nos corações de suas vítimas e a enganosa expressão com um resquício de senilidade, que o artista Cortona deve ter testemunhado, quando ainda jovem, tudo havia desaparecido. Os inquisidores haviam censurado o valioso retrato do século 17, a fim de reabilitar a imagem do inquisidor Bellarmine. E a imagem pública de Ratzinger, o irredutível “martelo contra a heresia”, “O leão do conservadorismo”, está sendo agora sujeitado ao mesmo processo de amaciamento.
Na realidade, Ratzinger é um veterano liberal do Concílio Vaticano II em Roma. O historiador McAfee Brown recorda os eventos daquela sexta feira 08/11/1963, quando aconteceu tal comoção que McAfee, emocionalmente drenado, procurou refúgio no Bar-Café. Ele não estava sozinho, “pois assim estavam todos os demais, admitindo que o restante daquela manhã poderia ser apenas um anticlímax”. O que havia acontecido para sacudir daquele modo a Mistério Babilônia?
O caso foi que o Inquisidor-mor, Cardeal Ottaviani, o Ratzinger daquele tempo, havia exatamente explodido de raiva. É que ele havia sofrido muitos ataques da parte dos liberais. McAfee recorda: “Ottaviani, o líder do Santo Ofício (Inquisição) desceu até o outro microfone e, a partir desse momento, começou a falar, obviamente muito zangado…. Ele quis protestar o mais alto possível contra o que havia sido dito contra o Santo Ofício … (Ottaviani insistiu que) as críticas feitas eram apenas devido à falta de compreensão… O Santo Ofício sempre examina cuidadosamente… sempre convoca peritos, antes de fazer um julgamento… Visto como o Santo Ofício é subordinado ao papa, qualquer crítica ao mesmo é uma crítica ao próprio papa”. Um tiro fora da culatra… pois o seu discurso caiu completamente em ouvidos moucos. McAfee recorda: “Não houve aplauso algum, quando ele concluiu o seu discurso”.
McAfee disse mais: “Marquem este como sendo um dia a ser lembrado por muito tempo… Durante o fluir daquela manhã a Catedral de São Pedro foi ao ápice e como a congregação voltaria a se reunir ninguém poderia saber”. O causador desse impasse foi o Cardeal Frings, de Colônia, cujo discurso, ao contrário do de Otaviani, provocou murmúrios (proibidos) e uma onda de aplausos. Ottaviani ficou claramente embaraçado, pelo que Frings falou em Latim: “O Santo Ofício não se adapta às necessidades do nosso tempo. Ele causa grande dano ao fiel e se torna motivo de escândalo ao mundo inteiro”. McAfee também recorda que “os padres do Concílio rebentaram em aplausos… Que Frings fosse aplaudido é significativo, porém o mais significativo é que (ele) foi interrompido pelos aplausos. Era a primeira vez que isso acontecia”.
O jovem Ratzinger cria confusão
Nesse tempo Frings já era “idoso, frágil e quase cego”, portanto incapaz de ter deslanchado por conta própria aquele ataque à Inquisição. Ele se havia respaldado com um conselheiro erudito. Todos os delegados idosos tinham conselheiros eruditos, ou “periti”, e em muitos casos os “periti” eram os mantenedores teológicos. O perito ou principal conselheiro de Frings, naquele tempo, o qual o havia armado com a mensagem de que a Inquisição é um “escândalo internacional”, e que fora saudado com aplausos espontâneos, era nada menos que o próprio Ratzinger.
Na casa dos trinta anos, acadêmico em Teologia durante uma década, Ratzinger viu em Ottaviani cada detalhe do inquisidor em que ele iria se transformar.
Em 1963, o inquisidor Ottaviani também era um gigante cortejado pela imprensa e TV da mídia. Era o homem que intimidava, “em nada diferente do Bellarmine daquele retrato antes do retoque, com enormes saliências em seu nariz aquilino”.
Bellarmine representava a verdadeira essência do Romanismo em toda a sua força perseguidora. Contudo, o ambicioso jovem Ratzinger prevaleceu sobre ele, através de Frings.
O observador do pôquer se torna protetor do jogo
Então como foi que esse observador se transformou em protetor do jogo? Ratzinger naturalmente nega que “tenha trocado de time”. Ele disse ao Time Magazine, em 1993: “Não vejo mudança alguma em minha posição teológica, em todos esses anos.” A Ratzinger tem sido amplamente creditado ter sido ele um traidor pelas costas do teólogo Hans Kung, o exemplo clássico do teólogo liberal. Em 1979, Kung chegou a declarar que “Ratzinger havia vendido a alma em troca de poder”. E isso antes de Ratzinger ter-se tornado o inquisidor. Kung havia ficado tão impressionado com Ratzinger no Concílio Vaticano II que lhe havia conseguido, em 1966, um posto na mais conceituada escola alemã – a Universidade de Tübingen [a mesma onde o falecido esposo da tradutora estudou Química Industrial – MS].
Allen diz que “Quando a cadeira de Dogmática ficou vazia, ele deu o passo incomum de não formar uma ‘terna’, ou lista de três possibilidades de preencher a posição. Ele fez de Ratzinger a sua única sugestão, após ter-lhe telefonado em Munster, para certificar-se de que ele aceitaria. A Faculdade concordou”.
Kung não fez essa recomendação levemente. Ratzinger era bem menos conhecido do que o jesuíta Rahner e outros liberais de escol daquela época, porém se tornara imensamente influente por trás das cenas, em razão do incidente acontecido no Vaticano II, liderado pelos alemães.
A junta liberal havia entrado em ação, logo que o Concílio fora anunciado. A Cúria Romana procurou esvaziar o ataque liberal, manipulando os delegados com esboços preparados do curso que ela desejava fosse seguido pelo Concílio. A Cúria esperava que esses esboços se tornassem “o carimbo oficial do Concílio”, o qual, por sua vez, iria eleger comissões concordando com os seus aliados conservadores, o que poderia ter resultado em caos, durante a abertura, no dia 13/10/1962. A Cúria esperava que os delegados ficassem deslumbrados pela grandeza da ocasião e pouco familiarizados entre si, nesse estágio, a fim de preparar a sua resistência efetiva, logo na abertura dos trabalhos.
O atraso fatal
E foi Ratzinger, por trás de Frings, quem serviu de instrumento para o atraso fatal, proporcionando aos liberais a chance de provocar o cisma de Roma, o qual continua ainda hoje. Ratzinger sustentava que “os esboços eram incapazes de falar à Igreja (Romana)… Houve um certo sentimento de apreensão de que toda a empreitada (Vaticano II) acabasse se transformando em nada além de uma carimbada de decisões já tomadas, impedindo, assim, a necessária renovação da ICR… O Concílio teria… paralisado aquele saudável dinamismo”.
Contudo, em sua autobiografia “Milestone”, publicada em 1997, Ratzinger diz: “Não encontrei espaço para uma radical rejeição do que estava para ser proposto”.
Em 1968, os liberais de escol da ICR editaram uma declaração em Nijmegen, Holanda, agora conhecida como “Declaração de Nijmegen”, a qual levou a assinatura de Ratzinger. “Qualquer forma de Inquisição, mesmo sutil, não só prejudica o desenvolvimento da teologia como causa irreversível dano à credibilidade da ICR… Esperamos que a nossa liberdade seja respeitada, sempre que nos pronunciarmos publicamente”. Em seguida, o documento estabelece uma série de proposições libertadoras sobre como a Inquisição deveria operar no mundo moderno, em sua “composição”, em “tomar decisões”, com os “consultores”, “na autoridade”, “nos procedimentos e ”em relação a todos os objetivos da caridade cristã”.
Ratzinger pode ser visto como alguém que tem se comportado exatamente ao contrário desses objetivos, tanto na realidade como no espírito, durante este seu reinado como inquisidor, conforme veremos no próximo artigo.
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